Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 39
A Demonstração.




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— Mas que carinha muxoxa é essa heim Rae? – Alan falava. — Pra alguém que ganhou medalha hoje, você está meio abatida.

— É o cansaço. – Rachel desconversou.

— Mente que nem sente, não é flor? – O moreno a fez rir. — Eu posso arriscar adivinhar?

Rachel o olhou de soslaio e não teve como não dar um sorriso, mesmo que tristonho.

— Adivinhar? Alan, você sempre acerta, que eu tenho até medo!

— Pois é, anos de amizade faz essas coisas com a gente! – Ele deu de ombros e a fez rir de novo. — Pode ir falando tudo que há acontecendo entre você e aquele bobo do Dondoca!

Rachel expirou pesadamente. Baixou o rosto sentindo sua pele esquentar. Não sabia, pela primeira vez, como entrar num assunto assim com Alan. Ele estava na sua frente como sempre, o mesmo jeito, o mesmo sorriso gentil e aberto, e os mesmos olhos ávidos e com um Q de mistério. Contudo, parecia que alo de errado havia nela, isso sim. Mas, como explicar?

— É meio confuso, Laninho... – Ela tentou enquanto uma voz na sua cabeça falava “não aja como boba! Oras é só o Alan!”. — Eu não consigo me entender direito... Não depois de hoje... Foi tão estranho...

— O que, exatamente? – Alan se endireitou sentado, para ficar mais perto dela, pra ver se a destravava. Porém, Rachel só ficou mais tensa. — Só... Diga!

Rae ergueu os olhos e deu de cara com os de Alan. Corou e voltou a desviar o foco.

— Hoje foi diferente das coisas vezes... Nossas briguinhas e nossas conversas. Não foi como se nós dois estivéssemos despretensiosos, como sempre. Havia... Expectativa, eu acho. E ele disse... Disse...

Rachel se calou enquanto a voz de Danilo voltava em sua mente:

“... eu sou incapaz de admitir que eu te amo!”; “... Alguém do qual eu não tenho o mínimo controle...”.

— Disse alguma coisa ruim? – Alan interveio.

— Talvez. Não. Ou sim. Quer dizer... Não foi como deveria.

— Como você queria?

Rachel balançou a cabeça.

— Rae, eu te amo, você sabe né? – Alan tentou acalmá-la, mas ele não percebeu o que a frase dele fez com Rachel.

O coração dela perdeu uma batida, a deixando confusa de vez!

— Você sempre diz tudo tão certo! – Ela soltou antes de se refrear.

— É por que você é simples de se lidar. Isso é uma vantagem... – Alan tirou uma mecha do cabelo dela de perto de seu rosto. O toque fez Rachel estremecer. — Acho que, às vezes, apenas eles não sabem lidar com essa sua simplicidade.

— Como? Por que não? – Rachel questionou já com lágrimas nos olhos.

***

— Talvez você só esteja com medo! – Stark disse a Danilo.

— Realmente. Pode ser que o problema esteja...

***

— COMIGO! – Rachel exclamou chorando.

— Rae! Você pode ter certeza de que sempre vai ter onde se apoiar então...

***

— Então por que não vai lá e tira essa situação a limpo agora? – Stark impulsionou.

Danilo o olhou de canto, acumulando coragem.

***

Coragem que estava difícil de expressar. A frase entalada na garganta de Rachel de repente pareceu ser a coisa mais precisa a se dizer. Se ela a colocasse pra fora, talvez Alan entenderia sua confusão.

***

— Ok, eu vou indo lá! – Danilo disse decidido.

— Mas, agora? – Stark se levantou junto com ele. — No hospital?

***

É agora ou nunca – pensou Rachel. Olhou nos olhos de Alan, que esperava que ela dissesse algo. Estava óbvio que ela estava tentando fazer isso com todas suas forças, então, preferiu se calar e esperar por ela.

***

— Não tenho o que perder, tenho? – Danilo sorria, inspirado.

***

“Não. Não fraqueje, Rae!” – Ela se aconselhava.

***

— Ok, vai lá! – Stark deu um empurrãozinho em Danilo e seguiu para o outro do corredor, para a lanchonete.

Danilo seguiu em direção à porta do quarto de Alan. Chamaria Rachel para o jardim e diria...

***

“Só o que tem em mente! É simples!” – Rachel se encorajou.

— Ok... – A morena começou, ficando cara-a-cara com Alan. — É que... Pode ser que... Huff! Estou confusa por que... Posso estar... Posso esta gostando do meu melhor amigo! – Ela soltou.

— Gosta tanto assim do Danilo? – Alan tentou compreendê-la, mas Rachel hesitou.

— Do Danilo e, bem..., de você também!

Alan chegou a dar até uma chegada pra trás, com o susto. Passou a mão pelo rosto, se sentindo perdido. Por essa não esperava. Caiu na real quando voltou a olhar para Rachel e ela chorava, quieta, desolada e tímida. Contristou-se com a imagem da sua garota e a abraçou para acalmá-la.

— Eu... – Rachel soluçava. — Eu nunca fiquei tão perdida!

Ela abraçou o melhor amigo com toda a força que tinha. O medo que sentiu de perdê-lo graças ao acidente despertou nela uma preocupação que embaralhou todos seus sentimentos. Ela tinha certeza de que esperava algo de Danilo, e o que sentia era forte, mas, ao mesmo tempo, o que sentia por Alan eram muito profundo, e não sabia discernir nada!

— Rae, se acalme, por favor. Não é o fim do mundo... Eu acho... – Alan falou e a fez rir sem humor. A afastou um pouco e a viu o tamanho da confusão impressa no choro dela. — Certo, eu... Posso tentar esclarecer as coisas então?

***

Danilo chegou à porta e parou ao ouvir um soluçar choroso.

***

— Por favor. – Rachel respondeu a Alan.

Alan engoliu pesado e suspirou. Tirou o cabelo de perto do rosto de Rachel com todo cuidado.

— Fica tranquila, tá?

***

Danilo estranhou o que ouviu e esperou com a mão na maçaneta.

***

Rachel fechou os olhos e sentiu quando a mão de Alan tocou seu rosto. Quando a deslizou para sua nuca e, quando, cuidadosamente, ele encostou seus lábios nos dela. Foi como se seu coração tivesse todo subido pela boca e depois despencado até o fundo do estômago.

Além disso, foi uma das melhores sensações que ela teve na vida. Alan era um pedaço dela, sem dúvidas. E comprovou isso quando todo seu ser o reconheceu de uma forma única. Desde o perfume, a textura até o sabor. Definitivamente era o Alan que ela sempre teve.

Alan, por sua vez, tomou cuidado para não dar além do que deveria naquela demonstração. Pressionou os lábios doces de Rachel com um cuidado extremo, segurando sua mão e passando para ela toda a confiança e a paz que podia. Sabia o que estava fazendo, e queria o bem dela a cima de tudo. Não arriscou aprofundar o beijo, mas afastou e voltou a selar seus lábios nos dela algumas vezes. Sentiu sua garota corresponder hesitante.

Os dois se afastaram de vagar e Rachel abraçou Alan, que a puxou pra mais perto, e a enlaçou ternamente.

***

Danilo refreou uma ânsia de vômito que subiu por sua garganta e malmente fechou a porta do quarto do hospital que abrira sem fazer barulho. A cena tinha sido bem pior do que todas as vezes que ele poderia ter imaginado alguém perto de sua Rachel. Ou melhor... Não tão sua assim.

Afastou-se da porta sem sentir direito o chão, nem as forças nas pernas, mas mesmo assim seguiu pelo corredor. Seu sentido de caminho estava complemente afetado e ele acabou na saída do hospital.

O taxista que os trouxe esperava por eles ainda na saída e, quando viu um dos alunos que trouxera, o chamou:

— Já vai?

Danilo ergueu os olhos para ele ainda se sentindo atordoado. Mal ouviu o que o homem dissera, e não entendeu o sentido daquelas palavras. Não respondeu ao taxista e seguiu para a rua.

***

Stark voltava da lanchonete com um bolinho na mão e, quando chegou à porta do quarto, viu a cena pela fresta. Correu pra longe para poder engasgar sem interromper.

“P.Q.P.!” – Pensou pasmado.

— Cadê o Dan? – Perguntou preocupado.

***

— Melhor? – Alan perguntou sacando os vestígios de lágrimas do rosto de Rachel.

— Sim. – Ela respondeu um pouco corada.

— Daí você compara. – Alan recomeçou mais aliviado. — Há uma diferença imensa nessas duas formas de amor, mas às vezes algumas circunstâncias as fazem parecer muito próximas, por que a gente sempre ama muito, quando o amor é de verdade. Mas, cada amor é de um jeito.

Rachel sorriu como se um peso lhe tivesse sido tirado dos ombros.

— Desculpa por te forçar a me esclarecer isso... Assim!

Alan riu brandamente.

— Sem bronca! Pode contar comigo!

— Nesse caso, espero não precisar mais disso! – Rachel respondeu e riu da cara confusa de Alan.

— Foi tão ruim?

— Eu quis dizer que, já que...

— Tudo bem, Rae, eu estava brincando. Eu entendi! Também espero que você não precise mais de beijo, agora que você sabe o que realmente sente.

— Ah, mas você está enganado!

— Como?

— Agora que eu sei o que realmente sinto é que mais vou precisar disso!

Os dois riram e Rachel suspirou aliviada. Foi quando percebeu que já fazia muito tempo e Danilo e Stark não haviam voltado.

— Onde estão os meninos? – Perguntou.

Alan notou a porta aberta e se levantou com cuidado, apoiado numa muleta, por causa do joelho danificado.

— Essa porta não estava assim, estava? – Perguntou espiando o corredor do lado de fora.

Rachel sentiu como se tivesse levado um tapa na cara ao raciocinar e ligar as coisas. Logo, um mesmo pensamento invadiu Alan e ela ao mesmo tempo:

“Danilo! Essa não!”.

***


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Notas finais do capítulo

gente, calma, eu não quero morrer ainda!
vai dar tudo certo!