Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 28
Depois da tempestade... Ventania!


Notas iniciais do capítulo

Capítulo não recomendado para quem tem problemas de coração!



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28.

— MEUD EUS! – Foi tudo que pôde sair da boca de Rachel nos dois segundos onde tudo aconteceu:

Alan simplesmente virou contra a proteção de pneus e então o que se viu foi muita, muita confusão: a moto ficou descontrolada no canteiro, enroscada em pneus. Alan não estava perto dela.

Os amigos não conseguiram dizer uma só palavra. Estavam com o coração na mão e a língua no estômago! Vickie tinha a impressão de que nada daquilo podia ser real. Nada daquilo podia estar acontecendo... Eles estavam longe da escola, sozinhos... Sem nenhum auxílio. E Alan... Stark passou um braço por cima dos ombros de Vickie e apoiou seu queixo no topo da cabeça dela, trazendo-a para seu peito. Era inútil tentar consolar alguém, mas seria pior se não tentasse.

Danilo estava meio catatônico, assim como todos na multidão, e não acreditava no que poderia ter acontecido... Sentiu um pesar imenso o assolar por dentro, ainda mais por que não sabia exatamente como agir na hora. Rachel sentia que seu mundo havia sido destruído por uma borracha que, de repente, decidiu apagar um dos melhores pedaços do seu coração. Ela não sentia mais o chão e nem podia ouvir mais nada. O torpor a consumiu em dor. Danilo a abraçou, mas ela não teve capacidade nem para retribuir. Estava em choque total.

“E-E PASSAMOS P-P-POR UM MOMENTO MUITO DIF-F-FÍCIL...” – O imbecil do narrador tagarelava e gaguejava no alto-falante. Alguns palavrões foram proferidos por pessoas da arquibancada o mandando calar.

Alguns para-médicos que estavam por lá foram acionados e se moveram para pista. Os amigos assistiam a tudo, completamente arrasados! Foi quando um holofote iluminou um ponto no meio da confusão, formando um alvoroço entre os espectadores:

Alan se arrastava para longe do amontoado de pneus, usando o cotovelo e a perna boa. Parecia inteiro, tirando a perna esquerda, que deixava um leve rastro de sangue no chão. Os médicos se apressaram e o alcançaram.

Rachel deu um curto grito de alívio, o abafando coma mão. Só então se virou para Danilo e enterrou o rosto em seu peito, quase morrendo de medo. Vickie desabou na cadeira com as pernas bambas enquanto Stark limpava as lágrimas do próprio rosto. Vickie apertou a mão dele quando percebeu isso.

Os quatro seguraram as mãos e Danilo os guiou para baixo da arquibancada. Não era preciso perguntar para saber o que ele tinha que fazer pelo estado de Rachel. Assim, eles interceptaram os médicos da ambulância de emergência. Perto deles, o homem grande que levara Alan naquela hora... Rachel sentiu o sangue ferver quando o viu.

— VOCÊ! SEU BRUTAMONTE, IGNORANTE, IDIOTA! – Ela partiu pra cima do grandão com socos e tapas.

— Rachel! – Danilo a segurou com firmeza e ajuda de Stark.

O homem tentou se esquivar e falar só com os para-médicos, mas a histeria de Rachel o fez se afastar do local. Porém, quando os enfermeiros chegaram com Alan na maca, Rachel só não foi ao chão por que os meninos a apoiaram.

Haviam arrumado Alan no imobilizador cervical, o que o impedia de virar o pescoço. Mas ele estava consciente, e bastante. Tirou a luva da mão esquerda e a lançou desajeitadamente na pista. O locutor notou o gesto.

“E PARECE QUE CASTELLAN ESTÁ VIVO, E BEM VIVO! NÃO É ATOA QUE ELE É INACREDITÁVEL!...”.

As pessoas aplaudiram quando Alan foi posto na maca. Quando iam fechando a porta, Rachel conseguiu se soltar e segurou a mão do médico.

— Por favor, me deixa ir com ele! Ele só tem a nós aqui! – Ela implorou num estado quase tão deplorável quanto o de Alan, que estava impedido de falar pelo aparelho de oxigênio.

— Precisamos ir também! – Danilo logo se impôs com os outros dois.

O médico ponderou olhando para o número de pessoas e, na urgência, expectativa e ansiedade do momento acabou decidindo às pressas:

— Vem um aqui. Os outros vão à frente! VAI, VAI, VAI! – Ele acelerou. Rachel não hesitou em pular pra dentro.

Danilo e Stark sentaram no banco da frente, apertados, e Vickie se enfiou no colo de Stark mesmo! O motorista não teve tempo de hesitar, em vista que eles eram crianças. Acelerou em direção ao hospital com prudência.

***

Rachel estava sentada na poltrona do acompanhante no quarto onde Alan se encontrava, sedado e acomodado numa confortável cama de cobertas azuis. Ele estava com o rosto corado, cabelo desarrumado e uma serena expressão de tranquilidade. Porém, Rachel planejava o melhor jeito de matá-lo quando ele acordasse, para se vingar de tudo que ele a fez passar.

De repente alguém bateu na porta e enfiou a cabeça para dentro, fazendo Rachel sair de sua preocupação interna.

— Oi... Trouxe comida pra você... – Disse Vickie entrando com um pacote nas mãos.

— Eu não estou muito a fim...

— O que? Qual é, Rae? Não quer acabar no lugar do Alan por desnutrição! – A loira falou autoritária ao se sentar no braço da poltrona.

Rachel sorriu para Vickie e pegou o embrulho, se deixando encostar à perna da amiga, cansada. Abriu o pacote e começou a comer uns legumes cozidos que lá havia. Estava faminta e, deste jeito, não recusava nem beterraba!

— E ele não deu sinais? – Vickie quis saber e Rachel acenou negativamente.

— Os pais dele já estão melhores?

— Seu Renato está na sala de espera e dona Aline está tomando um calmante... Seu Daniel deixou tudo pago e foi para o trabalho. Ele... Levou Danilo. Danilo pediu para dizer que espera que tudo fique bem e que vai vim assim que puder... – Vickie ia informando e Rachel assentindo. Ela sabia que Daniel era um bom homem, e ter suprido as necessidades do hospital foi uma boa ação, mas não deixaria Danilo ficar metido nessa confusão nem que ele mesmo quisesse... — Mandei Stark pra escola, a final, ele precisa avisar que não voltaremos esta noite...

— Não voltaremos? Você quer dizer EU não voltarei, né? – Rachel se impôs.

— E deixar você aqui nesse hospital sozinha? Não mesmo!

— VICKIE!

— RACHEL!

— Okay... – A morena deu o braço a torcer. — Mas e seu pai?

— Avisei que houve um acidente e eu estou com um amigo no hospital. Ele não precisa de mais detalhes! Ele vai dizer isso pra mamãe! – A loira deu de ombros... Costumava ser muito autônoma e desligada dos pais. Rachel já estava acostumada a isso.

— Mamãe vai pirar quando souber o que houve com o Alan... Ela... Gosta muito dele...

— E pensa que eu não sei?

— Mas pelo menos ele está legal... Ou pelo menos enquanto eu não o mato! – Rachel falou fazendo Vickie rir.

— Se quer matar o garoto por que deixou que o trouxessem para cá?

— Pra eu ter o prazer de me vingar com minhas mãos!

— E ir pra cadeia? – Vickie censurou como se levasse a sério.

— É... Você tem razão! Minhas unhas estão recentemente feitas, não quero estragá-las! – Rachel descontraiu.

— É assim que se fala! Mas... Agora é sério: você deve ir pra escola, dormir lá... Vai ter jogo amanhã, Rae, e você sabe que as meninas não podem adiar por causa do Alan!

— Relaxa, Vi, eu vou estar inteira amanhã. Só não posso dizer o mesmo dele!

As duas riram e olharam para Alan por algum tempo.

— Sabe, Rae... É impressão minha ou tem alguma coisa diferente com você? – Vickie quis saber olhando para a amiga de canto.

— Diferente como?

— Desde que você e Danilo voltaram... Sem o Alan... Antes de a corrida começar... – Rachel sorriu sem poder se conter. Vickie não sabia indireta. — Diz a verdade: aconteceu ou não alguma coisa?

— Depende do tipo de coisa que você quer saber... – Rachel corou.

Vickie deu uma sutil gargalhada associando as coisas e lendo a resposta estampada na testa de Rachel.

— Posso tentar adivinhar então? – A loira propôs e Rachel assentiu. — O Dani parou de dar uma de vesgo e te lascou um beijo bem assim... VORAZ! – A louca se animou. Pior foi quando Rachel balançou afirmativamente a cabeça.

Vickie tapou a boca antes que seu grito alegrinho saísse. Rachel riu da amiga.

— AHHHH EU SABIA!

— Se continuar gritando, o hospital todo vai saber...

— OK, OK, mas... E agora? – A loira quase pulava no braço do móvel.

— E agora o que?

— Como vocês ficam?

— Como...? Ah Vi! Eu... Sei lá! Como assim como ficamos?

— ORAS, OGRA!

— HÃ?

— Nada. Quer dizer que o tapado não disse mais nada? Não fez mais nada?

— M-Mas... O que você está dizendo? Que ele deveria ter...

— É isso mesmo!

— Isso mesmo o que?

— Te pedido em namoro!

— Ah é?

— Rachel! Em que mundo você está?

— Terra?

— SÓ SE FOR DAS TAPADAS!

— Como?

— Nada, não, Rae! Mas pelo menos desengatou alguma coisa de vocês! – Vickie sorriu com os olhinhos brilhando.

— Se você diz... – Rachel terminou de comer enquanto tentava se concentrar na situação atual... O que ficou bem difícil quando as lembranças daquele momento a invadiram. — Mas... Você e Stark também se acertaram, ao que me parece!

— Foi... Parece que estava tudo se encaixando de novo.

— Então vocês por acaso... – Rachel insinuou, mas Vickie interrompeu:

—Não! Quer dizer... Não foi nada disso que você está pensando. Eu... Eu ainda tenho que falar com o Jam. Não posso deixar minha palavra de lado.

Rachel deu uma leve murchada, mas sorriu em troca.

— Então faz o seguinte: acaba logo com qualquer complicação que você tenha e volte a ser a Vickie de sempre!

— Qual a diferença entre mim e a Vickie de sempre?

— A Vickie de sempre não tem olheiras!

Rachel recebeu um empurrãozinho de Vickie e a loira se pôs de pé.

— Bem... Eu vou indo. Deixa eu levar isso aqui! – Ela disse pegando a caixinha e o prato terminado de Rachel.

— Obrigada.

— De nada. Volto depois que eu comer também.

— Está certo.

— E se prepare pra sair: logo, logo os pais do Alaninho vão te mandar embora e você vai ter que ir pr escola querendo ou não! – Vickie brincou e mandou um beijo para a amiga, saindo quarto afora.

***

Alanis olhou no relógio da sua cabeceira pela quarta vez. Já eram nove e meia da noite e nenhuma das suas “colegas” de quarto havia chegado. Estava preste a desistir e apagar as luzes quando seu celular vibrou debaixo do travesseiro.

Ela atendeu sem olhar no visor.

— Fala!

— Alanis? Sou Jam... – A voz do garoto hesitava.

— Diga!

— Eu decidi.

Alanis sentou na cama, de repente animada.

— E aí? Qual sua resposta final?

Jam ficou alguns segundo mudos antes responder:

— Sim... – Disse por baixo do fôlego.

Alanis sorriu para si mesma e tornou a falar.

— Fechado! Você vai comprovar o que eu digo amanhã!

— Tomara mesmo...

O rapaz desligou. Alanis colocou o celular de volta embaixo do travesseiro e se deitou, apagando as luzes. Se desse tudo certo... Ela teria caminho livre para o Danilo novamente.

***

— Cacete... Que troço...? Mas que...?

Rachel despertou de sobressalto ao ouvir o resmungar de alguém. Procurou pelo interruptor do abajur e o ligou. Deu de cara com Alan se sentando na cama e analisando, desorientado, todo o lugar ao seu redor.

A luz próxima do canto da sala chamou a atenção dele e ele pôde ver Rachel.

— Rae! Você aqui!

— Alan! – Rachel exclamou e correu para a cama dele, sentando na ponta e o abraçando forte.

— Ah, Rae... – Ele hesitou meio sufocado.

— Desculpa! Desculpa! Mas tem ideia do que me fez passar! SEU TAPADO! – A morena brigou e deu um tapa no braço dele, que fez um murmúrio de dor. — AH, DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA!

— Tá bem, Rae... Calma!

Rachel suspirou e tentou manter o controle. Alan se recostou na cabeceira da cama com a ajuda dela.

— Meu corpo todo dói... – Ele reclamou cansado.

— Não pra menos não é?

— Sinto muito que tenha visto isso!

— O que? Você correndo? Arriscando sua vida? Participando de racha? Se jogando de uma moto em alta velocidade? SEM CAPACETE! ...

— Está bem, Rachel! Eu sei tudo isso! Não perdi a memória, ok!

— Que bom! Muito me agrada! Agora se lembra por acaso de que me deve uma explicação? – Ela inquiriu altiva.

— Você não vai nem esperar eu me restabelecer?

— Você está me enrolando há meses! Eu não espero mais porcaria nenhuma! Não depois do que eu vi!

— Certo... Assim você assusta!

— Ótimo! Agora FALA!

Alan não pôde deixar de sorrir, mesmo que cansado, por ver a Rachel de sempre. E até mesmo por ver que estava num hospital, por que assim, evitava que Rachel ficasse ainda mais severa com ele.

— Vou começar te pedindo desculpas por ter escondido isso de você. Foi irresponsável e muito imprudente. Também foi desleal a você. Mas admita que, se eu contasse... Você jamás ia permitir que eu continuasse!

— ACERTOU! Agora prossiga!

Porém, quando Alan ia continuar a explicar, a porta do quarto foi aberta e uma senhora de aparência desgastada entrou. Era simples e com um rosto amoroso. Um senhor atrás dela parecia um pouco doente e pálido, um pouco mais velho também.

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