Desci do avião, a claridade fazia meus olhos arderem um pouco, mesmo com os óculos escuros, não estava acostumado com o dia. Peguei minha bagagem que era somente uma pequena mala de mão, as pessoas que se reencontravam se abraçavam, outros estavam maravilhados com a beleza do lugar, eu nunca fiquei no meio de tantas pessoas depois da transformação. Agradeci por ter me alimentado bastante, mas mesmo assim não respirava para não sentir o cheiro de sangue quente á minha volta.

Saí do aeroporto e fui de taxi para o centro da cidade procurar um hotel onde eu pudesse ficar até decidir o que ia fazer, ainda bem que a maioria das pessoas também falavam inglês lá, realmente eu não sabia nada de italiano. Quando cheguei ao centro, pedi para o motorista parar, paguei e segui á pé. Passava por vários turistas, percebia que eles falavam várias línguas, aquele lugar devia ser movido a turismo, pois não via quase indústrias. Sem dúvidas era uma cidade muito bela, seus palácios que lembravam a época medieval eram dignos de contos de fadas, pensei da minha irmã menor, Valentinne, ela iria adorar isso aqui, se sentiria uma princesa em meio á esses palácios, como será que ela estava agora?...

Andei sem pressa pelas ruas de pedras, realmente queria apreciar a beleza daquela cidade antes de descobrir um meio de encontrar algum vampiro, agradeci pela minha agilidade e equilíbrio, se não já teria caído com aquelas pedras desiguais e desajeitadas do chão, sei que o que me tornei era algo que não poderia voltar atrás, então teria que me acostumar com os “dons” que ganhara.

Foi então que algo me chamou a atenção, uma moça pequena e de cabelos castanho-claros curtos e lisos, mas não foi só isso que me chamou à atenção, seus olhos eram de um vermelho vivo, “será que ela é uma vampira? Só pode ser!” pensei, ela usava um manto escuro que não deixava seu corpo á mostra, resolvi segui-la. Mesmo com medo, afinal não sabia o que significavam os recém-criados para os vampiros maduros.

Ela entrou em um beco; á medida que íamos descendo o beco se estreitava, até que em um momento ela parou, foi tudo muito rápido, como um felino ela pulou em mim me prensando na parede fria de pedra.

“O que quer aqui? Quem é você?”

Sua voz, ao mesmo tempo que era doce, era ameaçadora. Tratei de responde-la logo antes que ela se enfurecesse mais.

“Meu nome é Fred Wintterhart, eu fui transformado á pouco tempo e de certa forma abandonado por quem me criou, preciso de ajuda e se você me soltar acho que fica mais fácil de conversarmos”

Ela me soltou.

“Siga-me”

Assenti e comecei a segui-la novamente, paramos em uma parede, no chão havia uma abertura, a moça desceu, olhei para dentro daquele buraco me perguntando se já podia descer quando ela disse:

“vamos logo! Ou vou ter que ir aí dar a mão para você?”

Bufei e por fim joguei a mala que ainda carregava e logo depois desci e continuei seguindo-a, ela andava de uma maneira tão suave que parecia flutuar.

Continuávamos descendo em silencio, até que chegamos á uma grade, as barras de ferro eram enferrujadas e grossas, uma porta pequena feita de barras mais finas estava aberta, entramos em um espaço mais iluminado onde do outro lado havia uma porta de madeira pesada e baixa passamos por ela e me surpreendi, entramos em um corredor bem iluminado, no chão um carpete cinza, entramos em um elevador.

Quando a porta do elevador se abriu, havia uma elegante recepção, as paredes eram revestidas de madeira, o piso era um carpete verde-escuro, haviam muitos quadros nas paredes, em uma parte creio que uma sala de espera, sofás de couro claro e mesas reluzentes.

Havia também um balcão e atrás dele uma mulher, que para meu espanto era humana.

“Bom dia” disse ela educadamente para mim. Seus cabelos negros e cacheados contrastavam com a pele muito clara e emolduravam o rosto oval muito elegante que combinavam perfeitamente com os olhos azuis.

“Não dirija a palavra á ele, Karen! E você deixe sua bagagem alí” ela apontou para um dos sofás.

Rapidamente larguei minha mala no local ordenado e sorri para a moça atrás do balcão, para ser educado e não irritar a vampira. Passamos por umas portas de madeira e continuamos em um corredor largo e ornamentado, e entramos por outra porta de madeira em um lugar que parecia uma câmara com as paredes feitas de pedra, não era grande e abria-se em um espaço oco, redondo e mais iluminado, como uma torre. Acima longas fendas lançavam raios de sol no chão de pedra, não havia mobília exceto 3 cadeiras de madeiras enormes, como tronos, no meio havia outra abertura, como a do beco.

Minhas observações foram interrompidas por um pigarrear, eu nem havia percebido quando eles haviam entrado, onde somente haviam os tronos, agora haviam 3 homens sentados neles.

O do meio, com cabelos pretos e compridos, a pele de um branco translúcido, á sua direita um com o mesmo cabelo preto e delicado, mas com uma cara mais séria e a sua esquerda, outro de cabelos muito brancos, do mesmo tom da pele.

“Ora ora, o que temos aqui?” disse o do meio, estremeci, sinceramente não tinha idéia do que aconteceria.