Girls Of Summer escrita por bbaccola


Capítulo 1
O1 - Cherry Bomb




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Estávamos finalmente no camarim da banda. Rose conseguiu arrombar a porta com um grampo de cabelo meio quebrado, mas eu não a subestimava. Rosalie Hale sempre tinha um truque sujo na manga para qualquer situação fora do normal. Ela sorriu para mim, maliciosa e pediu para que eu seguisse adiante.

- Vem... Ninguém vai nos pegar, Bells. Sabe aonde está a banda? Dando um show. Eles vão voltar pro camarim daqui 2 horas. – disse ela, entrando primeiro no camarim luxuoso da Oxford Keys.

O motivo da invasão? O vocalista, Nathan Bronx era o seu ex-namorado que havia lhe dado um fora por motivos desconhecidos. Mas Rose parecia saber direitinho o que faria para reparar este terrível erro.

Entrei atrás dela, ainda um tanto receosa, e fiquei de boca aberta. Era um lugar bonito demais para abrigar uma banda recém-famosa.

-Rose... Tem certeza de que isso não vai nos encrencar? – perguntei, olhando para os lados nervosamente.

Ela rolou os olhos, nervosa com a minha atitude caipira, como dizia.

- Hey Bells, porque não fica guardando a porta, enquanto eu faço o trabalho sujo? Acho que posso fazer isso aqui sozinha... – falou ela, enquanto esfregava as mãos, olhando para as guitarras caríssimas.

Eu assenti, aliviada, mas ao mesmo tempo me sentindo inútil. Eu sempre dava para trás. Fiquei de costas para Rose, olhando para os corredores escuros, esperando qualquer ruído ou barulho de passos. Mas alguns minutos se passaram e nada, até que escutei um estrondo enorme vindo do camarim.

Rosalie estava caída no chão, com uma garrafa de vodka quebrada em sua mão e uma das guitarras ao pé do corpo, totalmente desfigurada. Ri baixinho, e ela riu também, mas seu riso era mais alto que o meu, denunciando sua bebedeira. Fui até ela e a ajudei a se levantar.

- Rôs, bebeu de novo? De onde você tira tanta bebida?!

Ela deu mais uma risada embriagada, e eu balancei a cabeça com um sorriso no rosto. Gostava demais daquela garota. Pus seu braço enlaçando meu ombro, e fomos pelo corredor daquele local abafado.

Estava abrindo as portas, quando escutei o barulho de risadas masculinas. Droga! Era a banda! Nathan estava com uma guitarra nas mãos e um sorriso presunçoso no rosto enquanto os outros o seguiam bem para onde nós estávamos. Rose começou a ter um ataque de riso histérico, e eu tentando melhorar as coisas apenas estraguei mais, porque ela caiu novamente no corredor e me levou junto. Rimos que nem duas retardadas, mas eu estava em pânico no fundo, apenas tentando mostrar que eu não era tão idiota quanto ela achava. Mas, bem, era tarde demais para tentar concertar as coisas, já que eles entraram no recinto e nos viram ali, estateladas no chão rindo loucamente.

Nathan nos olhou como se aquilo fosse algo totalmente normal. Ele fitou Rose e rolou os olhos. Provavelmente já devia estar acostumado com as loucuras dela. Foi até Rôs e a puxou por um braço. Ela riu mais alto e cuspiu em seu rosto, quando ficou em sua altura.

Ele era um pouco mais alto que ela, mas tinha o mesmo olhar arrogante e cínico que Rose. Ela levantou seu queixo, provocando ainda mais aquele vocalista, que apenas a beijou por alguns segundos. Suas línguas dançavam como profissionais, como se já conhecessem o ritmo uma da outra. Ele se afastou no final, mas não a largou.

- O que você está fazendo no meu camarim, Rosalie?

Ela deu mais uma risada desvairada. Parecia que nunca mais ia parar de rir.

-Vim te deixar um presentinho, Bronx. Apenas um presentinho pra você.

-Um presente? – ele perguntou interessado.

-Te garanto que nunca mais vai esquecer. Agora – ela disse, se afastando dele. – Eu e Bells temos que ir.

-Mas já? – Perguntou, visivelmente desapontado.

-Já, bebê. Mas, prometo que volto. Eu sempre volto. – então ela piscou, me pegou pela mão e saímos para o ar frio da tarde.

Sacudi a cabeça olhando feliz para ela. Como é que eu conseguia ainda andar com ela? Não tinha toda aquela corajem, mas adorava tudo o que nós faziamos. Me divertia mais do que o costume quando nos juntávamos.

-Ele vai pirar Rôs. – falei rindo.

-É lógico que vai, porque acha que viemos? Para acabar com a vida dele. – ela piscou novamente.

Entramos no pagero prateado de Rose bem a tempo de escutar o berro de raiva de Nathan. Ele nunca iria esquecer mesmo. Nós ganhamos velocidade e nos afastamos em grande estilo de mais uma das artimanhas de Rosalie Hale.

Forks era uma cidade completamente tranquila, por isso nossas vidas eram quse quietas quando estavamos no centro. Eu morava em Forks à três anos, mas Rose morava lá a sua vida toda, dizia que quando desse na telha, iria fugir dali e se instalar em uma daquelas cidades agitadas e cheias de boates. Queria só ver ela em um desses lugares. Ela estava pronta, o resto é que não estava pronto para ela.

Minha casa era modesta, não muito grande mas também não muito pequena. Na medida certa para que eu e meu pai ficassemos à vontade. Charlie era chefe da polícia, mas isso não me dava algum tipo de popularidade, nem muito conforto. Vivíamos bem, e Rose ficava na minha casa na maioria do tempo. Chegamos e escancaramos a porta, porque eu precisava carregar Rose até o meu banheiro, já que ela estava completamente inconsciente de tanta vodka que tomou no caminho.

Subi as escadas, e ela tentou ajudar, mas apenas ria. Caímos as duas no penúltimo degrau da escada, ela deitou em meu colo.

- Bells, você tinha que ver sua cara quando arrombei a porta... Você estava se cagando de medo. Cara, você precisa relaxar. Eu sei que você veio do Tenesse, onde as coisas são bem mais caipiras que esse fim de mundo, mas você precisa relaxar Bells... Relaxar... – falava ela, como se fosse um mantra.

-Eu sei Rôs, é só que eu não sou tão... Imprudente como você.- tentei a levantar, a puxando pelo braço. – Vamos, agora precisamos dar um banho em você, antes que meu pai chegue e te pegue bebada de novo.

Ela bufou, mas se levantou como pedi.

- Sabe, você devia ser menos... Swan. Sua família é tão certinha que me dá nojo. E daí que seu pai vai me ver bêbada? É o que garotas da minha idade fazem quando não são felizes: bebem. Então, relaxa Bells, relaxa...

Rolei os olhos para sua insistência em ser rebelde. Caminhamos até o banheiro e eu pedi para que ela tirasse a roupa e entrasse no chuveiro. Ela assim o fez e eu liguei a água gelada.

-Qual é Bells! Tá querendo me matar congelada?

-Você só precisa tomar uma ducha e vai ficar melhor. – falei, tentando fazer ela parar de se mexer.

- Ah, eu só fico melhor com sexo depois de beber, querida. Coisa que você não faz, certo?

Ela tinha tocado em um assunto que gerava briga entre nós. Rose vivia me dizendo que não tinha coisa melhor e que eu devia parar com essas coisas de contos de fadas, mas a coisa era que eu não tinha a mínima vontade de sair transando com qualquer um. Bufei e prendi suas mãos.

-Minha vida sexual não é da sua conta Rôs. Agora toma esse banho logo e saí pra gente poder fazer alguma coisa menos rebelde.

- Hmm, ok. Mas sai daqui, porque senão você corre o risco de se apaixonar pelos meus...

Antes que ela falasse alguma coisa eu liguei o chuveirinho e fiz o jato mirar bem em sua cara. Claro que ela me xingou, mas quem ligava? Rosalie era uma bêbada inconsequente, mas eu a amava como irmã.

Saí do banheiro e desci para a cozinha afim de preparar um chocolate quente para nos esquentar. Estava no meio do caminho quando a campainha tocou. Se fosse o meu pai eu estava morta. Rosalie estava cantando no chuveiro lá em cima. E ainda estavamos com aquele cheiro insuportável de bebida.

Fui nervosa até o hall, e abri a porta me preparando para levar uma bronca, mas era só o Jacob. Jacob era o irmão adotivo de Rose. Seus pais o tinham adotado por achar que não podiam ter filhos, então Rose veio, e eles perderam o controle das coisas. Jake era um garoto decente, tirava boas notas no colégio e andava de karte nas horas vagas. Também vivia querendo que Rôs tomasse jeito. Nem preciso dizer que ele não tinha sucesso nesse aspecto.

-Jake... O que está fazendo aqui?

Rose cantou uma nota mais aguda lá em cima, fazendo-o rir.

- Vim buscar a Frank Sinatra... Não sei porquê, mas sabia que ela estaria aqui bêbada. – disse ele, piscando para mim.

Meu coração deu um salto com o piscar de olhos dele, mas eu sabia que era um caso totalmente perdido. Jacob costumava namorar modelos, e Deus sabe o quê fazia com elas. Portanto, respirei fundo e esqueci daquele Hale adotado.

- Ok, mas ela não vai sair do banho agora, Jake. Está no meio da segunda música do show, então... Espere.

Ele deu aquela risada maravilhosa e então entrou em casa, se sentando na mesa da cozinha como sempre. Terminei o chocolate quente enquanto contava para ele o que tinhamos feito de bom, ou melhor, o que Rose tinha feito de bom. Ele apenas balançava a cabeça negativamente.

Ofereci uma xícara à ele ao mesmo tempo em que a Frank Sinatra descia para a cozinha.

-Hey! Minha irmãzinha cantora! Como foi o show? Sucesso total?

-Meus fãs são os melhores, pode acreditar! – ela falou, embriagada, balançando o dedo na cara dele.

-Ok, não duvido disso. Que tal agora, você usufruir do chocolate quente do camarim?

- Fica pra próxima, índio. Vamos pra casa, antes que Esme dê um chilique. – falou ela, roubando um cookie da travessa.

- Hey, eu queria ficar mais um pouco... Por que só você pode ficar com Bella? – perguntou Jake, fazendo meu coração dar um mortal triplo.

- Porque Bella é minha namorada, baby. Agora, pode me levar? Hey Bells, nos vemos amanhã. – disse, piscando para mim.

Só eu sabia o quanto aquele piscar significava. Agradecimento por eu ajudá-la com o Nathan, coisa que ninguém mais faria.

- Hm, já que não posso ficar, por que não convida Bella pra festa do Paul? - perguntou Jake, na porta.

Rosalie parou para pensar por alguns segundos. Estalou os dedos e fechou a porta atrás de si, fazendo Jacob dar um pulo.

- Quer saber? Vou ficar. Nós vamos nos trocar aqui, gatinha. – falou ela, indo em direção as escadas.

- Você é insana, Rose. – concluiu Jacob, se jogando no sofá.

E lá se ia minha paz no fim de tarde, porque ninguém havia me perguntado se eu queria ou não ir para a tal festa, mas Rosalie me levava para todos os lugares que podia. Ela pediu um vestido específico para Jacob e ainda pediu que trouxesse o porshe preto para nos levar pra festa, fazendo com que ele se apressasse para ir embora, antes que levasse uma lista de tarefas.

-Como é que eu vou? Nem sei que tipo da festa é essa. – eu disse, desesperada.

-Vamos lá, vamos para o seu incrível closet. – comunicou ela, impaciente com as minhas reclamações.

Subi atrás dela, sentindo que está festa não seria lá essas coisas. Rôs me fez vestir coisas que eu nunca, mais nunca colocaria. Vestidos curtos em cores berrantes, salto alto, pulseiras brilhantes, coisas que meu pai me dava, mas eu nem tirava do armário. No fim, acabei ficando com um vestido meio transparente na cor vermelha, que tinha listras pretas como estampa. Era o vestido mais colado e curto que Rôs conseguiu achar, ainda que eu reclamasse por isso.

- Cala a boca, Bells. Você tá gostosa, e é isso que importa, tá legal? Agora vê se para de reclamar e coloca esses scarpins pretos. – dizia ela, enquanto me passava aqueles saltos altos enormes.

- Hm, eu não sei se consigo me equilibrar nisto aqui, Rôs. – falei, totalmente desengonçada em cima daqueles saltos que ririam de mim, se pudessem.

- Ah Bella, Bella... Você tem muito o quê aprender. Sabe, quando você veio pra cá, eu sabia que poderia contar com você, porque você é o tipo de garota que esconde uma cherry bomb dentro de si.

- Uma o quê? – perguntei, segurando na porta do ármario para facilitar o equilibrio.

- Cherry bomb... Cherie Currie, the Runaways...? Ah Bells, o quê você escuta? – perguntou ela, visivelmente desapontada.

Eu dei de ombros, e ela apenas riu da minha cara, como se eu estivesse fazendo algum tipo de piada. Ficou do meu lado, para que eu me apoiasse nela, e começou a andar lentamente até a minha cômoda, que estava do outro lado do quarto.

- Você vai gostar da festa. Rock, meninos bonitos, bebida... O tipo de coisa que seu pai odeia, mas que esta cidade precisa.

Fiquei um pouco receosa com a parte do meu pai, mas não queria estragar tudo dizendo que estava com medo. Que tipo de caipira eu era, se Rosalie gostava tanto de andar comigo? Alguma coisa eu tinha de especial.

- Bom... que horas a gente vai voltar? Pra sabe... eu falar com meu... pai.

Ela rolou os olhos, mas continuou me ajudando com aqueles passos desengonçados que eu dava.

- Lá pelas seis da manhã. – falou ela, sorrindo para mim. – E é por isso que você estará dormindo na minha casa, ok?

- Você quer que eu minta? – perguntei, de olhos arregalados.

Ela me largou, impaciente. Mas eu não cai.

- Isabella Swan, o quê você pediu pra mim quando fizemos o pacto de amizade, há um ano atrás?

[Flash back on]

Ela não parecia do tipo que não era confiável. Podia ser meio rebelde e louca, como aquelas idiotas falavam dela, mas eu sabia que no fundo podia contar. Fomos até o parque atrás da escola, e ela me fez ajoelhar. Depois fez o mesmo. 

- Ok, você e eu vamos fazer um pacto. – disse, simplesmente.

Eu arregalei os olhos.

- Pacto?

Ela riu, e eu corei de vergonha.

- Não precisa ficar roxa Bells... Você quer dar o troco na Jane ou não? – perguntou, segurando firme meu braço. Eu assenti, obedientemente.

- Bom, então faça-me um favor... Dê a mão para mim, feche os olhos e pense na nossa futura amizade... – pediu ela, como se entoasse um mantra.

- Ok, estou fazendo isso... – falei, fechando meus olhos.

Pensei em nós juntas, no estilo em que ela vivia. Bebendo, rindo, dançando em festas, beijando garotos, viajando para lugares desconhecidos. Eu gostava daquela garota. Gostava muito do seu estilo e queria mais que tudo, ser igual.

- Rose, quero parar de ser caipira. – falei, quebrando o ritual.

Ela abriu os olhos, e me fitou curiosa, mas ao mesmo tempo satisfeita com o que ouvira.

-Esse é o tipo de coisa que você tem que pensar.

-Eu falo sério. Não aguento mais ser a garota da qual todos tiram sarro, e falam que não é capaz. Quero ser capaz Rose.

-Eu promte que vou fazer isso ser possível. Prometo. – ela falou, séria pela primeira vez.

Assenti nervosa, e então fechei meus olhos novamente, e continuei pensando em como seria a minha vida como melhor amiga e companheira de Rosalie Hale. Então senti uma pontada de dor lacinante em minha mão e abri os olhos assustada... Ou melhor, apavorada. Rôs estava segurando uma faca nas mãos, que estava cheia do meu sangue, e minha mão tinha um corte não muito fundo, mas que jorrava meu sangue loucamente.

- Você é louca, Rose?! – gritei, estancando o sangue.

-Relaxa Bells! Pelo amor de Deus! É só um corte. – ela falou, me segurando pelos punhos.

-Por que então você está cortando minhas mãos?!

-Você nunca fez um pacto, certo? Você precisa misturar seu sangue ao meu, tipo, eu corto a minha mão e você corta a sua, e então juramos.

Eu a olhei meio insegura. Já tinha sim ouvido falar de pactos de sangue, mas nunca nem ia sonhar em fazer um. Minha palma já estava cortada, Rôs parecia não ter medo nenhum de cortar a dela, o que eu estava esperando? Queria deixar de ser uma caipira, certo? Então, porque não? Assenti para Rosalie, que soltou meus pulsos, e então prosseguiu, fazendo um filete de sangue escorrer por sua mão esquerda.

-Tá legal, então senta aí de novo.

Eu a obedeci, e me sentei, ainda tentando estancar o sangue.

-Me dá aqui a sua mão. – passei a mão para ela, e então juntamos o sangue. – Promete que vai me deixar mudar você? Que vai me deixar fazer você ser o melhor possível, e não mais uma caipira certinha?

-Prometo. – falei, tremendo, ela então sorriu.

-É isso aí Bells! Promete que a gente vai se apoiar, e que vamos sempre nos ajudar em relação a tudo?

-Prometo.

Sacudimos as mãos, como se fossemos empresárias bem sucedidas fechando um negócio, e então ela se levantou, e limpou o sangue na camiseta.

- Pedi que me mudasse, que não me deixasse mais ser uma caipira. – recitei, me lembrando daquele dia claramente.

- Ok, então pára de encucar, e deixa de ser a caipira certinha. Minta pro Charlie, diga que vamos à festa, mas que vai só até às onze, e que então você vai dormir em casa, falo pro Jake confirmar, ele não vai ligar, e então vamos pra festa e ficamos até as seis da manhã só na curtição. O que acha do meu plano, caipira? É demais pra você?

Eu sorri, deixando meu medo de lado, e deixando Rose me levar para o pior lado de mim.

-Não. Não é demais pra mim. Mas você vai ter que me ajudar com o Charlie, sabe que não sei mentir direito, principalmente pro meu pai.

-Deixa isso comigo Bells, deixa isso comigo. – ela falou, sorrindo maliciosamente.

Treinamos um pouco mais, eu sabia que ainda iria cair no meio da festa, mas deixei que Rôs me iludisse dizendo que eu estava fazendo progresso. Jake chegou um pouco antes de meu pai, e ele estava lindo. Jaqueta de couro, óculos escuros, calça jeans... O típico garoto mal. Tinha trazido o porshe e as roupas de Rose, assim ela pode se trocar e nós descemos para a pior parte do plano: Mentir.

Meu pai estava na cozinha, com uma cerveja em uma das mãos e o jornal em outra. Ele estava escutando a frequência da polícia novamente, tentando ver aonde precisavam dele, e como ele poderia fugir de passar mais uma noite ao meu lado. EU sabia o quanto eu poderia ser deprimente.

Fomos até onde ele estava, e ao que pude ver, seus olhos de policial altamente treinado me fuzilaram com rancor.

-Aonde é que vocês vão?! – ele perguntou, de olhos arregalados.

Olhei de lado para Rose, e vi que ela estava calma. Claro, Esme e Carlisle eram os pais mais enganados da face da Terra, e ela, a mentirosa mais perfeita de todas. Então engoli em seco. Era a minha vez.

- Hmm, vamos à uma festa. – menti, olhando bem em seus olhos.

Ele suspirou e bebeu mais um gole de sua cerveja preta. Olhou para Rosalie, e dela para Jacob, e dele para mim. Arqueou uma sobrancelha.

- E aonde vai ser? – perguntou, se acomodando mais em sua cadeira, sorridente.

Aquele sorriso era o pior, significava "te peguei, Bells". Olhei para Jake em pânico, mas foi Rôs quem tomou o partido.

- Sabe, meus pais tem uma festa beneficiente para ir, e achei que Bella poderia ir junto. É em La Push, na reserva onde Jacob nasceu... – ela falou, olhando para Jacob de relance. Ele sorriu e estendeu os braços.

- Pois é, nossos pais ajudam a reserva... Não vai demorar muito, até as onze estaremos em nossa casa. Minha mãe convidou Bella para ficar por lá e não te dar trabalho, já que amanhã é domingo.

Domingo era dia de assistir ao beisebol com os amigos do trabalho. Meu pai sorriu profundamente ao pensar nisso, fazendo-me pensar interiormente o quanto eu significava para ele.

- Você não vai sentir minha falta, pai... – falei, sem me dar conta do que estava falando realmente. Ele levantou a cabeça para me fitar, incrédulo.

Rose e Jacob me olharam de relance.

- Hm, acho melhor eu e o Jake ficarmos no carro. A gente tá te esperando. – ela disse, e puxou o irmão para fora da cozinha.

Meu pai continuou me fitando, e sua mão mexia nervosamente na lata de cerveja ao seu lado.

- Bells, acho que você está andando demais com esta menina. Os Hale são ótimos, mas Rosalie já foi presa uma vez por estar altamente embriagada. – ele falou, massageando o cenho.

- Pai, não meta Rosalie nisto. Não tem nada a ver. Sabe, quando a mamãe me mandou para cá, achei que pudesse ter uma vida normal, ou melhor, com alguém que olhasse para mim e se importasse. Mas vocês dois só me veem como o erro do casamento que não deu certo, então quer saber? Estou caindo fora. E não tente me impedir. – acrescentei, andando fatalmente com meus scarpins até a porta.

Ele não tentou me impedir. Ao menos deu um grito me chamando de volta, então presumi que havia dado-lhe um tapa na cara com todas as verdades que ele e minha querida mãe não queriam assumir para mim. Que eles me culpavam pelo fracasso daquele maldito casamento. Então sai de casa, sem nem pensar duas vezes. Porque, de repente, quis ser... como Rosalie disse mesmo? Ah sim... Cherry bomb.

[Flash Back Off]


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem desse cap. e me falem se ele está muito grande porque daí eu diminuo qualquer coisa. Comentem, pq nós precisamos saber se a fic é boa! (:
beijoooes pra todas vocês s2'