O dia amanheceu triste, nublado, coberto pelas nuvens que indicavam fúria. Megumi abriu os olhos lentamente e encarou o teto de seu quarto, que era coberto pela luz do dia. Se levantou da cama sem muito ânimo e vestiu o seu roupão vermelho rubro. Saiu do quarto e começou a caminhar pelo corredor, que ainda estava escuro. Observava as portas das entradas dos quartos alheios e imaginou que ninguém havia acordado ainda. Desviou o olhar para o chão, junto com um suspiro longo. Se deparou com dois pés logo em frente aos seus depois de alguns segundos de caminhada e ergueu o rosto em um susto, se deparando com a imagem de Haruka, a mulher mais velha da casa inteira.

– Bom dia. - Haruka disse, dando um sorriso curto para Megumi. - Dormiu bem?

– Bom dia, Haruka-chan... Etto... Dormi bem sim, obrigada. E você?

– Dormi razoavelmente bem, como sempre. Precisava conversar com você, será que tem como? 

– Sim, sim... Pode dizer. - Megumi abaixou a cabeça de novo.

– Podemos ir para a sala ou para a biblioteca? É melhor para que ninguém nos ouça... Sabe como é.

Megumi apenas balançou a cabeça positivamente e seguiu Haruka, dois minutos depois elas estavam na biblioteca central da casa, que sempre estava vazia e logo de primeira sentia-se um cheiro desagradável de mofo, já que ninguém entrava naquele local a tempos. Haruka sentou-se no sofá empoeirado e Megumi sentou-se ao seu lado.

– Pode dizer, Haruka-chan...

– Eu vou ser bem direta com você. Eu sei que é impossível... Impossível... - Deu ênfase. - Você morder aquele garoto.

– C-Como assim?

– Por favor, sou sua amiga e sabes disso. Sei de teus sentimentos, Megumi. Não precisa escondê-los.

Megumi ficou em silêncio por alguns segundos e pretendia não falar, mas o olhar de Haruka parecia penetrar em sua mente cada vez mais no segundo. Megumi engoliu seco e disse:

– Só não sei como fazer.

– Escute... Nós duas não temos vida. Não temos o que perder, não podemos ter sentimentos. Não podemos pensar... Apenas agir. Você me compreende, Megumi? Entende?

– Entendo...

– Então comece a agir e não a pensar em como a situação vai ficar depois. Você sabe o que esse garoto é e a ameaça que ele é para nós. E quando ele descobrir o que ele é capaz de fazer e como fazer, acha que ele vai pensar em você?

– Nã...

Antes que Megumi pudesse responder, Haruka respondeu por ela.

– Não. Não irá pensar e nem irá lembrar do seu rosto que agora é tão entristecido por causa desse bastardo.

O silêncio tomou conta do local. (...)

Ichigo parecia aborrecido, estava deitado em sua cama e pensando em milhares de coisas por segundo. Deslizava as mãos pelos cabelos e mordia os próprios lábios, arrancando fios de sangue dos mesmos, enfurecido. Alguém chamou-lhe tocando na porta de seu quarto e ele não respondeu. Assim, Dominique entrou no local.

– Com licença, Ichi-kun... - Disse Dominique. - Você tem estado meio tenso, então...

Ela ameaçava se desfazer do roupão preto que cobria-lhe o corpo e não usava mais nenhum traje por baixo. Dominique era possessa por Ichigo e daria tudo por ele, até mesmo a própria vida. Cabelos róseos, olhos castanhos e pele clara, com um ótimo corpo.

– Não. Saia daqui, não se atreva. - Ele logo disse, com um tom frio de voz. 

– Como?! O que houve? Não me quer mais? Por quê?! - Perguntou indignada, pois sempre que se oferecia, Ichigo aceitava seus "consolos".

– Não lhe interessa. Você, como ousa aumentar teu tom de voz para falar comigo? Nada mais é que uma escrava que doa seu corpo e seu sangue pra mim, não ouse me contornar com mais palavras ridículas.

Dominique pareceu não se atingir com as palavras de Ichigo, apenas riu.

– Não é o que você diria antigamente, não é? Não foi você que veio atrás de mim, não foi você que precisava de m...

Não pôde terminar. Ichigo acertou-lhe um soco na cara e em seguida, puxou-lhe pelos cabelos.

– Já disse pra se calar.

Dominique sangrava um pouco mas pareceu não se abalar com o soco que Ichigo lhe dera. Olhou ele nos olhos e apenas disse:

– Espero que lembre disso... - Fez com que ele soltasse os cabelos dela e a mesma retirou-se do quarto. 

Ichigo tentou disfarçar, mas ficou com medo da próxima sacada de Dominique. Querendo ou não, ela sempre foi perigosa e sádica e não seria dessa vez que ela mudaria, apenas por um acontecimento infame.

(...)

– Heyyyyyy Megu-chan! - Yohei abraçou-lhe pelas costas quando a encontrou na rua. - Bom dia. 

– Ohayo... - Ficou corada. - Pode me soltar, Yohei-kun...?

– Sim, sim. - Riu e soltou a menor. - Quer andar um pouco comigo, Megu-chan?

– Hm... Estou ocupada...

Yohei fez uma cara de desapontado e um bico formou-se nos lábios dele. Megumi ficou com dó e resolveu deixar o que iria fazer para mais tarde.

– Ok, ok... - Balançou a cabeça negativamente. - Você sempre me convence.

Ele sorriu e abraçou a garota pela cintura e começou a caminhar pela calçada da cidade mais conhecida do Japão, Tokyo. Tentava arrancar sorrisos de Megumi com piadas idiotas, mas sem sucesso. Difícilmente a garota dava risada de alguma coisa. Eles continuaram a conversar e Megumi levou Yohei para um canto qualquer da cidade, onde não havia ninguém. 

– Que lugar é esse, Megu-chan? 

Ela não respondeu. Apenas foi aproximando-se dele, abriu a sua boca e revelou à ele teus caninos afiados e aparentemente sedentos por sangue, e o pior, é que o sangue, seria de Yohei.

– M-Megu-c-c-c-c-chan o que vai fazer?

Não respondeu, apenas encostou ele na parede e puxou-lhe pelos cabelos, aproximando os dentes afiados do pescoço dele.