Pokémon Shining Crystal - o Juízo Final escrita por Nandarazzi


Capítulo 9
Capítulo 8 - O Prelúdio de uma Catástrofe


Notas iniciais do capítulo

Os desenhos deste capítulo são todos antigos. Para ver meus novos desenhos, é só ver meu álbum no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=ls&uid=7106160602203861896

Desenhos nesse capítulo:

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Ouvi a alguns dias atrás o sr. Patterson falando na televisão que um mistério cercava a Travessia de Gelo Mahogany-Blackwood - porém não especificou o problema, apenas alertou a todos para terem cuidado. Conforme andava pela rota que me levaria à caverna ao lado de Feraligator, percebi como uma misteriosa neblina lentamente se formava. Preferi acreditar que era devido à proximidade de um ambiente frio. O caminho entre as árvores estava ficando cada vez mais estreito e a névoa se tornou tão consistente que quase parecia uma nuvem. Não se podia ver um palmo diante do rosto. Mas por ser um caminho reto e livre de obstáculos, o atravessei assim mesmo.

A neblina abaixou, e pude ver a entrada de uma caverna cercada de neve e gelo. Sim, só podia ser aquela... Quando entrei, estava escura como breu e muito silenciosa. Feraligator receou em adentra-la, mas eu lhe convenci que não havia perigo algum. Andei alguns passos, e logo pude notar a mudança do ambiente: lá fora estava bem temperado, mas a atmosfera da caverna era fria e gélida. Conforme eu andava, Feraligator me seguia. Quando finalmente consigo ligar a luz da tela da minha PokeGear, eu piso em algo muito escorregadio e caio, deslizando sobre ele.

Mal senti o solo mudando sob meus pés, foi tudo tão rápido! Feraligator, distraído como sempre, tentou se equilibrar mas acabou escorregando junto, ficando logo atrás de mim. Era como se o ígreme córrego estivesse completamente congelado. Gritando e escorregando por ele como se o rio fosse alguma espécie de tobogun, acabamos atingindo outra parte da caverna por meio dele, passando por um buraco sob o solo e entrando numa nova parte daquele lugar.

O chão era fofo e branquinho, coberto pela neve, logo não doeu quando eu caí de bunda nele. Quando me ergui - rapidamente, se não quisesse ser esmagada pelo meu Feraligator; que deu de cara no chão -; pude sentir focos de calor acendendo meu corpo... Por onde eu havia entrado, haviam duas grandes tochas acesas em esguidos pedestais de metal, uma de cada lado. De cima da elevação que eu estava eu podia observar um grande planalto que se estendia no subsolo da caverna. Era quase como se estivéssemos na superfície, num vale de neve com pedras e pequenos morros. Era tão grande que, se não estivesse numa caverna, não conseguia ver seu final do horizonte. Lá também havia um amplíssimo lago, com mais terra do outro lado, onde vários pokemons aquáticos brincavam... Pokemons que não eram dali. Pokemons que pertenciam às dezenas, e se duvidar centenas de treinadores pokemon que ocupavam aquele lugar!

Sim, o vale estava repleto de pessoas. A maioria da minha idade. Conversavam, brincavam com seus pokemons, ou mesmo tiravam um cochilo - porém, todas estavam sem saber que diabos estava acontecendo. Como se ninguém estivesse ali de propósito. Eu observei por um bom tempo as pessoas discutindo, algumas tentando ligar usando a PokeGear (fora de área), ou outras simplesmente arrancando os cabelos diante do desespero.

Até ouço uma voz conhecida me chamando. Olho naquela direção, e vejo Roy correndo até mim acompanhado de um belo pokemon quadrúpede, de pelos brancos e garras afiadas. Tinha uma juba elegante e bem cuidada, e seus penetrantes olhos vermelhos poderiam ver através de mim se eu bobeasse. Me animei ao encontrar um rosto conhecido, e também fui de encontro a ele. Mas diferente de seu pokemon, Roy não estava na melhor das condições... A manga do lado direito da sua blusa havia sido arrancada, e seu antebraço estava enfaixado. Também tinha gazes lhe cobrindo a bochecha daquele lado do corpo.

- Roy! Que surpresa te ver aqui! - me espantei ao ver as ataduras bem de perto - Céus, o que aconteceu com você?!
- Eu estava vindo pra cá ontem a noite... Achei que os faróis da moto fossem o suficiente para iluminar a caverna, mas o córrego era tão ígreme que eu não o notei e... Bom, o acidente foi feio.
- Então... Sua moto foi pro bagaço? - me assustei com meu palavriado, principalmente dirigindo-o a um rapaz que falava de forma tão educada comigo - Ohh, quero dizer, perdão eu...
- Não, mas é verdade... Por sorte, já tinha gente aqui. Muita, por sinal... - olhou para a multidão aos nossos pés.
- Roy, de onde vem todas as pessoas?
- De todos os lugares do continente... Recentemente, todos os que tentam usar a Travessia de Gelo têm parado aqui.
- Como assim?! TODAS as pessoas?!
- Aah, foi o que eu disse.
- Mas, isso nunca aconteceu antes... Já? Quero dizer, deve haver uma explicação!
- No momento, não podemos fazer nada... A dois dias estão tentando contatar alguém, mas ninguém responde do lado de fora... Puxa, você era uma das minhas esperanças... - ele desanimou.
- Sair daqui é fácil. Mas isso não vai acontecer de forma tão simples...

A voz era diferente, e vinha de uma mulher logo atrás de nós. Ela tinha olhos dourados, quase amarelos, e só de lembrar deles eu me estremeço. Tinha o cabelo preso e arrepiado atrás da cabeça. Ela era... Grande. Só consigo defini-la deste jeito. Usava roupas pretas coladas, com retângulos pintados no corpo, e um Flareon de pelo macio e espesso a acompanhava, provavelmente bem aquecido pela aconchegante pelagem. Tinha uma menina ao seu lado. Diferente da outra, ela tinha o corpo frágil e em desenvolvimento. Os olhos eram grandes e espressivos, seu cabelo cobria parte do rosto e uma pequena tatuagem no meio da testa. Pelo seu físico, supus que tivesse no máximo 14 anos de idade. Vestia trajes similares aos da companheira, mas trajava um blusão preto para provavelmente se prevenir do frio. Um grande Vaporeon tremulava sua cauda próximo a ela, com suas escamas brilhando como se tivesse acabado de sair da água. Roy as olhou com desconfiança, mas eu sabia quem eram: as integrantes restantes dos Unks. Sim, tudo se encaixava agora... Três monges, três mestres, dois sacerdotes, dois percursionistas... Três dançarinas.

- Vocês... Vocês são... Seguidoras da religão Unkw, estou certa? - disse, indecisa.
- ... Corretíssima. - a maior sorriu de forma singela - Creio então que devamos nos apresentar. Meu nome é Nayru, sua serva, senhorita Juri...
- Meu nome é Ririna. Mas pode me chamar de Rin, se quiser... - a jovem corou, levando as mãos ao rosto - É um enorme prazer conhece-la, senhorita Juri!
- ... E você, quem é? - disse Nayru, se referindo e olhando para Roy, de forma até impertinente.
- Heh! Eu pergunto o mesmo. - ele disse, de certa forma sério - Se disse aquilo é porque sabe como sair. E se está aqui, não é a pouco tempo. Por que não disse isso antes?
- Não se irrite... Tudo tem um porquê, rapaz. Juri, se tiver conhecidos seus nesta multidão, chame-os. Chame todos...
- Mas... Porque?
- Apenas faça, Juri. Logo entenderá...
- Certo...

Era tanta gente lá que, se Roy não estivesse ao meu lado, eu jamais encontraria. Consegui encontrar Tania entre as pessoas, ela estava pálida de tanto frio... Coitada. É acostumada a trabalhar o corpo ao percorrer as rotas dos continente fazendo jogging, e ficar contida naquele espaço, por maior que fosse, devia ser horrível para ela. Até Kenny estava lá! Ele estava histérico, como sempre, mas desta vez tinha um bom motivo: seu estoque de comida estava acabando, e ele e seus pokemons passaria fome se não saíssem logo dali. Com todos concordando com o plano de obedecerem as duas para poder serem libertos, formamos um time de ação. Libertamos nossos pokemons afim de que eles pudessem interagir uns com os outros, uma vez que todos ali estavam fazendo isso; e fomos atrás das duas Unkws - alias, eu também havia avistado Angela e Pablo na multidão, mas... Preferi deixá-los na deles.

- Juri, você conhecia aquelas pessoas? - perguntou Roy, no caminho.
- Sim... Mas assim que sairmos daqui, eu prometo explicar tudo, pessoal.

Era minha única opção. Ao encontrá-las, nós seis sentamos sob a camada de neve no topo da elevação, formando um círculo. Não foi necessário que eu as apresentasse... Com todo o cuidado, elas contaram tintim por tintim quem eram. E também, de cara, todo o meu lance com o Wave Bell. Kenny ficou extremamente surpreso, porém calado. Roy prestava atenção e tudo, e pelo seu olhar nao parecia duvidar de uma única sílaba. Muito menos Tania, que as vezes me olhava como se estivesse confirmando seus pensamentos, uma vez que já vivenciamos juntas um momento como os citados pelas moças...

- Mas... E esse Mito que vocês protegem? Por que tanto receio em contá-lo? - disse Kenny, parecendo um pouco incrédulo.
- Pois vocês descobrirão sobre ele agora mesmo. - disse Rin, decidida - Não só vocês... Mas como todos os presentes nesse vale.

Tensão. Seria agora. Todo o objetivo da minha existência seria revelado.

Há muitos anos, quando Jotho era um grande vazio no mundo, dois deuses descenderam os céus. Eles eram Lugia e Ho oh, duas colossais feras regidas de poderes inimaginavelmente fortes. Decidiram que ali semeariam a vida mas, para isso, um deles deveria reinar como deus supremo daquele lugar. Numa batalha épica, Lugia perdera para Ho oh, que assumira o trono nos céus enquanto o outro enfrentaria o limbo sub-aquático, isolado em sua caverna e regendo os mares preso pelas paredes de pedras mais profundas do oceano.

Ho oh então deu origem a tudo: criou a terra, as plantas, pokemons, cada um com todo o dom e paciência de um bondoso deus. Percebeu então que não poderia cuidar de tudo aquilo sozinho, e deixou na Terra os Três Cães Lendários, que regeriam cada um os elementos da natureza: trovão, terra e fogo, vento e água. Dera a Lugia também o direito de ter seus subordinados, porém muito distantes de onde ele estava: eram eles as Três Aves Lendárias de Kanto - Articuno, Zapdos, Moltres. Ho oh então tomou seu lugar de respeito e dignidade, sendo o deus que Cria, Preserva e Destrói.

Um dia, em algum momento do tempo, Ho oh decidiu criar algo novo. Deu o sopro da vida aos humanos, dando-lhes do dom da sabedoria e inteligência. Ele sabia desde aquele momento que deveria se precaver... Deixou então sua última herança na terra: os templos, porém atuais Ruínas de Alph, onde seus servos, os Unknow; transmitiram aos humanos os ensinamentos de Ho oh, e como viver em paz e harmonia naquele mundo criado para eles.

- ... Então... Este é o Mito que vocês tem guardado a tanto tempo? - disse.
- Sim. - afirmou Rin.
- Mas... O que tem o Wave Bell haver com isso? Porque Lugia seria invocado?
- Há 20 anos atrás, nossos monges tiveram uma terrível visão do que aconteceria no presente. - disse a outra, quase como que em transe - Antes não era tão óbivo, mas hoje em dia as profecias estão cada dia mais concretas. Caos, terror e o pânico se alatrariam pelo continente. Várias medidas foram tomadas... Uma delas foi, inclusive, dar ao seu pai o dever de invocar a criatura que poderia evitar tudo isso.
- Meu pai? Mas, espere! - um pensamento rapidamente me veio à cabeça. A imagem de todos os Unkws que eu conhecia me vieram a cabeça - Se vocês são a última geração de Unkws... Quem, a 20 anos atrás, entregou isso pro meu pai?...

Elas criaram um suspense proposital.

- Três mestres, dois sacerdotes, dois percursionistas, três dançarinas... - disse Rin - ... Sentindo falta de algo?...
- Três monges... - disse Roy, prontamente, porém pensativo.
- E quem são esses monges? - perguntei.
- Três pessoas muito conhecidas que secretamente seguem nossos ensinamentos. Vocês já conhece um deles bem profundamente...

Morty... É claro. Só ele poderia ter entregue o sino ao meu pai 20 anos atrás. Por meio da lógica, descobri quem seriam os outros dois: Chuck, que cedera seu ginásio de Luta em Cianwood para Haruhara, mestre percursionista. E Pryce, o Ancião; avô de nada menos que o mestre sacerdote, Yagazami.

- Mas... Por que meu pai não cumpriu com a promessa dele?
- Não se sabe... Nestes últimos anos que se passaram, nossa maior aflição tem sido a ausência de seu pai, Juri. - Nayru, um pouco cabisbaixa
- ... Fugindo, como sempre... - sussurrei para mim mesma.
- Mas, graças aos céus, o Gizo pode aceitá-la como guardiã. Você já deve estar pronta para alcançar seu objetivo... Invocar Lugia para evitar a maior das catátrofes que Jotho enfrentaria...
- Que seria?...
- O Juízo Final de Ho oh.

Senti como se não houvesse chão sob minhas pernas. Senti que já não havia mais oxigênio no ar que eu respirava... Então era isso? Eu apenas invocaria um deus para evitar o Apocalipse em meu continente? Esse tempo todo... Todas aquelas pessoas, todos os acontecimentos, tudo estava girando em torno disto?

- Mas porque?! - exclamou Tania, com o olhar horrorizado e as mãos no rosto - Por que Ho oh faria isso com tudo que ele teve tanto amor para criar?!
- Olhe à sua volta! - exclamou Rin - Os humanos estão degrinindo tudo ao seu redor, inclusive eles mesmos! Estão arruinando o ambiente à sua volta, e afundando no buraco que eles mesmos abriram! Desafiam os poderes de Ho oh, acham que são donos de um mundo que não lhes pertence!
- Acalme-se, Rin... - disse Nayru, segurando-a pelo braço.
- Não, calma nada, Nayru!! Você acha que eu não estou com medo?! - gritou, chorando - Nosso deus está muito irritado, cheio de ódio, e nós não conseguimos fazer nada para evitar isso!! Todas as catástrofes que estão acontecendo, todos esses humanos se afundando na própria vala, é tudo resultado da ira Dele!!
- RIRINA, ACALME-SE!!

A voz grave da moça por muito tempo ecoou pelo vale. Chamou um pouco de atenção, mas Rin então decidiu conter seu choro.

- Vai dar tudo certo, Rin... - concluiu Nayru - ... Está tudo dando certo até agora. Assim você vai assustá-la. Perdão, senhorita Juri...
- ... Eu entendo. Bem que vocês disseram que eu devia estar preparada...
- ... Você sozinha não vai chegar a lugar algum, Juri... - disse Kenny, com os braços cruzados e uma expressão séria.
- Uh?
- Se tiver que contar com alguém, pode contar comigo, gata! - ele disse, de forma muito espotânea - Nada vai poder nos segurar.
- ... Kenny. - eu disse, desanimada e chorosa - O assunto aqui é sério...
Ele ficou irritado.
- Mas eu tô falando sério, quem só pode estar de brincadeira aqui é você!! - exclamou, ergueu-se e ficou apoiado sobre os joelhos - Qual é, minha filha, que drama todo é esse?! Levanta e encara o mundo, encara o problema: que não é só seu, é nosso!! Você é forte, você é A MINA, se não fosse esse sino não teria motivo pra te escolher, c*cete!!
- K-Kenny... - minha expressão de surpresa logo tornou-se um sorriso largo de gratidão, com as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas - Muito obrigada pelo seu apoio...
- Amiga... - disse Tania - ... Eu meio que sabia disso. Dos Unkws, dessas profecias... Tudo por meio do meu tio Chuck, apesar dele nunca me falar diretamente sobre isso. Sempre me senti atraída pelo mistério, pelo místico... E não é só por isso que estarei contigo. Vou estar ao seu lado porque você é minha melhor amiga... E amiga é pra essas coisas, não é?...
- Tania... - eu a abracei com força, sentindo seu apoio me energizando.

Quem estava ao nosso redor sorriu. O otimismo aqueceu nossos corpos e corações, e o apoio não só dos Unkws mas como o dos meus amigos nesta causa foi a peça chave para isso...

- Para falar a verdade, eu tenho investigado um pouco isso... - disse Roy, olhando fixamente para Nayru - Vim atraído pelos relatos dos meus irmãos de Hoenn a este continente... Eu já viajei pelos quatro cantos do mundo, e nunca imaginei que Jotho fosse me intrigar tanto...
- ... Sinto que você não se revelou de verdade, meu rapaz. - Nayru rebateu - Quem viria a Jotho por meros boatos?...
- Xiii... - disse Kenny.
- Espera um instante!! - exclamou Tania - Aquela moto estilhaçada lá fora é sua?!
- Sim, infelizmente... - Roy respondeu.
- Caramba!!

Eu não entendia o que estava acontecendo. Exigi explicações:

- Roy, você é O Justiceiro?! - ela exclamou.
- É, colega, acho que descobriram sem segredinho... - Kenny disse, debochado.
- Sim, é verdade. O único... - ele disse, surpreso por ela conhecê-lo.
- Justiceiro? Que lance é esse? - perguntei, olhando para Roy.

Em Hoenn, o misterioso Justiceiro era um treinador quase tido como mítico. Acompanhado de seu Pelipper e Swampert, ele rodava o continente ajudando quem encontrasse no caminho, fosse oferecendo o que tivesse na mochila para ajudar ou espantando valentões de forma bem... Prática, porém épica. Fora entrevistado várias vezes tanto pela TV quanto pela rádio e tornou-se muito famoso, mas ninguém sabia sua verdadeira identidade. Fora muito bem recebido pelos outros continentes mas, para variar, aqui no Fim do Mundo ninguém senão poucos sabiam de sua existência.

- O que o traz aqui, Justiceiro? - disse Tania, muito contente em conhecê-lo. Quem me dera poder ter o contato que ela teve com o mundo moderno...
- Eu vim por um motivo em especial, porém nada bom... - ele ficou cabisbaixo - Muitos de meus irmãos de Hoenn tem sofrido aqui, por muitos motivos. Pobreza, falta de oportunidades, discriminação... Vim na verdade com a intenção de me instalar no continente. Tentar fazer daqui o meu lar... Como muito hoeannos fazem de todo o lugar que lhes ofereça sombra e um cantinho para viver.
- Eu entendo... O aperto que vocês passam é coisa séria. - disse Kenny, abraçando-se.
- E... Não vejo motivos para não entrar em sua causa. - sorriu - Eu sou à favor da justiça para todos... Mesmo que desafiando um deus!
- É assim que se fala! - Kenny foi para perto dele e lhe bateu nas costas. Não pareceu se esforçar muito, mas Roy sentiu muita dor, como se seu delicado amigo não tivesse noção da própria força.
- Então não há tempo a perder! - Tania - Precisamos alertar a todos!
- É por isso que estão aqui. - disse Rin, se erguendo ao lado de Nayru - É por isso que estão todos aqui...

Elas falavam de forma estranha. Quase como se elas... Houvessem preparado tudo aquilo. Sim, pensando bem, porque não? Haviam tochas na entrada daquele vale subterrâneo. Elas estavam esperando esse tempo todo, aprisionando centenas de treinadores naquele lugar, esperando que eu chegasse? Mas porque? Não precisava ser assim!

- Treinadores de Jotho, nos escutem! - urrou Nayru, falando diante da multidão, que passou a observa-la atentamente. O ambiente fechado colaborou para que sua voz se propagasse em alto e bom tom para todos - O que temos a dizer é importante, nosso mundo corre perigo!

Bochichos por todos os lados. "Do que essa doida tá falando?". "A gente vai sair daqui?". "Putz, que roupas esquisitas...". "Pablo, filma isso!".

O alerta havia sido dado. O Mito agora estava se propagando para centenas de treinadores. As reações foram as mais diversas: incredulidade, ignorância, revolta, medo, tristeza, tinha até gente achando aquilo tudo muito engraçado. Rin se encolhia diante da situação e, em certo momento, escondida atrás de nós, fechou os olhos e pareceu entrar em estado de transe. Ajoelhou-se, seus dedos começaram a percorrer a neve, traçando linhas sobre ela e desenhando algo inconscientemente. Seu Vaporeon a observava atento.

- É tudo verdade! Vejam tudo a sua volta, o mundo está ruindo! E a prova está aqui! - pegou o sino em meu pescoço e o balançou no ar. Mas por ela não ser sua dona, o gizo não atraiu nenhum pokemon selvagem nas redondezas, mas pode-se notar o brilho nos olhos dos que estavam presentes.
- E tem mais! - eu disse, criando coragem. Olhei para a Master Ball em minhas mãos, eu precisaria fazer aquilo...

Quando Entei saiu da pokebola, deu um dos seus rugidos mais selvagens, mostrando o quão se sentia bem ao estar livre. Ele era meu parceiro agora, e era ao mesmo tempo a prova e a testemunha mais sólidas que poderíamos ter.

- Escutem todos! - ele disse, com sua grave voz inundando o saguão - O perigo é iminente e incontestável, mas juntos poderemos convencer Ho oh a desistir desta tão dura decisão!

Todos pareciam concordar, agora que os pedidos e conselhos estavam sendo dados por uma criatura lendária digna de seu poder e seu título.

- Ao sair daqui, expalhem para o mundo a nossa mensagem! Todos devem se unir! Não devemos temer Ho oh, e sim respeitá-lo, pois é apenas isso que ele pede em suas profecias: respeito, não só entre ele e os humanos, mas entre todos os seres que ele deu a vida! - o inflamado discurso começou a empolgar as pessoas.
- Pablo, não desliga isso!! - pude ler os lábios de Angela quando ela disse isso ao seu cameraman mirando em minha direção... Acho que eu nunca teria paz.
- Vamos fazer nosso deus entender nosso valor! Precisamos mostrar que a humanidade tem esperança, e essa esperança são vocês, o futuro povo deste lugar!!
O povo foi à loucura.
- Prometam para mim! Prometam para nós, todas as criaturas de Jotho, que seremos a salvação deste continente!!

A multidão concordou, com gritos e urros de apoio. Entei assumiu uma postura magistral e nobre, sorrindo com o canto da boca, muito feliz em ver aquilo.
- Pra quem vive se escondendo as pessoas, até que você mandou bem. - comentei.
- É um dom. - respondeu. Humildade também é...

Rin termina seu desenho. Os traços formados na areia lembravam o desenho presente nas costas dos mestres... Ainda não havia entendido sua simbologia. Os traços na neve pareceram ganhar vira, e as esferas começaram a girar no interior do círculo em sentido horário. Nayru olhou para seu Flaeron, acenando-lhe com a cabeça. O obediente pokemon se posicionou entre os pedestais de fogo. Fechou os olhos... E assim que os abriu bem, emitindo uma luz branca por eles, as chamas rapidamente ficaram maiores e desapareceram, como se estivessem sendo engolidas por elas mesmas.

Assim que elas se apagaram, uma espessa névoa cobriu o lugar. Foi ficando mais e mais forte, se forma que nós precisamos ficar todos juntos para não nos separarmos. Neste momento, nós quatro nos demos as mãos, como um sinal de que os acontecimentos que estariam a vir jamais nos separariam. A névoa ficou intensa a ponto de só se enchergar um grande vazio branco diante dos olhos. Ouviamos gritos, sussurros, mas estávamos aliviados - porque sabíamos que estavamos todos juntos.

Quando a névoa lentamente começou a baixar, notamos uma diferença enorme de emabiente. A neve em nossos pés tornou-se grama molhada. A caverna havia se tornado um campo aberto. Por meio de algum tipo de feitiço Unkw, nós havíamos saído da caverna. Todos nós.

Nossos pokemons estavam todos amontoados num canto só, todos os 6 que cada um de nós tinha. A maioria estava apavorada, mas logo se animaram ao nos ver novamente. Vieram correndo em nossa direção, nos abraçando com afeto. Pude ver como cada um dos meus parceiros se relacionava com seus pokemons: Kenny estava sendo abraçado pela sua exuberante Arbok dourada, enquanto os outros pokemons esperavam ansiosamente para abraçá-lo também. Roy acariciava a cabeça de seu jovem Absol, e Tania se pendurou no pescoço de sua Meganium.

Todos estavam felizes. Mas jamais esqueceriam o que haviam visto lá dentro. As dançarinas jamais nos deixaria sair se eles não tivessem entendido bem a mensagem e não cumprissem com a promessa que fizeram ao cão lendário Entei. Pelo menos a maioria. Muitos decidiram acampar lá ou pelo menos passar mais tempo naquele lugar, uma vez que ainda era muito cedo (PokeGear marcando 10:20am)

- Crianças - disse Nayru, se aproximando de nós, com Rin e as eevoluções ao seu lado - Estamos próximos de Blackwood, uma das cidades que possuem um templo Unkw. Vamos até lá, ainda há muita coisa que deve ser esclarecida.
Virei na direção de meus companheiros.
- Amigos... Mais uma vez agradeço sua ajuda. Não sabem o quanto me deixa feliz ver vocês ao meu lado... Me sinto tão mais confiante. Muito obrigada...
- Não agradeça só a nós, Juri. - disse Roy - Agradeça a elas... Agradeça aos Unkws, as pessoas que te apoiaram, e principalmente todos eles... - olhamos o mar de gente atrás de nós - Isso não é nem metade das pessoas, Juri... Toda Jotho estará ao seu lado. Pode ter certeza disso!

Eu sorri e o abracei, com todas as minhas forças. Eu estava tão gelada, mas seu corpo, seus braços e seu peito estavam tão quentes... Quase como se o fogo de seu coração puro o mantesse sempre aquecido.

- Aaaw, e eu, não vou ganhar um abraço? - disse Entei, fingindo que se importava.

Eu não liguei. Eu o abracei também. Nós rimos um pouco ali, mas sequer esperávamos que aquele seria um dos últimos momentos de descontração que teríamos naquele dia. Muita coisa nova seria revelada a nós... A missão já não era só minha. Não só dos Unkws, não só dos meus amigos. Era de nossa, era de Jotho. E estávamos começando a nos preparar para ela.

A cidade de Blackwood não me lembrava nada mais que uma grande Mahogany. As ruas não eram pavimentadas, muitas casinhas e instalações ainda eram bem tradicionais, igualmente sua população - apesar deles serem um pouco mais "hospitaleiros": ao invés de nos olhar com desconfiança, admiravam nossos trajes, pokemons entre outras coisas "modernas" que trouxéssemos conosco. Conforme eu, Kenny, Roy e Tania atravessávamos as estreitas ruas da cidade guiados pelas duas dançarinas, podíamos confirmar nossas expectativas sobre Blackwood ser um lugarejo simples e pacato, com uma suave aura energética cobrindo a vila com um manto de paz.

Logo atrás do onipotente Ginásio de Dragão, pertencente à líder Clair; estava um pequeno lago cercado pelas formações rochosas da Travessia de Gelo. No final dele, uma pequena abertura para o acesso da caverna podia ser vista numa pequena porção de terra. O Vaporeon de Rin entrou na água com tranquilidade, e ela seguida de sua companheira lentamente entraram na água também, apoiando-se as costas do pokemon aquático. Não tínhamos opção que não fosse atravessar o lago atrás delas... A Starmie de Kenny era tão grande e ampla que ele podia simplesmente sentar sobre suas costas e ela prosseguir como se fosse uma espécie de bote. Tania teve que entrar na fria água para atravessá-la nas costas de seu Laturn e Roy seguiu sobre Swampert. Eu fiz o mesmo com Feraligator, e por ter adquirido equilíbrio nas aulas de Surfe, prossegui sem precisar me molhar também. Porém mais tarde, perceberia de nada adiantaria evitar ensopar minhas roupas naquele momento...

Quando atravessamos a pequena passagem, percebemos que ela não levaria para o interior da Travessia de Gelo - e sim para outro lugar completamente diferente, como uma extensão de Blackthorn. Através da passagem, uma grande e ampla depressão nascia bem no meio da caverna. O céu ali parecia levemente mais escuro, e os ventos um pouco mais intensos... Escadas feitas no solo permitiam o acesso à parte mais inferior. Um grande lago se abria bem no meio da depressão, e suas águas eram muito violentas. No centro deste lago, um pequeno templo budista se erguia sobre firmes pilastras de madeira. Sua firme ponte o ligava com a terra, e bem alinhada à sua arquitetura, estava uma grande torre construída sobre a estrutura rochosa, com grandes escadas brotando do chão e rasgando o caminho de encontro à sua entrada. Nayru se virou para nós, dizendo:

- Sejam bem vindos ao nosso Templo Unkw. Por favor, peço que se livrem de todos os seus objetos e trajes desnecessários: devem se sentir livres do mundo material ao entrarem aqui...
- Não se preocupem, seus bens estarão protegidos no Templo do Dragão, logo ali embaixo - disse Rin, apontando para o pequeno templo no meio do lago - Prosseguiremos quando todos estiverem prontos.

Atravessar aquelas águas vis não foi fácil. Tania e Kenny andavam lado a lado para evitarem se dispersar. Porém, quando eu acabava de desçer uma onda, outra veio rapidamente em minha direção e me fez perder o equilíbrio, caindo das costas de Feraligator e sendo atingida pela água, que parecia me esbofetear com suas fortes ondas. Num piscar de olhos já estava muito longe de Feraligator. Roy, que vinha atrás ao me dar cobertura, se lançou na água e me puxou pelo braço, sendo que eu havia afundado e não sabia como voltar à superfície...

- Juri!! - ele exclamou, ofegante ao me apoiar nas costas de seu grande Swampert, que se esforçava para manter-se para fora d'água - Juri, apoie-se aqui!!

Feraligator veio até nós. Os dois amigos decidiram fazer o seguinte: nadariam colados um no outro, assim o espaço que eles formariam em suas largas costas seria o suficiente para manter nós dois sobre eles. Eu fazia muito esforço para respirar, e estava tremendo de frio... Assim atravessamos o perigoso lago, saltando no meio da ponte do Templo do Dragão, afim de que fôssemos levados às pressas para seu interior.

Os monges de lá não eram seguidores da religião Unkw, eram sacerdotes tradicionais. Eles nos ofereceram toalhas e casacos para que nos secássemos, mas para isso, tivemos que nos trocar em quartos. Os rapazes ficaram em um, e eu e Tania repartimos o mesmo. Era bem simples e aconchegante, considerando o bravio tempo do lado de fora da janela, que iluminava o quarto com os fortes raios de Sol. Conforme ia deixando meus itens e outros objetos organizados dentro da minha mochila, Tania fazia o mesmo com a dela. Virou-se para mim em certo momento, temerosa, já trajando apenas a parte inferior de sua roupa (que era uma peça só, como um short e regata de lycra unidos):

- Juri... Você se lembra daquele líder de Ginásio de Cianwood?... - disse corada, botando os cabelos curtos atrás da orelha.
- Ahã. O que tem ele?
- Haruhara é um dos Mestres Unkw, certo?... - seu olhar se arrastou pelo chão, cabisbaixa - Você acha que esses mestres podem se apaixonar, ou mesmo... Erm, se envolver com alguém?
- Iih, que papo é esse, Tania? - eu disse, olhando para ela.
- É que meu tio Chuck o cria desde quando ele era muito pequeno, e eu o via sempre que ia visitá-los em Cianwood... Nossa faixa etária era diferente, por isso não chegávamos a brincar juntos. Ele estava sempre tão sério para uma criança... Quase como se já tivesse uma mentalidade adulta, já bem desenvolvida. Tio Chuck nunca apoiou uma relação nossa como "primos", apesar de eu ser sua sobrinha legítima e Haruhara ser como um filho pra ele.
- Então vocês já se conheciam?
- Sim, faz muito tempo.
- E o que você quis dizer com aquilo?

Então ela me contou tudo. Aos 16, ele assumiu o posto como líder de ginásio, e Tania conseguira derrotá-lo. Naquele instante, conforme os anos passavam, ela começava a vê-lo, admirá-lo de uma forma diferente. E que às vezes ela podia sentir o quanto ele a via de forma diferente também. Talvez por conhecê-lo desde pequena, Tania nunca entendeu como as pessoas podiam temê-lo de forma tão irracional, como se estivesse acostumada à sua aura poderosa que, sem querer, impunha medo sobre as pessoas. Mesmo sua aparência não a amedrontava. Então, a cada ano que passava, ela ficava cada vez mais encantada por Haruhara, e ele por ela. Ela o via como um amuleto de proteção, como se ele afastasse tudo que há de ruim para longe... E ele a via como um grande mistério. Sim, era isso o que ele entendia por "Tania". Parecia um homem sábio, honrado, poderoso, mas não conseguia entende-lâ, simplesmente.

Eles estavam apaixonados perdidamente um pelo outro... Aproveitavam cada precioso segundo que tinham juntos nos poucos dias que se viam durante o ano. Mas era como se, apesar de estarem tão maravilhados um pelo outro, ainda estivessem muito inseguros. Apesar do tio não tratá-los como primos, ela sempre o viu como tal. Fora que, puxa, ele era tão mais velho, tão mais desenvolvido e experiente, normal alguém da idade dela temer estar envolvida com alguém como Haruhara... Por isso o meio mais confortável que eles encontraram para demonstrar seu amor um pelo outro não chegava a ser um beijo na bochecha, e sim longos e quentes abraços... Ela, porque não tinha coragem de beijá-lo. Ele, porque provavelmente nunca aprendera como fazê-lo.

De qualquer forma, eu dei todo o meu apoio à Tania, e que se fosse necessário quebrar barreiras sociais para seu amor fosse aceito, eu os ajudaria nisso. Apesar disso, eu sabia que havia perigo... Haruhara era mais velho e muito maior do que Tania. Essa era uma sonhadora nata, e adorava viajar em seus pensamentos românticos. Por ela ser assim, imaginei o quão fácil seria enganá-la, principalmente por ela ser de certa forma ingênua... E ainda mais por ser atraente. Só cabia a mim alertá-la, e esperar que tudo fosse como ela realmente descreveu ser para mim.

- - - - -

Minhas panturrilhas latejavam após as dezenas de degraus subidos à entrada do Templo Unkw. Fui apenas de top, minissaia jeans e os tênis - até minhas luvas e touca ficaram de lado. Kenny e Roy haviam apenas se libertado dos casacos e luvas também. Tania havía saído do quarto do jeito que eu havia a visto lá dentro.

A torre tinha a arquiterua muito famíliar, e só depois me dei conta que se tratava da mesma da Torre Incendiada de Ecruteak: as pilastras vermelhas, o chão de madeira laqueada, ornamentos ricamente decorados... Pude notar a admiração nas faces de meus colegas, principalmente o brilho nos olhos de Kenny - ele devia ter um gosto bem "refinado" para admirar o belo... Assim que subimos alguns degraus, seguindo as dançarinas na nossa frente, logo notamos que havíamos atingido o andar central da Torre.

Por alguma razão, tínhamos a sensação daquele andar ser mais amplo que os andares comuns. Era cheio de janelas com as persianas de bambu abertas, e uma bem grande no fundo com o mesmo estilo. Um grande e quadrado tapete de bambu cobria quase todo o chão, e estampado o símbolo dos Mestres. Dois grandes tambores com o mesmo símbolo estampado de vermelho nas grandes camadas de couro. Várias almofadas de diversos tamanhos e formas de tons arroxeados posicionadas com cuidado próximas as paredes e nos cantos da sala, indo em direção ao centro. Até a atmosfera era diferente das demais partes da torre.

Lá estavam nada menos que todos os seguidores Unkw: Os monges na parte central do saguão. Os mestres sentados sob 3 baixos, almofadados e circulares pedestais cada um localizados entre os tambores no fundo da sala com Kei próxima a eles. Os sacerdotes próximos aos percusionistas e verificando algo no forte braço de Chun, provavelmente com aquela região do corpo machucada ou dolorida...

- Tio! - exclamou Tania, ao ver o ex-líder de ginásio conversando com os outros dois.
- Tania! - disse o mesmo. Sua voz era forte, porém já mostrava sinais de envelhecimento. Seu sobrepeso tornava seu protuberante abdome bem destacado sobre as calças sujas de um fulgaz lutador - Minha sobrinha, que surpresa te ver!
- Cresceu bastante, Tania... - disse Morty, sorrindo singelamente ao ver os dois se abraçando - Da última vez que a vi você ainda era praticamente uma criança...
- É... - ela sorriu sem graça.

Todos pareciam ansiosos para nos ver. Morty estava vistoso e bem de saúde, como sempre. O mesmo já não podia se dizer do companheiro deles... O senhor Pryce já estava bem velhinho. Seus 80 e poucos anos de vida quase sempre expostos a temperaturas baixíssimas lhe fez mal aos ossos - por isso agora só podia se locomover por meio da cadeira-de-rodas. Tinha a pele e feições envelhecidas, seus cabelos calvos já eram bem esbranquiçados, mas esboçou um sorriso nos finos e secos lábios quando me viu. Pareceu ficar bem radiante neste momento.

- Então, és a senhorita Juri? - disse, com sua voz envelhecida.
- Sim, senhor... É uma honra conhecê-lo.
- Eu que o diga, minha jovem. Por favor, aproximem-se.

As dançarinas foram para perto de Kei, que virou o corpo na minha direção quase como se pudesse realmente me ver... Fomos muito bem recebidos e cumprimentados pelos seguidores Unkw, eles ficaram muito felizes com o fato de, agora, eu ter apoio sólido. Meus parceiros se sentiram muito confortáveis ali, já não tão mais surpresos ou deslocados... Isso era bom, era ótimo. Mas Kei, para variar, ficava apenas calada, na sua. Imagino o que se passa na mente de alguém como ela. De repente, as dançarinas (que estavam paradas diante do pedestal central) abrem espaço para os lados e revelam um vulto misterioso. A pessoa se ergue e logo os outros dois mestres também, e vem andando em minha direção. Era uma mulher, muito bonita por sinal - e se estava sentada entre eles e todos os membros religiosos estavam presentes, pude apenas supor uma coisa: que aquela pessoa seria o Terceiro Mestre Taiko, a Mestra Dançarina.

Até hoje em dia é extremamente difícil para mim definir aquela mulher. É difícil descrever seus trajes quase tribais, sua postura misteriosa e séria, a energia que emanava - apesar de bastante similar à dos demais mestres... Posso dizer que muito de Kei era espelhado nela, principalmente a máscara que ela usava, apesar de mais rica em detalhes e de cores secundárias azul e preto, ao invés de vermelho e preto. Ela era bem alta, o máximo que eu atingia na ponta dos pés era abaixado de seus ombros. Ela abaixou a cabeça e olhou em minha direção a uma jarda de mim, depois balbuciou:

- Seja bem vinda, senhorita Juri; ao nosso templo.
- É-é uma honra, senhora... - gaguejei. Era mais uma mestra que me metia medo.
- Meu nome é Koikaze. É uma honra servi-la, senhorita... - curvou o corpo com a mão no peito, uma referência muito formal - E igualmente aos seus companheiros...

Haruhara tentou se manter sério ao notar como Tania o olhava, evitando então que seus olhares se encontrassem. As dançarinas se posicionaram atrás de sua mestra, conforme ela desenvolvia seu discurso:

- Nosso templo sempre os receberá de braços abertos, façam daqui seu segundo lar. Sem mais delongas, gostaríamos de lhes explicar detalhes importantes sobre os futuros eventos...
- Claro. Não quero ser impertinente, mas gostaria de pedir o máximo de informações possíveis - disse Roy, temeroso - Quanto mais rápido bolarmos uma estratégia, o quanto antes estaremos preparados e antecipados...
- Sim, você está certo meu jovem... - virou-se de costas - Estamos vivendo numa bomba-relógio... Cada segundo a partir deste instante é precioso. E nós, os Mestres Unkw, pretendemos explicar tudo isso a vocês. Por favor, acomodem-se próximos a nós...

Ela era muito educada e rapidamente ganhou meu respeito - não compreendia como alguém como Kei pudesse ser por tanto tempo aprendiz de Koikaze e não aprender nada com ela... Todos pegaram almofadas e se sentaram ao redor dos mestres, como crianças circundando os avós para ouvir suas histórias e palavras de sabedoria. A postura de cada um dos mestres ao sentar de pernas cruzadas era bem interessante e denotavam suas personalidades: Yagazami sorriu singelamente para mim com as mãos cruzadas. Koikaze apoiava-se nos joelhos com a postura ereta, e Haruhara era sutilmente encurvado - provavelmente pelo peso de seu forte e trabalhado peitoral. A mestra olhou para Yagazami, comentando:

- Eles estão cientes das informações do Mito?
- Fui bem informado que sim. - respondeu.
- E... Algo mais?
- ... Nada sórdido. - sua pausa tornou a frase carregada de mistério.
- Senhores, é uma honra repartir nossa sabedoria convosco. - direcionou a palavra à nós - Afim de que compreendam tudo, estamos dispostos a revelar nossos últimos segredos...

Haruhara tornou-se apreensivo, fechando os olhos e mordendo o lábio inferior. Os pupilos assistiam a tudo bastante impressionados, e os monges atrás de nós os escutavam atentamente. Tania notou a apreensão do amado, mas apenas o observou silenciosamente. Só depois poderia compreende-la...

- Primeiramente, nós três devemos revelar o maior dos NOSSOS segredos... - pausa, como se estivesse organizando os pensamentos. - Jovens humanos, nós três, os Mestres Taiko; não somos o que aparentamos ser.
- Hmm?... Mas como assim? - comentei, como se não tivesse desconfiada de nada.
- Nós não somos originalmente humanos... Em nossas vidas passadas, decidimos vir a este mundo nesta forma para nos integrar ao seu povo. - disse Yagazami - Nós três... Somos re-encarnações das Aves Lendárias de Kanto.

Nós ficamos chocados, apesar dos demais Unkws estarem consideravelmente calmos. Levei minha mão à boca, cobrindo-a com meu espanto. Eu sempre desconfiei que eles tinham algo misterioso, não só na energia poderosa emanada de seus corpos mas como na forma de agir, como se não estivessem acostumados com o mundo a sua volta ou mesmo não sabendo se expressar muito bem... Tania não desgrudava os olhos de Haruhara, que permanecia cabisbaixo e sério, desapontado consigo mesmo. Yagazami, Mestre Sacerdote do Gelo, era na verdade a ave Articuno. Koikaze, Mestra Dançarina, deveria ser a re-encarnação de Zapdos... Quanto à Haruhara, suas características se encaixavam perfeitamente às do semi-deus Moltres.

- Aves Lendárias... - disse Kenny, com os olhos arregalados - Meu deus...
- Sim, e viemos a este mundo com uma missão... Que é evitar que ele seja destruído. - Koikaze, explicando-se.
- Mas, como assim?! - exclamou Tania, com o humor já alterado - Como e porque disso tudo?!
- Peço que se acalme, senhorita... Tudo será explicado com todos os detalhes que vocês merecem ter.

Ela não queria nem olhar para ele... Apenas levou as mãos à boca e as lágrimas despencaram de seus olhos chorosos, nas bochechas que lentamente se tornavam avermelhadas. As Aves Lendárias de Kanto eram subordinadas de Lugia, como havia sido citado no mito. Este, apesar de rebaixado, continuava sendo um deus - logo, podia acompanhar tudo ao seu redor de forma onisciente. Lugia previu os desastres que Ho-oh traria a este mundo futuramente, e para nos proteger, ele ordenou que seus subordinados entrassem em contato com os monges Unkw. As palavras proferidas pelas aves eram um alerta: o mundo viria a ruir por causa humana e nas garras do furioso deus fênix.

Isso tudo acontecera a exatamente 20 anos atrás. O perigo era iminente, mas não aconteceria logo. Sem o luxo de poder entrar em pânico, os monges não tinham muito tempo para planejar o que poderia ser feito para evitar esta tragédia de dimenssões colossais. As aves então fizeram um pacto com os monges: encarnariam em bebês humanos, e viriam ao mundo inclusive no mesmo dia. Chuck adotara Haruhara como um filho e o criara com todo o carinho que um pai daria a um legítimo... Morty também dera a mesma criação devotada à Koikaze, mesmo que nsob a situação de pai solteiro. E Pryce teve a oportunidade de ter Yagazami como o próprio neto. Mas esta não foi a única medida a ser tomada...

Lugia precisaria ser invocado: apenas ele estava no nível de Ho-oh. Mas este papel não podia ser entregue a qualquer pessoa... Por ordem prévia das aves (que obedeciam as ordens de seu superior), foi mandado que o Gizo que invocava a presença de Lugia, o Wave Bell; fosse entregue ao meu Pai. Lugia, por alguma razão, acreditara que meu Pai seria a pessoa perfeita para invocá-lo no futuro. Mas como pode-se notar, nao foi bem isto o que aconteceu... Foi quando uma dúvida importantíssima surgiu em minha cabeça:

- Esperem um instante! - exclamei - Se Lugia havia designado meu pai para o papel de guardar o Wave Bell... Porque ele não me rejeitou? Ele tem vontade própria?
- ... - todos os mestres em silêncio.
- ... E se bastaria guardar o sino para que ele não caísse em mãos erradas, vocês mesmos, seguidores Unkw; não poderiam mantê-lo sobre sua proteção?
- ... Heh, heh. - riu Yagazami - Senhorita Juri... Só você poderia pensar tais coisas...
- Atenção todos! - disse Haruhara, com sua voz gravde - Nós, os Mestre Unkw... Nós mentimos. Nossas identidades não são nosso maior segredo...

Tensão. Até os monges se chocaram. Os pupilos ficaram aflitos, que tipo de segredo seria maior do que um semi-deus fingir ser humano?

Lugia havia tido uma segunda previsão: de que todo aquele caos seria trazido por uma organização maléfica. A 20 anos atrás, um ser humano sombrio de planos vis estava tentando reenguer o maior grupo terrotista que já se alastrara por Jotho, a Equipe Rocket. Lugia não sabia de seus objetivos, sabia apenas que eles trariam a ruína ao mundo. Quando os espíritos das aves ascenderam o Plano Espiritual, lugar onde as almas aguardam para voltar ao mundo e iniciar um novo ciclo, eles encontraram o espírito de Lugia ali.

- Nosso mestre planejava algo... - disse Koikaze - Então, ele nos contou como deveríamos proceder.

Lugia dividira seu espírito em dois: parte dele reencarnaria num ser humano, e a outra permaneceria adomercida nas profundezas do mar, apenas despertando quando sua outra metade surgisse e fosse realizado todo o ritual. Assim, para evitar que ele fosse invocado por qualquer pessoa, ele preparou o Wave Bell para funcionar apenas nas mãos de sua forma humana.

- ... Não... - senti o ar me faltando.
- Sei o que está imaginando, senhorita Juri. E sim, é tudo verdade... - concluiu Koikaze - Você tem dois espíritos dentro de você... O que é originalmente seu, e o do deus Lugia adormecido.

Eu não soube nem o que responder. Toda a minha vida passou diante dos meus olhos... Quantas pessoas sabiam daquilo? Será que os monges sabiam, será que minha mãe sabia? E o meu Pai?...

- Mas então, o que meu Pai tem haver com isto tudo?!
- Lugia estava temeroso demais, ele não sabia o real objetivo dos Rockets ou o que aconteceria para que ele viessem a engatilhar o fim do continente... Ele conhecia seu pai. Dias antes de você nascer e antes de ascender o Plano Espiritual, Lugia entrou em contato com ele. Ele explicou tudo... E dera uma missão ao seu pai.
- Uma missão?...
- Sim. Ele entregara ao seu pai a missão de proteger um lugar sagrado para os pokemons, uma espécie de Nirvana. Ele fica ao extremo norte do Monte Silver, a única porta de acesso para o lugar... Se os Rockets atingissem aquele paraíso, tudo ali seria devastado. Lugia confiava demais nele, acreditava ser o treinador mais capacitado para isso... Então, é isto o que realmente aconteceu, senhorita Juri.
- Monte Silver... - Kenny ficou pálido, seus olhos arregalaram e pareceu suar frio. Mas falou baixinho o suficiente para apenas eu entender suas palavras.
- Peço que não fique com rancor de seu pai, senhorita Juri... - Yagazami, preocupado - Graças a ele, os Rockets que tentaram invadir a Nirvana foram todo expulsos... Seu pai é uma pessoa incrível. E você também, Juri.
- ...
- Está se sentindo bem, senhorita? - disse Kouji, o percursionista, apoiando sua mão em meu ombro.
- Apenas... Informação demais... - disse, um pouco pensativa.
- Podemos ajudá-la... - disse Koikaze - Venha, vamos conversar. Rapazes, por favor nos acompanhem... Os demais, sintam-se à vontade. Mais tarde o almoço estará servido.

Um pouco tempo conversando com a sábia Koikaze e os dois percursionistas me ajudaram a entender as coisas, e poder finalmente entende-las e principalmente compreende-las. Entendi que eu continuava sendo eu mesma, a Juri de sempre - apenas tinha metade do espírito de um deus em mim. Mas por ela apenas se manifestar diante da outra, ela não tinha nenhuma influência sobre mim. Logo superei o choque e pude reerguer minha cabeça, sorrindo com ainda mais confiança. Koikaze mostrara seu rosto para mim neste momento, mostrando o seu sorriso também. Olhos azuis e um rosto afinado embelezavam seus lábios, e pude compreender que havia conseguido a confiança de Zapdos.

Okay, resumindo! Ho-oh e Lugia disputaram para ver quem seria o manda-chuva de Jotho. Ho-oh ganhou e Lugia ficou apenas em papel secundário, descansando em sua caverna e apenas observando. Ambos tinham subordinados: As Aves para Lugia, e os Cães para Ho-oh - que por sinal, controlavam os 5 elementos de Jotho. Todos os subordinados dos deuses tinham contato até frequente com os seguidores da religião Unkw, a mais antiga de Jotho, que preservava os ensinamentos, relíqueas, mitos e tradições ensinados pelos Unown, seres criados por Ho-oh.

Porém muitas atitudes humanas enfureceram o deus, e agora ele estaria disposto a acabar com tudo de uma vez - e estopim disso aconteceria, por alguma razão, pelos Rockets; que se reergueriam ainda mais fortes. Lugia previu isso, e para nos proteger, mandou que as Aves Lendárias contatassem os Unkws, agora reduzidos a números contados a dedo. Enquanto as Aves encarnavam em humanos, Lugia decidiu também enviar metade de seu espírito para encarnar em uma pessoa, afim de proteger o Wave Bell para que não caísse em mãos erradas. E também dera a missão ao meu genitor de proteger a Nirvana dos pokemons no Monte Silver, e por isso ele fugiu quando eu finalmente vim ao mundo... E deixara o Wave Bell para mim, entregue pelos Unkws que acreditavam que ELE era a pessoa escolhida.

Os anos passaram. Os mestres cresçeram, ganharam discípulos e passaram seus ensinamentos. Eu cresci e me preparei para o desafio de ser uma treinadora pokemon. A Equipe Rocket progredia de forma silenciosa e a cada dia mais forte, carregada de novas estratégias. Mas estamos aí, e seja qual for o objetivo deles, nós os deteríamos custe o que custasse! Nós e todo o continente defenderíamos nosso mundo, nosso lar. Após o término da revigorante conversa, pude me lembrar de Tania, e imagino se ela estaria bem mesmo depois do que acabara de ouvir da boca dos próprios mestres...

- - - - -

Ela estava no topo da torre, um telhado bem amplo e pontudo de fácil acesso, com telhas vermelhas que se encurvavam para dentro. O Sol era intenso entre as nuvens carregadas, e o vento balançava seus cabelos negros ao jogá-los para trás. Tania sentava num banco de madeira laqueada, feito com um tronco bem grosso e redondo partido ao meio, observando o lago diante de si. Por mais que estivesse perdida em seus pensamentos, ela pode sentir Haruhara se aproximando timidamente por trás, mas permaneceu calada esperando que ele dissesse algo.

- ... Tania... - ele começou, com sua grave voz retraída.
- O que você quer, Haruhara?... - ela respondeu chorosa, sentindo as lágrimas voltando com toda a força - Ou devo dizer... Moltres?
- Apenas conversar com você...
- Não temos nada a conversar. - ergueu-se, decidida - Toda a enorme confiança que eu tinha por você, você simplesmente esmagou entre seus dedos, queimou em suas chamas!!
- Não diga isso, por favor!... - franzia a testa, preocupadíssimo - O sentimento que tenho por você é muito forte, assim você me machuca!
- É mentira, tudo mentira! - ela levou as mãos a cabeça, entrando em desespero - Se fosse mesmo, teria dito para mim que era um semi-deus!!
Ela tentou ir para longe dele.
- Tania, não é assim que as coisas funcionam! - ele a segurou pela mão, facilmente alcançando-a apesar de seus passos largos - Só quero me escute, e que por favor compreenda!
- Por que só eu tenho que compreender você, Haruhara?! - gritou entre lágrimas - Por que não tenta me entender também?!

Tania, tomada pela raiva e desespero, fechou os punhos delicados e esmurrou o abdome forte de Haruhara com todas as suas forças. Isso não fazia nem cócegas nele, que apenas segurava seus pulsos sem aplicar força, quase como se pedisse para que ela fizesse aquilo. Conforme ela dizia frases sem sentido, ele jogava sua cabeça para trás com os olhos fechados, como se pudesse sentir todo o ódio dela pelos seus pulsos. Já sem forças ou fôlego para continuar batendo em vão, Tania sucumbiu sobre Haruhara.

- Por que você nao me contou, Haruhara? Por que?... - agora apenas chorava.
- Tania... Eu não poderia...
- Por que, você não confiava em mim?! Porque simplesmente não me contou tudo desde o início, eu poderia ajudar você!! - fez estardalhaço de novo, começando a bater nele novamente - Eu poderia ter ajudado!!
- EU NÃO QUERIA TE PERDER, TANIA!!

A frase dita daquela forma, naquele tom de voz tão grave e intimidador a ponto de nos fazer ouvir dos andares inferiores a paralisou. Seus olhos arregalados e chorosos se fixaram nos dele, igualmente molhados. De medo... Medo de perde-la. O único medo do semi-deus Moltres era perder o amor da humana Tania.

- Tania... - ajoelhou-se, ficando um pouco maior do que ela - Você é o bem mais preocioso de toda a minha vida! Anos passei preso numa caverna sombria... Nunca imaginei que seu mundo fosse me deixar tão maravilhado. Jamais me perdoaria se a perdesse por pura imprudência...
- Haruhara...
- Por favor me perdoe... Tania, seu perdão é tudo pra mim!...
- Ooh!... - o abraçou com força, chorando em seu ombro - Não consigo ficar assim com você, Haruhara! Por favor, volte pra mim...
- Nunca a abandonei, Tania... Nunca... - abraçou seu frágil corpo entre os quentes e fortes braços.
- Eu também nunca o abandonarei, Haruhara... Eu te amo.
- Eu também te amo, Tania...

Sentiu a mão da jovem segurando a sua. Ela a ergueu entre os dois corpos, tão diferentes um do outro, praticamente opostos. Sua mão bela e delicada se abriu por dentro da dele, tão grande e poderosa, até um pouco ferida pelo árduo treinamento ao qual ele se expunha todos os dias. Eles se olharam, e se comunicavam pelos profundos olhares e sorrisos satisfeitos. Sim, aquele era o sinal de que eles jamais se separariam... Se abraçaram novamente, Tania quase pode sentir o enorme coração palpitando de felicidade sob o peitoral largo e robusto do amado. Mal desconfiávam do que acontecia no andar debaixo...

- MESTRES!! MESTRES UNKWS, UMA CATÁSTROFE!! - surgiu um monge do Templo do Dragão, invadindo o salão com suas feições aterradas.
- Acalme-se, homem! - disse Yagazami, próximo da porta, conversando comigo, Roy e Kenny - O que aconteceu?
- A Equipe Rocket!! - disse, arfando, provavelmente subira os andares correndo - Eles invadiram a cidade de Goldenrod em pleno Sakuranbo, e estão expalhando destruição por todo o lugar!!

Não era possível... Agora eles haviam decidido tomar Goldenrod também? Esta era incomparávelmente grande em relação a Azalea, e se estavam mesmo arruaçando de forma tão alarmante, devia ser mesmo uma situação de risco! E em pleno Sakuranbo, os 3 dias de festejos que ocorrem logo após o Festival de Verão em Cianwood. A Polícia Federal estavam tentando controlar a situação, e mesmo instituições como o centro pokemon e o ginásio de Goldenrod haviam se mobilizado, de tal forma que até a população entrara na briga para defender-se. Um verdadeiro caos!

Tínhamos que fazer alguma coisa, e rápido. Tania não tinha pokemons voadores para levá-la rapidamente à Goldenrod, então eu, Roy e Kenny nos unimos para chegar lá o quanto antes. Os Unkws arranjariam um meio de chegar lá a tempo também, mas tínhamos que ir na frente. Roy subiu nas costas de seu Pelipper, e Kenny nas do seu grande e forte Charizard. Pigeot me carregava nas suas, preparado para encontrar os Rockets novamente... Eles haviam tomado conta da Estação de Rádio e TV ao mesmo tempo, e daquela vez eles não escapariam - fora que teriam que explicar MUITA COISA pra gente. Agora, íríamos cortar o mal pela raiz!


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Notas finais do capítulo

Essa fanfic já foi publicada no fórum do site Pokémon Mythology. Visualise o tópico aqui: http://www.pokemonmythology.org/fanfics-pokemon-f28/pokemon-ominous-onix-a-testemunha-corrompida-t5224.htm



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