Pokémon Shining Crystal - o Juízo Final escrita por Nandarazzi


Capítulo 10
Capítulo 9 - Caos na Cidade Dourada


Notas iniciais do capítulo

Os desenhos deste capítulo são todos antigos. Para ver meus novos desenhos, é só ver meu álbum no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=ls&uid=7106160602203861896

Desenhos nesse capítulo:

http://i589.photobucket.com/albums/ss335/ananda_027/juri_rocket.jpg?t=1258329602

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Usando a Agilidade de Pelipper, conseguimos atingir Golderod em menos de 30 minutos. Quando sobrevoamos o National Park, tivemos uma visão aterradora: dezenas de pessoas juntas, se recolhendo, grande parte delas nervosas ou em desespero, de todas as classes sociais, treinadores ou não. Aquilo foi só uma pequena parte do que estava por vir, ainda havia a cidade inteira.

De repente, uma bala passa zunindo perto de Pigeot, quase atingindo sua asa e fazendo-o desestabilizar em pleno ar, arrulhando de pânico:

- Calma!! Calma, Pigeot! - gritei, para tranquiliza-lo.
- Mas de onde veio isso?! - disse Roy, com os outros pokemons ficando mais alertas a esse tipo de movimento.
- Vai ser difícil achar... - disse Kenny, apontando para o chão com o terror nos olhos.

Mal havíamos passado da fronteira e podía-se ver o perfil da cidade... Vários pokemons de diversos tipos e tamanhos batalhando contra os dos Rockets, que apesar de fracos, tinham a vantagem numeral. Uma multidão furiosa e disposta a se defender como pudesse partia para cima dos malfeitores, não se entregariam tão facilmente - até mesmo seus pokemons eram utilizados para desarma-los. Havia muita gente ferida, cambaleando, se arrastando, se esforçando para ficar de pé... Fossem Rockets ou cidadões comuns. Uma gritaria sem fim. O pipoco das balas era raro, mas bastava uma bala para se tirar uma vida...

Tudo isso formava um contraste com a alegre decoração do Sakuranbo, feita com o suor dos próprios cidadões: bandeirolas coloridas entre os postes, muitos balões em formatos de diversos pokemons em cada esquina, as ruas com confetis e serpentinas colorindo o asfalto. Mas algumas bandeirolas estavam rasgadas, alguns balões estavam furados, a maioria dos confetis estava sendo pisoteada violentamente pelas solas de sapatos pesados. Mas o povo não desistiria... Eles teriam seu Sakuranbo, e não deixariam sua cidade se render à invasão!

- Muito bem, não podemos ficar aqui encima para sempre! - disse Kenny, com nossos pokemons sobrevoando a cidade - Principalmente com esse tiroteio. Alguém tem um plano?
- Sei de um lugar onde estaremos seguros... Isto é, se não estiver ocupado. - disse Roy - Sigam-me!

Roy voou para a direção central da cidade. Haviam dois Rockets guardando as entradas para o subterrâneo da cidade, armados com seus fuzis militares, aparentemente tranquilos por estarem longe dos conflitos. Kenny e seu Charizard atingiram a parte superior do teto e o anorme largato de fogo deixou de bater suas asas, jogado seu grande corpo em pé sobre os Rockets, que tiveram tempo de arregalar os olhos e gritar.

Pisoteados pelo grande réptil, eles estavam imobilizados pelas grossas pernas e seu pesado corpo - Charizard sequer parecia senti-los sob seus pés, olhando ao redor como uma criança curiosa. Notei o quão aquele pokemon chegava a ser até ingênuo, como se não tivesse idéia do próprio tamanho. Mas era bastante forte, e não era por parecer tolo que não deixava de ser respeitável e majestoso.

Nós arrombamos a porta, e conseguimos acessar o enorme corredor que cortava transversalmente o subsolo da cidade. Era comprido, e por todo o lado direito se erguiam os estandes comerciais. Completamente vazios, provavelmente retirados pela Polícia. Enquanto corríamos pela sua extensão, Kenny freia e canta a borracha da sola de seus sapatos de grife no chão.

- Esperaí, pô! - exclamou - É só isso? Pra onde estamos indo?!
- Enquanto estivermos aqui, pelo menos teremos tranquilidade e calma para pensar... - respondeu o moreno.
Ouvimos gritos e um turbilhão vindo de cima, como se algo grande caísse na superfície sobre nós.
- Mas receio que não tenhamos muito tempo pra isso, cara!... - disse Kenny, checando a retaguarda ao olhar sobre os ombros.
- Muito bem, vamos nos organizar. - disse, iniciando - Onde o monge disse que os Rockets haviam invadido?
- Ele disse que eles haviam tomado a estação de Rádio e a de TV.
- Muito bem. Somos um time pequeno, não podemos nos separar e buscar em ambas... E esperar por Tania também não é uma opção.
- Vamos começar pela de Rádio. - disse Kenny, mordendo os lábios e olhando para baixo, aparentemente preocupado - É pequena comparada à estação de TV.
- Os Rockets estão em enorme desvantagem. É toda a cidade contra eles... - disse Roy - O que podemos fazer é... Claro!
- O que, Roy? - disse.
- Até agora ninguém sabe porque eles estão fazendo isso! Porque resurgiram, porque capturaram os cães, porque estão seguindo os mesmos passos de 20 anos atrás. - até que para um hoeano, ele sabia bastante de Jotho... - Vamos invadir a base deles e descobrir.
- Mas como a gente vai fazer isso, menino? - Kenny, com as mãos na cintura - Vamos entrar de forma informal na base deles, NUNCA que eles vão revelar os objetivos deles pra gente!
- Então... - ele virou-se para Kenny, sorrindo de forma misteriosa - Vamos entrar do jeito formal. - ergueu uma das sobrancelhas. Kenny corou. Que raios estaria pensando?...

- - - - -

- Roy, você é um GÊNIO! - exclamou Kenny, dando pulinhos de alegria.
- Tá, tá, para de frescura e vai se preparando aí. - respondeu, atrás do balcão - Não quero saber de purpurina no meu combro enquanto a gente estiver se trocando...
- Humph, quando que você ficou grosso desse jeito, hein? - Kenny cruzou os braços, irritado.

Eu não havia explorado Goldenrod o suficiente para descobrir aquilo. No subsolo havia uma lojinha popular que tirava fotos dos treinadores com seus pokemons, e digitalmente as enviava para o box por meio do Trainer ID. A loja disponibilizava fantasias para os treinadores usarem e, após o acontecimento em Azalea, as fantasias de Capangas Rocket haviam voltado com toda a força. Nossa tática foi, pelo menos, nos disfarçar como Rockets - assim poderíamos passar por eles. Bom, pelo menos sem levantar suspeitas. Não era um plano 100% seguro, mas era nossa única chance. E considerando a esperteza deles e o momento de pânico da invasão, provavelmente não reparariam nos 'detalhes'...

- Beleza, achei as roupas. - Roy disse, erguendo-se de trás do balcão - Pois bem. Juri, você pode se trajar aqui atrás... A gente se troca aqui fora mesmo.
- Huummm... Você quem sabe. - corei. Roy fez cara de quem nao havia entendido muito.

Kenny ficou muito calado. Foi difícil dizer se ele havia levado com seriedade ou... Se estava satisfeito com a proposta de Roy. Bom, não tínhamos tempo para nos arrumar demais: o chão parecia que sucumbiria a qualquer instante sobre nós, e eu até que me troquei bem rápido - considerando o pequeno espaço que eu tinha pra isso e tentando controlar minha curiosidade EXTREMAMENTE aguçada e não bisbilhotar por cima do balcão... Fiquei imaginando muitas coisas com relação a, bom; a eles. Roy devia ter um corpo bonito, e Kenny podia até ser magro mas era alto e tinha ombros largos... Gente, quê isso?! - corei - Mas que besteira... Não é hora de ficar pensando nisso. Mas e esse lance deles dois? Tá que eles sao meninos e tudo mais, mas será que ele nao se sente mal de se trocar na frente de... Do Kenny? Ele nao sabe do "perigo"? Ou será que sabe e não se importa? Ou será que ele também?!... AAh que tolice, claro que não! Heh... Claro que não... Hmm.

- Beleza. Todo mundo pronto. - disse Roy, ao nos avaliar completamente trajados. Seu rosto maduro, o olhar misterioso coberto pela sombra que a boina fazia em seu rosto lhe dava mesmo um ar de Rocket.
- Você tá bem convicente, Roy. - disse Kenny, dobrando a perninha com a mão delicadamente deitada sobre o peito. Seu uniforme era 2 números menor, por isso ficava todo... Coladinho - Deve mesmo levar jeito pra isso...
- Droga. Só tinha o modelo adulto... - eu disse sem graça, usando trajes muito... Femininos.
- Que isso - Roy fraquejou na voz, levou o punho à boca e limpou a garganta - Quê isso, você tá ótima...
- Quero sua boina, Juri! - Kenny disse, com os olhos arregalados - Tá linda!

Podia até estar bonitinha, mas está um pouquinho desconfortável... Bom, eu não tinha o luxo de escolher. Me preocupava agora com o Wave Bell... Como simplesmente ocultá-lo? Eu teria que dar um jeito, senão um simples balançar de seus gizos poderia levar tudo por água abaixo.

Decidi mantê-lo simplesmente sob a blusa. Eu não teria muita opção, mesmo... Agora o segundo passo era preparar nossa armada. Não podíamos simplesmente aparecer com nossos pokemons, precisávamos de parceiros que parecessem "maus" - ou que se encaixassem no critério dos Rockets. Roy traria seu jovem Absol, que ainda tinha muito de selvagem dentro de si. Kenny usara sua Arbok, que apesar de vistosa e de peculiares escamas douradas, não deixava de ser intimidadora. Já eu, estava em maus lençóis...

- Eu tô ferrada! - disse, frustrada - Meus pokemons tem tudo cara de idiota, de bonzinho! O único "feioso" que eu tenho aqui é o Golem, e ele não sabe nem peidar e por a culpa nos outros! - quando disse isso, meu inocente pokemon soltou uma alta gargalhada, achando graça no que eu havia falado.
- Bom, acho que você não tem mesmo muita opção... - disse Roy, cruzando os braços, respirando fundo - Pois é... Pessoal, seja o que deus quiser...
- Gente, eu... - disse Kenny, cabisbaixo - Eu meio que tenho um pouco de vergonha em dizer isso mas...
- Mas? - eu, um pouco impaciente.
- ... Eu estou com medo. E não é pouco. Já passei por muita coisa, mas nunca por algo parecido...
- ... É verdade. Eu também estou com medo... - disse Roy, tirando a boina e desamassando seu interior, igualmente cabisbaixo - Então... Vamos fazer uma corrente de oração, e pedir para que dê tudo certo.

Eu adorei a idéia. Mas assim como Kenny, havia encarado aquele medo como uma fraqueza - porém apenas esmagá-lo e fazer de conta que ele não existia só me deixava mais nverosa... Ao juntarmos nossas mãos, pude sentir o quanto as suas estavam trêmulas... As minhas também estavam, e suavam bastante por baixo das luvas. Após algumas palavras citadas por Roy, pedidos de auxílio para a entidade superior acima de todos nós; fizemos uma rápida oração. Logo pude me sentir mais tranquila e ligeiramente confiante, e que se superássemos aquele obstáculos, estaríamos prontos pra qualquer coisa.

De volta à superfície, Golem usou seu Rollout para derrubar a porta trancada do outro lado do corredor subterrâneo. Ele esmagou os Rockets sob ela, mas como ele estava em alta velocidade, não creio que Rockets tenham se machucado tanto... Quando passamos por cima da porta, um receio forte me segurou e me fez olhar para os malfeitores pisoteados e feridos. Os rapazes me apressaram, mas eu acreditei que fosse normal me preocupar com o estado deles. Afinal, eles ainda eram humanos como nós!

Correndo entre a bagunça e gritos, tomávamos cuidado para não chamar a atenção da multidão. Em algumas esquinas, havíamos alcançado a Estação de Rádio - os seguranças que estavam tomando conta da portaria estavam se envolvendo em uma btalha, portanto o principal havia sido superado. Quando entramos correndo, logo nos surpreendemos com a quietude do térreo do prédio. Havia apenas uma pessoa lá, uma Rocket jovem guardando as escadas, com seu fuzil em punhos. Seríamos discretos, e naquele momento, ou encorporávamos os personagens ou estávamos fritos.

- Identificação. - disse a moça, colocando-se a postos.

Silêncio, Nos entreolhamos, nervosos. Estávamos diante dela, se levantássemos uma única e fatal suspeita, ela metia a bala na gente.

- Vamo, cadê a identificação de vocês?! - ela insistiu.
- Oras, e eu lá preciso disso?... - disse Kenny, de forma tranquila e até insinuante - Você não se lembra de mim, meu amor?
Hã?... Ele tentou se aproximar, mas ela ergueu a arma.
- P-parado aí! - o jeito que a segurou denotou sua inexperiência. Talvez nem soubesse usar aquilo. Era o que Kenny precisava.
- Opa, calminha aí! - ele ergueu os braços, sorrindo - Não me trata assim, minha linda, assim você me machuca...

Diante da confusão de pensamentos da moça, ela ficou apenas imóvel. Era bem jovem comparada aos demais Rockets, não devia ter mais de 18 anos. Kenny estava dando um show, até eu e Roy ficamos na dúvida se ele estava atuando ou não. Kenny se aproximou mais, com um andar lascivo e distanciando a arma para o lado, empurrando-a de forma sensual com a ponta dos dedos médio e indicador. Ela apenas corou, olhando-o como se tentasse reconhecê-lo de algum lugar.

- Não acredito que você já se esqueceu de mim, meu anjo... - ele disse, sorrindo.
- Ooh... P-perdão, eu...
- Talvez isso a faça lembrar... - ele a segurou pelas mãos, e curvou um pouco seu corpo para baixo.

Ele levou seu rosto na direção do dela e a beijou. E não foi um beijinho qualquer, foi um de boca cheia, bem abertas, movendo-se para os lados afim de aprofundar mais os lábios um no outro. Kenny gemia baixinho, afim de enfatizar mais seu 'amor' pela moça, que parecia completamente rendida. Olhei para Roy com os olhos arregalados e o queixo caído, e sua expressão não era muito diferente. Até os pokemons pareciam suspresos (Arbok fez cara de nojinho).

Golem, como que se sua natural inocência não o fizesse compreender o que estava acontecedo, não se sentiu envolvido na cena como os demais. Em questão de segundos, simplesmente puxou a arma das mãos da moça e a estilhaçou no chão. Kenny separou o beijo e atirou a jovem no chão, porém sem violência. Conforme subíamos as escadas para o andar superior, vimos a moça ainda jogada no chão, imobilizada diante daquele "ataque apaixonado".

- Heh heh, você pode até não ser homem, mas finge que é uma beleza! - comentou Roy, rindo.
Kenny nada disse. Apenas lambia sua manga como um gato desesperado, aflito para tirar aquele gosto "diferente" da sua boca.

Quando finalmente atingimos o primeiro andar, vimos claramente uma sala cheia de computadores. Vários funcionários estavam isolado num canto, amedrontados, com 4 Rockets apontando cada um um fuzil para eles, um movimento em falso e eles viravam poeira. Como subimos na agitação, eles logo descobriram que não éramos o que nossos uniformes tentava transmitir. Quando apontaram as armas para nós, a dourada Arbok soube agir mais rapidamente:

- ChaaaAAA-booka!! - ao dirigir-se aos homens, as simétricas e assustadoras marcas em sua "barriga" pareceram se expandir e lançar um olhar ameaçador sobre os Rockets, que gritaram amedrontados.

Usando seu Glare, que funcionava bem em pokemons e ainda melhor contra os humanos que a temiam; ela fizera com que os humanos caíssem no chão e encolhessem seus corpos, largando suas armas. Conforme Golem as destruía simplesmente pisando sobre elas alegremente (imagino se ele já tinha visto um hobby naquilo...), nós ajudávamos os funcionários a evacuarem o prédio. Todos tinham chaves que levavam a uma saída de emergência abaixo do térreo, por onde escapariam. Os Rockets mal conseguiam nos praguejar, seu corpo não doía mas ainda mostrava sinais que demorariam a responder aos estímulos. Não podíamos parar, prosseguimos logo para o segundo andar.

Lá já estavam os estúdios de rádio e gravação. Tinham poucas pessoas lá, na verdade, apenas Rockets e duas pessoas muito famosas: Mary, a repórter da Rádio Goldenrod; e o DJ Sanders, "o cara" das músicas mais quente e mais tocadas de todo o continente. Ambos estavam amordaçados com seus corpos presos por cordas firmes, um de costas para o outro amarrados entre os mesmos rolos. Alguém estava realizando uma transmissão de rádio lá dentro... O estúdio no canto da sala funcionava da seguinte forma: ele tinha duas partes, separadas por uma parede com um vidro de insulfilme - quem fazia a transmissão não podia ver quem operava as máquinas do outro lado, mas estes podiam visualizar o interior da outra porção.

A outra sala também era a prova de sons externos. Ou seja, desbancamos os Rockets que protegiam o estúdio sem que a pessoa que falava pela rádio notasse a pancadaria ao seu redor. Quando entramos na sala de máquinas, a pessoa pareceu parar de falar e simplesmente sair pelos fundos, impedindo sua identificação - mas parecia uma voz feminina. Mary se desesperou ao ver Rockets invadindo o estúdio novamente, mexendo o corpo e arregalando os olhos, assustada. Absol cortou as espessas cortas com suas garras afiadas, e eles, antes morrendo de medo, agora estavam mais aliviados, porém confusos. Mary era magra e tinha cabelos curtos, castanhos e com suaves chanéis nas pontas - já Sanders, era exatamente como eu imaginava que ele fosse: alto, esguio, usava óculos escuros e tinha cabelos espetados num tom maroom, um marrom-avermelhado.

- Quam são vocês? - disse Mary.
- Viemos para ajudar - respondeu Roy - Se pudessem nos contar o que aconteceu...
- Claro, claro, pode deixar! - disse Sanders - A gente não sabe como ou porque, mas eles vieram chegando aí e batendo em todo mundo, tomaram a rádio e a TV, e agora tem alguém lá dentro usando a transmissão de rádio pra todo mundo!
- Justamente como fizeram a 20 anos atrás! - disse Mary - Minha mãe, que também se chamava Mary, trabalhava aqui quando a rádio havia sido invadida... Mas com certeza é diferente daquela época.
- Como assim? - perguntei.
- Olhem alguns instantes pela janela.

Observamos a incessante luta na cidade. Mary pediu para que prestássemos atenção nos Rockets: conforme eles eram nocauteados, estranhas "coisas" pareciam lentamente sair de seus corpos cansados estirados no chão. Eles não haviam morrido, estavam apenas desmaiados. A energia eliminada pelo seu corpo saía geralmente das costas ou do peito, e formava pequenas esferas de energia negras de brilho e contornos avermelhados. As pessoas não pareciam notar isso, e dificilmente perceberiam, graças a euforia do combate e pela energia ser discreta e rapidamente liberada.

- Mas o que?!... - exclamei.
- A gente tava olhando isso faz um tempo, tipo, mó bizarro aê! - disse o DJ.
- Isso é muito suspeito... - disse Kenny - Será que tem algo haver com?... - olhou para nós.
- Não podemos desconsiderar nada, mas é cedo demais para pensar nisso ou associar com tal. - disse Roy - Vamos prosseguir!

Os Rockets lentamente se erguiam do lado de fora do estúdio. Eles tinham algo diferente em seu olhar... Seus olhos estavam quase revirando, suas pálpebras oscilavam com seu peso sobre a retina, suas pupilas pareciam estar sendo tomadas por uma força sombria e odiosa que as tornavam avermelhadas como sangue. Seus dentes rangiam e eles estavam quase urrando, erguendo-se como zumbis furiosos. Mary e o DJ se colocaram diante de nós:

- Vão, crianças! Nós tomamos conta deles! - disse Mary, bravamente.
- Mas, senhorita!... - Roy pensou em intervir. Ninguém sabia que raios era aquilo.
- Vão logo, nós os manteremos aqui!! - urrou Sanders - Vá, Exploud!!
- Encare-os, Wigglytuff!!

O casal parecia determinado a lutar. Seus grandes pokemons se posicionaram para o combate, e o urro forte e furioso de Exploud nos incentivou a dar nosso melhor. Subimos mais escadas, os prédio não era grande, e logo chegaríamos no último andar. As demais salas com estúdios e equipamentos estavam vazias, e conseguimos sentir um movimento nos andares superiores. Ao chegarmos quase no último andar, quando estávamos prestes a fazer a curva nas escadas, algo muito forte nos empurra, nos fazendo cair 6 degraus até o asoalho. Nos ergemos, e tivemos a visão assustadora da líder de ginásio naquele estado...

Ela havia nos derrubado com um chute poderoso das próprias pernas. Sua postura era ereta porém predatória, com os grandes olhos agora tomados pela imensidão de sangue em suas pupilas. Ela grunhia, e vinha em nossa direção. Conseguimos apenas nos afastar para trás e nos erguer, mas não demos um pio: vimos no olhar daquela mulher a sede de sangue, a vontade de nos matar. Sua Miltank a seguia de forma fiel, porém totalmente desesperada, como se não soubesse o que fazer.

- Miltank, MATE-OS!! - grunhiu Witney, quase rugindo no final de suas palavras.
- Não, espere!! - gritei, tirando minha boina - Senhorita Witney, sou eu!! Juri, lembra?! A garota que...
- Miltank, MATE-OS!! - ela retornou a dizer.
- É inútil, Juri, ela não vai te ouvir!! - Roy me puxou pelo pulso - Ela vai ter que ser derrubada!!
- Mas como, você viu o chutão que ela deu na gente?!
- MILTANK!! - urrou novamente a líder de ginásio, com seu pokemon confuso porém inerte.

Alguém surge correndo dos andares de baixo. Parecia Mary, mas... Que trajes eram aqueles? Ela agora vestia um maiô cor-de-rosa bem decotado na região abdominal, e bontas de cano longo da mesma cor até metade das coxas. Sua longa capa branca evidenciava seus trajes de heroina, que combinavam com os de Witney, e longas orelhas postiças de Wigglytuff adornavam seus cabelos castanhos. Ela correu até nós, seguida por seu pokemon:

- Witney, pare!! - esticando o braço diante do corpo - Não faça mal a eles!! Se quer matar alguém, que seja a mim!!
- Mary! - gritei, alertando-a do perigo.
- ... Mary... - grunhiu seu nome, baixinho... Ficou quieta por um tempo, mas sua raiva logo retornara - Que assim seja!!
- Fujam, agora!! - disse Mary, olhando para nós - Eu cuido disso a partir daqui!
- Mas, e se ela?... - disse Kenny temeroso.
- Já disse para não se preocuparem!! Ainda há a estação de TV, e vocês precisam ir logo!
- Mas!
- VÃO!!

Não haveria como contestar. Subimos para a laje do edifício, e poderíamos acessar o prédio da Estação de TV, um pouco maior; dali mesmo, usando nossos pokemons para atingirmos o topo. De lá de cima, vimos o povo lentamente triunfando sobre os Rockets.

Pude ver Ana e Renan se destacando na multidão entre seus coleguinhas de classe, batalhando juntos para se defender usando seus já evoluídos Sandslash e Venomoth. A Oficial Brenda coordenava os ataques de seus dois fulgosos Arcanines e um batalhão de oficinais com cacetetes acompanhados cada um de um Growlithe, agora equipados com os uniformes de segurança como capacetes e escudos protetores. Até a enfermeira, quem diria, estava na briga, com suas mais de 20 Blisseys oferecendo apoio para a população e seus pokemons. A sirene das ambulâncias se misturavam com as das viaturas policiais.

O povo não se renderia tão fácil, e nós tampouco! Eu já estava ofegante, cansada de subir tantos degrais correndo, e parecia que quanto mais me distanciasse do solo, mais pesado o ar ficava. Mas nossa fadiga não nos atrapalharia. Faltava pouco, pessoal... Estávamos a alguns metros de distância de toda a verdade por trás do resurgimento da Equipe Rocket!

- Droga! - exclamou Roy, olhando para a laje da estação de TV, de onde brotavam muitos Rockets armados - Não tem como acessar o prédio pelo teto!!
- Era nossa única chance de chegar lá mais rápido... - disse Kenny - E agora? Nem tem como desçer, tem Rockets zumbis querendo nos devorar VIVOS lá embaixo!! - desesperou-se no "vivos".

Conforme eles discutiam para chegar num acordo, Golem pareceu ter tido uma idéia. Lentamente foi se afastando de nós, ganhando espaço. Ele urrou com suas cordas vocais ecoando pela sua estrutura de pedregulhos, nos fazendo notá-lo. Ele enrolou-se no próprio corpo e começou a girar, rolando no chão em alta velocidade. Ele estava vindo tão rápido que só tivemos tempo de nos atirar para os lados a fim de não sermos atingidos.

Arremessando seu grande amontoados de pedras contra a ampla janela do prédio ao lado, ele estilhaçara o vidro e abrira um enorme buraco ali. Golem não parou de rolar, e vou quebrando tudo no caminho: mesas, computadores, piso e os dedos dos pés de quem bobeasse. Não haviam Rockets naquele andar, mas todos os funcionários do prédio estavam ali. Não eram muitos, mas entre eles estavam repórteres, produtores, diretores, cameramans e um único âncora em especial... Todos haviam sido presos da mesma forma que Mary e o DJ Sanders (haja corda!), e Golem se aproximou deles de tal forma que conseguira os tranquilizar.

Eu e os rapazes atingimos o prédio por meio daquela passagem aberta por Golem. Kenny segurou-se firma nos pés de sua grande Butterfree, que planou graciosamente até lá e o pousando com segurança. Roy e Absol, provavelmente acostumados com a vida de aventuras e adrenalina, simplesmente pegaram distância e atravessaram o buraco ao pousar com precisão no chão. Enquanto eu pensava em pegar Pigeot, Roy simplesmente estendera os braços para fora. Temerosa, mas com a pressa superando o medo; me atirei em seus braços fortes que me impediram de encontrar o chão a 12m dali.

... Infelizmente não era tempo pra romance. Golem e Absol rasgavam as cordas e mordaças, enquanto Butterfree e Arbok, com todo o cuidado; atiravam substâncias ácidas na quantidade perfeita para derreter a estrutura das cordas e fazer os humanos se libertarem com o movimento dos braços. Reconheci Angela e Pablo entre os reféns, e fui até eles em busca de informações:

- Eles vieram para cá logo depois de invadirem a central de rádio! - disse Angela - O líder deles está no último andar do prédio, mas os elevadores estão inacessíveis agora! Precisarão ir a pé!
- E os outros Rockets, onde estão?
- Todos eles evacuaram o prédio, foram dar reforços aos demais lá fora... Nossa, estou tão preocupada...
- Angela, apenas lute pela sua cidade! Os Rockets jamais a dominarão se Goldenrod mostrar-se ainda mais resistente...
- Menina... E sabia desde o momento que te vi que você seria uma verdadeira líder, uma guerreira incessante. - sorriu - Você não é um furinho jornalístico, jamais será! Você entrará para a história. E saiba que eu e Pablito estamos ao seu lado! Vamos alertar o mundo sobre sua causa, todos os envolvidos naquele dia na Passagem de Gelo estão fazendo o mesmo! Sua missão é o assunto mais comentado desde então!
- V-Você jura, Angela?! - senti meus olhos brilhando de emoção.
- Por tudo que há de mais sagrado! Cada vez mais pessoas estão se juntando à sua causa, senhorita Juri. Nós vamso conseguir, pode ter certeza!

Aquilo era bom demais... As pessoas agora sabiam, e o melhor de tudo, nos apoiariam! Neste momento, surge o DJ Sanders num salto, atingindo o prédio. Ele chega e começa a falar com os demais produtores, e parecia estar arquitetando algo. Nós então subimos para os andares superiores, e log chegaríamos na sala do Líder dos Rockets.

- Vamos levar câmeras com a gente! - pegou o sr. Patterson, o âncora do Jornal da Noite, pelos pulsos - Vamo, cara, hoje você vai ser o peão!
- O QUÊ?! - ele exclamou, tentando resistir - Não, eu não posso, eu sou fraco!! Eu não corro atrás do perigo, dos furos, eu não tenho a audácia e a coragem de um repórter!!
- Vamo logo! - disse, enquanto os programadores e diretores se arrumavam num canto da sala, um pequeno estúdio - Vamos televisionar isso para o mundo!

Os programadores estavam a postos. Ao sinal dos diretores, Sanders abriu uma das grandes janelas que formavam a estrutura do prédio. Patterson olhou a vertiginosa queda de mais de 10m de altura, com aquelas pessoas brigando lá embaixo entre os tiroteios e sirenes. Soltou um gritinho afrescalhado acompanhado de seu Porygon2. Pablo concordou em ajudar e iria em seu Noctowl, filmando com sua câmera profissional que nunca lhe pesara nos ombros largos.

- Vamos cara, usa seu Porygon2!! - disse Sanders, cercando-o contra a janela aberta.
- Nunca!! Ele não sabe nem se jogar no chão e pedir por perdão!!
- Você tá subestimando ele! Vai logo!!
- Nãããão!!
- VAAI!!

Sanders o empurrou dali. Os operadores ficaram boquiabertos, quase pulando de seus assentos. Porygon2, como Sanders havia previsto, não ficou apenas parado, olhando seu treinador de terno e gravata se espatifar contr o chão. Voou até lá, se posicionou sobre ele e triplicou, quadruplicou seu tamanho original. E continuou cresçendo, até se tornar maior do que um grande equino. Salvo pelo seu pokemon, Patterson riu e o abraçou pelo pescoço. Porygon2 pareceu muito feliz, ambos haviam superado seus medos! Levitou e ascendeu de volta até o andar onde os demais o aguardavam, convocando:

- Pulaí, Sanders! - olhou para Pablo, que aguardava nas costas de seu grande e adulto Noctowl no ar - Vamos logo, rapaz, temos um furo a cobrir!! - Pablo sorriu e apenas o acompanhou. Parecia até uma pessoa totalmente diferente.

A cobertura da Invasão ao Sakuranbo agora estava sendo televisionada para toda Jotho. A reportagem estava sendo feita por, quem diria, o sr. Patterson que finalmente havia saído do estúdio. Ele falava sem parar, alto para quem tinha um microfone na mão - e quando necessário, ambos realizavam manobras incríveis em pleno ar com muita agilidade, e atacavam quando era necessário se defender. Foi uma gravação de qualidade, e mostrou de forma imparcial todo o caos expalhado pela cidade em pleno período de festejos. Mas para Mary, não havia o que se festejar...

Momento atrás:

- Witney, me escute! - gritou para a companheira - Sou eu, Mary, sua amiga; lembra?
- Eu não tenho amigas... - disse Witney, grunhindo - Basta ter A MIM!!
- Por que voce está fazendo isso, o que tá acontecendo contigo?! Nós somos um grupo lembra, eu, você, a enfermeira Penny...
- NÃO SOMOS NADA!!

Witney então acertou um soco bem dado no rosto frágil de Mary, fazendo-a até ir para o lado contrário. Não perdeu um segundo e mandou outro soco fortíssimo com o outro braço, fazendo-a até cuspir um pouco de sangue. Wigglytuff, assustada, tentou intervir:

- Wiggly-TAfh!! - ao se jogar entre elas, com os braços erguido, Wigglytuff fora atingida pelo poderoso chute de Witney, e lançada para longe contra a parede - Wigglytaaff!...

Ela pareceu muito mal. Miltank arregalou os olhos, enquanto via Mary sendo espancada com aquela força e brutalidade sobre humanas. O barulho dos golpes era alto, e os gritos de Mary denunciavam sua dor. Quando ela caiu no chão, já cheia de hematomas e parte do corpo sangrando, Miltank viu que Witney começaria a chutá-la e pisoteá-la - aí seria o fim. Ela tinha que fazer algo... O grande e rosado animal posicionou-se diante do corpo de Mary, que respirava com dificuldades e provavelmente havia quebrado algum osso. Witney preparou-se para desferir outro golpe:

- Vamos, Miltank! Sai da frente!!

Miltank a encarou profundamente, com aqueles olhos redondos agora muito sérios, porém não deixando de expressar todo o medo que a pobre criatura sentia ao confrontar a treinadora furiosa daquele jeito.

- Sai!!

Miltank não moveu um músculo. Witney permanecia a encará-la de forma furiosa, até notar algo diferente no rosto do pokemon. Os olhos estavam ficando muito molhados, lágrimas expessas caíram sobre suas bochechas rosadas. Seus lábrios tremiam um pouco. E ela nem piscava. Ao ver o proprio pokemon daquele jeito, a expressão de Ira de Witney foi lentamente desmanchando em suas feições preocupadas. Seus olhos agora eram dóceis e temerosos. Miltank piscou os olhos e mais lágrimas cairam em seu rosto, dando um mugidozinho abafo, implorando para que ela não fizesse nenhum mal a amiga.

Mary observava tudo. Silenciosamente, Witney sucumbira e caíra de joelhos. Sentiu uma dor forte nas costas, abraçando o corpo ao sentir algo atarvessando sua pele naquela região. E não eram simples esferas de energia... Tinha forma. A forma de uma letra "Y", com um olho arregalado no centro do caractere. Mary e Miltank assistiram a criatura deixando o corpo de Witney com feições horrorizadas, saía de seu corpo como um fantasma, mas lhe causava dor como um ser material. Quando completamente expelido, a criatura flutuou no ar por alguns instantes... E virou vapor, esferas de energia negra.

- Mas o que?... - disse Mary.
- ooh... - Witney gemeu, com seu estado estabilizado.
- Witney! - Mary a ergueu pelos ombros - Witney, você está bem?!
- Ooh, mas... AAAaah!! - deu um grito de pavor - Mary, o que aconteceu com você?!
- Witney?... Você, você não sabe?
- O que aconteceu?! Me fala, rápido, foram os Rockets não foram?! Me diz quem foi, que eu parto no meio!!

Ela não estava consciente quando fora 'encorporada' por aquela criatura... Bom, isso é o óbvio. Então aquela coisa a forçara a agir assim? E porque? Mas Mary era boa... E ela apenas abraçara a amiga, chorando em seus ombros.

- Pensei que fosse te perder...
- ... Vamos chamar as outras meninas, amiga. - disse Witney, sorrindo para Mary, de frente para ela - Está na hora de convocar as Pretty Cute 5!

Ué... Estranho.

Para minha geração, Pretty Cute 5 é uma memória preciosa da infância. Quando eu tinha seis anos, eu e Tania erámos loucas por esse programa de TV. A gente e praticamente todas as crianças de Jotho. Era um live action de três adolescentes e cada uma tinha um pokemon fofinho. Elas tinham os poderes de seus pokemons e podiam se transformar em heroinas baseadas neles. Eram cinco: Clefable, Wigglytuff, Smoochun, Blissey e Miltank - Miltank e Wigglytuff na época, por sinal, eram iterpretadas pelas próprias Mary (a mãe da Mary) e Witney, ambas no auge da juventude. O sucesso foi tão grande que até hoje a série é televisionada, mas por outras atrizes e outros pokemons, para se adaptar ao novo público. Mas no fundo, as garotas que iniciaram a série jamais seriam esquecidas... Estavam juntas até hoje, e defenderia o mundo do mal com seus poderes super-ultra-fofos (?), custe o que custasse!

De volta para nossa situação...

Eu e os rapazes estávamos prestes a atingir o último andar. Quando chegamos no penútilmo, para nossa surpresa, nao estava vazio...

- ...Ora ora ora, vejam só quem está aqui! - ela disse, nos olhando com arrogância - Estava te esperando, franguinha. - humph, quem ela pensava que era, nao devia ser mais velha que eu.
- ... Você! - concluí, assim que havia terminado de reconhecer aquele rosto.
- Ooh, não vamos com tanta pressa... - abriu as mãos em nossa direção,com 3 pokebolas miniaturizadas preenchendo seus dedos em cada uma - Vamos nos divertir muito... Heeh he.

Ela tinha os seis pokemons mais esquisitos que eu viria em toda a minha vida... Até recuei quando olhei para cada um... A tartaruga-gigante de olhar ameaçador e árvore nas costas que havia visto com ela naquele dia, na barreira... Uma lontra comprida e esquisa, de penas e corpo forte, nos encarava de forma desafiadora. Um gato grande, azul e gordo, balançando sua cauda encaracolada como a de um porco com arrogância. Uma criatura gigantesca de cor azul-escura, com caracteristicas de tubarão, sobre duas patas poderosas e garras afiada, soltando um rugido dragônico. Um humanóide roxo com faixas no corpo, seu chifre, garras e bolsa sob o pescoço estavam inchados de veneno. E por fm uma criatura pequena, espectral, emanando ectoplasma elétrico e um sorrisinho cínico como de quem pede para ser subestimado. Seu time me deixou de pernas bambas: aquele não seria um obstáculo fácil...

- Juri... - disse Kenny, sem tirar os olhos do inimigo - Deixe isso com a gente... Vá sozinha.
- Mas o time é forte, vocês darão conta?...
- Claro. Leve Arbok com você... Ela será muito útil...
- Obrigada, Kenny...
- Não há de quê...

Ficamos muito tempo nos encarando, paralisados, esperando prontos para reagir ao menor espirro. A Arbok de Kenny, extremamente sagaz, rapidamente abriu a boca e infestou a sala com uma fumaça espessa, provavelmente não era venenosa - mas perfeita para uma escapada. Não tirava meus olhos da escadaria e, conforme os times tossiam e se disperssavam na fumaça, eu corria para o andar superior, passando novamente as pernas naquela rata ladra!

Na metade das escadas, desacelerei o passo. Lentamente subi os degrais que levavam para um corredor com uma sala central. A porta estava entreaberta... Obviamente era uma armadilha, senão não haveria um pit-bull daqueles a guardando no andar inferior. Alertei Arbok sobre o perigo, e ela pareceu me entender apenas com o olhar, concordando com a cabeça. Nos aproximamos da sala e lentamente aproximei minha mão da maçaneta, pronta para reagir. Assim que a segurei, abri a porta rapidamente e entramos na sala.

Era grande e redonda, tinha uma mesa talhada em madeira nobre nos fundos e ricamente decorada. Um enorme e honroso assento próximo a mesa estava virado de costas para a porta. As paredes do fundo não existiam, eram grande vidraças que permitiam uma visão privilegiada da cidade. Azulejos de mármore, portas no fundo e umas 20 cadeiras almofadadas nos cantos direito e esquerdo. Pra falar a verdade, lembrava bastante o QG em Mahogany. Se isso tudo não fosse tão chamativo, eu jamais perceberia naquela fração de segundo que levou entre eu abrir a porta e todos notarem minha presença.

Sim, nem todos os Rockets haviam evacuados. haviam 4 na sala, muito bem armados. Eles apontaram seus fuzis para mim, mas Arbok respondeu a altura: usando novamente o seu Glare, todos caíram paralisados no chão, encolhendo os corpos em posição fetal - mas seus músculos apenas não respondiam, dificilmente isso causaria muita dor. Mas nem todos haviam sido imobilizados pelo seu olhar fatal...

Um homem não havia sido. Estava de costas, olhando para a cidade aos seus pés. Trajava um terno branco como marfim, e tinha cabelos de um rubor muito vivo. Eram compridos, por isso os prendia num rabo de cavalo na altura das orelhas. Um silêncio se estabeleceu entre nós, e sua risada singela evidenciou um sorriso maldoso nos lábios - apesar de eu não ter visto isso, uma vez que o pôr-do-sol era tão intenso no horizonte que me impedia de ver seu reflexo no vidro.

- Estava a aguardando, senhorita... - disse, com uma voz adulta e profunda.
- Mostra sua cara, seu covarde... - eu disse, irritada, sem tirar meus olhos dele.

Ele tinha feições de um homem de uns 30 e poucos anos, já maduro. Tinha um sorriso misterioso, porém sua aura era carregada de energia má, perversa, corrupta. Seus olhos também eram avermelhados, quase do mesmo tom do cabelo, e estando entreabertos só aumentavam seu mistério. Ah, eu vi a cor da gravata: era vermelha também, combinando com os olhos e os cabelos...

- Imagino o que a traga aqui... - ele continuou, dedilhando a ponta do assento próximo a ele com a outra mão nas costas, numa postura cordial - Esperei muito tempo por este momento.
- Então por que não mostrou essa sua cara falsa desde o início? - respondi de forma grosseira.
- Ooh, minha jovem!... - riu, com a mão sobre o peito - Não é óbvio? Assim acabaria com toda a diversão.

Arbok ficou agressiva. Tive que segurá-la para que ela não o atacasse. Ainda teríamos muito o que conversar...

Enquanto isso, no andar de baixo, o time da ratinha estava em muita desvantagem. Eles podiam ser fortes, mas tinha o dobro de oponentes. Em certo momento, sua ira começou a brotar sobre a pele: assim como os sintomas apresentados pelos demais, seu olhar ficou banhado em sangue, e ela grunhia como um animal prestes a atacar. Retornou todos os pokemons para as pokebolas, menos Rotom, que a observava muito apreensivo. Os rapazes deram ordem de pausa. Ela se aproximou, dizendo coisas que pareciam misturadas com o sotaque de outro idioma:

- Não parar agora... Eu vou gerar a semente que sobrepujará as outras!!
- Gerar?... - disse Roy, temeroso e até recuando um pouco.
Ela abraçou o abdome, e sorriu de forma sinistra.
- Será a semente do mal... Será o dono do mundoaa-AAAAHHHH!!

Ela se jogou no chão, assim como Witney havia se jogado. Kenny e Roy se horrorizavam com seus urros de dor, e Kenny foi o primeiro a tentar se aproximar - mas Roy o impediu, sugerindo que fosse uma cilada. Mas quando viram algo querendo rasgar o tecido do casaco em suas costas, notaram que não era nada disso. Diferente da "coisa" de Witney, aquela parecia bem sólida. Kenny a ergueu do chão, com a moça urrando com todas as suas forças e entortando os dedos de dor, ao sentir as costas sendo flexionadas para trás e aguçando seu sofrimento.

- Kenny, vira ela pra cima!! - disse Roy, com Absol posicionado ao seu lado.
- Vai, colega!! - disse Kenny, pousando a moça em seus ombros e tirando a parte superior da sua roupa, curvando bem suas costas.

O que eles viram os aterrorizou: uma espécie de espeto redondo e negro estava lhe atravessando a pele de dentro para fora. Roy não pensou duas vezes e o agarrou com força com as duas mãos e começou a puxá-lo. Não receou em causar dor à moça, pois não sangrava e seus gritos histéricos não o afligiam. Kenny a segurou pelas pernas e aproximou ainda mais o corpo do dele, segurando-a com mais firmeza. O resto começou a surgir: uma base redonda, logo é revelado o OLHO da criatura. Roy arfou, mas então continuou puxando: algo prendia aquele ser misterioso nela.

Enfim, o parasita se desliga ao hospedeiro. Como usava muita força, ao tirá-lo completamente, Roy caiu para trás e atirou a criatura para cima. Rapidamente pode-se assimilar sua forma a vogal "A". Quando ele bateu contra a parede, esfarelou-se em esferas de energia negra, mas aquelas pareciam maiores e em maior quantidade. Kenny e Roy arfavam e enfim, suspiraram aliviados. Olharam para ela, parecia desacordada...

- Ooh... - ela suspirou - Ooohmmm... Onde estou?...
Kenny a olhou desconfiado.
- ... Quem é você?... - ela disse, olhando para ele e com a mão na cabeça, sentindo-a doer.
- Eu que pergunto. - respondeu.
- Meus pokemons... Espere. - ela olhou para Torterra, que estava com os olhos arregalados, como se acordasse de um transe - ...Tu-turwig?!
- Turwig? - disse Roy sem entender.
Ela se ergueu e foi até o pokemon jabuti.
- Turwig?! Quando você evoluiu?! - exclamou, como quem acordava de um longo período de coma e não se dava conta das mudanças ao seu redor - E Buziel... Glameow, Croagunk, Gible!! O que aconteceu?!
- Você não sabe? - Kenny, ergendo-se.
- Não, eu não sei, eu apenas... Ooh não...

Ela levou a mão a testa, com os olhos arregalados. Parecia uma pessoa totalmente diferente. Tiveram certeza então que aquela criatura era a causa de tudo aquilo. Mas ainda havia muito a se descobrir, e mal sabiam que ela teria papel vital ao nosso redor.

- Deve saber quem é Ho-oh, certo?... - disse o Líder dos Rockets, começando a andar para o lado - Oh, claro que sabe... A essa altura do campeonato e não saberia quem lhe soprou a vida?...
- O que tem? - acompanhei cada movimento seu.
- Ele é um ser poderosíssimo, sabe? Seria muito bom... - tateou uma estátua de ouro maciço em sua mesa, de uma ave vislumbrante, similar a um pavão de braços abertos. Tinha em torno de uns 30cm - ...Ter uma criatura assim sob meu comando...
- ...
- Mas isso não seria fácil... Precisaria apenas de três criaturas lendárias e um artefato em especial, mas... Eu tinha muito mais ambições...
- Como assim?...
- ... Reerguer o legado de meu pai foi a maior delas. - virou-se de costas, tornando a observar a batalha na cidade - Eu vou terminar o que ele não pode, e me encarregou para fazê-lo. Jamais o farei se arrepender da escolha que fez. Seja onde ele estiver...
- Então, você pretende...
- Parece que entendeu! - virou-se subtamente para mim - Eu, Silver, criarei um império nas asas da fênix que o gerou!!

Agodou-se em sua gargalhada insana. Claro! Para invocar Lugia, precisava-se de um ritual e o Wave Bell que guiava sua alma-gêmea. Para Ho-oh, os três cães lendários e... A outra relíquea sagrada.

- Mas, e quanto ao Clear Bell?! - exclamei - Ninguém sabe onde ele está!
- Garota... Eu até o tenho em minha posse - ele sorriu - Ambos estavam protegidos em antigos templos Unkw longe daqui, num continente recém descoberto chamado popularmente de Snow Zone. Enquanto o Wave Bell estava protegido nas Icicle Ruins de Articuno, o Clear Bell descansava nmas Flame Ruins de Moltres. Foi fácil chegar lá. Entenda garota, EU sou a Máfia! EU TENHO TUDO, EU SEI DE TUDO!
- Vamos ver se vai saber reagir a isso!! - dilatei a pokebola de Feraligator em minha mão.
- Ooh, não, não, não... - disse, ainda sorrindo - Não vai querer partir para a ignorância... Afinal, eu tenho reféns.

Virou a cadeira em minha direção. Por ser grande, duas pessoas conseguiriam sentar dela. Na verdade, duas crianças... Amordaçadas, assustadas, amarradas com os olhos cheios de lágrimas...

- Ana!! Renan!! - exclamei, ao vê-los naquela situação.
- Imaginei que os conhecesse. Agora, eu vou até aquela porta... - explicou seu plano com naturalidade - Pegar o helicóptero e zarpar pra longe daqui. Nunca vão faltar pessoas para eu recrutar, a maioria das que estão lá fora estarão prontas para me obedecer novamente... Então não se preocupe, vai ter muita gente pra te atrapalhar.
- Seu!!...
- Ah, aliás, nem tente me seguir. - abriu a porta, de onde dois Rockets (desarmados) surgiram, e praticamente arrastaram as crianças para o andar superior, que tentavam resistir sempre que podiam - Ele é blindado, à prova de balas e qualquer ataque de pokemons. Ele emite infrasons perturbadores detectados apenas por pokemons Voadores num raio de 10 metros, ou seja, tente se aproximar encima de qualquer coisa que voe que ela cai durinha no chão...
- ... - eu estava paralisada, sem saber que atitude tomar. Ia ordenar um ataque, porém...
- Ah, mais uma coisa. - disse, subindo as escadas - Tente me atingir e eles morrem. Ouviu bem?

Eu retornei correndo para a entrada do prédio, onde Kenny e Roy me aguardavam. Eles já foram falando tudo: a jovem se chamava Francine, e aqueles espectros que eles estavam vendo sair dos Rockets eram como parasitas espirituais, que deixavam as pessoas naquele estádo de fúria vil. Já eu, falei sobre os Rockets e seus objetivos. Francine não pareceu entender nada, este tempo todo como Rocket estava sob o controle de uma criatura misteriosa. Quando olhamos para cima, vimos o helicoptero partindo. As pessoas ao redor viram que era, obviamente, o líder deles escapando. Algumas nos céus tentaram se aproximar, mas o que eu pensei ser um blefe era verdade: todos os pokemons do tipo voador desmaiavam ao se aproximar dele, levando as pessoas no chão ao pânico.

- Droga, ele vai escapar!! - exclamou Roy - Temos que fazer alguma coisa!! Juri, algum plano?!
- Hããã... - disse, vagamente.
- Vai me dizer que não pensou em nada?!
- Não me pressiona, eu não sou a única que tem cérebro aqui, p*rra!! - exclamei, irada.
- ... Tá, tá, sinto muito... Por favor me desculpe. - eu concordei com a cabeça, perdoando-o. Eu o entendia... - Mas o que a gente faz, então?
- Senhorita Juri! - disse Francine, agora usando apenas um top de alcinhas vermelho, ainda ofegante - Estou aqui para ajudar! Eu não sei o que aconteceu, mas saiba que estou ao seu lado, eles me explicaram tudo... - pausa para respirar - Sou sua peã! Eu, Rotom e meus pokemons estamos aqui para ajudá-la!

Rotom concordou ao balançar no ar e arrulhar de felicidade, com seu corpo faiscando. Olhei bem para ele, me lembrei de tudo que havia aprendido relacionado a ele e as lendas do continente de Sinnoh... Quando visualizei os vistosos balões do Sakurambo amarrados num pedestalzinho de madeira na esquina, bastou alguns segundos para bolar meu plano que nos leveria ao triunfo sobre os Rockets.

- Roy, Kenny!! - exclamei, apontando para a decoração - Me tragam aqueles balões!!

Os balões do Sakurambo eram, na verdade, grandes paraquedas em formato de guarda-chuva que tinham formatos de pokemons, que se adequava ao seu tecido leve e resistente. Eles eram preenchido por dezenas de bexigas comuns, que mantinham os 'paraquedas' suspensos delicadamente no ar. Falando em ar, Silver desfizera as cordas e mordaças das crianças, enquanto seu subordinado pilotava o helicoptero.

- Tudo pronto para partir?... - perguntou.
- Tudo certo, senhor! - exclamou - Basta alguns pés de altitude e...
- Você vai ver!! - exclamou Ana, de forma ousada - A senhorita Juri vai derrubar a Equipe Rocket! Ela não tem medo de um velho mal e feio como você!
Ele a olhou com desgosto, mas em seguida sorriu.
- Poderia, simplesmente calar essa sua boquinha inútil? Eu só quero que ela venha...
- S-senhor... - disse o subordinado.
- Calado, soldado, não vê que eu, AAAAHH!!

Quando ele olhou para o piloto, o que ele vê o deixa sem chão. Já as crianças, ficam muito felizes. Era eu, de pé sobre Rotom, em seu modo Fan - no qual ele virava um ventilador e ganhava a habilidade de voar. Por ser um pokemon fantasma-elétrico (e o principal: inorgânico); ele não seria afetado pelo infrasom - muito menos eu, que nem pokemon sou. Amarrei as cordas do balão paraquedas no corpo de Rotom e fiquei de pé em suas costas. Ao girar suas malhetas do ventilador, ele girava uma corrente de Ar que impulsionava o balão para cima, fazendo-o voar. E assim perseguiríamos o Helicoptero Rocket!

A população foi à loucura. Novamente, mesmo que de longe, a câmera de Pablo se voltou em minha direção. Perseguimos os Rockets por toda a cidade, nas mais arriscadas manobras. Certo ponto, no alto do céu, Rotom se aproximou muito do helicoptero e o B/balão se enroscou na hélice. Esta girava em alta velocidade, e logo se perdeu nos rolos de balão rasgado. Fui atirada para dentro do helicoptero, que havia perdido a estabilidade e estava caindo em alta velocidade de encontro às águas que cercavam a cidade...

Comoção e pavor geral da população. Daquela altura e naquela velocidade, considerando o tamanho do equipamento, a água seria tão hospitaleira quanto uma calçada. Pedi a Rotom que salvasse as crianças: elas se seguraram firmemente em seu corpo redondo e foram levadas para longe dali a tempo. O helicoptero perdia cada vez mais e mais altitude...

- Nãos vamos morrer!! - exclamou o peão - Não há escapatória, a gente vai morrer!! - começou a rezar.
- NÃO!! - exclamou Silver - Eu não posso morrer!!
O helicoptero estava se inclinando. Eu havia caído no chão e agora estava tentando erguer meu corpo, para tentar pular antes que fosse tarde. Mas Silver me puxou pela perna.
- Seu eu não vou conheçer meu herdeiro, NÃO É VOCÊ QUE VAI!!!

Ele queria me levar junto. Mas eu não poderia permitir. Chutei sua cara de porcelana com toda as minhas forças, e consegui pular para fora do helicoptero. Mal sabia eu que, em minha direção, disprava na água uma máquina mortífera de dentes afiados... Estávamos a poucos metros do chão. Quando pulei para longe, foi não muito segundos antes do helicoptero colidir contra a água. Quando pensei que meu corpo afogaria na água, apenas cerrei os olhos... Mas não senti água.

Algo aconteceu. Quando abri meus olhos, estava num lugar escuro, com um tipo de tapete rugoso sob meu corpo encolhido em posição fetal. Em seguida, um estrondo MUITO alto, como uma explosão, que abalou até o sistema onde eu estava "aprisionada". Era como uma salinha muito pequena e abafada, mas de onde veio aquilo? Onde raios eu estava?

Passou-se alguns instantes, e surge a luz. A porta na verdade era feita de fileiras de dentes serrilhados. Lá fora, uma pequena praia, e pessoas me aguardando do lado de fora. Esticou-se para dentro de lá um braço forte e moreno que me puxara para fora dali e, quando dei por mim, saí aterrorizada de lá de dentro. Eu havia sido engolida por um Sharpedo enorme!! Antes do helicoptero explodir, ele havia saltado para fora d'água para me proteger... Ele era mesmo um pokemon muitíssimo veloz naquele ambiente. E estava acompanhado de outros 3 da mesma espécie e várias Carvanhas ao redor.

- Mas, o que aconteceu?... - eu disse, sentindo a exaustão pesando em meu peito.
- Juri... Oh, Juri, graças a deus está viva!!

Eu reconhecia aquela voz. E aquele abraço aconchegante... Aquele não era Roy, como eu pensava. Era Kevin. Seu corpo estava molhado, ele acabou por molhar o meu também mas eu não me importei... Apenas o abracei... Minha fadiga me impedia de dar pulos de alegria. Apenas descansei meu rosto em seus ombro largo...

- Eu estava acompanhando tudo, Juri! - segurou meu rosto, me olhando com aqueles olhos azuis tão profundos e tão preocupados - Meu deus, não sabe como fiquei preocupado... Senti tanto sua falta, Juri!... - me apertou mais em seus braços.
- Kevin... Eu digo o mesmo.
Reparei na comissão que me aguardava na praia quando olhei por cima de seu ombro: Kenny, Roy, Francine e os pokemons, fora um monte de gente atrás, nos olhando surpresos e loucos pra me abraçar também para ver se eu estava bem.
- Mas... Me explica, Juri, o quê que tá aconteceu? - disse Kevin.
- Isso é uma longa história, rapaz... - disse uma voz feminina e familiar - Mas sempre é bom recontá-la.

Eram o general e a administradora Rockets! Eles estavam diferentes. Molhados, e com roupas menos formais: ele com um jeans e uma social branca, ela com um vestido preto simples. Seu inseparável felino, próximo deles como sempre. Fora que, diferente dos demais... Eles pareciam bem sãos.

- Vocês... - disse, olhando para eles.
- Senhorita, tem toda a razão de estar furiosa conosco. - disse o homem, vindo até nós - Mas nós viemos aqui em paz... E apenas isso.
- Sua causa já é conhecida por todos, Juri. - continuou a mulher - Como Ex Rockets, estamos dispostos não só a nos redimir, mas também a dar nossa parcela de ajuda. Tanto prova que ordenamos nossos pokemons subordinados para salvar sua vida...

Olhei novamente para os Sharpedos e Carvanhas na água, que acompanhavam tudo muito atentos.

- Então... Aceitam nossa ajuda? - "disse" o gato.
Ficamos chocados por um tempo. Depois, olhei para Roy e Kenny. Concordamos com a cabeça que não haveria nada com o qual se preocupar...
- Certo. Agradecemos sua ajuda e sua aliança... - disse, fazendo uma rápida reverência. Eles também a fizeram, porém explicitamente mais respeitosa - Por favor, contem-nos tudo.
- Desde o início, de preferência... - disse Kevin, sem graça por ser o único "por fora do assunto".

E foi assim que Goldenrod havia sido tomada pela segunda vez. Tomada, mas nunca domada. Sua população comemorou a vitória sobre os Rockets. Pena que tenha sido da forma mais trágica... Mas antes de nos recolhermos para descansar, algo incrível aconteceu.

Quando olhei para a área na água onde o helicoptero havia caído, notei como um estranho objeto flutuava para fora dali. Era minúsculo, tão pequeno que só podia ser localizado pelo brilho intenso que emanava. O Wave Bell vibrou em meu peito... Estava respondendo àquilo. Só poderia ser uma coisa...

Seu equivalente, o Clear Bell, ascendeu vários metros das águas. E num feixe de energia, havia desaparecido deixando apenas um filete de luz cortando o céu. Para onde teria ido? Teria voltado para o seu templo, tão longe dali? O resto da noite seria longa... Precisaríamos descansar bastante para o dia seguinte, que seria o dia mais marcante e importante de todas as nossas vidas, e da vida das pessoas em Jotho.


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Notas finais do capítulo

Essa fanfic já foi publicada no fórum do site Pokémon Mythology. Visualise o tópico aqui: http://www.pokemonmythology.org/fanfics-pokemon-f28/pokemon-ominous-onix-a-testemunha-corrompida-t5224.htm



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