Yoru no Hana escrita por Ayame


Capítulo 21
Ausência


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos Reviews! Aqui está a continuação *-*/ || Já estamos quase no fim ii'~ Acho que só haverá mais um capítulo e aí, Fim. Sentirei saudades de escrevê-la. i0i' hauha Espero que gostem ;***



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Capítulo 21 - Ausência.

 

 

Era uma mudança visível.

 

Em um momento sua vida fora apenas alegrias, sorrisos, atos de amor, gestos, palavras doces, encantos...Mas agora, tudo não passava de experiências, anotações confusas, trabalho e mais trabalho.

 

Olhou o líquido esverdeado dentro daquele pequeno frasco e suspirou. Verde. Verde como os olhos de Melissa.

 

Balançou a cabeça. Porque, diabos, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ela? Olhou para a janela. O sol já estava baixo no horizonte, em meio ao belo crepúsculo que denunciava o fim da tarde. Quase que sem querer, um sorriso se formou em seus lábios. Lembrava com clareza daquele dia em que se divertiram tanto no campo do laboratório de Darrow. Aquele foi o primeiro dia que ele pôde sentir o quão doce eram os lábios de Melissa. Não chegou a beija-la, não por vontade própria, mas sim devido a uma pequena intromissão de um inconveniente pokémon pato. Deixou uma risada escapar ao se lembrar de Golduck. Sem duvidas o pokémon mais ciumento que ele havia conhecido na vida.

 

- AAAAH, MALDIÇÃO!! – Balançou freneticamente a cabeça novamente. Não conseguia parar de pensar nela.

 

Assim haviam sido as ultimas três semanas. As noites passava em claro, assombrado pelo belo rosto de Melissa e as mais belas lembranças da viagem para Uethon. Durante o dia, perdia completamente a concentração, uma parte devido ao sono atrasado e a outra devido ao mesma culpada por tirar seu sono. O resultado disso? Três semanas de pura embolação, depressão e pesquisas mal feitas ou nem sequer terminadas. Seu rendimento estava tão deficiente quanto seu coração. Alias, que coração? Havia deixado ele em Uethon, junto com a única mulher que poderia possuí-lo.

 

Suspirou e fechou os olhos. Abaixou a cabeça e deitou-a sobre a mesa esbranquiçada do laboratório. Se pudesse, certamente desejaria morrer ao ter que agüentar aquela dor, porém ele tinha quase certeza que já não estava vivo para poder morrer. Gary não existia mais. Era apenas uma carcaça vazia e completamente sem animo que freqüentava o laboratório por pura obrigação de contrato.

 

- .... Melissa...! – Ele murmurou quase sem querer, em uma tentativa frustrada de que por algum milagre, pudesse ouvir a voz dela respondendo seu chamado.
- Você está deprimente, Gary. –  A voz provocativa e brincalhona vinha do companheiro de trabalho de Gary. Era um rapaz de aparentemente vinte e cinco anos, olhos alaranjados e cabelos vinho extremamente lisos. O homem ajeitou os óculos finos de graus e esboçou um sorriso debochado característico dele. – É como eu sempre digo, meu amigo. Nunca subestime o poder de uma mulher!

- Não diga asneiras, Brian.- Gary resmungou, erguendo o corpo e se recompondo em uma inútil tentativa de camuflar a verdade sobre seu estado emocional.

- Asneiras? Que asneiras que eu estou falando?  Já se olhou no espelho? Sua aparência está horrível até para você. E você anda tão distraído que se um pokémon lendário invadisse o laboratório você não perceberia!
- Eu só estou com dor de cabeça.
- Ah..Mas que desculpa original! – Ironizou. - Agora você evoluiu de um moribundo mentiroso para um moribundo mentiroso e extremamente clichê!  - Ele riu em deboche e puxou uma cadeira, sentando-se em seguida ao lado de Gary e apoiando ambos os cotovelos em cima da bancada esbranquiçada. – Bem.. Vamos imaginar que eu tenha sido tomado por um momento de pura insanidade mental e acreditasse nessa sua originalíssima desculpa de dor de cabeça. – Ele esboçou um sorriso extremamente debochado ao focalizar os olhos do deprimido companheiro de trabalho. – Será que minha insanidade seria tão extrema a ponto de eu acreditar que uma dor de cabeça casual poderia durar quase um mês?

- Eu que vou saber? – Gary deu os ombros, fingindo não estar nem um pouco interessado no que Brian tinha á dizer.

Brian soltou uma gargalhada, porém não demorou para voltar ao seu normal, e continuar a encarar Gary com aquele sorriso largo e divertido.

- Ela era bonita, pelo menos?

- Cala boca, Brian...! – Gary resmungou, voltando a deitar a cabeça na bancada, dessa vez, para o lado contrário de Brian.

- Ahhh!! Vamos Gary! – Deu uma leve cotovelada no ombro de Gary, fazendo com que o moreno balançasse. – Não me mate de curiosidade! Prometo que não a roubarei de você.

- Nem que quisesse conseguiria! – Resmungou novamente.

- HAAAAH!!!! – Brian vibrou em êxtase, como se tivesse ganhado na loteria. – Está vendo só? Disse que havia uma mulher no meio.

 

Gary rosnou, feito um cachorro.

 

- Mas que diabos! Você não tem nada melhor para fazer? – Indagou Gary, fazendo um movimento com a mão, como se pedisse para ele ir embora dali.

- Para ser sincero... Não. Agora me diga, garanhão, como ela é? Heim? – Brian parecia realmente disposto a perturbar Gary até conseguir arrancar algo dele.

Gary suspirou em derrota. Não havia como lutar contra a persistência irritante de Brian. Retirou a carteira do bolso e abriu-a, retirando de uma dali uma pequena foto dele com Melissa. Olhou por um momento, antes de passa-la á Brian. Quem tirara aquela foto fora a melhor amiga de Melissa, Mandy, durante um ensaio da peça. Gary atrás de Melissa, a abraçando pelo pescoço e ela, com ambas as mãos apoiadas sobre o braço dele, sorria de forma graciosa e bela. Era como uma criança, inocente e extremamente feliz, porém ainda sim, uma mulher, exuberantemente bela. Suspirou e passou a foto para o amigo.

- NOSSA! – Ele disse com tamanha ênfase que Gary poderia jurar que ele havia perdido o fôlego ao ver a foto. – Meu deus! Agora eu entendi porque você está tão deprimido em estar aqui dentro. Se eu fosse você eu me suicidaria com o primeiro estilete que encontrasse por aí!
- Você é incentivador, Brian. – Ironizou ainda em um resmungo completamente sem ânimo.
- Mas é sério! Ela é realmente muito linda! Se você não estivesse ao lado dela nessa foto, acharia que você havia recortado-a de alguma revista sei lá!
- Se fosse só apenas a beleza dela, eu não estaria assim.
- Hah...Sei. Eu te entendo. – Ele comentou, devolvendo a foto á Gary. – Aonde a conheceu?
- Eu fiquei hospedado na casa dela durante as férias.
- Huuuummm! – Brian deu leves cotoveladas em Gary, esboçando um sorriso um tanto pervertido. – Na casa dela, é garanhão??
- É! – Murmurou, olhando-o de lado, com cara de poucos amigos. – Mas não pense merda! Eu fui para a casa dela por causa do Professor Darrow, o avô dela. Fui ajuda-lo com uma pesquisa... Uma espécie de estágio. Meu avô conseguiu para mim.
- É! Ser neto do grande Professor Carvalho, certamente, te abre muitas portas. – Brian riu, sentindo um pouco de inveja do companheiro. – Mas..Voltando ao que interessa...! Não minta para mim dizendo que não aconteceu nada. Porque se não tivesse acontecido absolutamente nada, você não estaria assim nesse estado!
Gary bufou e ergueu o corpo, arrumando o cabelo desorganizado.
- Não disse que não aconteceu nada. Disse apenas para não pensar merda. – Fez uma breve pausa antes de continuar. – Cada momento que eu passei naquela cidade, certamente, foi inesquecível.
 
Brian abriu um leve sorriso, dessa vez sem qualquer ironia, provocação ou perversidade.

- Entendo. Ela deve ser alguém incrível.
- Mas do que isso... – Murmurou. – Eu ....

- O que estão tagarelando aí, heim? – A voz feminina e gentil vinha de mais das pesquisadoras daquele laboratório. Era uma mulher extremamente alta e magra, tinha lindos cabelos loiros, perfeitamente ondulados, e brilhantes olhos azuis.
- Oi Sue... – Gary a cumprimentou, com sua falta de ânimo costumeira.
- Oi, amooor! – Brian virou a cadeira em direção á Sue e abriu os braços ao mesmo tempo em que abria um largo sorriso. A mulher andou até ele e envolveu os braços ao redor do pescoço do amado, roubando-lhe um breve selinho dos lábios do mesmo. Ele continuou, respondendo a pergunta feita por ela anteriormente. – Gary estava me contando sobre as férias dele!
- Ah é? – Ela indagou com certo interesse. Virou o rosto na direção de Gary, direcionando um gentil sorriso. – Foram divertidas?
- Sim.- Ele devolveu o sorriso, porém com certa tristeza.

A mulher se desvencilhou do abraço de Brian e foi até Gary, pousando a mão sobre a testa do menino. Abaixou o rosto, ficando na altura do mesmo e fuzilando-o com aqueles olhos extremamente azulados.

- Você não me parece tão bem assim. Alias, tem um tempo que venho notando que está meio desanimado. Quieto demais. – Ela falava com certo tom de preocupação na voz.

Gary corou levemente. As vezes, Sue se comportava como uma mãe perto dele, e aquilo fazia com que ele se sentisse um tanto envergonhado.

- É que ele realmente anda meio triste, amor. Parece que nosso jovem Gary se apaixonou durante as férias. – Brian usava um tom casual propositalmente. Ele via claramente o tom maternal que Sue se referia á Gary e, às vezes, gostava de entrar na brincadeira e se comportar como um pai, mesmo que na maior parte do tempo, mais parecesse um irmão mais velho extremamente irritante e debochado.
- Se apaixonou?
- Er.. – Gary não se sentia tão à vontade para falar aquelas coisas, para falar a verdade, só havia contado á Brian porque ele realmente era irritante e não desistiria até arrancar algo dele.
- Por isso está assim, meu bem? – Ela tinha o olhar repleto de preocupação voltado inteiramente para Gary. Acariciou de leve os cabelos castanhos do rapaz, em seguida trazendo as mãos delicadas para o rosto do mesmo. – Ohn..! Sente falta dela, anjinho?
 - Er... Um pouco..! – Gary poderia jurar que agora deveria estar parecendo um pimentão, pois sentia sua bochecha arder em rubor com aquele comportamento de Sue.
- Um pouco? – Ironizou, Brian. – Ele está quase mórbido.
- Eu estou ótimo! – Virou o rosto.

Sue esboçou um sorriso triste e se afastou, voltando para os braços de Brian.

- Agora eu entendo o porquê de estar tão cabisbaixo esses últimos dias...
- Pois é, Sue. Eu também só entendi isso agora. – Brian abraçou a cintura da mulher, apoiando o queixo sobre o ombro direito da mesma e fitando Gary. – Gary, você devia saber que poderia ter vindo desabafar com agente.
- Eu não queria desabafar com ninguém. – Resmungou.
- Sofrer sozinho não é a melhor opção. Somos seus amigos.
- Sue tem razão, Gary. Sofrer sozinho não é nada bom. Desabafar faz bem a alma, companheiro!
- Não havia a mínima necessidade disso. – Rebateu.

O silêncio prevaleceu por um momento. Gary abaixou o rosto e respeitou-o. Não queria mais ficar lembrando daquilo, porém sabia que aquele desejo era algo impossível de ser concretizado.

- Gary...- Sue o chamou, quebrando o silêncio. - Estou preocupada contigo.
- Não há necessidade disso, Sue...
- Acha que é só uma paixonite ou é algo realmente sério? – Indagou com um misto de curiosidade e preocupação.
- EU A AMO! – Ele disse em um tom alto e vivido, virando bruscamente o olhar na direção da loira.

Ela apenas sorriu. Não havia dúvidas quanto àquilo.

- Imaginei. Foi uma pergunta tola, não é? Já era previsível sua resposta. – Ela disse com doçura, porém com um leve tom de tristeza na voz. Sabia o quanto Gary devia estar sofrendo naquele momento.
- Previsível? – Indagou sem entender.
- É! – Quem respondeu foi Brian. – O que Sue quer dizer com isso é que já vimos você recebendo várias visitas de mulheres aqui no laboratório.. E se me permite dizer, todas elas eram exuberantemente lindas.,..! – Ele riu brevemente do próprio comentário, rezando para não apanhar de Sue. – Mas...Por nenhuma delas que fosse eu vi você ficar desse jeito quando elas partiram. Nem mesmo via você ansioso pela chegada delas...Ou por telefonemas. Era como se elas não passassem de desconhecidas para você. E.. Ver você assim por alguém é realmente uma surpresa..Logo era evidente que você deveria sentir algo verdadeiro e forte por ela.

Gary apenas ouvia as palavras de Brian com atenção. Brian era realmente uma figura curiosa e interessante. A aparência dele em si era de um homem sério e compenetrado, porém bastava abrir a boca ou sorrir que se tornava um verdadeiro palhaço, um garoto irritante e tagarela... Porém mesmo assim, ele possuía um lado extremamente maduro, digno de sua aparência.  Gary fechou os olhos e abriu um meio sorriso.

- Entendo. – Murmurou. – Vocês me conhecem mais do que eu imaginava.
- Pode crer, irmãozinho! – Ele disse retribuindo o sorriso.

Gary desviou  o olhar, focando-o em um pequeno pedaço de papel em branco.

- Melissa é realmente alguém importante para mim. E eu sinto a falta dela..Mais do que eu imaginaria sentir quando fui embora daquela cidade.
- Isso é normal. E eu entendo perfeitamente o que sente, Gary. – Sue disse, esboçando aquele sorriso acolhedor e quente.
- Vocês dois tem sorte. Sinto um pouco de inveja de vocês. – Soltou uma breve risada triste.
- É. Temos sorte. – Brian disse beijando o rosto de Sue, porém logo voltando á fitar Gary. – Mas nem sempre foi assim. Tivemos nossos problemas também.
- Tiveram?
- Sim. Meu pai não gostava de Brian quando começamos a namorar! Para falar a verdade, meu pai mexeu céus e terra para me manter longe dele.
- Porque?
- Meu amado sogrinho me achava vagabundo demais. – Ele riu alto. – Dizia que eu não tinha futuro!
- E estava com certa razão, não é, amor? – Sue disse em provocação, fitando por um momento e rindo.
- Ah..Eu não era tão mal assim, vai! Eu era apenas desocupado!
- Mas... – Gary parou para pensar um momento. Nunca poderia imaginar que o Pai de Sue não gostava de Brian. Sempre o via conversando com o mesmo de modo descontraído e saudável. Isso não fazia lógica alguma. – Não é o que parece...!
- Não! Não! – Brian disse movendo as mãos freneticamente, como se quisesse corrigir algo. – Não agora! Isso foi há uns seis anos atrás! Hoje nosso relacionamento é ótimo!  Ele me adora, hoje em dia!
- Verdade. – Sue concordou.
- Mas como isso aconteceu?..Digo, como ele mudou tanto de opinião?
- Ah.. Bem, eu tive que pagar alguns preços para que ele pudesse me aceitar.
- Preços?
- É! Quando ele proibiu de eu ver Sue, nós começamos a nos encontrar escondidos, porém não demorou para que ele descobrisse isso. Como ele sabia que eu não ia parar de vê-la, nem que ele conseguisse um mandado policial me proibindo de chegar perto dela, ele resolveu tira-la da cidade. Eu fiquei revoltado, mas não fui atrás dela.. Sabia que mesmo que a achasse não iria conseguir manter aquilo. Então eu comecei a me esforçar desumanamente. Comecei a estudar, dia após dia.. Passava noites em claro... ! Se o argumento para manter Sue longe de mim era minha vagabundagem, eu prometi a mim mesmo que me tornaria alguém respeitável para que ele me aceitasse. Foi quando me tornei um pesquisador Pokémon.. Sorte ou coincidência, acabei achando minha vocação! Com o tempo, ganhei o respeito do velho e então fui chamado por ele para trabalhar aqui.. Ao lado da minha loirinha! – Ele dizia com satisfação e orgulho. Satisfação de ter vencido tudo aquilo e orgulho de estar, hoje, ocupando o lugar que desejava ao lado de quem desejava.
- Isso é bom. – Gary não pode deixar de sorrir. Era bom ver aquele casal  tão feliz, mesmo que aquela cena lhe batesse certa inveja e dor por estar tão longe de Melissa.
- Nós dois conseguimos ficar juntos. Porque não tenta ficar junto com a Melissa também? – A pergunta de Sue era mais uma sugestão do que propriamente uma indagação.
- Não dá. – Ele respondeu, voltando ao seu estado de melancolia. – Não tenho o direito de pedir para ela vir para cá. Ela tem o avô dela..E o professor Darrow não tem mais idade, nem condições, de ficar naquele laboratório, cuidando de tantos pokémons sozinho. Mesmo que ela aceitasse vir para cá.. Ficaria se sentindo mal por não estar com o avô. Não é justo nem com ele, nem com ela.
- Então porque VOCÊ não vai atrás dela?
- Está louco, Brian? Mesmo que eu largasse tudo e desistisse da minha carreira como pesquisador... Eu ainda tenho um contrato com esse laboratório... Um contrato de dois anos.
- Um dia esse contrato vai acabar! – Ele disse, tentando animar.
- Mesmo assim. Não tenho o direito de pedir á ela que me espere por dois anos.
- Porque não?
- Porque não é justo. Não posso ser tão egoísta assim. Mantê-la presa á mim com uma distância tão colossal nos separando seria doloroso demais... Para ambas as partes.
- DANE-SE O CONTRATO! – Dessa vez foi Sue que disse, de modo extremamente espontâneo e até meio agressivo.

Gary arregalou os olhos, olhando incrédulo para a loira. 

- Esqueça o contrato Gary! – Ela disse se aproximando dele e segurando-o pelo ombro. – Vá atrás dela! Você é um grande pesquisador, poderá ajudar muito o Professor Darrow no laboratório dele!

- Mas e o contrato...! Não posso ignora-lo..Ou quebra-lo assim!
- Esse laboratório é do meu pai, esqueceu? Tenho certeza de que se eu conversar com ele...!
- Dará prejuízo á ele...! – Gary disse sorrindo triste. Mesmo que a proposta de Sue fosse tentadora, estaria prejudicando demais o pai dela.
- Prejuízo é manter um pesquisador semi-morto aqui! – Dessa vez foi Brian que disse com seu costumeiro tom de deboche. – Convenhamos, uma criança de 6 anos conseguiria se sair melhor do que você nesse estado! Pelo menos ela prestaria atenção!
- Brian tem razão, Gary! – Ela acariciou o rosto do jovem pesquisador, direcionando-o um caloroso sorriso. – Nesse estado só vai prejudicar o laboratório e você mesmo! Fora a pobre menina que deve estar sofrendo tanto quanto você! Eu falarei com o meu pai, ele não me negará um favor! Mas por favor, vá atrás dela e seja feliz! – Ela sorria de modo tão gentil e pedia coisas tão...! Gary não encontrava palavras para explicar. Muito menos palavras que pudesse usar naquele momento para respondê-la. Ela continuou. – Eu adoro você, Gary, sei que sabe disso! E Brian também adora você! Queremos vê-lo feliz.. E sabemos que você só será realmente feliz se estiver ao lado dela, não? Por favor, faça isso por nós dois! Vá atrás dela! Aceite a minha ajuda para isso!


Gary entreabriu os lábios como se desejasse falar algo, mas sua voz havia simplesmente desaparecido. Ou melhor, talvez o que havia desaparecido não fosse a voz, mas sim as palavras que lhe escapavam. Ela beijou delicadamente a testa de Gary e novamente sorriu. Já que estava sem palavras, Gary resolveu responder em atos. Puxou-a com força e a abraçou calorosamente. Ela riu e correspondeu.

 

- Está falando sério, Sue?
- Não brincaria com algo assim!
- Obrigado. Do fundo do meu coração. Não há como eu expressar a gratidão que sinto por você nesse momento! Juro que não há como! – Ele murmurava ainda abraçado á ela, forte e carinhoso.
- Vá atrás dela. Isso basta como agradecimento.
- O resto, é conseqüência! – Disse Brian em diversão, apenas observando os dois.

Gary se afastou do abraço e agora com um sorriso vivo no rosto, fitou a loira e depois Brian.

- Obrigado mesmo!
- Não há de quê!
- Como Sue disse, apenas vá lá!

Gary beijou o rosto de Sue e depois se dirigiu á Brian, abraçando-o amigavelmente após um aperto de mão que selava mais uma irmandade do que uma amizade.

- Eu vou! Mas eu voltarei para visitar vocês!
- Ah! Tenha certeza disso! Você vai voltar, porque se não, eu juro que vou atrás de você e te encho de porrada! – Ele riu. Gary riu junto.

- Muito obrigado! – E se virou, saindo correndo em direção á seu quarto.

- Sue, Sue, Sue! Minha amada virou um cupido!
-  Heh...! Não é que virei? – Ela indagou retoricamente, virando-se para Brian e abraçando-o pelo pescoço.
- Você é incrível!
- Sério? – Ela roubou um selinho do amado e sorriu.

Brian encostou a testa sobre a dela e fechou os olhos.

- Sim, ele estava precisando mesmo de ajuda. Você agiu esplendidamente. Estou orgulhoso!
- Que bom!
- É impressionante como eu consigo te amar a cada momento mais do que amava antes.
- A recíproca é verdadeira, amor! – Ela riu.



Gary pegou a primeira mala que viu pela frente e amontoou todos os seus pertences dentro da mesma. A principio, encontrou certa dificuldade para fecha-la devido à desorganização, porém com um pouco de força de vontade e a energia extra que havia ganhado com a idéia de estar novamente junto á Melissa, a tarefa pareceu mais fácil do que o normal.

Uma coisa ele devia admitir. Amigos como Sue e Brian ele não encontraria tão fácil. Não devia á eles apenas sua felicidade mais sim a sua vida, pois ele mesmo não tinha certeza se continuaria sobrevivendo por muito tempo longe da morena que roubou seu coração. Por um momento parou e imaginou sentir novamente os lábios doces daquela garota. Suspirou. Não podia conter a felicidade.  Um sorriso havia se fixado em seu rosto e parecia não querer mais deixa-lo por nada nem ninguém.

De fato, ainda se sentia um tanto quanto culpado por abandonar todo o seu trabalho e deixar todos na mão daquele jeito, porém como Brian mesmo falara á ele, do jeito que ele estava não poderia trazer grandes benefícios ás pesquisas. Suspirou quando viu em sua mente novamente o sorriso de Melissa. Sua felicidade era tanta que nem lhe sobrava espaço para manter remorso ou arrependimento por estar fazendo aquilo. Sentia que devia desculpas á todos, porém acima de qualquer coisa, devia novamente agradecimentos á Sue e Brian.

Pegou a mala e saiu correndo de seu quarto, ou melhor, ex-quarto, dirigindo-se novamente ao salão principal. Lá estavam Sue e Brian, abraçados, aguardando apenas a aparição de Gary. Pousou a mala sobre o chão e parou, dando alguns passos á frente.

- Foi rápido, heim! – Zombou, Brian.
- Obrigado novamente. Acho que devo demais á vocês, não é?
- Ora, ora..
Sabe que somos amigos. Amigos se ajudam, não é?!
- Amigos bons se ajudam. – Gary corrigiu estendendo a mão em direção á Brian.

Brian riu brevemente e estendeu a mão, igualmente, o cumprimentado.

- Nos veremos novamente?
- Lógico.- Gary com um meio sorriso no rosto.

Após o cumprimento, Gary se direcionou á Sue e a abraçou carinhosamente.

- Obrigado novamente.
- Pare de agradecer, isso já está ficando repetitivo. – Ela riu brevemente ao se desvencilhar do abraço e beijar de leve a bochecha de Gary. – Vá com cuidado, e seja feliz com ela.
- Serei. – Ele sorriu. – Até breve.

 


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