Yoru no Hana escrita por Ayame


Capítulo 17
Mentiras




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Capítulo 17 -  Mentiras.

A peça já estava prestes, Gary tinha ao seu lado seu arcanine e o Ninetales de Melissa. Os dois haviam resolvido deixá-los soltos aproveitando os últimos momentos que teriam juntos. Questão de minutos, e a peça finalmente começara. A primeira a entrar no palco foi Melissa, interpretando magnificamente como sempre. Seu figurino era estupendo, e a coroa de princesa sobre sua cabeça havia lhe dado um encanto todo especial.  Ao decorrer da  peça ela mudou de figurino umas três vezes, e a cada troca parecia mais bela e encantadora.

Gary estava não só adorando aquilo tudo como ainda sentia seu coração se encher de paixão e até mesmo de ciúmes em algumas cenas que Melissa contracenava com o namorado de Mandy, Kevin, mesmo sabendo que aquilo tudo era pura encenação. Lembrou-se da noite em que ele havia ensaiado com ela, e inevitavelmente do beijo que roubara daquela mulher. E então, lembrou-se da noite anterior, a qual os dois haviam dormido juntos; Nada havia acontecido porém aquela foi uma das noites mais deliciosas de sua vida. Sorria para si mesmo, apenas vislumbrando a bela imagem da mulher que mais amava andando naquele palco sozinha recitando palavras belas e poéticas.

A peça durou aproximadamente quarenta minutos e assim que acabou Gary e o casal de pokémons de fogo se levantaram e se dirigiram até local aonde iriam se encontrar com Melissa. Durante o percurso pouco movimentado devido ao fato de todos ainda estarem próximos do palco, Gary vislumbrou algo a sua frente que não só o assustou como também fez com que quase explodisse de raiva. Diante de seus olhos o noivo de sua amada beijava loucamente uma outra mulher qualquer, que Gary não tinha idéia de quem se tratava porém acreditava se tratar de uma tremenda vadia. Escondeu-se atrás de uma arvore e ordenou que os pokémons de fogo fizessem o mesmo.

Observava de longe aquela traição do homem, mordendo-se de raiva. Mesmo que ele e Melissa também estivessem de algum jeito traindo aquele homem, o que ele fazia parecia completamente despreocupado com os sentimentos da morena e parecia gostar daquilo. Johan continuou a beijar a mulher até o momento em que um de seus amigos tocou-lhe o ombro lhe chamando a atenção.

- Johan, a Melissa já acabou a peça. Se ficar aqui acabará sendo pego!

-  Merda. Esse bosta já acabou?  - Resmungou soltando a mulher que beijava.

-         Johan, deixa ela pra lá.. Fique aqui comigo, meu amor! – Disse a mulher tentando se aproximar do loiro novamente.

- Ah... Linda, bem que eu gostaria mais não vou jogar meu noivado fora com a mais desejada das garotas por uma morta de fome e sem graça como você! – Ele disse soltando uma leve risada e se afastando da mulher. Voltou o olhar  para o amigo e abriu um sorriso debochado. – Aquela idiota está pra que lado?

- Acho que ainda não saiu do camarim.

- NÃO? Que lenta! – Reclamou.

- Johan, eu acho que é melhor você abrir seus olhos com aquele tal de Gary! Ele e Melissa andam bem juntinhos!

- É. Eu sei.. Ela fugiu de mim ainda pouco pra ficar com ele... Acho que vou ter que dar uma de doentinho de novo!

- Vai simular outro ataque de coração, Johan?? – O amigo riu.

- Vou! – Gargalhou.

- Pô, cara, acho que você que deveria estar lá naquele palco e não ela! – O amigo ironizou.

- Concordo! Ela é muito boba!

Gary sentiu seu sangue quente subir, tomado por uma raiva sobrenatural. Simular ataque do coração? Então aquele papo de doença era tudo, realmente, uma grande mentira de Johan! Cerrou os punhos e levantou-os na altura do queixo. Como ele era capaz de mentir inescrupulosamente para uma garota tão doce como Melissa?

Gary até já suspeitava do mau caráter de Johan porém ter aquela confirmação vindo da boca do mesmo deixava-o louco de ódio. Gary não conseguindo mais se conter, deixou todo aquele sentimento tomar conta de seu corpo e por puro reflexo avançou para cima de Johan.

- DESGRAÇADO! – O pesquisador gritou enquanto avançava para cima dele.

-  O...que? – Johan se assustou.

Gary nada mais disse, apenas socou-o com o punho direito. O loiro foi para trás, atordoado com o soco, porém nem mesmo teve tempo de espirar, um outro golpe, desta vez com o punho esquerdo veio em sua direção e o acertou fazendo com que este caísse no chão. Ele fitou o seu agressor, visivelmente alterado.

- Merda! Que diabos você pensa que está fazendo seu idiota!!!???? – Reclamou.

Johan imediatamente se levantou e avançou também para cima de Gary. Iniciou-se uma verdadeira briga, socos, chutes em falso; Nenhum dos dois agiam com sanidade pareciam dois animais brigando desesperadamente. Permaneceram com aquilo até que Gary segurou a camisa do homem e o levantou.

- DESGRAÇAADO! Como você consegue ser tão nojento!? A Melissa acredita em você! E ela sacrifica a felicidade DELA pra ficar com você!!

- E daí???!! Ela está comigo e não contigo!

- Está contigo por pura pena!! Pena e medo de te ferir dizendo que não sente absolutamente nada por você!

- Dane-se, no final das contas, é comigo que ela ficará e não contigo!

- E você acha que conseguira viver bem sabendo que a sua mulher ama outro homem? Você acha mesmo que vai conseguir ser feliz fazendo-a infeliz? Seu estúpido, você está estragando a felicidade dela e a sua!

- Isso não é da sua conta, seu retardado! Volte logo para sua cidade, esse não é seu lugar! Pare de se meter na vida dos outros!!!

- No momento em que você começa a atingir a Melissa isso passa a ser da minha conta!  Você está enganando-a!

- Estou mesmo, e daí? Você acha que ela vai acreditar em você?

- ....Johan... –  A voz fraca e assustada era dela. Melissa. Havia chegado ali há algum tempo; tempo suficiente para ouvir toda a conversa.

Gary e Johan desviaram o olhar para a mulher que estava em pé, usando ainda um dos vestidos da peça, talvez o mais belo de todos. O tecido fino de tonalidade branca esvoaçava no vento leve que batia no local, e as pequenas flores que enfeitavam o tecido reluziam com luz da lua que banhava aquela cena tão dolorosa para Melissa. A inocência dela não havia lhe permitido que enxergasse o verdadeiro caráter de Johan. Deixou uma lágrima escorrer pela face alva e sedosa. Gary soltou a gola da camisa daquele homem e deixou que este caísse no chão. Ninguém ali se moveu, ficaram em silencio por alguns segundos que pareceram uma eternidade aos ali presentes. Mandy e Kevin aproximaram-se do local ambos com um largo sorriso, porém diante daquela cena inevitavelmente o sorriso se esvaiu e respeitaram o silencio, até que este fosse quebrado por Johan.

- Melissa....- Ele procurava alguma saída para aquela situação. – Que bom eu chegou, esse louco chegou aqui do nada e começou a me agredir! Me forçou a dizer absurdos!

Gary arregalou os olhos. Como aquele cara ainda tinha a capacidade de mentir tão descaradamente?  Melissa aos poucos se aproximou de Johan e este se levantou. Ela não tinha expressão no olhar, pela primeira vez aquele olhar perdia completamente o brilho. O loiro se levantou fingindo uma certa dificuldade e abriu os braços, como se pedisse um abraço daquela mulher. Gary estava estático, como ela ainda podia acreditar nele? Melissa ergueu ambos os braços na direção do loiro, enquanto lágrimas escorriam por seus olhos. Ele sorriu, fechando os olhos de maneira delicada e harmoniosa, porém aquilo tudo sumiu quando sentiu um forte impacto em sua bochecha esquerda. Plaft! Aquele local começou a arder e uma leve quentura tomou conta de sua bochecha. Abriu os olhos assustados e fitou aquela mulher. Ela ainda tinha a mão espalmada no ar. Havia batido nele.

Gary olhava tudo com surpresa porém feliz em ver que finalmente a ficha havia caído para sua amada.

- Melissa...Porque fez isso...? – A ousadia de perguntar aquilo, logicamente, fora de Johan.

- .... Você me devia...Esse prazer. – Foi a resposta dela, em um tom melancólico e misturado ao choro.

- Mel... – Gary sussurrou o nome dela, como se desejasse a atenção da mulher. Odiava a ver chorando, ainda mais por causa de um canalha como aquele.

Ela não deu atenção, virou-se e correu para longe, Ninetales a seguiu, pouco se importando em deixar Arcanine ali, dessa vez estava preocupada com sua dona. Mandy e Kevin, acompanharam-na com o olhar e Johan tentou ir atrás dela, porém antes que o fizesse, Gary segurou-o e socou-o novamente. Um, dois, três, até que este caiu no chão novamente. Após o feito Gary partiu, correndo atrás dela que àquela altura já havia sumido de sua vista. Mandy, Kevin e Gary se dividiram e começaram a procura-la em toda a extensão do evento. Minutos depois os três se reuniram no centro do local, esperando que algum deles houvesse encontrado a garota.

- Ninguém a encontrou?  - Indagou, Gary, ao ver que Melissa não acompanhava nenhum dos dois amigos. – Nem sinal?

- Eu a vi... Eu tentei faze-la parar, mas ela disse que não queria falar com ninguém. Disse que estava indo para casa. – Relatou Mandy.

- Eu vou atrás dela. – Gary se prontificou. – Arcanine!! – Ele berrou, fazendo o pokémon que se mantinha um pouco afastado dele, aproximar-se.

- Certo. Acho que vocês têm muito que conversar... e sozinhos. Tente a acalmar Gary... Por favor.

- Pode deixar Mandy. Farei o possível e o impossível.

- Amanhã passaremos lá para ver como as coisas estão e para nos despedir de você...

- É. – Mandy confirmou o comentário de seu namorado. – E diga á Mel que a amamos demais!

- Tudo bem, eu direi e esperarei vocês. – Disse Gary ao subir no pokémon legendário de fogo.

- Boa sorte, cara.. – Kevin disse ao apertar a mão do amigo.

-  Valeu.

- Faça o seu melhor, boa sorte! – Disse Mandy ao beijar a face de Gary.

- Brigado Mandy, até amanhã! – Disse em despedida.

Então o casal se abraçou e observou Gary avançar á passos de corrida, montado naquele pokémon que normalmente não era usado com tal finalidade, porém como o Arcanine de Gary era grande e robusto, lhe permitia que o usasse como transporte.

O coração de Gary se apertava a cada passo de Arcanine. Melissa estava em estado de choque, ferida e inconsolável. Gary detestava lembrar que ela chorava desesperadamente. A tristeza daquela mulher, para ele, era o pior sofrimento do mundo. Não podia conviver com a idéia de que ele estava sofrendo, era doloroso demais para ele. O que era Melissa sem seu tão belo sorriso? A angustia tomava conta de seu coração, queria encontra-la. Queria abraça-la, beija-la e dizer que independente de qualquer coisa, ele a amava.


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