Se eu falar que estou magoada é mentira, para ser honesta sinto raiva por tê-lo perdido.  Poderia ter ido junto, ajudado Edward em quaisquer problemas que ele viesse a ter, mas vai falar uma coisa dessas aos seus pais quando você é apenas uma criança, o resultado foi o seguinte: Tânia, uma garota fresca e nojenta, o acompanhou à Londres!

Dizem as más línguas que ambos começaram a namorar e que Edward inevitavelmente se casaria com ela.

Mas voltando ao assunto, nunca mais tive noticias deles, nem mesmo a família Cullen falava sobre o filho.

Alice escutava de vez em quando alguma coisa aqui e ali e me contava, mas tirando esse fato, nada de concreto chegava aos meus ouvidos.

-- Tânia vem com ele? – Perguntei em um murmúrio.

Sentia-me com falta de ar, os pulmões prensados contra as costelas.

-- Não sei amiga – Alice respondeu, tendo ainda aquele olhar de pena no rosto - Tudo que sei é que ele chega amanhã... Meus pais vão fazer uma festa de boas vindas pra ele, foi por isso que fiquei sabendo.

Só consegui mover afirmativamente a cabeça.

-- Minha mãe pediu para convida-la – Alice sussurrou, quase não dando para que eu ouvisse direito.

Mas infelizmente eu havia escutado. Não deu pra ignorar!

-- Não vou – Respondi automaticamente – Sinto muito Alie, ele é seu irmão... Mas não é e nunca será nada para mim.

Alice ficou evidentemente triste, seus olhos começaram a lacrimejar, mas eu fingi não notar.

Olhei minhas próprias mãos, pensando em colocar um novo esmalte, talvez rosa choque ou um azul turquesa. 

Pensamento totalmente supérfluo, mas era sempre assim que eu fazia para não pensar nele, em seu corpo, em sua boca... Em como Tânia havia tido sorte em conhecê-lo intimamente!

Eu nunca a odiei, não muito pelo menos... O meu problema era com Edward Cullen!

*Lembrança #1*

Era uma tarde de verão, eu tinha convidado Edward para um passeio, ao qual era evidente que ele não queria ir, mas na época eu nem me dei conta do fato.

O lugar era lindo, uma campina aberta com minúsculas flores lilases, o sol fraco se infiltrava entre as copas das árvores.

Para a ocasião eu decidi vestir uma calça jeans, blusa leve e uma sapatilha marrom e confortável.

Edward por sua vez parecia um bad boy saído dos filmes de ação, calça preta colada ao corpo, regata verde musgo e uma jaqueta preta com fivelas prateadas como enfeite.

-- Esse lugar não é incrível Edward? – Perguntei encantada com o vento que brincava com os meus cabelos.

-- Tanto faz – Respondeu sem prestar à devida atenção à paisagem, colocou a mão no bolso e pegou um cigarro.

Fiquei chocada! Ele sabia o quanto eu odiava cigarro e bebida, mas mesmo assim não teve o respeito de ficar sem eles no nosso encontro.

-- Edward... – Comecei a falar, tentando manter a calma – Você não vai fumar né?

Ele deu de ombros, como se eu nem estivesse com ele.

-- O que é que tem?

Fechei a mão em forma de punho, mas não teve o resultado que eu queria.

-- Eu odeio isso – Sussurrei em tom mortal, indicando com a mão aquela porcaria que ele usava como estilo de vida.

-- Ah garota pára de se meter na minha vida – Reclamou e tentou passar por mim.

Segurei-o pelo braço forçando [como se tivesse força] a olhar em meus olhos.

-- Como sua amiga preciso dizer que isto está te fazendo mal – Disse firmemente – Você não escuta ninguém... Mas por favor, ouça o que estou dizendo!

Edward olhou-me irritado, sua raiva era palpável.

-- Por que eu deveria? – Ele perguntou em tom de deboche – Você é igual aos outros, sempre foi!

Ele estava sendo cruel, me culpando pelos seus próprios erros.

-- Eu não sou como eles e você deveria saber disso, já que me conhece desde pequena – Falei com amargura.

Edward me olhou por um momento, e neste momento precioso eu percebi que ele queria-me por perto.

-- Você ainda não conhece nada da vida.

Senti meus pés indo na sua direção, era algo incontrolável que inevitavelmente aconteceria.

-- Então me mostre como é – Pedi com ousadia – Por favor, Edward me faça ver estrelas e amar o mundo.

Edward estava com os olhos fixos em meus lábios, e em um instante a sua boca estava sobre a minha... Faminta e desejosa por mais, por algo que eu queria muito dar!

E de repente ele me empurrou, só não cai por sorte.

-- Isso é errado... – Disse ele, suas feições transmitindo turbulentas emoções – Você não poderia ter feito isso.

Abri a boca em evidente espanto. Como assim? A culpa agora era minha?

-- Pelo menos uma vez na vida Edward, seja suficientemente corajoso para admitir que é sempre você que começa tudo... – Gritei sem dar a mínima para o controle, dei-lhe as costas e sai pisando duro!

-- Isabella Swan! – Edward gritou – Onde pensa que vai?

Continuei meu caminho, mas mesmo assim respondi:

-- Pra bem longe de você!

Acho que foi a partir daquele dia que nunca mais tirei Edward da minha cabeça, eu ainda sonhava com seus beijos e com o passar dos anos os sonhos ficaram um pouco mais quentes.

* Fim da lembrança #1*