Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 9
Merry Christmas


Notas iniciais do capítulo

"Entrou no carro e tirou o papel do bolso no qual tinha as coordenadas da localização de Miguel. Agora estava no caminho certo, e mesmo que ele mudasse de lugar, Odette lhe avisaria, o celular de Miguel agora servia como um rastreador.

Gary era mesmo um idiota. Pensou.

Digitou as coordenadas no GPS do carro e sorriu ao ver o destino. O seu destino. "



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Casa de Dona Carmem

25/12/2007

Era natal na casa de Dona Carmem.

O clima era de completa alegria, todas as pessoas mais próximas a ela haviam podido comparecer a aquela data que sempre fora tão especial para ela.

Thereza, Oliver, Rose.

A campainha tocou.

- Tessa querida, atenda para mim, por favor.  Eu estou cuidando do peru. – Dona Carmem disse.

Thereza correu para a porta e a abriu.

Gary segurava uma garrafa de vinho com a mão livre, e com a outra, a bengala que agora o ajudaria a se apoiar no chão pelo resto de sua vida.

- Gary! Que bom que veio! – Sorriu e deu um abraço no supervisor, que ao mesmo tempo era como um pai para ela. – Feliz Natal!

- Feliz Natal, Tessa. – Eles se separam e o agente mostrou o vinho. – Trouxe o vinho.

Tessa riu e abriu caminho para que ele entrasse.

O natal é uma festa interessante. De todos os feriados nacionais e internacionais, o natal é o que consegue juntar as famílias e fazer com que as pessoas se esqueçam de todos seus problemas. No natal, você só pensa em como é bom estar do lado de quem ama você e em como é boa essa sensação de que não se está sozinho no mundo.

É a magia do natal.

Mas para Thereza, aquele natal não estava tão bom assim.

Seu corpo estava naquela casa alegre, mas sua mente estava em outro lugar. Mais precisamente em lugar algum, pois tentava arduamente encontrar um meio de localizar o paradeiro de Miguel, que havia desaparecido.

Louis Bolevuc fora interrogado naquela semana e negou todas as acusações, até mesmo ter um assassino particular.

E o FBI nada pode fazer para incriminá-lo, pois as gravações de Gary, assim como as provas de Rose, haviam desaparecido naquele mesmo dia.

- Tessa, não ouviu o que eu disse? – Sua mãe perguntou durante a ceia.

Tessa percebeu que devia estar a pelo menos uns dez minutos segurando no ar o garfo cheio de comida. 

- Não mãe, desculpe. O que disse?

E assim foi.

Todos meio que já sabiam dessa obsessão de Thereza por esse caso.

Quando já passava da meia da noite, Tessa despediu-se e foi embora, ela disse que voltaria para o apartamento e para dormir, mas no meio do caminho, resolveu mudar seus planos e virou a esquina indo em direção  a central do FBI.

Entrou no prédio vazio, todos deveriam estar com suas famílias aproveitando o natal.

Suas sapatilhas faziam barulho a cada passo que dava e ecoava por todo o corredor cheio de mesas, computadores, caixas e papeis.

Sua sala estava aberta, nunca a fechava.

Sentou-se na cadeira e relaxou, acendeu uma pequena lampadinha em cima da escrivaninha. Pegou a pasta bege de cima da mesa e folheou as páginas com todas as informações das vitimas que acompanhara nos últimos meses.

Suspirou.

Jogou-a dentro de uma enorme caixa onde haviam outras pastas iguais, e onde com certeza também haviam mais nomes de pessoas mortas. Na lateral da caixa, escrito em caneta esferográfica preta, estava o nome do responsável por todas aquelas mortes.

Miguel Owen.

Esse nome pairava pela mente de Tessa. E por mais que tentasse, não conseguia se livrar dele.

Seu telefone tocou no bolso do casaco, despertando-a de seus pensamentos.

Número desconhecido.

Era o que estava escrito na tela do V3 preto. Pensou por alguns segundos, ouvindo a voz de Axl Rose, se devia atender ou não.

Atendeu.

- Achei realmente que não fosse atender o telefone, Tessa. – Uma voz terrivelmente conhecida falou. – Quase fiquei decepcionado com você. Você não costumava ser tão insegura quando te conheci.

O coração de Tessa perdeu uma batida. Mas então, assumiu o papel de agente do FBI e ignorou todas as sensações que a voz de Miguel despertava nela.

- Eu é que devia ficar decepcionada com você, Miguel.  – Falou com o mesmo tom de voz do rapaz. – O assassino que eu persigo a mais de três meses nunca ligaria para o celular de uma agente. – Girou na cadeira de rodinhas encarando a grande janela e sorriu zombeteira. – Não me diga que eu amoleci seu coração. 

A risada de Miguel era alta no telefone.

- Ah Tessa... Tessa. – Parou um momento como se precisasse respirar. – Sabe, você está muito bonita nesse vestido, vermelho fica muito bem em você.

Naquele momento o sorriso de Tessa desapareceu e ela se levantou indo até a janela de vidro da sala, buscou qualquer sinal de Miguel na rua. Porém, nada viu.

- Onde você está? - Sua voz sai quase como um sussurro, não de medo. Mas pela expectativa de vê-lo novamente.

- Você não vai me ver tão cedo. – Pareia capaz de ler seus pensamentos. – Eu não sou tão bobo assim, devia saber disso.

Continuou procurando algo na escuridão das ruas.

- Por que você ligou Miguel?

- Não sei. Achei que meu sumiço estivesse te deixando louca e resolvi ser piedoso com você. – Sua voz era puramente zombeteira, ele adorava provocar-la.

- Haha, hilário. – Disse sem humor. –Você não me engana. Eu conheço gente como você.

- Conhece? – Perguntou sarcástico, como se tudo não passasse de uma brincadeira.

- Claro, pessoas como você não tem ninguém. Nem família, nem amigos. E então quando finalmente se vem sozinhos, saem desesperados procurando alguém com quem conversar para não se sentirem tão sós.

Miguel não emitiu som algum por longos minutos.

- Ainda está ai? – Perguntou Tessa franzindo o cenho.

- Feliz Natal, Tessa. – Sua voz fria foi a ultima coisa que ouviu antes que ele desligasse o telefone.

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Computadores e Acessórios Paxton Ltda.

26/12/2007

Uma das coisas mais importantes para um agente do FBI, são os contatos.

E Tessa tinha muitos deles, o que não faltava para ela eram amigos com habilidades incríveis com os quais sempre podia contar. Um desses amigos era Odette Paxton.

Tão loira que seus cabelos chegavam a ser quase brancos, olhos azuis tão claros quanto sua pele. A albina russa de vinte e dois anos, era o que se conhece popularmente como hacker.

Tessa bateu a porta do corredor branco do 14o andar do prédio.

- Entre. – Ouviu.

- Odê? – Perguntou ao entrar.

A sala era escura, a não ser pelas enormes telas de computadores presas a parede oposta a entrada. Na frente das telas, havia uma escrivaninha cheia de papeis e copos de café. Além de enfeites coloridos e porta canetas com purpurina.

A albina girou a cadeira e ficou de frente para a visitante.

- Tessaaaaa! – Sorriu e foi abraçar a amiga. – Há quanto tempo!

Odette puxou uma cadeira para Tessa e ambas se sentaram na frente dos computadores, que registravam diversos números que mudavam a cada milésimo de segundo.

- E então? A presidência dá muito trabalho? – Thereza sorriu.

- Affe, nem me fale. – Ergueu as mãos para o alto. – Ainda bem que meu pai me tem, por que se fosse depender dos meus irmãos, a empresa iria para a falência em dois tempos.

Elas riram.

- E então, por que veio aqui exatamente? Eu te conheço bem o bastante para saber quando precisa de ajuda.

Tessa suspirou e olhou para o chão.

- É aquele caso de novo... Não é?

- Sim. – Sussurrou. – Encontrei o assassino, mas ele fugiu.

Odette deixou cair no chão a caneta que girava nas mãos.

- Thereza! Você é louca! Enfrentou um assassino desses sozinha??!! – Gritou. - Já não conversamos que arriscar a vida não vai te levar a nada!!!

Suspirou.

- Odette, estou viva, não estou? Então está tudo bem. – Ela recomeçou quando a amiga abriu a boca para falar. – E além do mais, eu já o conheço há algum tempo.

- Serio? – A albina arregalou os olhos, aquilo era novidade.

- Sim, eu o conheci quando era pequena e nunca mais o vi.  – Ela pegou o celular. – E você vai me ajudar, a encontrá-lo. Preciso que rastreie as coordenadas do ultimo lugar onde esteve esse numero de celular. – Lhe passou o telefone. – Consegue fazer isso?

Odette pegou o V3 e riu.

- Você me ofende com essas tarefas ridículas, Tessa.

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Assim que Odette rastreou a localização do numero. Thereza correu pra a central a fim de se encontrar com Gary e contar-lhe as novidades.

- Gary! Gary! – Abriu a porta da sala do agente num estrondo fazendo-o pular da cadeira.

- Thereza! – Colocou a mão no peito e respirou fundo. – Um dia desses você ainda me mata, menina.

- Você não sabe o que eu consegui! – ignorou completamente o comentário do amigo.

- Espere, antes de qualquer coisa. Preciso falar uma coisa... Sente-se – Fez sinal para a cadeira.

- Gary, não podemos deixar para depois, o que tenho para dizer é muito importante!

- Agora, Tessa.

Ela bufou e se sentou de má vontade numa das duas cadeiras de fronte a mesa.

- Bem... – Começou. – Eu falei com sua mãe e... Ela e eu chegamos à conclusão de que é melhor para a sua saúde mental que tire umas férias.

Tessa arregalou os olhos, antes de se desatar a rir.

- Ah Gary, você é muito engraçado mesmo.

- Não é piada Thereza. – Disse serio, ela o encarou.

- Como?! Você está me afastando do caso! Depois de tudo o que eu fiz para que ele chegasse até aqui! – Se levantou furiosa. – Você não pode fazer isso Gary Thompson!

Ele se levantou também.

- Eu não só posso como eu farei! – Gritou.  – Meça suas palavras, agente Cook, ainda sou seu superior!

- Que espécie de superior tira a melhor agente do caso! – Ela apontou o indicador para ele.  – Se não fosse por mim, você não teria nem o NOME do assassino, e minha prima já estaria MORTA!

- JÁ CHEGA! – Bateu as mãos na mesa. – É minha decisão final, agora saia daqui antes que eu tome seu distintivo e sua arma!

A garota se assustou com essa reação. Saiu batendo a porta e evitou todos os olhares que lhe lançaram enquanto passava pelo corredor lotado de mesas.

Entrou no carro e tirou o papel do bolso no qual tinha as coordenadas da localização de Miguel. Agora estava no caminho certo, e mesmo que ele mudasse de lugar, Odette lhe avisaria, o celular de Miguel agora servia como um rastreador.

Gary era mesmo um idiota. Pensou.

Digitou as coordenadas no GPS do carro e sorriu ao ver o destino. O seu destino.

Ela com certeza tiraria longas férias.

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Seattle

27/12/2007

A previsão do tempo dizia que uma tempestade de neve se aproximava da cidade. O que de fato podia ser visto. O céu estava cheio de nuvens negras e pesadas.

Miguel corria pela floresta, fugindo de mais de cinco homens que o haviam surpreendido na estrada e tomado seu carro.

Pulou sobre um tronco oco, se escondeu atrás de uma arvore grossa.

- Onde ele está? – Perguntou um homem.

- Não sei, mas tenho certeza que estava aqui. – Disse outro.

Ouviu outros passos se aproximando e segurou as armas em punho. Inspirou o ar que parecia preso em seus pulmões e uma fumaça branca saiu de sua boca.

Ao sair do seu esconderijo, mirou em todos os cinco homens e atirou.

Homens conhecidos, homens que trabalhavam para Louis Bolevuc.

Miguel se aproximou de um deles, ainda estava vivo, e o segurou pelo colarinho.

- Por que Louis está atrás de mim? – Disse serio, mostrando superioridade.

- Ele tem medo de você. – Cuspiu sangue na camiseta de Miguel. – Sabe que se você for preso ira contar tudo o que sabe, e por isso... Quer matar você. – O semimorto sorriu. – E você vai acabar morrendo.

Foram suas ultimas palavras.

Miguel ouviu vários passos se aproximando. Ao que parecia os que havia matado não estavam sozinhos.

- Droga.

Levantou-se e saiu correndo.


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