Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 8
The ghost of you




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Carro de Dra. Miller

21/12/2007

- As coisas saíram do controle. – Miguel disse olhando a neve que batia com força na janela o carro.

- Eu percebi, se eu não tivesse chegado a tempo não quero nem pensar no que poderia ter acontecido. – ela parou no semáforo vermelho e o encarou. – Mas afinal, onde você está com a cabeça Miguel?! Uma policial! Não há outras garotas por ai para você poder ficar se engraçando?!

Ele deu um meio sorriso se lembrando de Tessa.

- Ela não vai me fazer nada.

- E como tem tanta certeza disso? – Perguntou arqueando uma sobrancelha.

Deu de ombros.

- Não tenho. – Falou calmamente, no fundo sabia que queria vê-la de novo, e isso, de todas as outras coisas, era o que mais o assustava.

Sarah suspirou, Miguel não tinha jeito mesmo, se voltou para a rua, o semáforo indicava que podiam partir.

- Para onde quer que eu te leve?

- Tenho que ir ao meu apartamento buscar umas coisas, depois vou pegar um táxi e ir ao aeroporto.

- Pode deixar que eu te levo.

Ele suspirou.

- Você é uma boa pessoa Sarah. Não é bom para você se apegar tanto a mim.

- Não me venha com lição de moral. Você faz o que quer e eu faço o que quero e pronto. – Falou autoritária dando ponto final as conversas.

Queria ter certeza de que ele entraria são e salvo no avião, pois ao que parecia nos EUA, ele não estava mais protegido.

- Certo. – Disse meio a contra gosto. Não estava acostumado com esse tipo de tratamento.

----------*----------------

Sarah estacionou na frente do apartamento de Miguel, ele desceu e prometeu que não tentaria fugir.

- Se você não voltar em quinze minutos eu subo. – Disse ela.

Ele concordou com a cabeça e entrou no prédio.

Pegou as chaves e abriu a porta de sua casa no décimo quinto andar. Tudo estava fechado, do mesmo jeito que ele havia deixado pensando que não voltaria a pisar naquele lugar.

Tudo muito calmo e silencioso, apenas um detalhe discreto chamou sua atenção.

Foi até a janela da sala, a cortina estava aberta. Mas Miguel tinha certeza de tê-la fechado.

Prendeu a respiração e levou a mão até a arma escondida dentro de sua jaqueta, caminhou lentamente até a porta do quarto que ficava de frente para a porta da cozinha, ambas afastadas por alguns metros.

Colocou a mão livre na maçaneta, se a pessoa que invadiu seu apartamento ainda estivesse ali, com certeza não viveria muito mais.

Tão logo fez menção em abrir a porta, um brilho cortou o ar passando a centímetros de seu rosto, seus olhos se arregalaram com a sensação de quase morte.

A adaga de metal que quase o matara havia se fincado num dos quadros de Thereza, estragando completamente a beleza da pintura.

Miguel retirou a adaga prateada da tela, analisou-a rapidamente, a lâmina parecia estar mais do que afiada. Era letal. E escrito em letras miúdas perto do cabo da arma, ele pode ler as letras B.R.

Boris Ruston.

O sangue fugiu de seu rosto. Teve que se obrigar a respirar, senão seu corpo não faria aquilo sozinho.

Ouviu passos abafados se aproximando lentamente. Não era preciso se virar, já sabia quem era.

- O que faz aqui?... Pai.

---------------*-------------------

Hospital Estadual de Chicago

21/12/2007

Todos os agentes que trabalhavam com Gary Thompson, estavam na recepção do hospital esperando noticiais do amigo.

- Vocês todos estão com Gary Thompson? – O médio apareceu com uma prancheta na mão e perguntou assustado.

- Sim estamos. – Thereza respondeu quase pulando em cima do medico, pensando em torturá-lo caso ele se negasse a dizer qualquer coisa. – Como ele está?

Ele ajeitou os óculos.

- Bem... Já retiramos a bala da perna e creio que ficara bem. No entanto o ferimento deixou seqüelas graves no osso e acho que ele não poderá se movimentar como antes.

Um murmúrio correu pela fila de pessoas atrás de Tessa, que encarava o médico assustada.

- Quer dizer... Que ele... Não vai mais andar??

- Não, não. – O médico corrigiu. – Vai sim, mas acho que vai precisar da ajuda de uma bengala ou algo do tipo. E não vai poder correr muito, colocamos uma prótese na perna para dar mais resistência, mais se forçar muito, ela não vai resistir e vamos precisar fazer uma nova cirurgia.

Ela suspirou, tentando se acalmar.

- Certo... Posso vê-lo?

- Claro, mas não fique muito tempo,ele precisa dormir.

Assentiu e correu para o quarto de Gary. Abriu a porta devagar, o agente mexia no celular.

- Gary!!

O grito inesperado de Tessa fez com que ele deixasse o aparelho cair no chão.

- O que é isso menina, quer me matar do coração??!!

- Gary, o que estava fazendo? – Ela pegou o celular. E viu o celular. – Mandando mensagens sobre um novo caso. O que aconteceu?

Suspirou.

- Roubaram uns documentos da casa da sua prima, parece que eram provas contra Bolevuc.

- Hmn... – Tessa assentiu, era esperado que esses documentos sumissem alguma hora. Colocou o celular numa mesa afastada de Gary.

- Ei! Não vai me devolver?

- Não. – Sentou-se na beirada da cama. – Você tem que descansar. O médico... – Não conseguiu completar, não sabia se era o melhor momento.

- Sim, ele já me disse. – Inspirou fundo. – Acho que está mesmo na hora de me aposentar.

- Não!

- Tessa, eu não vou poder ser um agente com essa perna.

- Você não precisa correr. Gary, precisamos de você coordenando as missões, precisamos de sua experiência.

- Aham – ironia. – E nos dois sabemos que foi minha “experiência” que me pôs nessa situação.

- Não fale assim! Você entrou daquele jeito por que sabia que algo podia acontecer comigo, e além do mais, o culpado de tudo isso é aquele idiota do Miguel que não sabe nem dar um tiro sem...

- Espere. O que disse?

Thereza automaticamente pôs as mãos na boca, havia falado demais. Gary franziu cenho.

- Thereza, como você sabe o nome do assassino?

Ela pensou em que desculpa poderia dar, mas não havia nenhuma. Jogou o celular em cima de Gary e caminhou rapidamente até a porta.

- Volte aqui! Não saia sem responder. Ainda sou seu superior! – ordenou enquanto ela abriu a porta e pôs parte do corpo para fora. – Vou tomar sua carteira, sabe que falo serio.

Começou a fechar a porta.

- É um amigo de infância. – Sussurrou.

E depois saiu evitando as outras perguntas de Gary, planejando seu próximo passo, tinha que encontrar Miguel. Só não sabia como.

-----------*-------------

Apartamento de Miguel

21/12/2007

O homem deveria ter o dobro do peso de Miguel, tinha uma barba grisalha espessa, um sorriso sarcástico e um par de olhos de gelo mais afiados que a lâmina de cada adaga que levava escondida nos bolsos internos do grande sobretudo.

- Miguel... Há quanto tempo, hã? – Sua risada fria encheu o ambiente. – Vejo que ainda se lembra do seu velho pai. Como tem passado?

Miguel segurou a adaga com firmeza em suas mãos apertou os olhos, não acreditava que aquele maldito havia voltado para assombrá-lo.

A raiva era visível em seu olhar quando se virou rapidamente para Boris e lançou a arma em sua direção.

O ruído de um vaso se partindo foi ouvido segundos depois, Boris estava com os olhos arregalados, um pequeno risco de sangue cortava sua bochecha. A adaga havia passado muito perto, mas seguiu seu caminho até a cozinha.

- Estou muito bem. – Disse frio.

Ruston riu após se recuperar do choque.

- Parece que você superou minhas expectativas. – Tirou um caderno de capa de couro da jaqueta e lançou-o no sofá. – Há mais três desses no seu armário. Conferi os nomes, estou realmente impressionado.

- Não me importa o que você pensa. Saia daqui, ou juro que vou enfiar uma bala nessa sua cabeça.

- Calma, garoto. Vim em missão de paz.

Miguel abriu um sorriso sarcástico igual ao do pai.

-Paz?

- Claro, preciso de você, tenho um trabalho, e não consigo fazer sozinho. – sorriu – É claro que pode ficar com metade do pagamento. Afinal eu te criei, sei que não vai fazer nada de graça.

Uma nova onda de raiva passou por Miguel.

- Não vou aceitar nada que venha de você.

- Ótimo, não quer o dinheiro, melhor pra mim. Mais saiba que vai fazer tudo o que eu mandar.

Desta vez foi a vez de Miguel rir, uma risada sem humor.

- Eu não sou mais o garotinho que seguia suas ordens Ruston. Não há nada que você possa fazer contra mim desta vez.

- Ah, não? – Caminhou até uma das telas e sorriu maldosamente para Miguel. – Lindos quadros, realmente, você puxou o dom para desenho que sua mãe tinha. -  O rosto de Miguel ficou pálido ao perceber o que se passava pela mente de Ruston. – Essa garota é muito bonita mesmo, seria uma pena se algo de ruim acontecesse com ela, não concorda?

Quase que por reflexo, Miguel sacou a arma e antes que pudesse atirar contra Boris, o mesmo jogou uma faca numa velocidade assustadora, o revolver foi atingido por ela e caiu das mãos de Miguel.

Boris deu uma chave de braço em Miguel e o empurrou para o chão, outra adaga afiada encostada levemente no pescoço de Miguel foi suficiente para manchar sua camisa com um fio de sangue.

- Agora entenda bem o que vai acontecer. – Ele estava sério – Você vai me ajudar com esse trabalho, caso contrário, tenha certeza que vou tirar tudo de você, especialmente aquela loirinha bonita dos quadros. – Sorriu maldosamente. - E ainda farei questão de mandar um vídeo dos últimos momentos dela com vida para que você não se esqueça de quem manda aqui.

Boris deu uns tapinhas no rosto de Miguel.

- Espero que tenha entendido, filhote.

- Seu desgraçado, se tocar nela eu juro que vou...

- Não, não vamos terminar esse encontro em família assim. Além do mais você não está em posição para ameaçar ninguém. – Riu e levantou-se indo até a porta. – E não saía do país, eu te ligo.

Fechou a porta

Miguel socou o chão com força. Devia ter matado Boris quando teve a chance,não devia ter fugido. Por que tinha que ter sido tão fraco?

E agora isso. Por que Thereza? Ele nunca se perdoaria se algo acontecesse a ela por sua causa. Nunca!


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