Remember Yesterday escrita por Shaarp


Capítulo 17
Capítulo 17 - Don't Get Me Wrong




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Ville Valo.

Ainda não havia parado para pensar no que aconteceria quando a Warped Tour acabasse. Eu sabia que teria de voltar pra minha casa, pra minha família, meus pais estavam me esperando, meu amigos estavam me esperando, tinha trancado a faculdade a qual estudei tanto apenas para poder cursar, não podia abandonar tudo aquilo por causa de uma garota que havia acabado de conhecer, por mais que estivesse adorando tê-la ao meu lado. Eu não pertencia àquele lugar, era assim que me sentia des de o começo, só estava de passagem, e se ao menos soubesse que me apegaria tanto à uma pessoa, não teria ao menos vindo.

Katherine Casay.

Eu percebi Ville ficar estranho após meu comentário, parecia perdido nos próprios pensamentos, ele certamente entendeu o que eu quiz lhe dizer, mas eu não conseguia descobrir no que o finlandês devia estar pensando, o que se passava em sua cabeça naquele momento, quando mudara de assunto e comaçara a falar de como queria que eu usasse aquele vestido tomara-que-caia branco em nosso suposto casamento na praia, aquela noite, de brincadeirinha, é claro. Eu estava farta de brincadeiras, será que Ville tinha sempre que estar jogando? Não podia simplesmente ser ele mesmo? Me mostrar seus sentimentos? Não posso reclamar. Eu amava a maneira como ele tornava tudo uma brincadeira, nunca parecia preocupado ou estressado com nada, mas àquele momento o que eu mais queria era ouví-lo falar sério, dizer o que passava por sua cabeça, o que sentia.

Não ouvi nada do que ele me dissera, friquei perdida em meus pensamentos, vendo ele falar algo e apenas concordando com a cabeça. O fato de ele estar mordendo o lábio inferior já me explicava que deveria estar falando alguma besteira. Fingi um bocejo, afirmando o que ele me perguntara com a cabeça e simplesmente lhe dei as costas, dando rumo à minha cama.

Devo ter dormido umas cinco horas, quando Ville se colocou ao meu lado na cama apertada e acabou por me acordar num arrepio quando pousara uma de suas mãos em minha cintura.

_Desculpe, não queria te acordar. -Estava sério e apreensivo. -Está muito apertado? Quer que eu saia pra você dormir melhor?

_Não, seu bobo. -Me virei para fitar seu rosto. Seus grandes olhos verdes-água acompanhados de olheiras me olhavam profundos, sua pele branca dava contraste á seus lábios avermelhados que se prensavam uns aos outros, como quem espera para dizer algo que ainda não sabe o que é. Ele era tão lindo, me fazia tão bem olhá-lo nos olhos e sentir que me correspondia que já havia esquecido o que queria falar, estava com os pensamentos perdidos, apenas dando atenção à cada detalhe daquele rosto em frente ao meu.

_Então eu posso ficar? -Sorriu-me tímido.

_Sim. -Abaixei os olhos e o abracei, colocando minha cabeça entre seu peito e ouvindo sua respiração.

Ficamos alguns minutos em silêncio até que o garoto respirou fundo e começou: _Eu andei pensando no que você disse... Em nós dois. -Deu uma pausa, esperando uma resposta minha.

_Sim?

_Eu não sei como te dizer... Mas... -Chegara a gaguejar por um instante, então tomei a liberdade de falar por ele. Se ele não conseguia colocar em palavras o que sentia, eu colocaria.

_Eu sei. -Levantei a cabeça e fitei seus olhos. -Você tem que voltar pra sua casa, pra sua família, toda sua vida está lá, na Finlândia, não aqui, eu te entendo.

Ville soltou o ar que segurava enquanto eu falava, fechou os olhos com prazer, como se o peso de um piano lhe saísse das costas. _Que bom. Você me entende. -Me apertou contra seu corpo. -Mas... Não queria partir, eu gosto muito de você, e... Se eu for, não sei quando nos veremos novamente. -Pausou, como se medisse casa palavra que lhe saía pela boca. -Me diga: Você sente o mesmo? Sente que isso que está acontecendo estre nós merece uma atenção especial? Veja, não estou te pedindo pra ter certeza, somos tão jovens e...

Eu o cortei.

_Porque está perguntando isso?

Ele deu uma pausa e respirou fundo, parecendo tomar certa coragem.

_Sweetheart, pode parecer rômantico e fantasioso de mais, você pode me chamar de bicha depois do que eu disser. -Ele sorriu consigo mesmo. -Digamos que você sinta algo realmente especial por mim, e tenha certeza de que essa relação não será apenas passageira. É uma hipótese, okay? Não estou querendo afirmar nada por você. Mas digamos que seja assim, então eu vou pra casa, e volto, pra ficar com você.

Senti meu coração parar enquanto ele continuava a falar.

_Eu tenho um dinheiro guardado, sabe... Se vender meu apartamento em Helsink posso até comprar uma casa por aqui, não me importaria, eu gosto de você, gosto dos novos amigos que fiz aqui, poderia sim ficar à um oceano de distância de minha terra natal. Você está entendo aonde quero chegar?

Gaguejei. _S-Sim. -Respirei fundo, não sabia como o responderia. -Você não acha isso... meio... Estravagante de mais? É uma decisão muito importante, eu não quero acabar te pedindo pra mudar de país, eu não sei como as coisas vão ser daqui à três dias, entende? Não posso te fazer vir morar aqui, abandonar tudo o que tem lá, sem acabar me sentindo... Presa à você. Entende? Eu vou acabar me sentindo obrigada a ficar junto de você, alias, você deixou tudo que conhecia por mim, eu não quero isso, não agora, é muita pressão pra mim. É como se assinassemos os papeis do casamento e... Eu nem te conheço!

Ville abaixou os olhos, talvez eu tenha falado de maneira errada, eu poderia ter tentado ser mais... Sensata.

Mas ele simplesmente me sorriu. _Eu sei, eu falei da boca pra fora, deixe pra lá. É muito exagero da minha parte, querer que você decida por mim uma coisa tão importante. Você está certa, talvez tudo o que tenhamos aqui seja um sentimento passageiro, por mais que seja forte, ao menos para mim, não é o suficiente pra querer decidir meu futuro... Eu só estou meio abobalhado com tudo que aconteceu entre nós, estou meio cego, sabe? Tudo com você é novo pra mim, não tinha me envolvido assim antes. -Ele dizia sorrindo, mas sua voz trêmula não me enganava. Eu também nunca me senti assim em relação à outra pessoa, tive vontade de lhe dizer. -Eu vou... -parou para pensar no que diria, seus olhos rodaram o cúbiculo acolchoado. -Eu vou comer alguma coisa... Hãn, quer que eu traga algo pra você?

_Não estou com fome. Obrigada. -Lhe sorri. Na verdade estava faminta, mas aquele momento era muito constrangedor, não sabia como agir, nem o que lhe dizer, queria confortá-lo, explicá-lo o quanto estava perdidamente apaixonada por ele, mas não conseguia que essas palavras saíssem de minha boca, e quando menos percebi, o garoto havia partido, só me sobraram os sons abafados de seus pés descalços atravessando o corredor.

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Don't Get Me Wrong _ The Pretenders


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