From Me To You escrita por Estel


Capítulo 8
Capítulo 8 - Conselho.


Notas iniciais do capítulo

Ooolá, leitores queridos!
Agradeço de coração pelos reviews, depois respondo cada um ^^
Bah, vamos logo terminar com isso que eu sei que o que vocês querem é o capítulo, HAHA!



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Era realmente irônico. E ridículo. Eu precisei chegar à casa dos 20 e tantos anos para finalmente poder sofrer aquela desilusão romântica juvenil.

                Como se eu fosse um completo novato em relacionamentos. RÁ.

                Minhas ex-namoradas deviam estar comemorando horrores.

                Senti todos os sintomas: falta de fome, vontade de ficar jogado na cama o dia inteiro de pijama, e de preferência sem tomar banho... Se não fosse pelo Wei, se eu fosse jogado na rua poderia facilmente me misturar com os mendigos. Tudo isso regado pela trilha sonora dos hits no mais estilo fossa do século. Era só começar a tocar “Always” do Bon Jovi que eu começava a chorar feito um bebezão.

                É por isso que eu digo: amor é uma merda. Te torna justamente no ser patético que você tanto odeia e tenta evitar. Meu senso de autocrítica, tão eficaz em tempos que já me pareciam remotos, simplesmente falhou e me deu adeus, me deixando sozinho à mercê de todos aqueles sentimentos perigosos. Eu quase podia sentir o momento em que sairia atrás dela e faria uma grande besteira, o que selaria para sempre seu ódio por mim. Mas graças a Deus esse momento nunca aconteceu. Talvez eu estivesse entorpecido demais para de fato ir à ação. Porque a única coisa que parecia vir à minha mente eram aquelas velhas lembranças de quando éramos amigos, de como ela se empolgava facilmente com as coisas e seus olhos verdes vibravam junto, de seus freqüentes tropeções e de seu rosto envergonhado quando dormia demais e acabava se atrasando. Até mesmo aquelas não muito felizes memórias de como ela ficava distante quando via o Tsukishiro me pareciam agora estranhamente graciosas.

                Porque tudo nela era gracioso para mim.

                Mas por mais que eu quisesse sofrer sozinho no meu quarto por toda a eternidade, segunda-feira chegou rápido, e com ela meu trabalho. Era praticamente um convite ao suicídio.

                Fico imaginando qual tipo de farra a Yamamoto-san pensou que eu tinha ido quando viu em que estado eu cheguei ao escritório. Gostaria de ter tirado uma fotografia para o resto da eternidade da cara de pavor que ela fez.

                - L-L-Li-san! O que aconteceu com você? Oh, Deus, vou buscar um café, só um minuto!

                Sentei-me em minha cadeira e olhei pela janela. Sentia-me completamente vazio, um tronco de árvore oco. De repente, me senti extremamente cansado, como um velho de oitenta anos sentindo um peso nas suas costas que o obriga a se curvar. Eu nunca pensei que amar pudesse ser um fardo tão grande. Se eu soubesse, teria dado maior importância a isso, e claro, evitá-lo ao máximo. O problema é que a gente nunca sabe das coisas antes de experimentá-las. Que cruel.

                - Li-san? – Yamamoto-san me tirou de meus devaneios – Aqui seu café – e o colocou em cima da minha mesa – Está tudo bem? Parece meio abatido.

                - Obrigado pela preocupação e pelo café, Yamamoto-san. Mas está tudo bem.

                Ela não pareceu muito satisfeita com a minha resposta. Enquanto tomava um gole do café, que estava divino como sempre, pude ver que ela franziu levemente as sobrancelhas e apertou os lábios. É sempre um mau sinal quando sua boca se torna apenas uma linha, pude aprender isso com o tempo.

                - Eu sei que não faz parte das minhas obrigações lhe dizer isto, muito menos educado de minha parte me intrometer em sua vida, mas Li-san – e olhou dramaticamente para mim – não pode continuar com essa vida de festanças. Olhe só para você, acabado, com a barba por fazer... Aposto que nem se olhou no espelho hoje! E você é tão jovem, ainda por cima um herdeiro! Não pode se dar a esses luxos. Imagine se chega nesse estado a uma reunião internacional decisiva...

                - Yamamoto-san – cortei-a suavemente – Isso não tem absolutamente nada a ver com festas. Não vivo na farra como a senhora imagina.

                - Ah... Não? – perguntou meio sem jeito.

                - Não mesmo...

                - Então está doente? Porque não é bom vir trabalhar tão mal assim.

                - Também não, Yamamoto-san – tentei disfarçar a leve irritação em minha voz.

                - Só pode ser mulher, então – ela disse assim, na lata. Juro que me engasguei com o restinho do precioso café.

                - O q... Como assim? – não sabia que além de suas habilidades cafeísticas ela também tinha poderes psíquicos. Quer dizer, é muito injusto, não?

                Mas ela só riu da minha cara de perplexidade, como se fosse a reação mais normal do mundo. Algo me dizia que ela tinha uma vasta experiência nesse tipo de assunto, mas deixei as perguntas para depois, não seria muito educado fazê-las a uma senhora já de meia-idade.

                - Meu jovem senhor Li, é tão fácil entender os problemas dos homens. Em geral, eles se resumem a três: dinheiro, bebida e mulher. Claro que existem também outros, como carros e esportes, mas pode acreditar, em geral é algum desses três. Mas o mais devastador é sem dúvida quando se trata de mulher.

                - Ah, é? – perguntei com interesse já renovado – Por quê?

                Mais uma gargalhada dada com gosto. Ela obviamente adorava esse assunto.

                - Porque vocês homens são tão bobinhos – ênfase no tão.

                Soltei um muxoxo meio indignado, meio resignado. Quer dizer, eu não podia negar, podia? Além do mais, ela claramente sabia do que estava falando. Devia ter partido muitos corações quando ainda era um broto legal.

                - Pode acreditar que é verdade. Até o mais autoconfiante dos homens vira um ratinho quando encontra o amor de verdade. Isso porque enquanto as mulheres são programadas para sofrer, porém com a perspectiva de um final feliz, os homens são programados para vencer, ser o mais forte e blablablá. Não sabem lidar com a recusa de uma mulher. Aí o mundo simplesmente acaba. Mas para as mulheres é diferente: se não tem sofrimento, não merece o prêmio.

               A essa altura ela já estava completamente à vontade na cadeira em frente à minha mesa, se servindo dos próprios biscoitos que havia colocado sobre a mesa, enquanto falava alegremente sobre como os homens eram estúpidos e as mulheres mais bem preparadas. Era uma conversa totalmente atípica e inesperada, e deveríamos estar trabalhando. Porém me lembrei de uma frase que tinha ouvido falar já há muito tempo, de que as melhores conversas são sempre as mais inesperadas. E, pra falar a verdade, eu estava me divertindo um bocado.

                - Como assim, as mulheres são programadas para sofrer?

                - Você nunca viu nenhum filme da Disney? Deus sabe quantos eu assisti com meus filhos. Existem vários exemplos, como a Cinderella, que era empregada doméstica antes de virar princesa, a Branca de Neve, que comeu o pão que o diabo amassou com a madrasta. Até Rei Leão serve pra engrossar a lista. – então me olhou por cima de seus óculos pequenos – Mas quem é a garota da vez?

                - Argh. Longa história. Mesmo. Desde o ensino médio.

                - Não se preocupe, adoro histórias longas.

                Então contei. Tudo. Tudo mesmo. De como eu e a Sakura éramos melhores amigos, até que a Sakura ficou depressiva e ficava me evitando, até deixar de falar comigo quando comecei a namorar a Miku. De minhas várias namoradas (esse ponto já não era exatamente novidade, mas a Yamamoto-san me disse que pelos boatos a lista era bem maior. Preferi não me aprofundar no assunto depois dessa). De como apenas a reencontrei naquela primavera e do nosso desastroso esbarrão em sua cidade natal. Da Daidouji-san e seu apoio silencioso. E do show que tornou a minha vida um inferno.

                Enquanto falava, percebi o quão patética era a minha vida. E fiquei morrendo de vergonha, porque a “longa história” na verdade se resumia a dez minutos. Deprimente.

                Mas Yamamoto-san era uma boa ouvinte. Fazia comentários na hora certa e não ficava me interrompendo. Fiquei agradecido por ela me ouvir, mesmo. Depois que eu terminei ela ficou um tempo em silêncio, talvez procurando a melhor frase a ser dita.

                - Li-san, acho que seu problema mesmo foi e é a falta de comunicação. Problema dos dois, aliás. Ao invés de conversarem, vocês brigam. E isso porque um fica tentando imaginar o que o outro está pensando. E, obviamente, ela seguiu adiante com sua vida.

                Eu disse alguma coisa muito inteligente dessa vez. Acho que foi um “ah”. Na verdade, eu estava bem chocado. Simplificando o que a Yamamoto-san disse, eu e a Sakura somos infantis e ela não precisa mais de mim. Muito animador.

                Mas Yamamoto-san deu uma risadinha. Olhei para ela.

                - Eu não terminei de falar, Li-san. Acho que ao invés de “seguir adiante” seria melhor “tentou seguir adiante”. Uma pessoa que conseguiu se desvencilhar de outra completamente não tem receios em vê-la de novo. Mas quando viu você, ela agiu como se você tivesse batido na avó dela – soltei um resmungo em concordância – Talvez, eu disse talvez, você ainda tenha alguma chance com ela.

                Sério, eu quase beijei aquela senhora que tanto costuma salvar a minha vida. Mas como ela era uma senhora de família e tal, resolvi ficar na minha.

                E, ok, matamos umas duas horas do expediente jogando conversa fora, mas quem se importa? Acho que foram as duas horas mais produtivas desde que eu coloquei meus pés naquele prédio.


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Notas finais do capítulo

Yamamoto-san para a VIDA o/
Quando criei a senhorinha que ia ser a secretária do Syao, não imaginava que ela pudesse ser tão... Legal!!!
Ela é uma filha muito boa, cresceu e se desenvolveu muito bem sozinha *orgulho* HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHA

Gostaram do Syao sofrendo? Eu fiquei com peninha...
Mentira, eu ADORO!!! HAHA
Pelo menos, como ele mesmo disse, deixou de ser playboy ;D

Reviews? Hã? Hã?