From Me To You escrita por Estel


Capítulo 6
Capítulo 6 – Chance.




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Era bom ter a minha vida de volta. Nunca pensei que fosse tão bom continuar com a minha rotina de sempre sem nenhuma, hum, preocupação para atrapalhar com meus planos. Apenas eu e o computador na minha frente. O que mais eu poderia querer?

                Mas o destino nunca foi muito com a minha cara. Ah, não. Esse cara realmente gosta de atrapalhar a minha vida, e parece ter muitos planos para isso. E com certeza um de seus aliados favoritos atendia pelo nome de Tomoyo Daidouji. É, ela mesma.

                Pois até numa inocente pausa no trabalho para tomar um café na esquina eles me perseguem. Mal me sentei num canto e aparece essa que mais parece uma assombração na minha vida na minha frente, com cara de quem comeu e definitivamente detestou.

                - Por que é que você sempre faz tudo errado? – perguntou numa voz ameaçadora, totalmente não típica dela.

                - Boa tarde pra você também, Daidouji – não interessava o que ela queria comigo, eu não daria a menor importância. Porque realmente não importava. Ela respirou fundo, como que buscando paciência.

                - Boa tarde, Li-san. – pausa teatral – Agora, por que você faz tudo errado?

                - Defina o que seria “fazer certo” – tomei um gole do meu café. Se ela queria brincar, então tudo bem.

                - Definitivamente não seria você ir correndo pra Tomoeda para vê-la e depois implicar com ela – ela estava bufando. Isso não atrai pretendentes, se ela queria mesmo casar.

                - Primeiro: eu nem sabia que ela estava lá... – mas fui interrompido bruscamente.

                - Ah, não! Imagina! Porque seria totalmente estranho uma pessoa ir ver sua família no feriado nacional! – mas por que é que ela estava tão irritada? Quer dizer, quem foi tratado feito lixo fui eu, certo?

                - Segundo, – continuei como se não tivesse ouvido – ela que esbarrou em mim e tombou todo o café. Eu não fiz absolutamente nada. Aliás, por que se importa tanto? Isso tudo já é passado, não precisa ficar remexendo.

                Devo dizer que nesse momento Daidouji ficou quase roxa de tão vermelha. Ela claramente não queria que esse ponto fosse tocado. Mas por alguma razão ela se achava no completo direito de se meter na minha vida, e eu no mínimo queria uma explicação.

                - Li! Não me diga que desistiu dela?

                Quase me engasguei. Quase.

                - Desisti de quem?

                - Não me olhe assim! Você sabe muito bem do que eu estou falando! – ela aumentava cada vez mais o tom de voz. Algumas pessoas já estavam olhando para nós.

                - Não, não sei – respondi baixinho, para ver se ela se tocava do que estava fazendo. Felizmente percebeu e respondeu também mais baixo.

                - Li-san, não adianta se fazer de desentendido. Todo mundo sabe que você sempre foi louco pela Sakura – era impressão minha, ou havia um certo desdém nas palavras dela? Era pior que isso: era uma acusação. E a meu ver, completamente infundada.

                - Você não sabe do que está falando.

                Ela estava louca. Simplesmente supôs que eu era apaixonado pela Sakura e se achou no direito de interferir na minha vida como quisesse. Ao invés de se preocupar com sua própria vida e tentar arranjar um noivo, que é o que todas as filhinhas fazem, simplesmente tentou dar uma de cupido pra cima de mim. Imagino que seja realmente muito divertido ver os outros levando uma patada depois da outra. Ela e seu amigo íntimo, o Destino, devem rir horrores às minhas custas.

                - Sei, sim – e respirou bem fundo para continuar – se não estivesse, por que se deu o trabalho de perguntar tão descaradamente se ela estava bem? Por que não a esqueceu? Por que a procurou depois de tanto tempo?

                 Ah, como é lindo o tapa na cara da verdade. Chega a ser poético de tão dolorido. E muito gratificante para quem o lança, pois a Daidouji estava com aquele sorriso presunçoso que eu acho que ela guarda especialmente para mim, seu mais divertido brinquedo. Essa garota deve gostar muito de marionetes, mas é só um palpite.

                Mas não foi nada divertido para mim. Na verdade, me senti um completo idiota. Porque aquilo dolorosamente fazia sentido, e eu nem ao menos consegui me dar conta do que estava acontecendo sozinho. Não, eu havia sido cego e burro o bastante para nem ao menos cogitar essa hipótese, agindo feito um babaca descerebrado que eu claramente sou. Todos perceberam, menos eu. Pior, muito provavelmente Sakura também já tinha se dado conta.

                Sério, deveria haver um limite para burrice. Mas revendo toda a trajetória da minha vida, eu já passei esse limite há muito, muito tempo.

                - Li-san? – a voz de Daidouji estava em seu tom normal, baixo e sereno. Ergui meus olhos da xícara. Ah, seria pena em seus olhos? – Me desculpe, eu não sabi...

                - Relaxa, Daidouji – senti um gosto levemente amargo em minha boca – o único que aparentemente não sabia de nada aqui era eu.

                Silêncio. Não havia mais nada a falar. Não queríamos falar. Já era muito ruim um ter que ficar olhando a cara do outro. Mas o silêncio já estava ficando sepulcral demais, e aquela cara de arrependimento dela já estava me deixando com um peso na consciência.

                - Você não veio aqui para me deixar a par dos meus sentimentos, provavelmente.

                - Quê? Ah, sim. Na verdade, Li-san, eu vim aqui pra te entregar um convite – respondeu um pouco sobressaltada. Parecia um pouco constrangida com a situação, mas eu não podia culpá-la por isso.

                - Convite? Pra que? – não conseguia imaginar aonde ela queria chegar com aquilo.

                - Bem, é que amanhã à noite vai ter um show fechado de uma banda que está fazendo bastante sucesso agora, e a Sakura vai para cobri-lo. É uma boa oportunidade para você conseguir consertar as coisas, não acha? – e sorriu de leve.

                Olhei para o convite que ela tinha colocado em cima da mesa. Midnight Sun, uh. Não parecia ser uma má idéia. Afinal, não havia como a Sakura me olhar com piores olhos do que já me olhava, certo? Mas uma coisa ainda estava me incomodando. A pergunta que a Daidouji não me respondeu.

                - É, não custa nada ir... – respondi enfim – Mas Daidouji, por que você se importa tanto com isso?

                Ela corou de novo. Parecia totalmente sem jeito enquanto se encolhia em sua cadeira. Mas não dava sinais de estar tentando mudar de assunto. Ela estava escolhendo as melhores palavras a serem ditas. Senti-me meio culpado por ter sido tão duro com ela. Mesmo que em certos momentos ela me assustasse, claramente não fazia isso por mal. Da próxima vez vou apresentá-la a caras legais.

                Ok, talvez não.

                -Sabe, Li-san, às vezes uma coisa parece ser tão certa que você acaba desejando muito que ela aconteça. Tanto que você faz de tudo a seu alcance para que ela se realize. É por isso que eu me importo tanto.         

                O rosto dela pegava fogo de tão vermelho, mas em nenhum momento ela desviou os olhos de mim. Fiquei um pouco surpreso com as suas palavras, mas ao mesmo tempo senti uma sensação quente em meu peito, e era reconfortante. Ela era mesmo uma boa garota.

                - Daidouji?

                - Sim?

                - Obrigado.


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Notas finais do capítulo

Postando rapidinho na correria de final de período T.T
Sério, isso não é vida D:


Um pouquinho de Tomoyo pra vocês ^^


Quanto ao capítulo anterior, bem, eu já sabia que muita gente não ia gostar, mas mesmo assim eu não pude deixar de colocar aquela situação. Por que? Bem, porque é isso mesmo que acontece. E isso não tem simplesmente NADA a ver com o caráter da pessoa, como vocês verão (:

Muito obrigada pelos reviews, é muito bom saber que vocês realmente aderiram ao MNRSL ;D