From Me To You escrita por Estel


Capítulo 1
Capítulo 1- Sakura. (Introdução)


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem :3
É a minha primeira fanfic SyaoSaku, então leiam com carinho e sejam sinceros!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/101328/chapter/1

“Nossa, que dia estranho...”, foi o que eu pensei quando acordei naquela manhã. Estava pavorosamente frio, só de pensar em ter que sair para ir para a escola já me deixava extremamente cansado. De repente a minha cama me pareceu o lugar mais acolhedor do mundo... Não. Não posso demonstrar fraquezas. A mente domina o corpo. Além disso, se eu não fosse capaz de sair de casa, aquela lá estaria praticamente hibernando. Mesmo com esse frio desgraçado, o sol está lá brilhando. O sol ainda está brilhando...

                - Bom dia, Syaoran-bocchama.

                Não importa quanto tempo passe, Wei é sempre o mesmo. Trabalha há tanto tempo para a minha família que não consigo nem dizer quando de fato o conheci. Talvez desde sempre... Isso é assustador. Talvez o tenham mumificado, ou tome uma dose de formol todos os dias... Brincadeira.

                Na verdade, é bom saber que tem sempre alguém do meu lado, não importa o que aconteça. E com o Wei é assim. Ele me conhece tanto que é impossível mentir pra ele. É quase como se ele pudesse ler a minha mente. Será que é possível conhecer alguém tão bem assim? Ah, é. É possível sim...

                - É melhor se apressar, ou a senhorita Kinomoto não vai nem acordar hoje. - disse levemente enquanto eu terminava meu café. Gemi baixinho. Era 100% verdade.

                Peguei a minha bicicleta e fui em direção à casa dela. Hoje não era dia para caminhadas, apesar de não morarmos muito longe da escola.

                Desde que me mudei para o Japão, há uns 5 anos, Sakura tem sido uma constante na minha vida. De alguma forma, tudo o que eu faço acaba tendo alguma coisa a ver com ela, voluntária ou involuntariamente. Pelo menos até agora isso não tem se mostrado algo ruim, o que já considero alguma coisa. Mas mesmo com todo esse tempo, ainda não consegui definir a minha relação com ela. E é isso o que me preocupa.

                 Não, não estamos namorando ou algo do tipo. Mas muito menos consigo enquadrar isso como amizade. Quer dizer, que tipo de amigo tem que acordar o outro praticamente todos os dias? No mínimo deve existir um limite para essas coisas...

                 É, a Sakura realmente dorme muito. Sempre. Acho que ela tem anemia, ou algo do tipo. Só sei que chegar atrasada nos lugares é o normal pra ela, geralmente a surpresa é quando ela chega na hora. Quando chega antes perguntam se ela está doente. Mas quando ela quer surpreender mesmo chega na hora E não se esquece de nada. Acho que só vi isso duas vezes na vida. Não se pode exigir muito dela, tadinha.

                 Parei a bicicleta na frente do portão dela, sete e quarenta e cinco em ponto. Atravessei o pequeno jardim e toquei a campainha. Como sempre, o irmão mais velho dela, Touya,  atendeu a porta. E como sempre, foi gentil e pediu para eu entrar, que a Sakura já estava quase pronta e que era para eu pegar um pedaço de bolo. NÃO.

                 - Moleque? Quê que cê tá fazendo aqui? – é, o Touya nunca foi muito com a minha cara.

                 - Ahn, buscar a Sakura, como sempre? – dã.

                 - A monstrenga não te avisou? Acordou cedo e saiu há uns quinze minutos atrás. Deve estar doente...  – então a feição do demônio mudou – ou vai ver que quer mesmo é te dar um gelo. Já tava na hora de fazer alguma coisa inteligente e parar de andar com você pra cima e pra baixo...

                 - Ah, tá. Vai ver se esqueceu alguma coisa lá. – não ia deixar ele dar uma de superior pra cima de mim - Hum... Tô sentindo um cheirinho de queimado...

                 - Ah, merda! – e vi Touya sair correndo para a cozinha. Bem feito, babaca.

                 - Bom dia pra você também! – e saí com a minha bicicleta.

                 - Ah, seu moleque! – claro que não tinha nada queimando. Mas adoro ver o demo nervoso. Também é legal deixá-lo falando sozinho.

                 Mas realmente não era normal a Sakura ir sozinha para a escola. Principalmente tão cedo. Com certeza ela estava preocupada com alguma coisa. Então segui sozinho para a escola, pensando no que poderia ter acontecido.

                 Sakura estava no seu lugar de sempre quando entrei na sala, sentada na cadeira em frente à minha mesa. Estava completamente concentrada na paisagem que se via através da janela, tanto que nem percebeu a minha presença quando cheguei mais perto.

                 Era estranho olhar a Sakura. Não que ela fosse absurdamente linda, muito menos feia. Mas ela simplesmente passava uma aura de alguém que precisava ser protegido. Claro que todo mundo mudava de idéia quando a via brava pela primeira vez, mas ela tinha aquela pele branca, quase como porcelana, e aqueles olhos desconcertantemente verdes, como duas esmeraldas absurdamente polidas. Não gosto de ficar admitindo isso por aí, mas são realmente impressionantes.

                 - Sakura? Você tá bem? – cheguei mais perto.

                 - Ah, Syaoran. Desculpe, acabei acordando cedo demais e vim pra cá sem te avisar – respondeu, mas parecia estar em outro mundo.

                 - Você tá realmente bem? – perguntei, dessa vez realmente preocupado, tanto que coloquei a minha mão na testa dela para ver se estava quente. Sakura não me empurrou para o lado, como normalmente faria, mas forçou um sorriso, como se estivesse sofrendo, e corou levemente. Sakura nunca corava quando eu encostava nela. Preferi ignorar e continuar. – Você que sabe. Mas se quiser conversar...

                 - Eu sei que você vai me ouvir – completou, dessa vez parecendo sorrir de verdade.

                 Mesmo assim, Sakura não me falou nada. Parecia que estava me evitando. Desculpe,

 não parecia, ela estava de fato me evitando. Na hora do intervalo, ao invés de ir almoçar comigo e com a Daidouji, a melhor amiga dela, simplesmente seguiu sozinha para o terraço, mesmo fazendo aquele frio polar lá fora. Tentei sondar a Daidouji para ver se ela sabia de algo, mas ela também pareceu não saber nada, mas não sei se podia confiar de fato nela. Já vi a garota atuar, e na minha humilde opinião era digno de Oscar. É praticamente impossível saber se ela está falando a verdade ou mentindo, e se tratando de Sakura ela era capaz de qualquer coisa.

                 Foi assim a semana inteira, se isolando no terraço e me evitando. A Daidouji continuava a dizer que não sabia de nada, e cada vez mais eu tinha certeza que ela sabia de tudo. Isso já estava me deixando irritado, se ela estava chateada com alguma coisa era só falar comigo! A situação estava tão visível que até o Hiiragizawa veio me perguntar o que estava acontecendo. E eu nem ao menos pude responder.

                 Eriol Hiiragizawa é a pessoa mais próxima de amigo que eu tenho, sem contar a Sakura, lógico. A família dele tem negócios com a minha, o que significa que o conheço há  muito tempo e continuarei a vê-lo por ainda muito mais tempo. Não que nós tenhamos uma grande afinidade assim, na verdade ele é bem intrometido quando quer e sabe dar uma de superior, mas com o tempo a gente aprendeu a conviver, ou seja, ele se mete menos o possível na minha vida e eu na dele, simples assim. Mas até ele percebe quando tem algo realmente errado, e quando isso acontece ele realmente gosta de interferir. Principalmente quando é algo entre mim e a Sakura.

                 - Syaoran, vem aqui! – ele me chamou no corredor, no final do intervalo da sexta-feira.

                 - Hm, que foi? – perguntei totalmente desinteressado. Um dos segredos para um bom relacionamento com o Hiiragizawa é não dar muita importância ao que ele diz, assim ele pára de se meter tanto na sua vida. Claro que a Sakura é a única que ainda não descobriu isso.

                 - A Kinomoto. Tem algo errado. Não está rindo por aí, nem conversando com alguém. Também não tem chegado atrasada, não cai mais, nem quebrou nada até agora.- verdade, verdade, verdade, verdade e verdade. Droga, ele deve estar realmente empolgado com isso. Não vou me livrar tão cedo.

                 - Tá. E daí? – talvez a tática ainda dê certo.

                 - Syaoran. A sua obtusidade realmente me irrita – ele realmente não vai desistir – O que deu nela?

                 - Não sei! - olha que eu nem menti – Ficou assim do nada e agora não fala comigo. Nem a Daidouji abriu a boca...

                 - Geralmente a Daidouji fala quando é algo que ajude a Kinomoto – Hiiragizawa estava realmente feliz, adora resolver os problemas dos outros, e no momento estava com aquela cara de Sherlock Holmes tentando resolver um enigma. É muita falta do que fazer – vou ver o que posso fazer, afinal, o problema pode ser com você mesmo.- terminou com um sorriso, mas daqueles que você sabe que na verdade estão te acusando.

                 - Certo – não ia discutir com ele – tenho que voltar pra sala. A gente se vê por aí.

                 - Pode ter certeza...

 

                 Quando cheguei na sala, Sakura estava na sua mesa lendo um livro. Ela nunca lia no intervalo, ficava sempre rodeada de amigas tagarelando e rindo. Passei do lado dela e nada. De alguma forma aquilo realmente me aborreceu. Desde quando ela podia me ignorar por tanto tempo e não me explicar nada?!

                 - Hey, Sakura.

                 - ...

                 - Eu sei que você me ouviu, então me responde! Você me deve ao menos isso.

                 Ela fechou o livro e vagarosamente virou para trás.

                 - O que foi, Syaoran? – perguntou com uma voz cansada.

                 - “O que foi?” digo eu! O que aconteceu dessa vez, hein?

                 Sakura baixou os olhos. Ela nem sequer me encarava! Aliás, aqueles olhos que sempre cintilavam estavam totalmente opacos, sem luz nenhuma.

                 - Sakura olhe para mim – ela levantou de novo o rosto – nos meus olhos. – e ela contrariadamente me olhou de fato – Agora pode me falar?

                 - Não é nada.

                 - Se não fosse nada você não estaria aí isolada!

                 - Qual o problema de querer ficar um pouco sozinha, hein? – respondeu, elevando um pouco a voz.

                 - Nenhum, quando “um pouco” não significa uma semana e sozinha não significa me ignorar! - respondi também levantando o tom.

                 - Não estou te ignorando...

                 - Ah, não? – não tinha como não ser sarcástico. De alguma forma Sakura pareceu ficar sem palavras.

                 - Olha, não é bem assim... – parecia que ela ia chorar – Escuta, me encontre no terraço depois da aula, não quero falar sobre isso aqui.

                 Olhei pra ela estupefato. Aquilo estava mais do que estranho, mas mesmo assim concordei em ir. Afinal, já tinha uma certa noção do que poderia ter causado aquele comportamento anormal dela. Aliás, a única explicação possível para mim, e a mesma de sempre. Como eu sou idiota.

                 Ao final das aulas, com o soar do sinal, Sakura praticamente saiu correndo da sala. Sem dúvida alguma foi ao terraço. Aquele pensamento por algum motivo me deprimia, como uma má intuição, mesmo que sexto sentido seja papo de mulher. Peguei a minha mochila e fui lentamente para a escada de acesso ao terraço, pensando em mil formas de não tornar a situação pior do que já era.

                 Abri a porta, um vento cortante passou pelo meu corpo. Por que diabos um lugar tão frio? Mesmo assim, como durante a semana toda, o sol continuava a brilhar estranhamente, com seus raios desprovidos de calor. Sakura estava apoiada na grade olhando para o pátio, era uma visão ao mesmo tempo bonita e triste, e eu não cansava de olhá-la, com seus cabelos curtos e claros dançando ao vento. Merda, o que eu estava pensando? Foco!

                 - Sakura? – ao ouvir eu chamar seu nome, ela girou levemente a cabeça em minha direção, e ao me ver fez um pequeno sinal. Aproveitei para aproximar-me, encostando também na grade para olhar a paisagem abaixo – Você anda estranha.

                 - Por que acha isso? – ela só podia estar brincando.

                 - Ah, por que será... Talvez por não acordar tarde e chegar atrasada, por ficar andando sozinha por aí, não tropeçar mais... Será que eu me esqueci de alguma coisa? Ah, é, e me evitar.

                 Sakura apoiou a cabeça nos braços e não me respondeu. Não havia contra-argumentos. De repente me senti um pouco culpado por ficar exigindo tanto dela quando ela claramente não estava em condições para isso.

                 - Me desculpe... Acho que exagerei.

                 - Não, você está certo – a voz dela pareceu um pouco mais segura dessa vez – eu realmente andei te evitando esses dias e você não fez nada. Desculpe – pela primeira vez ela realmente olhou nos meus olhos. Com isso fiquei um pouco mais confiante para perguntar o que queria.

                 - Por acaso você está assim por causa do Tsukishiro?

                 Yukito Tsukishiro era o amor de infância e adolescência da Sakura. Desde que a conhecia ela gostava dele, mesmo com a grande diferença de idade, já que é o melhor amigo do irmão mais velho dela. Sempre que a Sakura está estranha é por causa dele, e no mínimo fui um imbecil por só ter percebido isso agora.

                 - O Yukito? – de alguma forma ela pareceu surpresa, como se nem tivesse pensado nele, o que deixou a situação ainda mais estranha. Eu não estava entendendo absolutamente nada.

                 - Não tem a ver com ele?

                 Ela não respondeu, apenas voltou a olhar para o pátio. Eu não estava entendendo nada.

                 - Syaoran, você conhece a Miku Tokumori?

                 - Hm? Aquela da sala 3? – por que ela mudou de assunto do nada? Não dá pra entender...

                 - Uhum.

                 - Quê que tem ela? – não dava pra saber aonde é que ela queria chegar.

                 - Syaoran, você tá sempre andando comigo... Isso não te incomoda? – ela estava fando baixo de novo.

                 - Por que incomodaria? Você é a minha melhor amiga.

                 - Ah, você sabe... – ela parecia realmente desconfortável, colocando o cabelo para trás da orelha nervosamente – se tivesse uma garota que você gostasse isso iria incomodá-la...

                 - Sakura, por que você está falando disso agora? – aquilo já estava me deixando irritado de novo.

                 - O que você acha da Tokumori-san, então? – de novo ela não respondeu a minha pergunta.

                 - Quê? Ah, sei lá... Ela é bonita e tal. E daí?

                 - E se ela dissesse que gosta de você? Você a namoraria? – Sakura estava realmente nervosa, ao ponto de ficar vermelha. E eu só queria saber se alguém conseguia entender a linha de raciocínio das mulheres, se é que elas têm uma.

                 - Sakura, eu não to te entendendo. O que que tem isso a ver com...

                 - Namoraria ou não? – dessa vez ela foi bem incisiva. Mas que coisa!

                 - Namoraria, por que não? – afinal, eu não estaria perdendo nada com isso.

                 - O-o que? – Sakura parecia chocada, toda a cor de seu rosto se esvaiu.

                 - Foi você quem perguntou! O que eu perderia com isso? Aliás, por que você tá perguntando isso agora? Quer dizer, o que isso tem a ver com essa sua mudança de humor?

                 Mas Sakura já não parecia estar me ouvindo. Na verdade, estava furiosa, o rosto vermelho de tanta raiva.

                 - Quer saber, Syaoran? Fique com ela e me deixa em paz!

                 E saiu feito uma tempestade pela porta do terraço, os pés batendo com força na escada. Saí correndo atrás dela. Aquele comportamento bizarro dela já estava passando dos limites! Ela simplesmente fazia e falava o que queria e depois ficava com raiva de mim! Que droga!

                 - Ei, Sakura! – eu corria o mais rápido o possível pela escada e ao mesmo tempo tentava não cair – Sakura! Não finja que não está me ouvindo! – finalmente a alcancei e puxei o seu braço, ao mesmo tempo em que chegávamos ao andar de nossa sala – Dá pra me explicar o que está...

                 Não consegui terminar. Quem estava parada bem à nossa frente era Miku Tokumori, que parecia fuzilar Sakura com os olhos. Sakura tremeu por um instante, como que com medo, mas se deu conta da situação e puxou seu braço de volta, definitivamente evitando me olhar.

                 Tokumori então passou a me olhar, a expressão de seu rosto mudando totalmente, como se fosse outra pessoa. Esboçou um sorriso e passou a se dirigir totalmente a mim, ignorando Sakura.

                 - Oi, Li-san – cara, desde quando a voz dela era daquele jeito?

                 - Er... oi? – o que mais eu podia responder?

                 Sakura não pareceu nem um pouco satisfeita. Na verdade, virou a cabeça para um lado e saiu sem dizer nada. Quando fiz menção de segui-la, ouvi um gemido do meu lado e vi a Tokumori ajoelhada, segurando o tornozelo.

                 - Tá tudo bem aí?

                 - Ai, não... Eu ia sair, mas torci meu tornozelo. Tá doendo muito! – é, ela realmente parecia estar com dor.

                 - Deixa eu ver como está – e fui analisar. Realmente estava um pouco vermelho, mas nada de inchaço – Olha, não deve ser nada de mais, só tá um pouquinho vermelho, deve passar rap...

                 De novo não consegui terminar o que estava falando. Dessa vez a Tokumori me puxou pela gola da camisa e me beijou, e não parecia querer me largar. E eu só queria ir atrás da Sakura para saber o que estava acontecendo.

                 Depois do que pareceu uma eternidade, Tokumori finalmente decidiu se afastar. Era definitivamente o Dia do Comportamento Anormal das Mulheres. Mas ela não estava satisfeita. Ah, não. Não mesmo.

                 - Syaoran-kun, me desculpe... – sério? – mas é que eu sempre gostei de você! Por favor, se não estiver saindo com alguém, gostaria que saísse comigo – e fez uma cara de cachorrinho abandonado perfeita.

                 Namorada eu não tinha, mas que raio de declaração é essa? Não dá pra sair com alguém assim, é loucura!

                 - Olha, Tokumori...

                 - Miku – ela me interrompeu.

                 - Certo, Miku. – respirei fundo. Era muito ruim ter que rejeitar alguém assim – Então, eu não estou saindo com ninguém, mas também não estou interessado em ninguém. Me desculpe.

                 - Por favor! Só uma chance! – a cara de choro dela era desconcertante. Onde ela aprendia essas caras? Não dava pra dispensar alguém assim. Quer dizer, é maldade!

                 - Tá. Só uma.

                 Não sei como, mas a cara de choro se transformou em puro êxtase, quase que triunfo. Aquela garota realmente não era normal.

                 - Ok! Me busca em casa sábado às sete! Te vejo lá! – e saiu quase que dando pulinhos. O tornozelo dela não estava machucado?

                 Dei um longo suspiro. Grande, Syaoran. Agora você perdeu qualquer chance de falar de novo com a Sakura E vai ter que sair com uma estranha. Fui até a sala já com nenhuma esperança de encontrá-la. Dito e feito, as coisas dela já não estavam lá. Peguei as minhas e olhei para fora. O tempo mudara. O sol não estava mais lá.

                  À noite tentei ligar para ela, mas nada. Tentei a semana inteira, mas ela nunca respondia. Chegou sábado, saí com a Tokumori, e a Sakura ainda estava inacessível. Enquanto tentava me comunicar com ela, continuei saindo com a Tokumori. Ela não era nem muito inteligente nem muito divertida, mas era bonita. Me distraia bem, digamos assim.

                  Até que chegou o dia do encerramento de semestre. Já estava cansado de correr atrás da Sakura. Nem a Tokumori parecia muito feliz com a situação. Para mim aquilo já estava bem claro: Sakura simplesmente não conseguia aceitar a sua situação com o Tsukishiro e não queria que eu arranjasse alguém. Estava quase na hora da cerimônia de encerramento quando o Hiiragizawa resolveu aparecer e me puxar para um canto para conversar.

                  - Li! Finalmente descobri o que aconteceu com a Kinomoto! – ele parecia exultante. Mas eu já estava ficando cansado daquela história.

                  - Mesmo? Que bom, eu também – era cortar e vazar. Mas Hiiragizawa não pareceu muito feliz.

                  - Sério? Mas, de tudo?

                  - É. Tudinho. – já falei de como estava cansado daquilo?

                  Mas Hiiragizawa pareceu ainda mais confuso do que nunca. Dava para ouvir as engrenagens de sua cabeça trabalhando em potência máxima.

                  - Mas então por que é que você está saindo com a Tokumori? – hein? Que pergunta é essa?

                  - Porque ela quis assim – não foi ela quem disse para eu ficar com a Tokumori?

                  - A Kinomoto quis assim? – Hiiragizawa estava totalmente duvidando do que eu disse, apertando vagarosamente os olhos. Odeio quando ele faz isso.

                  -É. Agora, se me der licença, eu tenho que ir para a cerimônia – e sai, deixando-o parado sozinho.

                  Sakura continuou a não falar comigo mesmo depois do encerramento das atividades escolares. As férias escolares passaram, as aulas recomeçaram, e nada. Mesmo depois que eu terminei com a Tokumori ela se recusou a falar comigo. O ensino médio passou e nos formamos. A última vez que eu vira a Sakura foi na formatura, e ela namorava um garoto estranho da sala 1. Até aquele dia nem sabia que a Sakura estava namorando.

                  Eu tinha perdido a minha melhor amiga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Particularmente, eu não gostei desse primeiro capítulo :T
Mas se eu fosse seguir o meu perfeccionismo, jamais iria postá-lo, então deixei assim mesmo :P
Prometo que os próximos capítulos serão melhores (:

Esse capítulo saiu beeem grande, mas não é o normal. Ficou assim por ser a introdução, a história mesmo começa no 2º capítulo x)


Reviews seriam legais... (indiretas já!)