Eu enfim criei coragem, resolvi finalmente pedir Julia em casamento. Fiquei muito inseguro quanto a sua resposta mais bem no fundo de meu coração estava tranqüilo, pois sabia que ela me amava e que enfim podíamos ficar juntos.

   Eu havia acabado de arrumar um emprego nossa vida agora poderia mudar, finalmente compraria uma casa e moraríamos juntos, poderíamos formar uma família. Eu tinha acabado de fazer 18 anos e já estava de hora de avançar após três anos de namoro.

   Nunca vou me esquecer do dia em que nos conhecemos, nós quase brigamos e ela me roubou um beijo... Era para ser um sábado comum, como tantos outros. Eu sempre saia com os amigos para ir a alguma balada, eu adorava baladas GLS. Aí da um desconto sou bissexual ora!

   Eu já estava bêbado ou quase lá, dançando com um copo de cerveja na mão, e de repente alguém me da um empurrão. Eu vou direto em direção daquela loira com o um micro vestido, o problema não era a direção que eu estava tomando, mas sim o copo de cerveja que derramei no vestido dela. Começamos a discutir, a música parou sem mais nem menos, depois fomos perceber que só se ouvia nossa voz em toda a balada. Nós nos olhamos cheios de vergonha. Sério, olha a situação...

   Nossos olhares se cruzaram, um momento de silêncio convidativo, eu olhei para sua boca. Logo senti sua mão por trás de minha nuca me puxando para sua direção, seus lábios avermelhados selaram os meus, o beijo foi tenso e ao mesmo tempo maravilhoso. Observação eu tinha 16, era virgem, entrei com uma carteira falsa na boate como sempre fazia. Aquela noite foi inesquecível, acabamos na cama... É melhor eu nem me lembrar, me faz suar frio e arrepiar, ela era um pouco digamos diabólica, comigo foi a primeira e a melhor noite da minha vida com uma mulher...

   Ela tinha muita imaginação com uma pedrinha de gelo e uma calda quente de chocolate minha nossa eu fui ao delírio... Ahh, melhor eu parar, apesar de ter 18 não consigo me controlar muito bem. É um saco sempre ficar excitado.

   Voltando ao presente... Deixando as lembranças para uma noite qualquer. Sem Julia suspeitar de nada a convidei para almoçar como em um dia normal, fomos a um restaurante que me trazia boas lembranças, afinal foi lá onde dei meu primeiro beijo. O restaurante era simples mais bem moderno e jovial, as paredes eram pretas com branco, as cadeiras de aço que reluziam como um espelho, tudo era perfeito nos mínimos detalhes, aliás, sobre o primeiro beijo, não foi com a Julia mais com meu primeiro garoto. Julia chegou e sentou comigo na mesa que eu havia reservado então almoçamos e resolvamos caminhar, ir a um lugar mais tranqüilo, já que havia muita gente no restaurante.

   Fomos ao parque caminhar de repente eu peguei na sua mão e sem ela entender nada, fiz o pedido, escondendo em uma das minhas mãos a caixinha da joalheria onde eu tinha comprado o anel.

   Ela um pouco assustada, mas feliz, me respondeu "sim”, então entreguei a pequena caixa contendo todas as esperanças do meu futuro. Aquela tarde ficaria marcada pra sempre em minhas lembranças era uma tarde de outono. O céu parecia o do entardecer com aquele alaranjado lindo, mas um detalhe eram três horas da tarde, as árvores com suas folhas multicoloridas secas voando ao vento foi um momento que marcarei para sempre com meus olhos e meu coração.

   Depois de um tempo, já casados e vivendo em nossa casa. Julia me deu a alegria de uma filha.  Na verdade Julia estava grávida de gêmeos, e quando deu à luz um deles faleceu enforcado no cordão umbilical. Demos o nome de Juliane à menina que nasceu e sobreviveu naquele trágico, e feliz, dia para mim.

   A gravidez de Julia foi bem difícil para mim. Afinal foi a primeira, nunca vou me esquecer dos enjôos e dos desejos no meio dia. Tipo aquele dia, como vou dizer eram duas e meia da madrugada e ela me colocou pra fora de casa, dizendo que só iria voltar pra casa com um sorvete de pistache e queijo derretido em cima. Sério, aquilo foi nojento, e eu dormi para fora de casa, as oito e meia estava na porta de uma sorveteria comprando sorvete de pistache e quando cheguei em casa derreti duas fatias de queijo no microondas. Ela quando me viu deu um sorriso, sentiu o cheiro do queijo e vomitou, me mandou colocar fora, naquele momento eu poderia matar ela sem culpa, me fez passar a noite em claro procurando uma sorveteria e ainda me manda colocar fora.

   Um dia numa louca bebedeira em um bar conheci uma linda mulher, que me fez esquecer até a família que tinha em casa. Meti-me em uma briga por essa mulher, mas tive o prazer de receber um beijo daqueles lindos lábios tão vermelhos quanto o sangue quente que corria em minhas veias, eu já estava tomado pela luxuria daquele beijo, não me contive fui então para um motel.

   Senti-me um pouco culpado me lembrei de Julia em casa me esperando. Mas a mulher na minha frente com aqueles olhos azuis me deixava, sei lá hipnotizado? Eu pensei em recuar, mas algo parecia apagar aquela ideia e tornar aquela mulher cada vez mais irresistível, sei que estou traindo mas já fui longe demais pra voltar...

   Ela me cativava, me levou a loucura com apenas um olhar, me fazia me sentir o único homem do mundo. O sexo foi diferente de tudo, com um beijo apenas ela me jogou na cama e começou a tirar minha roupa, depois foi descendo beijando desde o pescoço até tirar minha cueca. O resto prefiro não comentar.

   Depois de me deixar totalmente acabado, sem forças deitado na cama, eu vi sua verdadeira face, seu rosto se transformou me senti na presença da morte não conseguia esconder o desespero em meus olhos, o medo me fazia tremer, seus dentes então se transformaram em presas, enfim ela me disse que era uma vampira e que eu era o lanchinho da noite. Ela sussurrava palavras que pareciam latim, como se fosse uma prece antes do almoço... Ela segurou meus braços suas unhas perfuraram meus dois pulsos pingando pequenas gotas de sangue. Eu não tinha mais forças, estava totalmente a sua mercê, parecia que alguém havia injetado uma anestesia em meu corpo, estava completamente paralisado, ela pegou seu dedo deixou uma gota de sangue cair nele e pingou-a na sua boca, naquele momento só tive tempo de dar um ultimo suspiro, tudo foi tão rápido...Ela veio direto em direção ao meu pescoço, só me lembro de tudo ficar escuro e eu desmaiei...

   Acordei de manhã, achando que aquilo tudo não passava de um pesadelo, quando me levantei e olhei meu pescoço no espelho havia mesmo as marcas da minha morte! Eu com uma traição havia sentenciado meu destino.

   Olhei-me no espelho, minha aparência continuava a mesma. Ainda tinha meus 1, 74 de altura, e meu rosto com afeição infantil, mesmo eu tendo 24. Movimentei minha cabeça para o lado sem acreditar, fitei meus próprios olhos castanhos no espelho incrédulo. Meus cabelos pretos estavam com mais brilho, mas isso não era um detalhe importante, meu corpo magro estava coberto de manchas roxas.

   Eu só conseguia pensar em minha família, como estarão? Vou conseguiu olhar nos olhos de Julia e dizer que a trai? Dizer que ainda não sei no que me transformei, nem o que aconteceu comigo nessa noite. Minha cabeça latejava, e minha garganta ardia um pouco. Olhei em minha volta, nem sinal da vampira sedutora.

   Dei um soco no vidro, o fazendo se espatifar, o que será de mim agora? Por que ela me escolheu? Enxergou em mim? Porque me deixou vivo? Podia ter me matado muito facilmente ou não?