- Onde você estava com a cabeça? – ele berrava. – Como assim você joga molho shoyu na cara de um lobisomem?

Suspirei. Eu já havia parado de ouvir a uns vinte minutos, mas Edward não parava de berrar! Desde que ele resolveu me levar para casa, ainda furiosíssimo, ele não parava de dizer coisas irritantes e sem sentido nenhum, já que ele não quis nem me explicar porque ele estava me xingando!

- Como eu iria saber? – tentei me defender – Eu não sou obrigada a saber tudo!

- Como eu iria saber? Como eu iria saber? – me imitou. Ótimo! Antes eu tivesse ficado de boca fechada. – Você não pode sair jogando molho nas pessoas! Sem nem saber o que elas são!

- Por que você não me impediu, então? – me irritei. – Alice disse que você lê mentes!

- AHhhhhhhhhh! – ele foi incrivelmente azedo. – Eu leio sim! – estava sendo sarcástico – Todas elas, menos a sua! E sabe aquela mulher que quase arrancou seu braço? Ela estava pensando em lhe arrancar a cabeça!

Bufei , indignada, apoiando meu queixo em minha mão.  - Pare de me xingar!

- Eu até pararia, se você não fosse tão louca!

- LOUCA? – pronto, me irritei. – Louco é você! Está me xingando há horas! E eu nem sei o porquê! Tudo bem que eu não deveria ter jogado CHÁ,  porque eu joguei CHÁ e não molho shoyu, mas você está me xingando desde que saímos do restaurante. Quem passou vergonha fui eu! Sozinha! E pare de falar em lobisomens, você está me enlouquecendo!

- Eles são lobisomens!

- Eles poderiam ser o Papai Noel! Pare de gritar comigo!

- Você é extremamente infantil, Isabell!

- ISABELLA!

- ISABELL!

- ISABELLA! O NOME É MEU!

- SEU NOME É ISABELL!

- ISABELLAAAAAAAAAAAAA!

- Já chega! – ele gritou. – CHEGA! – e parou o carro em frente nossas casas. No meio da rua mesmo. – Não tem como falar com você!

- Idem! – berrei.

Nós nos encarávamos com raiva, a tensão no ar era palpável. Eu podia ver sua íris avermelhada. Se ele não estivesse morto, morreria de AVC. Então, por mais idiota que fosse, bufamos juntos, abrimos as portas e saímos do carro.

Indo cada um para suas casas.  E o carro? Ficou no meio da rua!

Eu estava furiosa! Ele era um idiota! Tomara que um caminhão passasse por cima daquele volvo ridículo! Exaltadíssima, só notei que minha bolsa estava no carro ridículo quando já chegava a porta.

- Droga! – rosnei, dando meia volta.

Não podia deixar ela lá! Ele ia achar que eu havia deixado para ele ter que me devolver depois. E isso nunca! Uma Swan nunca é oferecida.

Antes mesmo de começar a caminhar, Edward já estava em minha calçada segurando a bolsa. Parei em sua frente. Só quem estava naquela rua éramos nós dois e os postes de luz. As casas estavam todas escuras, com as luzes das varandas ligadas.

Se acontecesse algo nesse lugar, eu poderia ouvir as sirenes da outra extremidade da cidade.

- Obrigada! – agradeci, nada agradecida, arrancando a bolsa de suas mãos.

- Mal educada! – reclamou.

- Idiota! – retruquei.

- Louca!

- É você! Grosso, idiota! Não me admira que pegue a Tanya!

Então ele me olhou de verdade. E deu um sorrisinho meio torto, o qual me deixou furiosa. Ele estava mesmo debochando de mim?

- Isso é ciúmes?

- Lógico que não! Eu? Sentindo ciúmes de você? Por favor! – menosprezei.

-Está com ciúmes sim!

- Não estou, não!

- Está sim!

- Pare já com isso! – me irritei, tentando lhe dar uma bolsada.

Claro que antes de eu conseguir, ele segurou meu braço. Meu braço machucado, inclusive! Eu tinha recém tirado o gesso. Fiz um beicinho involuntário com a dor.

Ele aliviou a pressão imediatamente.

- Desculpe. – disse, arrependido.

Mas eu já estava com lágrimas nos olhos, e obriguei meu corpo a virar para ele não as ver. Eu estava sendo tão infantil! Tão menininha! Eu nunca fui assim.

- Ah, Bella! Me desculpe.

Segui virada. As lágrimas já haviam secado. A verdade é que eu era fraca com ele. Me sentia uma garotinha idiota de 40 quilos! Fala sério, eu quebrei minha mão em seu peito!

- Não foi nada, Cullen! – minha voz podia congelar suas veias. – Vou dormir.  Boa noite!

- Bella... – ele puxou meu outro pulso, me fazendo voltar e quase bater em seu peito. – Obrigada pela noite.

- Quer mesmo agradecer? Você não pareceu estar aproveitando. – fui azeda. Ele abraçava minha cintura, e falava em meu ouvido.

- Eu sempre gosto de passar meu tempo com você.

Eu lhe encarei, com cara de tédio. – Você está mentindo! – ele tinha aquele sorriso torto debochado nos lábios.

- Bem, talvez não no início. Você sabe dar dor de cabeça.

Eu acabei rindo. Era verdade, meu pai dizia a mesma coisa.

- Você me perdoou? – ele quis saber, arqueando uma só sobrancelha.

Aquele gesto foi muito sexy e meu coração disparou. Foi sem querer, não sei o que era, podia ser tpm, mas eu queria ele no meu quarto.

- Depende. – mordi meu lábio inferior. Eu estava sendo ousada.

- Do que? – Ai meu deus! A sobrancelha seguiu arqueada!!

- De se você quer entrar um pouco ou não... – eu lhe espiei de canto de olhos e corei.

- Bella... – era uma voz de advertência.

- Não é para nada demais... – argumentei – Só para uma bebida...

- Eu bebo sangue.

- Assim você quebra o clima, Edward! – resmunguei. – Entra comigo? Eu não vou te morder...

- Talvez eu morda!

- Af, Edward! Que saco! – me indignei. – Você não sabe mesmo ser romântico!

Ele me olhou, cético, com a maldita sobrancelha arqueada. Era só a direita. Meu deus!

- Quer saber? Não entre! – Me desvencilhei.

Meio – ok, MUITO – frustrada, abri a porta da minha casa e marchei escada acima. Edward não sabia mesmo brincar.  Abri a porta do meu quarto bufando e fui surpreendida por um par de braços me agarrando.

- Não vá gritar se o vampiro te pegar! – Eddie brincou.

- Você conquista as garotas assim, Cullen? Meu Deus! – ele gargalhou baixinho e me empurrou contra a porta.

Por sorte ele resolveu parar de falar e me beijar. Beijar na boca. Um beijão! Com língua, mordidinhas sexys e com muita vontade! Da minha parte pelo menos, eu estava quase engolindo o menino!

Havia me grudado de tal jeito em seus cabelos que eu duvido muito que ele não perca a metade se tentar me tirar daqui agora.  Ele segurava minha cintura com força. Talvez, para ele, aquilo não fosse forte. Mas era! E era, (ai, que pensamento mais idiota), superselvagem!

Suas mãos desceram até a parte interna de minhas coxas, me puxando para seu colo. Grudei minhas pernas em sua cintura e ele nos levou até a cama. Me jogando nela! Ai meu Deus! Se ele seguir me olhado com essa expressão...

Suspirei. Seus olhos estavam escurecidos. E isso, na Califórnia e no mundo, tem um nome: desejo! Sem querer soar como Julia & Sabrina, claro, mas isso era vontade! E saber que ele me queria, me deixava com ainda mais vontade.

Edward tirou seu casaco preto e jogou-o perto de minha cama, subindo na cama e engatinhando até onde eu lhe observava. Ele agarrou meu próprio casaco e me fez tirar. Eu já havia jogado meu escarpam em algum canto. Havia perdido um quando ele me pegou no colo, o outro sumiu. Sabe-se se lá onde se foi.

Sua boca descia pelo meu pescoço agora. Ele beijava, beijava e opa! Isso foi um chupão!

- Eddie... – resmunguei.

- Shi!

Me beijou outra vez. Dessa vez ele me girou, me deixando por cima. Eu lhe beijei a boca, e o pescoço então. Depois desci. Minhas mãos foram até a borda de seu blusão de lã, e eu quase consegui tirar, uma pena mesmo ele ter me parado antes.

- Bella... – ele respirou fundo. Eu sabia que ele não precisava respirar, acho que isso é um hábito que se adquire quando muito se faz. – Temos que parar...

Eu estava deitada, completamente sem fôlego , em seu peito. – Por quê?

- Porque se não pararmos agora, teremos que continuar...

Eu ri.  – Era essa a intenção.

Desci de seu peito, deitando ao seu lado em minha cama enorme.  Meu coração ainda não havia voltado ao normal. 

Ficamos em silêncio uns instantes. Eu não podia acreditar que havíamos chegado tão longe! Humildemente e sem deboches, era a primeira vez que eu ia tão longe. Eu sou virgem... E nossa, isso foi muito diferente de tudo que eu já experimentei.

- São quase duas horas! – Edward falou olhando o relógio. – Você deveria dormir, Bella. Temos aula amanhã.

- Ah droga... - pulei da cama. – Tenho sim! Vou estar um caco amanhã.

Fui até meu roupeiro, procurando minha camisola. Me enfiei no banheiro e fiz minha lavagem de dentes/por o pijama/ escovar o cabelo em segundos. Edward me olhava sentado na cama.

- Melhor eu ir... 

- Não! Você não pode dormir aqui? – pedi.

- Bella...

- Não, não desse jeito! – sorri, subindo na cama e o puxando pelos ombros. – Só dormir...

Eu estava envergonhada em pedir.

Ele sorriu para mim e beijou minha testa, me tapando. – Claro que sim, Bella. – depois riu – Mas você vai ter que explicar para Carlisle onde eu estava amanhã.

Abracei mais seu tronco com meu braço e minha perna, me ajeitando de maneira confortável em seu ombro.

- Vai valer a pena, Edward.

*

- Isabell! – minha avó gritou batendo na porta. – Já são sete horas!

- Tá... – resmunguei.

- ISABELL! – minha avó invadiu o quarto gritando. Me levantei assustada. Edward!

- Não é o que você está pensando! – me acusei.

- O que? – minha avó estava toda confusa com um bobe gigante em sua franja e seu roupão cor-de-rosa.

Olhei ao redor em busca do meu castigo de um ano ambulante, mas não havia ninguém. Um alívio grande e uma sensação desagradável de abandono tomaram conta de mim.

- Nada... – passei a mão em meus cabelos confusos. – Devo ter sonhado.

- Tudo bem, Isabell, levante-se. Você vai se atrasar. – resmungou, fechando a porta atrás de si.

Levantei de má vontade. Olhando para minha cama mais uma vez. Queria algo, qualquer coisa, que mostrasse que Eddie havia mesmo estado ali. Suspirei.

Não havia nada.

Fui para o banho matinal. Claro que eu não havia sonhado. Edward estava comigo ontem, nós jantamos e- ai, droga! – eu joguei chá no Seth... Ele me trouxe em casa e dormiu comigo.

Havia acontecido.

Abri a porta do banheiro em meio a nuvem enorme de vapor. Estava frio hoje. Teria que vestir um agasalho.  Indo para meu closet, me surpreendi ao ver minha cama arrumada.

Fui até ali e fiquei ainda mais surpresa quando notei a rosa vermelha com um bilhete sobre a colcha.

Então o Leão se Apaixonou pelo cordeiro.

E irá levá-lo para a escola hoje.

Edward.

Não evitei o sorriso idiota que se formou em meu rosto.

*

- Isso é uma boa ideia?

- Bella, uma hora eles vão saber...

- Não gosto que seja assim.

- Bella!

- Ok – passei as mãos em meu rosto. – Ok! Mas você vai me contar caso eles pensem algo maldoso, não vai?

- Estou me sentindo ligeiramente usado agora.

- Edward!!

- Sim, eu vou. – ele riu. – Tudo isso só para entrar de mão dada comigo na escola?

- Sim! Você já queimou demais o meu filme por aqui.

- Que eu faço com você, Isabell?

- Ó, viu só? Já disse que é Isabella!

Ele revirou os olhos, saindo do carro e abrindo a porta para mim.

- Me concede a honra de entrar de mãos dadas comigo?

- Ora, droga! Já estou no inferno. – resmunguei.

- Depois eu é que não sou romântico...

Revirei os olhos. À medida que caminhávamos pela escola, rostos viravam para melhor nos ver. Estava me sentindo tão exposta!

- Meio difícil ser romântica com um corrimão, Edward!

- Essa feriu meus sentimentos. – ele riu, parando. Já estávamos em frente a minha aula de cálculo.  – Boa aula, Bella.

Eu estava muito tensa. – Boa aula nada! Agora que eles nos viram juntos, você não pode mais agarrar ninguém pelos corredores e-

- Boa aula, Bella! – ele me cortou, carinhosamente. Me deu um beijo delicado na boca e saiu.

Me deixando sozinha. Droga! Entrei durinha na sala de aula, sentando ao lado de Aysla que me encarava inquisidora.

- E então?

- Desculpa! Eu não sabia que ela era irmã dele!

- Há? Do que você está falando?

- Seth não te contou?

- Hum?

- Nada, esquece! – suspirei, enfiando minha cabeça em minhas mãos.

- Bella, estou falando do Eddie! Vocês estão juntos!

- Não! Claro que não!

- Não? – estava sendo cética.

- Ok, estamos meio juntos...

- Tem como estar meio junto com alguém, Bella?

- Aysla! Me deixa, ok? Olha lá! O Tanner está falando de geometria, nunca aprenderemos com você tagarelando!

Virei pra frente e fingi entender o grego que o professor falava. Se eu havia achado meu inicio de aula ruim, arrancaria todos os meus cabelos durante o dia.

Todos resolveram me perguntar se eu estava com Edward. E quando eu digo todos, são todos mesmo. Até pessoas que eu não falava nunca! Todo mundo queria saber se eu estava namorando um dos caras mais gatos da escola.

E eu não sabia o que dizer. Eu não estava namorando ninguém.

- Bella, achei você! – Tanya chiou.

Era tudo que eu precisava!

- Oi, Tanya!

Eu havia evitado ela todo o dia! Não acredito que essa infeliz conseguiu me achar no final da aula. Fala sério, estava pegando minhas coisas para ir embora!

- Então você está com Edward, não é?

Revirei os olhos e não respondi. Juntei meus livros e bati a porta do armário. Só não consegui sair do lugar porque Tanya agarrou meu pulso.

Meu pulso machucado.

- Ai, me solta! – tentei me desvencilhar.

- Olha aqui, sua vagabunda, Edward...

- Edward o que? – uma voz trovejou atrás de Tanya. A vadia me largou em instantes.

- Ah, oi, Eddie.

- O que está havendo aqui? – ele se pôs ao meu lado.

- Nada! Esta cumprimentando o novo casal! – sorriu amarelo.

Eu lhe olhei bem azeda. – É? Então obrigada! – dei um beijo em Edward. – Estamos muito felizes juntos. Agora estamos indo para casa transar loucamente! Vá procurar um pirulito!

E sai dali puxando Edward. Esse, por sinal, não conseguia controlar o riso.

- Vamos transar loucamente, Bella?

- Lógico! – ri sem mostrar os dentes. – Que não! Vamos para casa! Pelo amor de Deus.

Chegando na mansão de minha avó eu finalmente relaxei. Beijei Edward longamente e combinei de assistir um filme em minha casa mais tarde.  Entrei pelas portas quase saltitando. Amanhã era sábado! Poderia acordar bem tarde!

- Olá, vovó!

- Bella...

Ih, ferrou. Minha avó falou meu nome ponderando...

- Que houve?

- Sente-se.

- Vovó...

- Sente-se, isabell. – ela foi firme.

Me sentei no sofázinho a sua frente e lhe encarei. Ela respirou profundamente antes de falar.

- Bella, James foi solto.

- O que? – estava em choque.

- E mandou uma carta diretamente para seu pai... Ele está vindo atrás de você!