6 – Claire na área.

Eu estava com o estômago tão cheio de batata frita, hambúrguer e refrigerante que achei que EU explodiria, e não o inverso. E eu me sentia gorda. Uma gorda presa dentro de uma BMW com um cara que tinha um traseiro legal, e um tal Steban e uma mulher de cabelos de fogo, enquanto meus lindos cabelos louros com suas mechas rosa flamingo imploravam por um chapéu – que devido á incidência do sol dentro do carro, a tal idéia era imensamente considerável – e o vento que eu tanto esperava sentir, fora proibido por Ariela... Ela tinha medo que minha tiara caísse e eu acabaria criando um incidente no meio do congestionamento. E eu por fim, estava deitada no colo do cara que tinha um traseiro legal, e estava tendo uma boa soneca com os carinhos que ele distribuía em meus cabelos. Bem, eu sempre soube que eles eram perfeitamente macios e irresistivelmente ‘massageáveis’... E como Tyler sempre dizia, eu tinha um cheiro anormalmente atrativo... OPA... ALERTA VERMELHO! Tyler McField: INFORMAÇÃO DELETADA.

Demoraria... Eu sabia exatamente. Esquecer Tyler seria bom, mas não significava que seria fácil... Nem um pouco fácil talvez... Por que a questão era: eu HAVIA gostado de Tyler, mais nunca o amei. E bem, isso não é uma coisa com a qual eu acho que faço parte. Nunca amei ninguém que não fossem meus pais – a mim mesma, OBVIAMENTE – e meus sapatos Jimmy Choo.

E naquele momento, os dedos de Laster brincavam com o colar que Ariela havia me dado.

- Ei, chegamos... – ele disse sorrindo. Sem segredos. Sem malicia. Apenas alegria e não estava escondida atrás de sarcasmo. Nada.

- Graças aos Anjos da Prada. – disse e em levantei de seu colo, ajeitando meu cabelo. E olhando pela janela...

Caraca! O campus era completamente incrível! Completamente cheio de calçadas e prédios se esparramavam por todas as partes, palmeiras e sumagre venenoso se espalhavam por todos os lugares. Ginásios, dormitórios e alunos em todos os lugares, rodeados por um muro bastante acalentador – que me fez sentir bem. Como se eu fizesse mesmo parte de tudo isso...

- Vamos, querida? – chamou Ariela esperando na porta aberta, da qual Laster já havia passado e estava retirando a minha bagagem.

- Huh... – saí apressadamente, agradecendo que meu tênis não seja aqueles lindos e amados sapatos Jimmy Choo.

- Laster, pode levá-la até seu dormitório até que ela encontre com Joseph? – pediu Steban.

- Pode ao menos pedir para o Kent levar a bagagem? – pediu com a expressão cansada, por detrás de suas lentes negras.

- Vamos falar com ele... – disse Steban.

- Claire, qualquer que seja a dúvida me ligue, ou peça a Joseph. Laster também pode ajudar você no que precisar... – ela disse. – Desejo que goste da decoração de seu quarto, até logo criança... – e com um aceno ela e Steban se foram. Caminharam entre os jovens que ali se acumulavam por volta da BMW me mandando olhares inquisitivos – não que eu ligasse. Estava completamente acostumada a ser tratada dessa forma. O pessoal da minha escola antiga era bastante fã da idéia de ‘olhar’ profundamente para sua cara, que você tinha a impressão que seu dente está sujo com um pedaço de alface ou algo assim, mas depois de um tempo, você se acostuma e passa a achar que os olhares que está atraindo fazem completo jus ao que você é e parece.

Acenei um pouco para os dois, que sumiram dentro de um prédio com aparência acadêmica e me virei para Laster, que dava ordens á um garoto cheio de músculos levar as malas até um tal lugar que minha pobre e perturbada mente não conseguiram captar.

- Temos que ir para seu quarto, Claire. – Laster deu alguns passos cortando nossa direção.

E tudo pareceu normal. Completamente normal. Todos adolescentes – ou Dots, seja o que for – se dissiparam por completo, e circularam por todo o local como se nada mais tivesse aconteci ali. Tudo normal.

- Acho que não vai mais precisar disto, Claire. – Laster, parou pouco á minha frente e retirou a argola de minha testa... e por incrível que pareça, nada... NADA explodiu.

- Wow! – eu senti uma súbita onda de normalidade, e toda aquela hiperatividade sumiu.

- Venha, quero ir pro meu quarto logo. – ele colocou seu braço por trás de meu ombro e me empurrou entre meio á multidão de jovens que os circundavam sem nenhuma curiosidade específica.

- Laster... – chamei-o.

- Fale. – ele disse me desviando de um casal que se agarravam intensamente pelo caminho.

- Eu vou ter que retomar meus estudos comuns, quando sair daqui? – perguntei quando o movimento tinha se dissipado um pouco.

- Estudos comuns? O que quer dizer com isso? – ele franziu o cenho.

- Bem, história, geografia, aritmética, calculo... – resmunguei. Ele pareceu completamente surpreso.

- Claire, qual sua média semestral? – ele perguntou aparentemente ainda surpreso.

- 9,8 por? – curvei a sobrancelha.

- Você não tem cara de uma aluna de 9.8. Você mal lê o dever de casa, estou certo? – ele riu.

- Bem, sim... mas achei que eu tivesse um cérebro que gravava as explicações ou sei lá... – resmunguei.

- Esse é o primeiro sinal que você está se transformando. – ele disse, parecendo achar graça de mim. – Você está programada á saber tudo sobre o mundo humano. Não precisa mais de escola alguma... a não ser a Academia Preparatória á Extradotados... – ele sorriu.

- Então não precisarei voltar á nenhuma escola depois daqui? – levantei as sobrancelhas em surpresa.

- Talvez só pra uma faculdade, mas é provável que vá saber tudo até lá. – ele assentiu.

- Isso é bastante animador.

- Realmente... – ele encontrou um prédio bastante moderno e me guiou até lá – Por aqui, garota Bennett.

Entramos em um prédio, que era bastante aconchegante. Paredes alaranjadas e pôsteres espalhados por toda sua extensão. Jovens entrando e saindo como qualquer um garoto adolescente faz.

E foi aí que eu me toquei.

Eu não tinha perdido um local onde eu tinha amigos e tudo era perfeito. Eu não tinha deixado o local que eu realmente gostava. Eu não estava indo para um lugar onde haveriam reais coisas bizarras e um mundo desconhecido e realmente ruim...

Apenas troquei um local do qual eu realmente nunca fizera parte, por um mundo onde jovens viviam em um mundo completamente diferente do meu... e que eu tinha muito anseio por ser meu.

- É no sétimo andar... – Laster me empurrou para um elevador, e digitou o sétimo andar.

- Você é um veterano, Laster? – perguntei açoitada pela curiosidade.

- Não. Não sou um veterano. – ele disse enquanto me puxava para onde o elevador não me esmagaria.

- Então... Por que anda com Ariela?

- Você já sabe sobre meu dom. É meio que uma “obrigação” – ele explicou – e tem seus benefícios... – ele olhou para mim com um sorriso torto.

- Wow! – eu disse gargalhando – eu sou um benefício?

- Por que não seria?

- Realmente. – eu assumi – Eu sou um imã. – mordi os lábios e mandei um beijo á ele.

- Aqui. – o elevador se abriu e saímos, compassadamente.

Um corredor se prolongava ali. Cada porta se destacava com duas imagens. Duas fotos - para ser mais precisa. E ao fim do corredor, com escritas legais e duas fotos de dois jovens... e uma das fotos era...MINHA?! Uma das fotos que eu tirara na festa das líderes de torcida – da qual eu só participei para denunciar á policia o refrigerante batizado á álcool. E a foto era bonita – qual é? Qual das minhas fotos não era divinamente linda? Eu poderia estar comendo um bolo farelento, que meus dentes estariam impecavelmente brancos... – caminhei para junto á porta, e li as seguintes escritas, juntamente com uma foto de um garoto bonito de cabelos dourados – como os meus – e olhos verde esmeralda – tão perfeitos... COMO OS MEUS! – e as letras eram como um vidro belo e formoso, formando:

“Iceberg & Profetisa”

E as belas fotos, lado a lado, abaixo das bonitas escritas.

- Iceberg? – franzi o cenho para Laster, que encarava a porta de cara fechada.

- É o Joseph. – ele continuou olhando para a porta com a expressão dura, atrás de suas lentes negras como a noite

- Você o conhece?

- Ahan... – disse sem muito interesse e abriu a porta.

Um garoto – fofo demais, DEMAAAAAAIS – e... ESTAVA SEM CAMISA?! MEU DEUS APAGA A LUZ E LIGA DE NOVO. Um corpo clarinho, escultural e os cabelos encaracolados como os de um anjinho da guarda. QUEQUEÉISSO?! Os olhinhos perdidos e confusos, tentando ler um manual – e nem notara a minha ilustre presença. É companheiro. Frustrante. Mas só consegui ver ele lá. Olhando confuso para um manual, e deitado confortavelmente em sua cama arrumada, trajando apenas uma calça jeans... deixando todo seu adorável abdômen á mostra.

- Huh? – ele olhou para porta, e sua expressão confusa se difundiu em pura e hilariante alegria. – Claire? – ele se levantou em um pulo – Claire,é você?