44 – Não é a mamãe!

-... e ela estalou os dedos e, meus sapatos estavam nos pés daquela... – gritei, na mesa de jantar, encenando a cena de minha tia roubando meus sapatos.

- Quer que nós acreditemos que a deusa da beleza, roubou seus Jimmy Choo? – Hope franziu o cenho para mim em dúvida. Tyler, Joe, Laster, Sharon, Fred, Hope e Melanie me olhavam duvidosos.

- É VERDADE! – vociferei – Perguntem á Ariela!

- Tudo bem, vamos dizer, que acreditamos nisso mesmo. – encerrou Melanie, tapando os olhos. A síndrome de Apollo, definitivamente, estava acabando com ela. – Nossa saída do campus, vai me fazer tããão bem!

Eu olhei para Joe e Joe olhou para mim, sorrimos maliciosos. Pela primeira vez em meses, teríamos tempo o suficiente para fazer o que quer que queiramos. E... assim sendo... eu estaria longe das cantadas de Laster e da perseguição de Tyler. Apenas Joe e eu. Sem profecias, Hyperions, deuses ladrões e patronos. NADA DISSO.

- Vamos fazer as duplas. – sugeriu Laster olhando pra mim, com um sorriso embasbacado.

- Joe e eu. – falei rápido demais.

- Frederick e eu – Hope agarrou seu namorado-vulgo-nerd.

- Ei, Laster, conheço uma loja de óculos escuros ótima... Você precisa de novos... Laster fica comigo. – Melanie disse antes de Laster protestar.

- Fico com o Tyler. – encerrou Sharon.

- Está feito então... todos estão em duplas. – recitou Hope. – Lembrem-se: sem contato com humanos; sem atividade Dot; guardem seus colares Dot’s; E, quando voltarem, procurem sobrevoar o muro oeste. É o território dos quintanistas, nenhum professor vai lá.

Assentimos.

Terminamos de comer e voltamos para o dormitório. Ark estava dormindo – como sempre – e meu celular estava tocando: “Mãe.”

Eu não falei com meus pais desde que descobri que meus pais biológicos, eram deuses: Apollo e Éphira.

Decidi atender... por que eu os ignoraria, companheiro?! Ah é... por que eu não sabia a mínima idéia do que dizer para eles quando os visse de novo.. mas uma ligação não é tãããão ruim assim...

- Alô?

- Bebê!

- Oi... - pensei em dizer “mãe” mas a palavra não saiu. Chamá-la de Lílian, seria horrível demais!

- O que houve com você, bebê? Você desapareceu! Faz mais de um mês que não nos falamos... Comecei a achar que algum monstro tinha engolido você...

- Ainda não... – falei sem graça. O que eu iria falar pra ela?!

- Sua voz está desanimada... o que está havendo, aí? – esse era o grande problema com Lílian... ela  sempre sacava tudo. Eu podia ter me tranformado em um Dot, ganhar detenções, ter delírios de consumo... mas ela sempre sentia que eu tinha feito alguma coisa...

- Coisas... sérias. – soltei sem nem mesmo querer. Ah, Claire e sua boca grande!

Ela se calou.

- Acho que sei o que está havendo com você, Gallatea. – Gallatea... ela me chamou de Gallatea... Ela sabia. DROGA!

- Eu... preciso de um tempo, ainda. Entende? Não comente nada com... papai. – era fácil dizer

- Claire, espero que pense bem. Em tudo. Imagino como sua cabeça deve estar... mas, leve o tempo que quiser. Acho que... eu ligo mais tarde. Amo você, bebê. – tututututu.

Joguei o celular na cama e tapei os olhos. Por que Lílian tinha que ser tão... sensitiva?!

- Hey, preguiça, vamos! – disse Joe bonitão, com camisa Lacoste e calções Calvin Klein.

- Não me apresse, cabeça de neve. A arte de maquiar-se, é a que mais precisa e calma.

Peguei minha roupa e me tranquei no banheiro, enquanto lágrimas de confusão invadiam meu rosto.

O que é, hein? Claire Bennett também chora!