A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 41
39




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39 – Pratico boxe com a cara de um babaca.

- Ariela, você... não pode escolher outro mentor pra ele? – meu estômago revirou.

- Até poderia, mas não é uma questão que eu precise interferir. Seu aluno é um velho amigo seu, acredito que ele e você possam ser amigos novamente. Independente de qualquer coisa... – ela colocou um par de óculos feios e me olhou por cima de suas lentes.

Ela sabia. Ah sim, ela sabia de tudo.

- Ariela, Arielazinha. Eu já estou absolutamente ocupada com muuuuitas coisas. Tem todo o fato de meus pais não serem meus pais, tem Laster sendo meu novo Protetor, Joe na enfermaria desmaiado com o cargo de meu Guardião... Ainda tenho uma espada nova, e aulas com uma deusa e um deus que supostamente são meus pais. Quer mesmo que eu arranje problemas com esse cara? – grasnei me levantando exasperada.

- Eu tenho absoluta certeza, que eu posso ajudar esse jovem enquanto você estará ocupada, Senhorita Gallatea. Se acalme, por favor.

ACALMAR-ME? EU DEVERIA ME ACALMAR? ERA ELA QUE DEVERIA PARAR DE INSISTIR EM EU SER A MENTORA DE UM CARA QUE ME CHAMOU DE ABERRAÇÃO!

- Eu não posso fazer isso, tutora. Tenho absoluta certeza. – concluí olhando torto pra ela.

- Entende que não estou lha dando escolhas?

Ela me olhou tirando os óculos, com expressão séria.

- Ele é meu ex-namorado, será que uma garota não pode entender outra garota? – berrei estupefata.

Ariela se levantou, aparentemente irritada. – Gallatea, existe um motivo específico para que eu esteja fazendo isto. Seus pais querem transferi-la para Manhattan em Nova York. Para a central de Dots meio mortais e meio deuses. Por motivos de segurança. Mas existe um porém. Se você arranjasse algum compromisso com outro Extra, á uma porcentagem discutível de você ficar conosco. É o que quer, não é, Gallatea?

E naquele instante, eu não me senti sexy e segura. Fiquei... gelada. Sem me mover. Eu não conseguiria me imaginar em meio á um monte de semideuses, agora que estava acostumada á viver aqui, na APE de Los Angeles, namorar Joe, ter minha égua e futura pégaso Ohio, meu Hyperion Ark e meus amigos: Melanie, Hope , Laster-parrudão e Frederich.

- E pra isso eu tenho que ser a mentora do me ex? – me sentei pesadamente, enterrando meu rosto angelical nas mãos.

- Se quiser continuar aqui, sim. – ela concluiu.

Assenti com pesar. Joeeeeeeeeeeee, eu não tenho culpa!

- Agora vá vê-lo. Ele está esperando no hall de entrada do prédio dos calouros. – ela sentou-se novamente. – Desejo á você uma boa sorte, profetisa.

Assenti e saí de sua sala, rumando ao prédio dos calouros.

Entrei porta á dentro, sem muita perspectiva do que encontrar lá. Meu namorado estava enfermaria, e eu estava recepcionando calorosamente meu ex-namorado, que tinha me chamado de aberração. PERFEITO!

Logo vi uma pessoa. Olhava confuso para um mapa, e tinha três malas no chão e uma mochila em suas costas. Uma cicatriz em seu ombro direito, olhos castanhos e confusos, cabelos pretos e curtos, que ficavam arrepiados a qualquer hora e um tanquinho definido que aparecia através da camiseta Nike. NHUMY! – velhos hábitos nunca se perdem, companheiro...

Ele ergueu os olhos do folheto e alcançou os meus e assim, eu me tornei a mesma Claire Bennett que morava em Illinois, jogava basebol, odiava líderes de torcida – e jogava sanguessugas nelas. A Claire que as únicas preocupações eram: levar detenções todos os dias em que eu freqüentava as aulas e manter meu peixe vivo por pelo menos dois dias. Quando eu podia perder horas ás fio no telefone, internet e no shopping, me esbaldando á comprar roupas e sapatos. A Claire que era filha de Lílian e George Bennett... A fantástica garota Bennett de Tyler...

Mas as coisas não eram mais assim... nem que eu quisesse.

- Minha fantástica garota Bennett... – Tyler soltou suas malas, e correu em minha direção com... loucura(?) Ele me segurou antes que eu pudesse sequer pensar no que, diabos, ele iria fazer. E me beijou.

Foi assim. Me beijou.

Tomei consciência do que estava acontecendo em menos de cinco segundos... e fiz a coisa mais corajosa da minha vida: enfiei o punho na cara daquele safado!

- O quê...? – ele começou.

- A aberração aqui, tem namorado, seu babaca! – gritei enquanto jogava um raio grande em seu peito.

- Namorado? Hã?

- Eu sempre soube que você era lento, mas preferia não acreditar em mim mesma. Vejo que eu estava errada mesmo. – gorgolejei feroz.

- Claire, o que tá havendo com você? – ele me olhou apavorado.

- O que houve comigo? – grunhi – Você sabe bem o que houve comigo! Eu fui a garota anormal, a anomalia, a aberração e mais um monte de derivados de ‘a’. E agora você aparece transformado. Aqui!

- Não é ótimo? – sorriu, abestalhado.

- NÃO! – bati os pés, e a tempestade que tinha passado, lá fora, estava rugindo alto nos céus, novamente.

- Como assim, “não”? – ele estreitou os olhos – Achei que estaria feliz em me ver...

- E por que eu ficaria feliz em ver o cara que me deu um pé na bunda, porque me transformei em uma criatura melhor? Minha vida está uma droga... E ainda você me aparece para acabar com tudo!

- Sua vida está uma droga? Mas a vida de Claire Bennett nunca está... – cortei-o.

- Uma droga. Mas, sim, ela está. E Éphira deve ter me pregado um castigo por dançar na sala de jantar... – puxei meus cabelos, em desespero. – VALEU MESMO, MÃE!

Gritei para o alto.

- Mãe? – Tyler me analisou – Você enlouqueceu, Bennett?

- Ah, senhor eu-sou-o-tão-perfeito-Tyler, agora acabou de adicionar mais uma das minhas “qualidades” á lista? ÓTIMO. Aberração, anormal e agora louca? Maluca? Pirada? Obrigada mesmo, spaz! Agora eu vou ter que aturar você... PAAAAI! Salve-meee!

“Foi mau, paçoquinha. Éphirinha me proibiu de interferir...”

- OBRIGADA Á VOCÊS, MEUS GLORIOSOS PATRONOS, QUE ME JOGARAM UMA PRAGA CHAMADA TYLER! AAAAAAARG!

- Estou muito feliz que estejamos juntos, aqui, Bennett. – ele riu para mim, como antigamente.

Onde estão os blueberrys ladrões quando se precisam deles?

- Não me interessa o que você está sentindo. Eu só tenho que fazer o meu trabalho. – granei baixo, amaldiçoando-me, por não ter aceitado o convite de Ártemis. Qual o defeito de uma Caçadora, agora? Hã? – Qual é o número de seu quarto?

- 1335.

- É no sétimo andar. Encontre o número, o nome e sua foto na porta do alojamento. – expliquei, sem paciência – Seu quarto é lá. Peça qualquer coisa ao seu ou á sua companheira de quarto.

Me virei para ir á enfermaria, para contar tudo á um Joe desmaiado.

- Hey! Onde vai? – Tyler perguntou magoado.

- Ver o cara que não me chama de aberração. – grunhi e o deixei sozinho, caminhando de volta á chuva tempestuosa.

Hora de ir procurar pó de mico. Nunca falha...


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