Brenny,

“Don’t speak, I know what you thinking. I don’t need your reasons. Don’t tell me cause it hurts.”

Espero que o Shane possa te divertir mais que escrever para mim. E espero que a Sarah também venha e você possa abraçá-la.

Ryan.

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Aquilo sim assustou ao Shane Valdés, porque ele teve a prova real que não era delírio e todo o discurso dele sobre me fazer mal estar no meio daquela brincadeira foi por água a baixo. Eu, entretanto, fiquei muito feliz pela resposta de Ryan. Ele estava – ou foi o que eu consegui perceber – com ciúmes por eu estar com Shane. Talvez porque ele soubesse que Shane e eu já fomos bem mais que amigos e talvez agora devesse saber que nós somos apenas bons amigos – embora nós tenhamos a mania bonita de trocar beijos carinhosos quando são convenientes.

“Ainda acha que isso aqui é um delírio, Shane?” Murmurei.

“Não sei mais o que pensar, depois disso.” Falou, ainda olhando fixamente para o assoalho. Eu sorri, pendendo carinhosamente a cabeça sobre seu ombro enquanto ele enlaçava minha cintura. Permanecemos assim por um momento, enquanto eu escrevia algumas palavras para Ryan.

“Brenny?” Chamou, quase sem som nenhum.

“Hmm.” Respondi baixinho, num resmungo distraído.

“E se o que vocês estão fazendo não der certo, hm?” Perguntou, com o mesmo tom de antes, me olhando num ângulo completamente estranho, já que eu estava com a cabeça confortavelmente apoiada no seu ombro. “Porque, quaisquer caminhos que escolhemos, têm conseqüências. E se, de repente, vocês terminaram porque no futuro aconteceria algo muito pior.”

“Nada pode ser pior do que não vê-lo mais, Shane.” Suspirei fraquinho. “Talvez nem mesmo a morte.”

“Imagine se você não puder mais voltar aqui e impedir a morte dele?” Afundei a caneta no papel, meio que refletindo. Talvez seja melhor não alterar o passado, porque talvez o futuro reservado fosse muito diferentes. Meu coração estava dolorido, mas eu sorri fraco para Shane.

“Não pensei nisso.” Suspirei. “E na verdade, eu prefiro pensar positivo e acreditar que tudo vai dar certo.”

“É, eu prefiro acreditar nisso também.” Sorriu. “Hey, quer chocolate quente com marshmallows e biscoitos?”

“Quero!” Assenti. “Só vou responder ao Ryan e desço pra fazer pra gente.”

“Vou descer enquanto isso e me ajeitar no quarto ao lado.” Assenti novamente. Levantei a cabeça de seu ombro e a gente trocou um selinho amistoso. Sorri em seguida e ele me deixou sozinho com meus pensamentos.

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Ryan,

“Jealousy, turning oceans into the sea. Swimming through sick a lullabies, choking on your alibis.  But it’s just the price, I pay, destiny is calling me. Open up my eager eyes, ‘cause I’m Mr. Brightside.”

Eu nunca imaginei, nunca mesmo, que cantaria essa música para você. Na verdade, eu estou pagando um preço que não sei se é alto demais, mas isso é algo que eu não posso confirmar, nem deixar de me conformar, nesse momento. Nunca passou pela minha cabeça que você tivesse ciúmes do Shane (que, abrindo um parêntesis rápido aqui, ficou meio abobalhado quando viu sua carta surgir no assoalho) e eu estou com um sorriso idiota daqueles que supostamente você gostava no rosto. Acho que seu ‘instinto’ em me fazer feliz agiu de novo, contra sua vontade.

Então, diga-me, como estão às coisas por aí? Para falar a verdade, as coisas que você prometeu tentar mudar ainda vão e voltam em minha mente, isso me preocupa. Vocês conversaram? Você entregou a foto? Eu já te enviei alguma flor? Oops, como eu sou idiota, não leia o que está riscado, por favor, isso é uma surpresa.

Preciso de notícias suas, de seus sentimentos. Eu gosto de saber tudo sobre você, sobre o que acontece em sua volta.

Seu B.

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