Unreachable

05 – Reflexão: A Humanidade

Então Nicky e eu fizemos as pazes após longos e sofridos anos. Não sabia ao certo se aquilo poderia durar, mas de certo era o meu desejo.

Talvez ele não seja uma das dez pragas do Egito ou então um desgraçado. Ele pode ser apenas um jovem que não sabe se expressar, e casualmente, isso o prejudica. Todos merecem uma chance, ninguém é perfeito.

Estávamos nos dando uma chance. A chance de provar que aquela inimizade não era necessária.

Depois daquela cena comovente voltei pro meu lugar para buscar meu material. Sentaria com Nicky naquele dia. Vamos ver no que dá.

Quando me aproximo, vejo uma cena quente e ao mesmo tempo chocante. Paco e Anita estavam dando um beijão daqueles em plena sala de aula. Parecia que queriam engolir a boca um do outro. O amor está no ar, mesmo. Só faltava o Paco dar uma lambida no corpo de Anita.

Ehr... evolução. Que legal!

– Ora, ora, ora, o que temos aqui? – Cheguei de surpresa, assustando eles.

– Droga, Guillermo! – Reclamou Paco. – Agora que sabe do nosso segredinho, vá para outro lugar. Estou namorando.

- Sem problemas.

Nunca, jamais, pensaria que os dois poderiam ter um caso, são tão diferentes um do outro que se formassem um casal, iriam acabar com a humanidade, provocando uma explosão nuclear daquelas. Dez quilotões. É, continuo sonhando. O que quero mais é presenciar um Tsunami de perto. Dá uma mergulha nas ondas gigantes. Haha.

Desastres naturais... como são bons – suspiro – .

Então sentarei ao lado de Nicky. Será que dará certo?

- Já que faremos o trabalho juntos, precisamos de um lugar para que possamos pesquisar juntos. - Eu disse , com naturalidade.

- Você está certo. O trabalho é para o próximo bimestre. Podemos fazer isso na minha casa. Claro, se concorda.

Senti uma mudança pouco perceptível no seu olhar. Piscavam com pouca intensidade. Conheço... Costumo tentar desvendar o sentimento da pessoa através de seu estado corporal. Seja por olhar, respiração, tonalidade da voz. Você, leitor, deve estar pensando que sou telepata ou que tenho algum nível paranormal. Se pensou, acaba de quebrar a cara – Yes! – . Não tem nada de anormal. Fica a dica. Talvez seja um nível bem intenso de observação. Okay, eu estou sendo bobo. Mas a alegria de estar perto de alguém que tanto queria conquistar a amizade, após as diversas brigas, é maior do que eu.

– Eu concordo! – Afirmei e senti o toque de sua mão junto a minha. Ele estava com um sorriso largo que me deixava um pouco sem graça. Precisava urgentemente decifrar o enigma daquela sensação... e era boa. Algo que circulava todo o meu ser.

A aula, enfim, terminou. Todos saíram da sala com muita rapidez e gritaria. Algumas meninas brigavam puxando o cabelo da outra, alguns intelectuais batalhavam em uma sede de conhecimento, Paco e Anita estavam quase fazendo um filho no fundo da sala e eu estava junto de meu novo amigo.

Uma semana se passou...

Continua...