- Anne,por favor,pode entregar esse pedido na mesa 5? – a voz de meu pai se direcionava a mim, mas minha mente estava distante demais para ouvi-la.

- Já vou. Só um minuto. – eu dizia, enquanto tentava me concentrar e pegar o pedido no balcão e me direcionar a mesa correta.

- Aqui está. 2 hamburgueres e um refrigerante médio. – disse, entregando e saindo depressa.

- Ei, falta um refrigerante. E pedi para não mandarem picles em um dos lanches. – respondeu um garoto reconchudo e loiro,com aparência de 10 anos, e sua mãe.

- Sem problemas. Já trago de volta. – disse,impaciente, pegando rapidamente os sanduíches e levando de volta.

- O que aconteceu? – perguntou minha mãe no caixa, vendo que eu já estava irritada.. – pedido errado? Já vou refazer.

- Desculpa,mãe. Eu só não consigo mais me concentrar por hoje. – eu respondi,tirando meu avental. – posso ir para a casa? preciso estudar.

- Tudo bem, filha. Só desvie de seu pai,ele não gosta que você abandone o expediente.

Passei pela porta de saída sem olhar para Derek ainda trabalhando atrás de mim,lembrando do acontecido de hoje. Havia me deixado triste,talvez seria esse motivo de lágrimas estarem escorrendo por meu rosto na hora que cheguei em casa e subi até meu quarto.

E eu lembrei de todas as vezes que, de alguma forma,eu o desprezei. Não propositalmente, mas demonstrando que não queria sua presença. Eu lembrei de quando menti, e de quando me irritei por pensar ser culpa sua ir para a diretoria.Mas, quando ele saiu sem ao menos dar uma satisfação,fiquei magoada.

Abri minha gaveta e li o bilhete da noite passada. “Estarei com você em todos os momentos enquanto não puder entender meus motivos”. Eu não havia entendido o que ele queria dizer com isso, mas sabia que vinha dele. O que eu tinha visto na noite passada em frente a janela me deixava com arrepios, pois não era algo que eu costumava ver frequentemente, mas não me deixava apavorada pensando ser algo sobrenatural.

Porque, acima de tudo, era um mistério. Algo que eu desconhecia,mas que me trazia familiaridade e conforto ao mesmo tempo. Estar com derek me fazia sentir bem,me fazia sentir como se minha alma o reconhecesse antes mesmo de eu o avistar no posto de gasolina,eu não queria que isso se acabasse com uma briga idiota sem pé nem cabeça.

Foi quando parei de chorar e desci as escadas determinada a conversar com ele. Eu estava andando quando senti alguém puxando meu braço:

- Precisamos conversar, brook. – era Derek,com uma expressão tensa.

- Eu já estava indo pra lanchonete. Também quero falar com você. – eu disse,confusa.

Fomos andando até um lugar um pouco afastado da cidade,onde haviam pedras altas e árvore.Um lago também corria por ali,e adornando o lugar havia uma ponte,também feita de pedras. Me sentei em um banco,e Derek se sentou em meu lado.

- Acho que você já sabe o motivo de eu ter vindo aqui. – disse ele.

- Antes de tudo,eu só quero dizer algo que ficou guardado comigo por esse tempo. – eu disse, tomando coragem. – eu.. eu te amo. Não sei o que sinto. Eu mal te conheço, e não consigo ficar longe de você. Eu simplesmente não queria atrapalhar a sua vida,mais é isso o que ando fazendo ultimamente. Não vou fazer isso por muito mais tempo. Eu prometo. – sai em disparada para a ponte. Não pretendia olhar para trás, quando senti a mão de Derek me segurando.

- Brook...eu não queria te perturbar. Não queria levar a sua vida para esse caminho.

- Do que você está falando?

- Que eu não existo. Eu não estou vivo,estou morto. Eu apenas estou aqui agora por causa de sua presença. Eu não passo de uma ilusão em busca de recuperar minha humanidade...e eu não quero que sua vida agora gire em torno disso.

- Eu não...como isso pode acontecer? Se nem ao menos...

- Eu sei,você não entende. Nem eu mesmo entendo. A única coisa que eu sei é que o que mais preciso agora – disse ele,segurando minha mão e sentando-se no banco novamente – é de você.

E em uma vez nas muitas em que fiquei próxima a ele,não recuei no instante em que nos beijamos.