Lucas apertava minha cintura contra seu corpo, seus lábios procuravam famintos os meus enquanto eu empurrava seu peito com toda a força que podia, tentando tirar meus lábios da linha de fogo.

-Para! Para! – falei desesperada.

-Parar por que? – ele perguntou cínico.

-Idiota – xinguei enquanto passava a manga da minha camiseta na boca – Por que você sempre faz isso?

-Isso? – ele perguntou e foi para me beijar novamente. Seus lábios estavam frios sobre os meus, mas assim que pisei no seu pé ele me soltou – Droga, Jessica. Por que você sempre faz isso?

-Já falei que não é para me beijar – disse friamente, enquanto prendia meus cabelos.

-Mas você gosta – ele brincou e eu me virei para encará-lo.

-Escuta aqui, Lucas! Em primeiro lugar, eu nunca falei que queria que você ficasse me agarrando. Em segundo, PARE de me agarrar e em terceiro, você é um idiota.

-Ai, Jess. Assim me ofende.

-Era pra ofender – retruquei, enquanto ia em direção a porta do chalé e a abria – Aqui está a saída.

-Não precisava ser tão brava assim – ele riu, mas saiu.

Bufando, voltei para minha cama e comecei a arrumá-la. Ouvi a porta se abrir e com um pouco de raiva falei novamente:

-Que droga Lucas, mandei você embora!

-Não é o Lucas – disse uma voz fria no meu ouvido que fez meu corpo se arrepiar. Uma coisa tocou meu nariz. Senti um cheiro esquisito e apaguei.

***

POV 3ª pessoa (a pedido de leitores)

Algumas horas depois, Jessica acordou em uma pequena sala com poucos moveis. Ela estava sentada em uma cadeira velha de madeira, com os pulsos amarrados nas costas e os tornozelos, nas pernas da cadeira. Seu rosto estava caído na frente do corpo e o nariz e lábios estavam vermelhos. O couro cabelo ainda estava avermelhado do sangue que escorrera. A sala era basicamente a cadeira, decorada com tinta escura e com algumas tocas de ratos. Na frente dela, sentado sobre uma cadeira estava um garoto loiro, com uma aparência de no máximo vinte e cinco anos, olhos azuis e uma cicatriz longa na rosto. Ele estava sentado em outro cadeira defronte para ela, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Pensando.

Com um movimento leve, Jessica mexeu os dedos e sentindo as cordas, tratou de levantar o olhar para encarar seu seqüestrador. Dor tomou seus olhos e ela os baixou novamente.

-Que bom que acordou Jessica – disse Luke, enquanto aprumava-se na cadeira – Eu quase pensei que tinha te golpeado forte demais.

-Vá para o Inferno – ela disse com o veneno evidente na sua voz.

-Acredite, já estive lá – disse Luke com a voz divertida, levantando-se da cadeira – E sabe de uma coisa? Não é tão ruim quanto falam. Sentirei falta... Não, não sentirei – ele riu.

-O que quer comigo? – perguntou ela, levantando a cabeça e a voz – Por que eu?

-Talvez porque você seja muito importante no meu plano.

-Que plano? – ela perguntou curiosa.

-Não sou estúpido!

-Nunca disse que era – retrucou Jessica – Mas não sei como posso ajudar.

-Você não vai – disse Luke – Você vai ser a famosa isca.

-Isca? 

-Exato – ele disse sorridente – Desta vez não estou pouco ligando para titãs ou deuses, apenas quero minha vingança. Matar Jackson seria o melhor que poderia fazer.

-Foi Nêmesis.

-O que tem ela? – perguntou Luke rudemente.

-Ela que o trouxe de volta – a garota o informou, enquanto se movia incomodada na cadeira.

-Como sabe?

-Eu posso ver como morreu Luke, embora não estivesse presente. Eu sinto o que você sentiu, eu vi o que você viu. Você morreu em paz, Luke Castellan filho de Hermes e uma boa morte é a minha especialidade.

Ele deu um sorriso enorme e se ajoelhou para ficar com os olhos na mesma altura que os dela. Pegou seu queixo e o puxou.

-Exatamente por isso que você está aqui?

-Em que posso ser útil? – perguntou ironicamente.

-Quero que me ajude a recrutar certas pessoas para meu lado.

-E o que acontece se eu não fizer isso? – desafiou a garota.

-Então você pode acreditar que seu Lucas não terá uma boa morte – disse Luke com escárnio, enquanto o corpo da garota se paralisava.

-Quem? – ela perguntou direta.

-Você verá – ele disse com um olhar malicioso.

***

Meia hora depois a garota estava sentada em uma cadeira novamente, só que nessa ela estava solta. Estava de frente para uma mesa com um prato de comida e um copo cheio de água. Ela comia lentamente a comida enquanto tentava acabar com a irritação da garganta.

-Pronta? – perguntou Luke nervoso enquanto Jessica bebia o restante de água.

-Não – ela disse – Eu estava inconsciente até agora a pouco e estou com muito fome, caso não tenha percebido.

-Não deveria ser tanto obtusa – ele disse e então em um acesso de raiva, jogou a mesa para o lado. Jessica pulou da cadeira assustada e com os olhos arregalados, olhava para Luke que até pouco antes parecia calmo.

Ele a pegou pelo pescoço e a jogou contra a parede. Com um gemido de dor, a garota caiu até o chão e levou as mãos as costas doloridas e que estavam sangrando. Quando gemeu novamente de dor, Luke jogou a cadeira nela. Jessica tentou proteger o rosto com a mão, mas a perna da cadeira bateu em cheio nas maças do rosto, logo embaixo dos olhos. Sentiu as lágrimas começarem a rolar de seus olhos enquanto tentava sair da linha de fogo.

-Desde que voltei não estou com um humor muito bom – ele disse e então pegou Jessica pelo pescoço e a levantou do chão. Ela arranhou as mãos de Luke sem sucesso, enquanto tentava se libertar do aperto de ferro. Os olhos estavam cheios de lágrimas, a garganta ardia e ela não conseguia mais

respirar. Quando ele a soltou e ela caiu no chão, o ar entrou tão bruscamente em seus pulmões que ela tossiu várias vezes até conseguir respirar normalmente de novo.

-Desta vez aprenda a não me subestimar, garotinha – ele disse ameaçador enquanto saía do cômodo, a deixando sozinha a chorar.