Edward partiu para a Inglaterra com o coração em frangalhos.

A sua carta foi levada para a casa dos Hale nas mãos de um mensageiro, pouco mais do que um garoto.

Ele ia distraidamente montado no seu cavalo pela longa estrada de terra batida, sem qualquer preocupação além das moedas que receberia quando voltasse de sua missão bem sucedida.

O rapaz entrou na cidade encantado. Já entregara várias cartas por ali, mas sempre ficava admirado com o tamanho e a beleza de todas as coisas.

Mais encantado ficou com a bela moça que caminhava pelo jardim da casa para a qual a carta era destinada. Era uma casa senhorial muito bela e a mulher fazia jus a descrição de uma princesa, com seus belos cachos louros a lhe caírem pelos ombros.

- V-vim trazer uma car-ta. – Ele gaguejou ao dirigir-se à dama e pigarreou para se recompor.

- E para quem seria esta carta? – Ela perguntou com frieza.

- Bella Swan. Ela mora aqui? – Ele perguntou respirando rapidamente.

- Sou eu mesma, pode me entregar. – A mulher falou estendendo as belas mãos pálidas e delicadas. O rapaz hesitou olhando para ela com admiração. A mulher sorriu, mas este não lhe chegou aos olhos, que eram mais frios do que sua voz e estranhamente assustadores.

O garoto teve medo dela e lhe entregou a carta sem querer tocar a sua pele.

- Obrigada. – Ela falou ainda sorrindo. O rapaz apenas acenou com a cabeça e subiu rapidamente em seu cavalo para voltar galopando para casa.

Rosalie Hale entrou rapidamente no seu quarto e trancou a porta. Seu coração estava acelerado e sua respiração rasa. Mas não era de medo ou remorso por ter roubado a carta de Bella. Era de raiva. Raiva por ver o nome de Edward no verso e saber que ele se importava mais com a serviçal, a ponto de lhe enviar uma carta, do que com ela.

Leu e releu a carta várias vezes. E a cada vez seu coração se apertava mais.

Aquelas palavras doces deveriam ser para ela. Para ela!

Seus olhos se encheram de lágrimas e se jogou na cama, amassando o papel entre os dedos e imaginando que era o seu nome no topo da carta. Chorou até suas lágrimas secarem e quando começou a se recompor viu em suas mãos a oportunidade de separar aqueles dois definitivamente.

Bella mais uma vez estava curvada no chão da cozinha, esfregando o chão umas tantas vezes até este ficar totalmente polido e brilhante. Suas costas doíam e seus dedos se recusavam a continuar. Mas terminou o seu trabalho satisfatoriamente.

Sua cabeça ficava indefinidamente com Edward, qualquer que fossem os seus afazeres.

Naquela noite Jacob Black veio bater na porta da cozinha em busca dela e mais uma vez Mary caíra em um mar de risadinha idiotas.

- Como tem passado Bella? – Jacob perguntou.

- Muito bem Jacob. E você? Como tem ido? – Bella quis saber.

- Não sei se deveria contar-lhe... – Ele resmungou ansiosamente.

- O quê? Do que se trata? – Bella quis saber.

- Eu... Temos um suspeito de ter... Bom, você deve imaginar. – Ele concluiu sem mais demora.

- Ah. – Foi tudo o que Bella pôde dizer por um instante, mergulhando em lembranças dolorosas. Pouco depois conseguiu recobrar-se. – E então? O malfeitor está preso?

- Ainda não. É apena sum suspeito, mas vou averiguar isso com toda a minha vontade. – Jacob prometeu firmemente.

- E eu lhe agradeço muito por isso, senhor. – Bella falou segurando-lhe a mão, que Jacob apertou de volta.

- Há um brilho diferente em seu olhar Bella. Posso ver isso... – Jacob falou de repente, esquadrinhando seu rosto com interesse. Bella corou.

- Como pode ver isso em mim se mal nos conhecemos? – Bella desconversou.

- Não sei. Mas estou certo não? – Jacob insistiu.

- Sim. Está certo. Eu... – Bella suspirou e sorriu. – Estou apaixonada.

- Ora essa, que boa notícia. O amor é sempre bom em tempos de sofrimento. – Jacob sorriu-lhe. – E quem seria o felizardo?

- Não posso contar por enquanto... Não queremos despertar falatórios antes de tornar tudo oficial. Estou lhe contando apenas por que confio no senhor e sei que é meu amigo. – Bella falou meio sem graça.

- Entendo perfeitamente. Espero que seja feliz então, senhorita. E que possamos todos nos sentar para conversar e ter ótimos momentos de diversão. – Jacob desejou.

- Teremos, Jacob. – Bella sorriu ainda mais.

- Agora preciso partir, acordo muito cedo amanhã. – Jacob começou.

- Claro. Boa noite Jacob. – Bella desejou. O homem levou os lábios ao dorso de sua mão e depositou ali um beijo.

- Boa noite Bella.

Bella esperou seu grande amigo sumir na escuridão e entrou para terminar o seu trabalho.

Estava ajudando Mary com a bandeja do café quando uma certa conversa fez seu coração de estilhaçar em milhos de pedaços a perder de vista.

- Então quer dizer que o Sr. Edward partiu mesmo para a Inglaterra? – A Sra. Hale perguntava para Rosalie.

- Sim, Jasper me enviou uma carta. Ele não voltou à faculdade com o irmão. Pediu ao pai para morar na Inglaterra e terminar os seus estudos lá, em melhor ambiente. – Rosalie falou evitando olhar para Bella, mas ciente de todas as suas reações.

- Bela escolha do rapaz. Nada como um lugar cavalheiresco como Londres para torná-lo um ótimo profissional. – A Sra. Hale aprovou, mas Bella já não estava ouvindo. Seus sentidos a abandonaram ela caiu na escuridão.

Edward a havia abandonado.

Acordou apenas alguns segundos depois, ainda no chão da sala de jantar, com todos à sua volta, menos Rosalie.

- O que houve criança? – A Sra. Marshall perguntou afobada.

- Não foi nada, apenas não me senti bem. – Bella falou tentando levantar-se e sentindo a cabeça doer.

- Dever ser fadiga. Vá recolher-se e depois a Sra. Marshall levará um prato de canja para você. – A Sra. Hale comentou. Era sempre tão boa e atenciosa com ela.

- Não é preciso... – Bella tentou levantar-se e sua cabeça girou.

- Sem desculpas. Vá para o seu quarto e descanse. – A Sra. Hale insistiu.

- Obrigada. – Bella foi para o seu quarto sentindo as lágrimas brotarem diretamente do seu coração.

Era mentira, afinal.

Mas não podia ser. Edward não era um mentiroso. Alguma coisa havia acontecido para ele ir embora, essa era a única explicação. Ela tinha que confiar nele. Era o único jeito de se manter viva e inteira.