Herança de Amor escrita por Lewana


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar mais um capítulo, gostaria de agradecer a todos os reviews que estão me mandando, e também pedir desculpas por não estar respondendo alguns deles!

Realmente está sendo muito dificil para mim ter tempo de escrever a fic. e entrar com mais frequência no site para poder responde-los, mas quero que saibam que eu leio todos eles e que os mesmos me incentivam muito a continuar essa história.

Obrigada pelo carinho de todos! *-*

E ai vai mais um capítulo pra vocês. Avisando que esse é mais curto do que os outros *o*

[/deixandosuspense u.u

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96163/chapter/5

       O brilhante sol do meio-dia atingia a cabeça de Laura como um raio laser. Amaldiçoando o uísque que tomara na noite anterior, ela fechou a porta do rancho e saiu para o pátio.
      Cada passo parecia aumentar a agonia em sua cabeça. Tinha certeza de que nada poderia fazê-la sentir-se pior do que se sentia no momento. Então ela a viu.
     A nova proprietária do Double Diamond  estava dando uma cenoura ao seu cavalo, toda sorridente, e Laura sabia que se Zack fosse humano, estaria sorrindo também.
     Vê-la foi o suficiente para voltar a sentir raiva, a mesma raiva que a fizera ir para seu quarto e tomar uma garrafa de uísque na noite anterior. Laura era uma mulher que bebia raramente, mas naquela noite não tivera opção. O ódio só era superado pelo medo do que poderia fazer com Carol.
     Lembrou o acetinado da pele dela contra a palma de suas mãos; os cabelos sedosos: o doce cheiro feminino que emanava entre seus seios.
     Forçou-se a lembrar do que aquela mulher significava. Pela primeira vez em horas, sua mente ficou clara e os pensamentos começaram a se arranjar em padrões coerentes.
     Lembrava vagamente de ter decidido ir embora na noite anterior, mas desmaiara antes de terminar de fazer as malas. Agora que estava sóbria, partir continuava sendo uma opção, mas tudo nela se rebelava contra. Droga, aquele era seu rancho, não importava o que aquele papel dizia! Sua lembrança mais antiga era andar atrás de Ben Bittencourt, implorando que a deixasse dar comida aos animais. Trabalhava no rancho desde então e aquela propriedade havia sido sua única razão de viver depois da morte de Anne.
     Os passos de Laura tornaram-se mais lentos ao aproximar-se de Carolina. Seus cabelos dourados encontravam-se soltos. Usava um vestido que realçava a cor de seus olhos, e quando inclinou-se para dar a cenoura ao Zack, revelaram-se curvas que só um cego não notaria.
     Os caubóis que olhavam para ela, sem sequer tentar fingir que trabalhavam, certamente não eram cegos. Nem surdos; a julgar pelos queixos caídos, ouviam atentamente a voz suave de Carolina falando com Zack.
      Lembrou o modo como Carol a olhara, fazendo-a sentir-se forte, boa e desejável. Depois, roubara seu rancho.
     Os caubóis perceberam sua presença: de repende todos se ativaram.
     Carolina percebeu sua presença, mas não moveu a cabeça; apenas o tom da voz mudou e o corpo ficou tenso, como que esperando um golpe. Laura não quis desapontá-la. Indagou:
     - Fica excitada com os homens babando por você, Carol?
     Carolina voltou-se com raiva, surpresa e o familiar sentimento de culpa.
     - Que homens? - perguntou, olhando ao redor.
     Laura fitou os olhos verdes, tão profundos que qualquer um poderia se afogar neles. Carol tinha a capacidade de anular sua raiva e produzir desejo. Será que as coisas com Ted realmente tinham acontecido como ela contara?
     Então lembrou-se que Carolina ficara com seu rancho e não iria embora sem lutar.
     - Que homens? Seus caubóis, patroa, que ficaram observando-a e imaginando como seria...
     - Não! - exclamou Carolina.
     Cobriu as orelhas com as mãos para não ouvir as acusações que eram dolorosas repetições das que ecoavam em sua mente desde a morte do marido.
     Voltou-se para correr mas, apesar do tornozelo estar bom o bastante para não precisar da bengala, não conseguiu. Antes que desse três passos, a mão de Laura fechou-se em torno de seu braço. Ergueu as mãos e empurrou Laura, porém a mesma a imobilizou e aproximou os lábios dos de Carolina.
     Com um último esforço, Carol virou o rosto. Sentiu os lábios de Laura tocando seus cabelos, procurando a orelha e gemeu quando a língua quente contornou-a até alcançar o lóbulo sensível, enviando sensações deliciosas através do corpo de Carolina, totalmente desperto.
      - Estou avisando, Carol. Faça as malas e vá para El Paso ou...
      Com um arrepio gelado na espinha, Carolina inclinou-se para trás e fitou-a.
      - Ou o quê?
      - Ou farei o que tiver de ser feito para obrigá-la a ir.
      - Cresci em lares adotivos, Laura - a atitude de Carolina era de desafio. - Nunca tive nada meu, nem as roupas que vestia ou a comida que comia. Jurei que quando tivesse filhos eles teriam o melhor que pudesse lhes dar. Este rancho é um lar para o Dudu e ninguém vai tirá-lo dele.
      - Lindo esse seu amor materno! - ironizou Laura. - Só tem uma coisa: este é o meu lar, o meu futuro!
      Carolina sentiu-se culpada. Se fosse apenas por ela, teria abandonado a herança.
      - Não fui eu que fiz isso. Foi Ted.
      - Claro que foi Ted, Carol - os olhos de Laura se estreitaram. - E nós sabemos o que você deu a ele em troca.
      - Eu dei tudo que você nunca soube dar! Carinho, consideração, amor... Por isso Ted deixou o rancho para mim e não para você. Se acha que vou abrir mão dele, pode esquecer!
      - Você vai embora antes do ano terminar - garantiu Laura - , para se ver livre de mim.
      - Reconheço que você pode não ser a mulher mais charmosa que conheci, mas acho que posso suportar viver no mesmo rancho com você. - tentou dizer com desdém.
      - Tem certeza? Porque se ficar, poderá ser a dona do rancho, mas eu serei a sua dona.
     Antes que Carolina reagisse, Laura a comprimiu contra a cerca e a manteve no lugar com a pressão do corpo. Segurou-lhe o rosto. Carolina fechou os olhos, tensa por antecipação ao beijo punitivo, como o do dia anterior. Mas em vez disso sentiu a suave carícia dos lábios dela em seu pescoço. Em seguida, Laura escondeu o rosto em seus cabelos: Laura poderia usar força para dominá-la, mas não seria consumida também?
      - Todos os seus sonhos vão se realizar depois que o sol se puser - sussurrou. - Se ficar, vou torná-la a minha mulher, Carol, e garantir que todos por aqui saibam disso.
      Carolina a queria com loucura, mas a razão a prevenia: o desejo por ela era sua fraqueza, uma fraqueza que Laura usaria para destruí-la. Apoiou as mãos em seu abdomen e a empurrou com força, fazendo-a recuar.
       - Que diabos...?
       Carolina escapou para uma distância que julgou segura:
       - Sua idiota egoísta! Acha que esperei a vida toda para ser seduzida por você? Pense melhor no assunto, srta. Maravilha. Eu não dormiria com você nem que viesse com um saco de diamantes e garantia de indenização se não prestasse!
       Laura a observou se afastar mancando, surpresa demais para pensar em segui-la. Uma risadinha às suas costas a fez virar-se e viu Rob. Indagou, furiosa:
        - Ouviu o bastante ou quer que eu conte tudo?
        - Se acha que é mulher o bastante para fazer isso por ela, irmãzinha, pode tentar.
        O olhar de Rob foi dos olhos de Laura aos seus punhos cerrados e voltaram:
        - Sempre respeitei você, Laura. Agora vejo como realmente é ou o que se tornou depois do acidente: uma mulher amarga e vazia.
        Laura viu tudo vermelho. Deu um passo para Rob, mas percebeu o que ia fazer e parou:
        - Rob, não se meta entre Carol e eu.
        - Não vou deixar que a machuque, Laura!
        Estreitando os olhos, Rob fitou a irmã com ar de desafio antes de ir embora.
       Decepcionada, Laura perguntou-se se o irmão não via como aquela mulher o manipulava? Como Rob podia estar contra ela?
       Tinha mais isso para acertar com Carol.


~//~
    
 
    Carolina bateu a porta do quarto e se encostou nela, lutando para recuperar o fôlego.
   Seus olhos percorreram a mesa e cadeira de escritório, o gravador, o computador laptop, as fitas de O Legado que Sam Perry entregara no dia anterior, depois da leitura do testamento. Passara a manhã arrumando tudo no seu amplo quarto depois fora dar uma volta, agora não tinha mais desculpas para adiar o trabalho.
    Sentou-se na grande cadeira giratória e aproximou-se da mesa. Ligou o computador e em minutos estava preparada para começar a transcrição. Colocou os fones de ouvido e apertou o botão para fazer rodar a fita rotulada Capítulo Um.

   "Esta é a história da minha vida. Como qualquer outra vida, é a história de conquistas e de fracassos, de alegria e desespero. Mas agora, no limite com a eternidade, quando olho para trás, o sentimento mais forte que me domina é o de arrependimento".

   
Carolina ergueu os dedos do teclado e parou a fita. Recostou-se na cadeira, lutando com todas as forças contra a vontade de ceder à tristeza. Mas tinha que se concentrar nas palavras e não na voz de Ted se quisesse terminar o trabalho.
    A pequena parte que já ouvira era muito diferente da biografia de Poe, que transcrevera quando trabalhava para ele. Era um livro sobre o passado de Ted e talvez descobrisse nele as respostas para suas perguntas.
    Mas seria forte o bastante para encarar essas respostas caso elas ameaçassem destruir as lembranças que guardava de um homem que significava tanto para ela?


~//~

 
    - Laura...
    Laura ergueu os olhos do poste do cercado que estava verificando: logo precisaria ser trocado. Primeiro Carol, depois Rob, agora era Dudu que a atrapalhava em sua pior ressaca da vida. Por que não a deixavam em paz?
    - Sim? - atendeu, resignada.
    - Posso ajudar você a dar comida para os cavalos?
    - Os cavalos já foram alimentados...
    - Me ensina a ser um dominador de cavalos? Um dominador de verdade. Já vi você dominando um e montando em vários. Você é bem melhor do que o Rob. - acrescentou com os olhos brilhando.
    Acompanhada pelo garoto, Laura saiu andando para o celeiro procurando organizar uma preleção sobre as dificuldades da vida de um dominador de cavalos. Então, seu olhar encontrou os olhos verdes de Eduardo e soube que o discurso não iria significar coisa alguma para o menino, do mesmo modo que não significara para ela quando o ouvira de Ben Bittencourt.
     - Vá procurar o Rob. Talvez ele lhe dê outra aula de cavalgar.
     Laura entrou na sombra do celeiro sentindo um alívio profundo. Pegou o cabresto, a sela e virou-se para retornar, quase atropelando Eduardo.
     - Merda! Eduardo, pensei que tinha mandado você procurar Rob.
     - Ele saiu...
     - Então, vá brincar com os garotos - sugeriu Laura, apontando os filhos de alguns dos caubóis que brincavam ali por perto.
     Enquanto se dirigia para o cercado percebeu, perturbada, que a pequena sombra não a deixava. Ignorando Dudu, subiu na cerca e Zack trotou até ela, relinchando em cumprimento. Laura saltou dentro do cercado e colocou o cabresto no grande cavalo que mexia com os lábios em sua camisa.
      - Eles não gostam de mim.
      - Isso vai mudar - garantiu Laura, olhando para o menino. - É que os garotos ainda não conhecem você.
      - Eles disseram que sou tonto.
      - E por que disseram isso? - Laura colocou a manta sobre o cavalo, lutando para conter a súbita raiva que parecia ter surgido do nada.
      - Disseram que qualquer um que não saiba como selar um cavalo e cavalgar sozinho é um verdadeiro tonto.
      - Acontece que todos eles foram criados com cavalos. Você não foi. Eles se sentiriam tão deslocados na cidade quanto você está se sentindo aqui.
      - É, acho que sim.
     Laura voltou-se para o cavalo, mas não conseguia tirar da mente o rosto triste e pensativo de Eduardo. Tratou de lembrar a si mesma que não devia se envolver. O pequeno resolveria tudo mais depressa com os outros sem nenhum adulto se intrometendo.
     Ergueu a sela e colocou-a no cavalo. Claro que se Dudu ia aprender a montar, Zack seria a escolha perfeita. Era bem-humorado e firme como uma rocha. Mas não era apenas dar o cavalo a ele e pronto: alguém teria de gastar muito tempo ensinando-o a montar, supervisionando. E se desse Zack ao Dudu, essa responsabilidade seria dela.
     Abriu a boca para fazer a oferta, então parou. Dar Zack àquele garoto, como? A mãe dele era a dona do rancho e de todos os animais que havia lá! Quanto a ensiná-lo a montar, primeiro precisava ver o que a mãe dele achava. Como iria sentir-se ao ver seu bebezinho correndo o risco de crescer como um rude caubói?
     Um sorriso vingativo surgiu no rosto de Laura, mas foi a tristeza profunda de Eduardo que a fez decidir. Apoiou-se no cavalo e fitou o menino:
     - Eu ensinei Rob a montar e a domar cavalos. Acho que posso ensinar você também, mas só se trabalhar duro para isso.
     Os olhos e a boca de Eduardo abriram-se surpresos.
     - Está falando sério?
     - Foi o que eu disse, não foi? - Laura aproximou-se do cavalo e apertou a sela. - Olhe bem e aprenda, Dudu, da próxima vez você é quem vai fazer isto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?