Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 28
Capítulo 28




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- Magnum! – Ada gritou no mesmo instante que a experiência sentiu o impacto da água contra o seu corpo. Alguns vestígios dos elevadores caídos bateram contra suas pernas, mas nada forte o bastante para feri-la.

Não ouve tempo suficiente, no entanto, para que ela soubesse o porquê do grito da espiã. Alguns andares acima, Ada apontou a Grapple Gun para a entrada que Magnum havia apontado e o quanto antes se lançou em sua direção. Linckers desciam numerosamente pelas paredes do grande buraco, atraídos, de alguma forma, pelo cheiro da experiência. Apesar disso, não ignoraram Ada, que após chegar a entrada, teve de abater alguns com suas últimas balas.


Magnum emergiu olhando para o formigueiro que se aproximava sedento. Ela conhecia bem as tais criaturas e vendo que elas também haviam sentido o cheiro de seu filho, empunhou um pedaço afiado de ferro e cortou o pulso.


“venham pegar o meu sangue.”


Imediatamente todas as criaturas se voltaram para sua direção. Aquelas que perseguiam Ada retornaram para o buraco, deixando a espiã presa com a criança berrante em uma sala. Magnum sabia as conseqüências que o contato o sangue trariam, ainda assim, deixou que um grande rastro vermelho se espalhasse pela água acastanhada. Imergindo, percebeu as criaturas se debatendo na superfície.


Sorte a sua que não sabiam nadar.

Ada saiu da sala seguindo para outra e mais outra. Todas enferrujadas, mofadas e tremendamente caóticas. Vidros estavam estourados graças ao impacto que os litros de água dos tanques haviam causado. As paredes, algumas revestida de metal, enferrujadas, as que eram feitas de simples reboco estavam mofadas, ou tomadas por um musgo estranho que se tornava cada vez mais denso conforme se aproximava de seu objetivo. Com uma certa impaciência e desconcerto, a espiã tentava acalmar a criança em seu colo, mas sentiu seus esforços inúteis. Ela estava agitada com toda aquela corrida.


Ada que nunca nem sequer havia pego um bebê nos colos, resmungou algo e o sentou sobre uma mesa vazia. A criança a assustava mais do que qualquer um daqueles monstros e seu berro parecia tão agudo quanto os das criaturas. Mas tinha que pará-lo antes que mais alguma coisa resolvesse gritar (se não fosse ela mesma.). Com agrados vãos e chacoalhadas que tentavam aparentar um afeto maternal, Ada se dispôs a fazer qualquer coisa para calar criança, nem que tacá-la para o fundo abismo junto com a mãe fosse necessário. Mas como se, pela força do pensamento, houvesse conseguido o desejado, a criança se calou. Repentinamente não soltou mais pio algum. Apenas tomou um tom mais avermelhado e expôs um bico perigosamente gracioso. A espiã arqueou as sobrancelhas e olhou para os lados, como se aquilo fosse um mal sinal. Mas não era. O menino havia resolvido colaborar, por instinto puro, talvez. Pegando-o no colo, voltou sua atenção para as salas e após atravessar mais algumas (e reparar em como aquele musgo parecia estar mais saliente) chegou à sala de controle. Por coincidência ou não as coisas lhe pareceram mais fáceis e em alguns minutos tinhas o mapa até o aeroporto subterrâneo nas mãos e uma imagem do avião que pegaria na tela de um dos computadores. Não via a hora de voltar para casa e concluir logo aquela missão. Contudo, precisava ter a certeza de que seu irmão sairia vivo dali ou ao menos curado. Através da sala, a espiã tentou acessar algumas câmeras do laboratório, enquanto a criança brincava com algumas manivelas quebradas que correspondia às saletas cheias d’água separadas pelo vidro reforçado à sua frente. Infelizmente muitas câmeras haviam sido danificadas, mas das poucas que pôde acessar, Ada se deparou com a cena do grupo de sobreviventes puxando o corpo de uma enorme criatura até o meio de um pátio e lá deixando pronta uma armadilha com o gás para atearem fogo. De alguma maneira esperavam atrair algo para lá. De qualquer forma, a espiã não podia esperar para ver e pegando o bebê no colo saiu da sala, se surpreendendo em seguida. À sua frente, um velho homem calvo, trajado com a típica roupa cientifica a observava atônito.


Um grande silêncio permaneceu entre eles por alguns segundos, então Ada tentou perguntar algo, sendo imediatamente interrompida:


- eu sei. – respondeu o cientista antes que a espiã perguntasse qualquer coisa. – não sou um tolo. Sei o que está fazendo aqui. Onde está a minha criação?


- do que está falando? E quem é você?


- Magnum. Magnum. Onde ela está? Oh, me desculpe. Que descortesia. Me chame de Locke. Dr. Locke. Mas acho que já deve ter ouvido meu nome ou, ao menos, lido. – respondeu, a voz pausada e cerimoniosa, como se se encontrassem em um situação comum.


- não. Não sei do que está falando. – Ada mentiu.


- como não? Oh, o pequeno em seu colo. Sabe que graças a mim ele existe? Foi uma grande façanha tê-lo criado. – Locke se aproximou com os braços abertos para acolher a criança, no entanto, Ada se afastou bruscamente.


- não tenha medo, ele conhece meu colo...


- onde está Johnathan Wong?


Locke vacilou, olhando a espiã nos olhos. Então pôs a mão próxima ao queixo, como se estivesse raciocinando.


“ótimo, mais um...”
Ada pensou, enfastiada.


- Eu me lembro desse nome. – disse o cientista.


- É um agente da UDB. Vocês o transformaram em cobaia. Por quê?


- UDB?


- Unidade de Defesa Biológica.


- oh, sim, sim, sim.


- sim o que?


- sei exatamente de quem estamos falando. Bem, ele está morto.


- morto? Como morto?


- eu não sei, tantas coisas aconteceram desde que... Desde que...


- desde que o que? – Ada perguntou, impaciente, quase a cerrar os dentes.

- desde que ele resolveu acabar com tudo o que eu construí. Desde que resolveu transformar tudo nisso. Veja só as paredes. Estão dominadas por parasitas de tudo quanto é gênero. Parasitas, parasitas. Tudo o que querem é sugar a vitalidade de alguém e por a culpa de seus erros. Querem sugar o gênio, o dinheiro, o talento...


Locke falava sem coerência alguma, puxado com palavras assuntos que o conturbavam e esquecendo por um momento que Ada estava ali. A espiã resolveu deixá-lo para trás então, voltando-se para seu objetivo, quando ele a chamou:


- não estou louco se é isso o que pensa, cara senhorita. Mas é que a mente de um homem se desmoraliza ao ver tudo o que construiu indo para os ares. Agora, sobre o tal agente, o melhor é não procurá-lo. Seria de grande risco se aqueles “parasitas” a encontrassem. A torturariam. Mandariam seus restos para as criaturas e com todo o respeito, seria um grande desperdício.


- onde ele está?


- no fundo. Sim, lá no fundo. Submerso em algum lugar desse enorme abismo. Foi onde o guardei antes de sair.


- o que?


- olhando-a mais de perto até que se parecem...


- como assim o guardou?!


- ele estava descontrolado. A escuridão às vezes acalma os nervos. Ele está em um estado, como posso dizer, de “harmonia absoluta com seu ser.” Deixe-o, senhorita. O risco de tê-lo desperto é muito maior.

- eu quero saber exatamente onde ele está, ou nunca direi onde está sua querida criação.


Locke arqueou as sobrancelhas para cima. Então, entre palavras hesitantes e sem nexo tentou se aproximar vagarosamente de Ada.


- não... não faria com que um pobre cientista sofresse mais, não, minha cara? Afinal, se eu disse onde ele está talvez a paz acabe e as coisas piorem. Seria muito arriscado que...


- Magnum. Quer ou não saber onde ela se encontra?


- mas é claro. É claro que sim.


- então me diga onde está John Wong.


O cientista hesitou. Olhou para os lados vacilante, então sussurrou:


- aquela garotinha meiga... A filha adotiva de Drew. Um anjinho. Ela sabe. Os dois (ele e a garotinha) têm uma ligação. Acho que foi o vírus quem provocou isso, mas os dois se comunicam por aqui. – Locke apontou para a cabeça. – ela é o ponto consciente dele. Enquanto ele “adormece” é ela quem “ajeita” as coisas.


- Abigail.


- sim, sim. A pequena Abby. Mas... Mas não o desperte. Eu peço mais uma vez. Não sei se teria forças (eu e ele) para fazer com que voltasse ao estado atual. É um homem tão forte e o vírus... O vírus, aquela falha medonha de Jones, o transformou nessa criatura incontrolável.


- há uma cura? Há uma cura para esse vírus?


- não. Creio que não. Jones e Ford não me revelaram nada. Fizeram isso totalmente “nas sombras”. Mas, minha doce Magnum sabe como resolver essa equação. – e sussurrando: - ela tem uma coleção invejável. Aqui principalmente – disse apontando para a veia. – eu fui um gênio ao criá-la. Ela é perfeita.


- e a criança? – perguntou Ada.


- oh, esse pequenino... – Locke riu prazerosamente. – esse sim será grandioso. Mas eu temo seu sangue. Há nele a essência de todo esse caos.

- o que quer dizer?


- quero dizer que ele é o que eu e Ford procurávamos desde o começo. O vírus Magnum e o AG1 unidos no mesmo corpo. Esse pequeno, senhorita, é a nossa promessa para um futuro onde a raça humana não terá mais motivos para se vangloriar, ao contrário, será considerada ultrapassada. Ele será o primeiro da mais nova espécie que críamos e, portanto, o motivo de todas as guerras, assim, é claro, que souberem de sua existência.


- nunca saberão, Dr. Locke. E isso eu garanto.


Ada virou as costas para o cientista e continuou seu caminho, enquanto a voz rouca se destacava ao fundo, gritando:

- será impossível, senhorita! Um dia todos saberão que existe uma raça perfeita e, daí em diante, o mundo como você o conhece, se transformará na arena de uma eterna batalha, porque nós criamos o que ninguém conseguiu criar até hoje. Nós criamos o princípio da imortalidade. Nós criamos um Deus, senhorita, e chegará uma hora em que ele reivindicará seu trono divino. Espere e verá!

* * *


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