Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 25
Capítulo 25




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A multidão começava a se acentuar. Anthony Benson saiu do carro, verificando de relance o visor de seu relógio. Eram duas e quinze da tarde e há aproximadamente meia hora fora informado sobre John Wong e o suposto ato terrorista. Era óbvio que já esperava o caos de pessoas ao redor do prédio e a presença da UDB e da Unidade Anti-terrorista por ali. Isso o preocupava. Com tantas pessoas seria muito mais difícil capturar o agente, isto é, se essa fosse sua real intenção. A verdade é que tinha um faro especial para casos como aquele. Seus anos de experiência na CIA lhe trouxeram um sexto sentido digno de reconhecimento por parte de seus superiores. E tinha certeza, de que Ryan estava adquirindo o mesmo sentido pouco a pouco, ou pelo menos desde que passaram a trabalhar juntos. Ambos concordavam com a idéia de que o renomado agente não tinha nada a ver com tudo aquilo, mas precisavam de

provas, ou pelo menos de um depoimento por parte dele.

- Benson! – a voz rouca gritou ao longe.

Um velho conhecido da UDB se destacou entre os agentes vestidos pela roupa protetora, preparando-se para entrar no hotel.

Anthony e Munch foram ao seu encontro, se misturando entre os agentes e os policiais.

- Joe Lee – Benson bradou com um misto de ironia e saudosismo.

Ambos se cumprimentaram com um forte aperto de mão. Munch acendeu um cigarro enquanto observou o velho conhecido de Anthony. Um chinês baixinho e barrigudo, mas com um ar sério e respeitável.

- não esperava vê-lo tão cedo. – Disse Joe com um inglês carregado.

- não se preocupe com idioma, estamos no seu país agora. – Benson falou com um mandarim invejável. – Pois é. Estou encarregado do tal agente, mas antes preciso saber mais sobre o nível contaminação. Com que tipo de vírus estamos lidando, Lee?

- impossível dizer ainda. A UDB acabou de entrar e pelo visto o vírus se proliferou mais para os fundos do hotel. Creio que em uma hora, talvez, possamos informar.

- E o que farão com os hóspedes? – Ryan perguntou, soltando uma baforada cinzenta no ar.

- Como não podemos dizer qual é o vírus, também não podemos dizer o grau de infecção. Colocaremos todos em quarentena no salão do hotel.

- mas assim o risco deles se contaminarem não é maior? – Munch perguntou.

- não podemos arriscar o resto da população. – Respondeu Lee. - mas me digam uma coisa, se trata mesmo de um ato terrorista?

- Não posso informar com certeza, Lee. Antes precisamos encontrar o tal terrorista. Hum... – Anthony examinou a o prédio com os olhos. – Há a possibilidade de entrarmos?

- sem proteção? Sinto muito, amigo, mas só com a roupa. – Lee respondeu apontando para um dos agentes da UDB.

- e abrir mão do meu casaco? – Munch perguntou apagando o cigarro com a sola do sapato.

- Antes isso do que morrer infectado e não poder usá-lo depois, não, meu jovem? – Benson respondeu seguindo Lee até um furgão branco, onde o chinês entregou o macacão branco e o capacete.

-ahh! Isso acaba com o meu charme policial, senhor. – Resmungou Munch vestindo o macacão, lá dentro.

- o que acaba com o meu charme é não sabe por que o terrorista não entrou em contato conosco até agora e por que a suposta vítima não revelou seu nome.

- Isso desfigura o que conheço sobre terrorismo, senhor. Os agentes da UDB já estão lá dentro e nada do Wong.

- Com a invasão do sistema de segurança as coisas se tornaram mais fáceis. Sabemos que ele esteve vagando pelos corredores num período de uma hora e meia até desligar as câmeras e que invadiu o sistema de novo uma hora depois, novamente sendo visto na entrada do cassino. A partir daí, as câmeras foram desligadas. Mas o que é mais estranho é que, para desligar as câmeras dos corredores, ele teve de seguir até a sala de segurança 1, mas como pôde desligar as câmeras da sala de segurança 2 se não há registros de sua chegada até ela?

- acho tudo isso é improvisado demais para ser um ato terrorista, senhor. Não acho que ele tenha vindo até aqui para isso. Parecia procurar algo ou alguém. – Munch disse.

- Mas, de onde apareceu o tal vírus?

- talvez de um dos hóspedes do hotel. Talvez não passe de um grande mal entendido, ou, uma grande armação. Mas por parte de quem?

- É o que vamos saber.

* * *

Pelas plataformas gradeadas Ada tentava alcançar a mulher com o bebê. Desarmada, ela não podia fazer nada de tão longe e a via se afastar cada vez mais, até a beira de um grande penhasco. Aproveitando uma sala de controle a espiã se escondeu se deparando coincidentemente com um corpo de um mercenário morto e um rifle ao seu lado.

“ótimo!” A espiã agarrou o rifle apontando-o na direção da mulher. Ajustou a mira. “Quem sabe um tiro na cabeça?” Mas se reteve. A louca estava perto demais do penhasco. Se atirasse a criança cairia de seus braços na direção do abismo e também havia a possibilidade daquela grande placa de metal impedir o impacto do tiro. A machucaria, quem sabe, mas não o suficiente para matá-la.

Ada se deixou a postos, quando uma presença familiar chamou sua atenção, fazendo a espiã arrancar os olhos do alvo por alguns segundos.

Abby saiu debaixo da plataforma, seguindo até a mulher.

- tentativa inútil. – disse a ela.

- criança maldita! – bramiu a mulher. – Traidora, imprestável! Preferiu se juntar com a outra, a ficar do lado dos seus semelhantes!

- não seja tão hipócrita. Quem está na boca do abismo é você. E o bebê está chorando.

- É porque ele ainda não se acostumou com o meu colo. Mas tudo é uma questão de tempo. – respondeu a mulher apertando o queixo da criança ameaçadoramente. – Com o nascimento dele, uma nova raça será formada. Uma raça pura, cada vez menos humana, livre das todas as doenças e dos todos os defeitos!

Magnum se destacou ao longe retendo sua velocidade e seguindo rápido, porém, cautelosamente até a mulher. Em seus olhos uma fúria sobre-humana.

- A mãe se aproxima. Você não devia ter provocado tudo isso. – Abby falou, maquinalmente.

Do abismo finos tentáculos agarraram a mulher e a criança.

- não! – Seu grito estridente ecoou por todo o grande salão de máquinas enferrujadas. – não vou entregá-lo a vocês!

Os olhos da menina se tornaram vermelhos e de forma diabólica ela se aproximou até a mulher.

- solte o meu filho. – disse pausadamente.

- m... mestre?! – a mulher bramiu surpresa. E embora fosse contra a sua vontade, entregou hesitantemente após alguns segundos o bebê para a menina.

Abby segurou-o com as pequenas mãos se afastando da louca. Seus olhos voltaram ao estado normal, enquanto os finos tentáculos fizeram questão de terminar o trabalho.

Ada virou o rosto, enquanto a mulher era desfeita em pedaços e tragada para o abismo. Uma grande pincelada de sangue manchou o chão gradeado, vazando para a grande encanação abaixo das grades. Ratos o saborearam com doce deleito, enquanto Magnum tomava seu filho de volta ao colo.

- não esperava sua intervenção. – disse à menina. – e não vou ficar grata por ter feito isso.

- não preciso da sua gratidão. Não fui eu quem fez nada disso, mesmo. – respondeu Abby.

Ada desceu da plataforma usando a Grapplen Gun.

- o que foi aquilo? – perguntou.

- A espiã ainda vive? – Abigail perguntou olhando Ada, impassível, mas com um tom ameaçador na voz.

- Ela é a chave de tudo isso. – Magnum respondeu vagamente, enquanto os berros da criança cessavam com seu cheiro.

- Por quê? – A espiã perguntou atenta.

- Há uma longa história por trás de tudo isso, Ada. Mas eu só posso explicar o que já sei. Então, vamos começar do início.

- Primeiro saiam daqui. – falou Abby. – o cheiro de sangue está atraindo os outros.

- me diga como chegou até aqui. – Magnum falou.

- Pelos abismos.

Abby seguiu até o penhasco, onde os finos tentáculos envolveram seu corpo pequeno.

- não é tão difícil para mim estar a sua frente e também salvar a sua pele. Eu só espero que se lembre da sua promessa quando for embora daqui. - Abigail falou sendo engolida pelo abismo.

Ada e Magnum se afastaram por um atalho, entrando para uma sala com um grande elevador de carga enferrujado.

- Me diga como conheceu o meu irmão e como ele veio parar aqui.

Magnum puxou a alavanca do elevador, fazendo-o descer, respondendo:

- primeiro, vou te explicar com quem estamos lidando e o que o seu irmão tem a ver com tudo isso.

* * *

- hem?

- É só uma impressão. Mas esse lugar me é familiar. – respondi.

- provavelmente. Velhas casas costumam ter a mesma decoração, talvez seja esse o problema desse lug... ops!

- o que fez?

- pisei em algo.

- o que?

- o chão afundou.

O elevador se fechou e um barulho na tranca da porta de vidro retorcido me fez ter uma noção do que estava acontecendo. As paredes se estreitavam aos poucos.

- ai, droga! É uma armadilha!

- eu sei, Dahlia, deve ter um jeito de desativá-la!

Comecei a arrancar os quadros da parede à procura de algum mecanismo. Dahlia remexeu os castiçais, mas não aparentavam ter nada. O corredor, que já era estreito, se apertou mais ainda. Quando voltei os olhos para Dahlia, ela estava apoiada com as pernas entre uma parede e outra, tentando retê-las.

- não seja uma inútil! – exclamei – Não vai conseguir reter as paredes com as pernas!

- Você quer que eu faço o que, hem?! – Dahlia bramiu.

Passei por baixo dela, resmungando algo e seguindo até a porta de vidro. Ao seu lado, uma pintura me chamou a atenção. Era um buquê de flores mortas. Voltei meus olhos para outras pinturas. Era uma seqüência. Armando-as de acordo com o último quadro (cada um representava um estágio diferente das flores) consegui desativar a armadilha. Eu e Dahlia respiramos aliviados, saindo do corredor e indo parar em uma sala, de uma arquitetura antiga, me lembrando grandes e velhas mansões inglesas por dentro.

- E então? Ainda é familiar? Me fala porque se for outra armadilha eu volto.

Demorei a responder. Estava olhando estático para uma grande pintura na minha frente. Onde uma mulher ruiva estava sentada sobre uma cadeira. Engoli em seco. Tudo aquilo era familiar demais para mim.

- o que foi? – Dahlia me perguntou.

- Estou em casa. – respondi extasiado.

* * *


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