Magnum escrita por Miss Black_Rose
O elevador descia vagarosamente. Dentro, eu e dahlia apertados. Afiei meus olhos e a encarei demoradamente.
- não me culpe. Não sabia que eram policiais. – disse-me ela, agora séria, sem qualquer expressão de ironia, a não ser em seu olhar, cada vez mais cínico.
- estou impressionado com habilidade que você tem para piorar a minha situação.
Dahlia atuou uma expressão indignada.
- há quanto tempo faz que não nos encontramos, sr. Wong? Há tempos não o inoportuno! E também não pode dizer que pioro sua vida. Que eu bem me lembre você se meteu em tudo isso. Só estou aqui exercendo o meu trabalho e limpando os seus erros.
- meus erros?!
- mas é claro! Que eu saiba só está aqui porque preferiu não apertar o gatilho.
- gatilho? Como sabe? O que você sabe dahlia? – perguntei surpreso.
- não se exalte, John. Eu sei o que você sabe. Mandei alguns dos meus informantes pesquisarem sobre a sua irmã e deu pra perceber logo de cara que ela anda meio enrolada com um par de gente muito poderosa. Não é a toa que a mandaram pra você. Se tudo desse errado ela sairia morta do mesmo jeito. A verdade é que não guardo muita esperanças de que ela esteja viva agora e é melhor se preparar para isso. Se ela não estiver morta, pode estar meio morta...
- pare!
Minha cabeça estava estourando. Era estranho que, pela primeira vez na minha vida, não pudesse me desfazer de alguém tão depressa, e mesmo sendo a minha irmã, me senti profundamente confuso. Eu sempre fora um homem frio e Dahlia estranhava toda aquela minha preocupação com Ada. Eu via em seus olhos, dentre todo aquele cinismo, havia, sim, uma apreensão curiosa.
- é difícil quando faz parte do mesmo sangue, não? – disse Dahlia. Uma melancolia estranha, imprevista, em sua voz.
Por um breve momento senti que era outra. Não era a dahlia irônica, atuante, dissimulada. Era outra. E estranhei de forma tão visível que ela voltou logo a vestir sua máscara, de forma tão rápida quanto a havia tirado.
- ela mereceria. Ada sempre alimentou esse mercado. O da espionagem, da cretinice e, sobretudo, o da ganância. Cá entre nós ninguém faz nada sem receber algo em troca. – o tom melancólico rapidamente trocado pelo o de deboche.
- dahlia...
- tudo bem, John, eu sei que não concorda comigo. Mas eu tenho os meus motivos para desejar sua irmã antes morta, do que viva. E não brigue comigo por causa disso. No fundo você também sabe que te quero morto.
Dahlia esboçou o mesmo sorriso maquiavélico de sempre e saiu pela porta do elevador.
Estávamos no último andar e me surpreendi ao ver a exterminadora seguindo em direção a uma porta de vidro, no final de um luxuoso corredor de madeira. O chão de ladrilho lustrado, coberto no meio por um tapete vermelho que se estendia até a porta. Nas paredes quadros de flores abstratamente desenhadas e candelabros com velas pela metade.
- que lugar mais estranho. – disse-me dahlia. – esperava encontrar uma decoração mais modernizada.
Pisei para fora do elevador. Um cheiro forte de cera ainda fresca subia do chão. E com uma impressão singela me incomodando sussurrei:
- acho que já estive aqui antes...
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