Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 17
Capítulo 17




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* * *
- Que descuido. – disse uma voz sombria e suave por de trás do monitor.
Qiang voltou-se para uma mulher esbelta de uma palidez insana, rente à parede.
- acho melhor você dar um recado a ele. – exprimiu de forma sádica, o agente, voltando-se para a tela do monitor. – ele age como se já soubesse que não há ninguém do lado dele, não?
Um silêncio breve tomou conta da pequena sala de monitoramento. Então, após alguns segundos pensando, a jovem mulher o quebrou erguendo um olhar mórbido na direção do mercenário:
-está enganado - disse – ele sabe que há alguém muito mais poderoso aliado a ele.
- não entendi, Ling.
A mercenária deu de ombros e indo em direção à uma porta metálica, disse:
- avise o chefe que estou dando seguimento ao plano. Vou descobrir quem é o protetor do nosso alvo.

* * *
Subi uma escadaria luxuosa, mas o que meu mapa indicava é que Ada estava em algum lugar no subsolo. Um armazém, ou algo do tipo que também pudesse ser acessado pelos funcionários. E olhando para as máquinas paradas ao meu redor, para os jogos, para a decoração de luxo, me dei conta de que só havia um lugar onde Ada poderia estar.

No cofre.

Continuei meu caminho em direção à brecha do mapa. O cassino não era grandioso, mas sempre havia algum lugar onde se esconder. Claro que no meu estado já era tarde pensar nisso. As câmeras haviam se fixado em mim e para onde quer que eu fosse podia ver o brilho de uma lente me flagrando. De certo forma, queria toda a atenção deles voltada para mim, assim Dahlia teria total liberdade de procurar pela contaminada nos outros lados do hotel. Além do mais, alguém estava por trás de tudo aquilo e eu tinha certeza de que Ada poderia me dar a resposta.

Ada.

Gostaria de saber com o que ela havia se metido, afinal o governo quase me obrigara a matá-la. Era óbvio que tudo aquilo estava plantado desde o início. Que eu seria o algoz de minha própria irmã. Mas por quê? Por que eu?
Ouvi passos se aproximando. Passos secos e lentos. Passos leves. Provavelmente de uma mulher calçada com um sapato. Mulher com sapato... sim, no momento me lembrei da gravação dos andares. De minha irmã sendo levada por um homem e por uma mulher.
Passos secos. Algo cortou o ar, num movimento rotativo, sem pausas.

- saia.

Uma voz feminina soou. Uma voz delgada, suave, quase um sussurro. Uma voz triste e mórbida.
Apontei minha arma na direção de uma mulher vestida à terno e gravata. Sua palidez se assemelhava muito à de um cadáver. Seus olhos eram apagados, mas havia algo neles que me intrigava. Uma frieza irremediável, algo típico de um assassino, mas que não chegava a ser maldade. Era apenas frieza. Ela rodava uma espécie de iôiô metálico. Algo que aparentava ser mais pesado que o comum, mas que girava harmoniosamente ao redor de sua mão. Uma mera ironia, talvez, que um objeto equiparado à infantilidade e à ingenuidade de uma criança, estivesse nas mãos de uma assassina.

- quem é você? – perguntei.

Pergunta tola. Eu sabia quem ela era e porque estava ali.

- meu nome é Ling e eu fui contratada para mata-lo. – ela respondeu.

Me surpreendi. Eu devia estar bem encrencado mesmo.

- à mando de quem?

Ela se aproximou vagarosamente. Não parecia temer levar um tiro.

- pare! - exclamei

Mas ela não parou e eu que estava habituado a matar pessoas também não hesitei. Dei dois tiros em sua direção, mas demorei alguns segundos a mais para assimilar que eu não a havia atingido. Ela havia criado uma espécie de barreira com aquele brinquedo, do qual mais tarde eu descobriria ser sua arma mais letal.

* * *
Um grande abismo se estendia à frente de Ada. Ela havia cruzado quase todo o complexo em busca da sala 0739 e lá estava, à sua frente, na forma de um grande buraco. Não sabia o que de fato havia acontecido, mas era um buraco extenso e sem fundo. Pedaços de uma ponte de metal estavam espalhados por todo o lugar. Uma grande explosão a havia estraçalhado há muito tempo, talvez. Do outro lado, mais corredores e mais portas, contudo havia uma placa pendurada na parede onde Complexo Sul – Setor 7 – Armazenamento se destacava em vermelho.

Ao seu lado, Ada observou que havia restado um pedaço da sala 0739, onde uma estante e uma mesa chamuscada permaneciam. Procurando entre os livros enegrecidos e a mesa, ela não pode encontrar nada que a interessasse, exceto por um pedaço de papel queimado com o fragmento de uma palavra. Mas o que de fato a havia interessado era que a letra se assemelhava muito à de seu irmão, fazendo com que se perguntasse se ele havia passado por ali.
“Não, John nunca se envolveu com ameaças biológicas.”, contestou. Assim mesmo hesitou e guardou o pedaço de papel na bolsa. Seria uma triste coincidência se ambos se encontrassem agora. Ada sabia que irmão trabalhava secretamente desde a adolescência. Ele havia sido criado para isso. Seu o pai o levara a esse meio, mas depois de sua morte, Johnathan preferira que ela tivesse uma vida contrária à dele. Porém, seu caminho já estava traçado. A espiã, tanto quanto o próprio irmão, também iniciara sua vida profissional cedo. Após a morte dos pais, fora induzida pelos contatos do pai à continuar o legado da família. O legado da espionagem, do assassinato e, sobretudo, o da boa oferta. Foi como mercenária que se ajustou ao sub-mundo em que permaneceu até agora. Seria difícil abandonar essa vida. E mesmo depois de Raccoon, quando prometera abandonar à tudo, cedeu ao legado.

“John não poderia estar aqui de maneira alguma! Essa letra não é dele, talvez de algum cientista já morto”, tentou tranqüilizar-se, contudo voltando os olhos para o pedaço de papel procurou por algum vestígio que o comprovasse. “Ele é um espião. Deve ter mais de uma caligrafia.”

Se havia algo que a temesse era que o seu irmão descobrisse sobre tudo o que a cercava. Johnathan era a única pessoa a quem confiava e estimava. Era seu protetor, seu irmão. A única coisa que lhe restara desde a morte de seus pais.
Ada sabia que uma faísca de rancor, uma brecha de decepção por parte dele, seria suficiente para fazer com que ela desabasse. Sim, John Wong era o seu ponto fraco em todos os sentidos e, como tal, era o seu segredo mais bem guardado. Ninguém jamais saberia que eram irmãos, por sua parte e pela parte dele, afinal, também era do ramo da espionagem.
E pensando em tudo o que envolvia o seu coração, lembrou-se de Leon também. Ele que há tão pouco tempo estremecera sua barreira contra o amor, contra o apego. Algo que homem algum fizera consigo.
Onde ele estaria agora? Ouvira dizer que havia sido contratado pelo governo americano. Que estava sob treinamento. Seria bom que ele se tornasse um agente do governo? Talvez algum dia voltassem a se encontrar.
Ada amassou o papel e o lançou contra o buraco. Ela não podia deixar que o fragmento de uma mera palavra desestabilizasse toda a sua missão. Voltando o olhar para o Setor de Armazenamento procurou onde mirar sua Grapple Gun.

Mal sabia ela que, naquele fragmento, estavam guardadas as suas respostas.
* * *


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