Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 16
Capítulo 16




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***
Ada percorreu os olhos mais uma vez no caminho entre as incubadoras e a mesa com amostras. O que afinal havia matado Jones? A espiã se afastou vagarosamente enquanto a sensação de ser observada aumentava pouco a pouco e assim que atravessou a porta automática fez questão de trancá-la novamente.

Dentro da sala 11, entre poças de sangue e fluídos amarelados, Jones ganhou vida.

* * *

Confusão, incerteza e rebeldia ao extremo dos limites. Certamente era algo que um espião jamais devia ter. E no meu caso só havia uma explicação: eu estava perdendo o jeito com a coisa. Olhando para a ascendência dos andares pela porta de vidro do elevador, percebi uma alusão à minha própria queda. Acendi um cigarro e me deixei levar por alguns segundos até a Boca do Inferno, literalmente. Este era o nome do andar.
Um cassino vazio me esperava com suas grandes mesas de bilhar, máquinas caças-níqueis, pistas de danças iluminadas e com quantas fossem as marcas do vício e do tédio humano. Admito que sou um homem frio. Nunca me interesse por qualquer um desses mundos, contudo, sempre fui bom com cartas. E cartas na manga era o que não me faltavam. Olhei rapidamente ao meu redor. Fui tão natural quanto um homem perdido. Embora, de fato, eu estivesse perdido. Contudo, eu sabia que seria por ali que chegaria até Ada. Era o que indicava o mapa que eu havia pego do sistema, com uma pequena brecha, é claro, onde provavelmente seria o caminho até minha irmã.
Entre os segundos lacônicos em que percorri meus olhos pelo salão e a chegada previsível de um segurança, foram suficientes para que eu identificasse a posição de todas as câmeras no local. Eu estava acostumado com missões de reconhecimento e geralmente todas tinha um mesmo perfil. Contudo, o problema de fato ali não era a existência das câmeras e sim quem estava por trás delas. Eu já tinha invadido o sistema e mudado suas configurações, porém, o cassino tinha um monitoramento à parte e eu esperava pôr minhas mãos nele o quanto antes.
O segurança se aproximou. Aspirava à uma hostilidade ridícula. Era difícil contar com o fato de que era menor do que eu, mas seus braços eram largos e as mãos maiores do que a minha cabeça. Punhos fechados. Nem minha atuação o havia convencido de que eu era um mero hóspede perdido.
- Dê o fora. O cassino só abre a partir das oito horas hoje. – disse-me rispidamente.
- acalme-se, amigo. Não sabia que era aqui que ficava o cassino. Estou à procura da minha irmã, talvez a tenha visto por aí. – respondi, reparando que não era um dos seguranças do hotel. Não tinha o padrão exigido e nem o caráter impassível tão comum deles.
-não, eu não vi sua irmã, saia logo ou... – Suas mãos largas me empurraram em direção ao elevador, mas imprevisivelmente eu me voltei contra ele e desferi um soco contra sua cara flácida e mais outro contra seu abdômen rijo. Então com a coronha da arma dei uma pancada em sua cabeça.
Olhei para o corpo largo caído no chão e seguidamente para o canto da parede à minha lateral, onde uma câmera me vigiava sem trégua.

De fato, eu estava perdendo o jeito com a coisa.
***

Magnum olhou para a criança. Uma mistura de estagnação e indignidade tomou conta de sua face. Se não fosse por Abigail jamais teria se lembrado do próprio filho. A pequena menina se aproximou e acariciou os fios negros sobre a cabeça do bebê.
- Ele está bem agora. Mas quero a minha parte do acordo. – disse a garota encarando-a com olhos grandes e avermelhados.
Magnum pensou que se não fosse por eles, a menina jamais seria considerada uma experiência. Seria apenas uma menina. Contudo, eles eram o espelho de sua maldade. Tão profunda quanto o abismo que as separavam do outro lado do laboratório. Magnum estava rente a uma parede, mas sabia que se fosse descuidada a mulher, disfarçada num corpo infantil, daria seu bote sobre ela e o bebê.
- primeiro... – começou a mãe. – quero encontrá-lo.
- não foi isso o que combinamos.
- Eu sei, mas não posso fazer nada com o pequeno no colo.
Magnum olhou para o outro lado do abismo. Uma placa pendurada indicava Complexo Sul e abaixo Setor 7- Armazenamento. O bebê ressonava tranquilamente. O cheiro da mãe, tão logo reconhecido assim que fora para o seu colo, despertara a segurança necessária para um bom cochilo.
- tudo bem. – respondeu Abigail. – Pode levá-lo para o pai. Mas dou a você três horas, se não cumprir, mato a todos. Até mesmo a espiã.

A espiã.

Magnum consentiu com a cabeça. Recuou alguns metros para longe do abismo, então correu em direção a ele e pulou, atravessando a distância que a separava do outro lado do complexo. A menina deu as costas e sumiu na escuridão. Magnum olhou para os pedaços da ponte que interligavam um lado ao outro, se perguntando se havia sido Abigail ou os cientistas que haviam feito aquilo.
Não importava, afinal. Sabia que logo Ada também estaria ali e era essencial sua presença. Sim, Era essencial que ela chegasse até aquele lugar. Magnum se afastou e sumiu em um labirinto de corredores.
* * *


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