Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 70
Capítulo 70. Catarse


Notas iniciais do capítulo

Cigarro - Zeca Baleiro.



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A solidão é meu cigarro

Não sei de nada e não sou de ninguém

Eu entro no meu carro e corro

Corro demais só pra te ver, meu bem

Um vinho, um travo amargo e morro

Eu sigo só porque é o que me convém

Minha canção é meu socorro

Se o mar virar sertão, o que é que tem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem

Quem saberá a cura do meu coração se não eu?

Não creio em santos e poetas

Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu

Melhor é dar razão a quem perdoa

Melhor é dar perdão a quem perdeu

O amor é pedra no abismo

A meio-passo entre o mal e o bem

Com meus botões à noite cismo

Pra que os trilhos, se não passa o trem?

O plano de Vlad era simples. No dia em que Willians voltaria de sua folga, Vlad e Integra lavariam o treino deles para o pátio do QG. Mas é claro que eles não estariam lutando esgrima. Durante o começo da semana, Vlad deixou escapar um ou comentário sobre substituir o treinador de Integra como oponente e outro sobre como o pátio daria uma boa arena. Claro que em 20 minutos todos os soldados sabiam disso. E também que Integra era uma esgrimista talentosa. Eles já tinham visto Vlad atirando duas ou três facas, tinham visto o conde atirando com uma pistola de tinta e sabiam também que ele era um estrategista nato, com uma mira muito bem treinada e silencioso como a brisa. Mas com a espada? Os soldados achavam que ele não tinha a menor chance.

E Vlad estava contando com isso. Ele e Integra concordaram que os soldados estavam vivendo em uma falsa sensação de segurança porque acreditavam que havia regras a serem seguidas. Que um vampiro não ataca fora de uma missão. Que humanos não estão de parcimônia com os vampiros. Que eles não precisam estar alertas após o termino do treinamento, só durante. Que há a segurança de uma equipe de apoio no dia a dia.

Ridículo.

E com o passar dos dias, Vlad estava se segurando para não rir da apreensão que via no rosto de seus soldados. Mas... Antes que eles pudessem fazer qualquer coisa, seus planos foram drasticamente interrompidos.

Aparentemente, os ânimos na comunidade vampiresca estavam voltando ao normal depois do caso “The Renegade”. Afinal, sempre foram os vampiros mentalmente instáveis que causaram problemas na Inglaterra, e esses vampiros podiam até ser acuados pela morte de um vampiro tão poderoso quanto Thomas, mas tinham memória curta. E nenhum interesse em se alimentar do composto que a Hellsing estava preparando.

Houve um ataque em um colégio no sul da Inglaterra, causado por um aluno recém transformado. A tropa de Willians foi designada para conter o ataque, com o apoio de Celas, que estava coordenando uma das últimas tropas do exército que ainda estava sob o comando temporário da Hellsing. E Vlad olhou, mas não viu. Vlad sabia que havia algo de errado, mas não percebeu o que. Integra também percebeu, mas tão acostumada como estava com a situação, não deu valor. Os dois, pensando nos jogos e em como manter seus soldados alertas acabaram perdendo a própria atenção que cobravam.

Os soldados sob o comando de Celas dividiam sua atenção entre seus peitos e suas pernas. Não entre suas ordens e a missão. E a ordem deles era tão, tão simples: manter o perímetro seguro, providenciar uma van para transporte e tranquilizantes. Rick tinha apenas 12 anos de idade. Rick não seria punido pelo ataque. Como o menino assustado que ele era, seria levado para a Hellsing, tranquilizado, instruído, medicado e realocado. A mãe receberia instruções de como cuidar dele, uma pequena equipe passaria uns dias com a família para adequação. Somente se fosse constatado que o garoto não mais podia viver em sociedade é que eles tomariam outra providência, que não era necessariamente executar o garoto. Afinal, mais importante que deter Rick, era deter o vampiro que o transformou.

Vampiro esse que, juntamente com uma horda de lobisomens, invadiu o perímetro que os soldados deviam estar guardando e atacou aqueles que estavam ocupados tentando assegurar a segurança do garoto. O vampiro era o pai de Rick. No fim do dia, a Hellsing tinha em mãos as cinzas de dois vampiros e quinze lobisomens, bem como o sangue de pelo menos vinte e sete crianças, cinco professores e doze soldados. E contando.

Então enquanto Integra estava tentando responder às perguntas da mídia, Vlad estava tentando descobrir o que ele tinha que mandar para a escola, enquanto conversava com uma Celas histérica pelo telefone. Ele precisou gritar com ela por pelo menos dez minutos até descobrir quantos sobreviventes para conseguir organizar o transporte deles para o hospital, e dos soldados sobreviventes de volta para casa. Que caos. No final do dia, quando o helicóptero transportando seis dos oito soldados sobreviventes estavam chegado volta à Hellsing, Vlad estava no heliporto esperando, acompanhado por Integra.

Um a um os soldados desceram. Celas foi a última a descer do helicóptero, com uma expressão de profunda derrota.

— Eu sei que estão cansados, mas nós precisamos conversar. – Disse o conde.

Os soldados acenaram com a cabeça. Dez minutos depois, sentados em um semi círculo em uma das salas do QG, os soldados simplesmente não tinham o que dizer quando as questões vieram:

— O que diabos vocês estavam pensando? – Vlad perguntou, num tom de voz tão alto que ele estava quase gritando com os soldados enquanto batia um punho fechado contra a parede.

— Senhor... – Willians tentou interromper para se justificar, mas ao olhar para o soldado que segurava uma bandagem sobre o olho que ainda estava sangrando, Vlad apenas ficou mais irritado.

— QUARENTA E QUATRO MORTOS CONFIRMADOS, SEM CONTAR VAMPIROS OU LOBISOMENS! MAIS DE VINTE E CINCO CRIANÇAS AINDA DESAPARECIDAS! QUEM VAI ASSUMIR A RESPONSABILIDADE? – Integra estava berrando para os homens.

Tanto Celas quanto Willians levantaram-se e deram, cada um, um passo trêmulo a frente.

— Pelo amor de... Willians, eu não quero olhar para sua cara enquanto ela estiver sangrando. Saia daqui. – Vlad murmurou, maniacamente passando uma mão por entre seus cabelos.

— Senhor eu...

— ENFERMARIA! – Vlad berrou. Willians podia jurar que viu os olhos do conde brilharem vermelhos por um segundo.

— Agora. – O conde adicionou em um sussurro.

Willians achou melhor obedecer.

— O que tem a dizer em sua defesa, Victoria? – Integra perguntou, antes que Vlad começasse a gritar com mais alguém.

— Nada, Sir Hellsing. – Celas respondeu.

— Como não viram quinze lobisomens furando o bloqueio? – Vlad estava murmurando enquanto batia com a cabeça numa parede.

— Vlad, pare. Você vai se machucar. – Integra disse, quase que casualmente.

— Nós os vimos, senhor. Só não conseguimos reagir a tempo. – Um dos soldados respondeu.

— Não conseguiram reagir a tempo. Eles não conseguiram reagir a tempo. Está ouvindo isso Integra? Eles viram, mas não conseguiram reagir a tempo.

Integra estava agora observando seu marido que estava caminhando maniacamente de um lado para o outro.

— Vlad? Você está bem? – A condessa perguntou, com o cenho franzido.

— Quando quarenta e quatro pessoas morrem em uma missão, Integra, quem é o responsável? Os soldados que não conseguiram reagir a tempo, o comandante da tropa dos soldados, quem treinou os soldados, quem designou o comandante para a tropa ou quem designou os soldados para a missão?

— Vlad...

— Irônico, não?

— Vlad?

— Vocês estão dispensados. Eu espero uma solicitação de transferência no nome de vocês pela manhã.

Os soldados se levantaram e, um a um, saíram da sala. Celas também se levantou, mas hesitou alguns segundos na porta.

— Eu sinto muito Vlad. Eu... Eu tentei avisá-los, mas eles não pareciam entender o que eu dizia. E então foi tarde demais. Eu realmente sinto muito.

— Vá para casa Celas. Nós conversamos amanhã. – Vlad respondeu.

— Para qual unidade devo pedir transferência? – A vampira perguntou, olhando mais para a nuca de Vlad do que para Integra, a quem deveria se reportar.

Aquilo pareceu chamar a atenção do conde, que com uma profunda expressão de derrota no rosto conseguiu apenas murmurar o nome da vampira.

— Até segunda ordem, você permanece nesse esquadrão, Victoria. Volte para a mansão. Conversaremos amanhã. – Integra respondeu no lugar de Vlad.

— Até a manhã Sir Hellsing. Vlad. – A vampira respondeu e deixou a sala.

Assim que ela saiu Vlad mais desmoronou que se sentou no chão. Integra respirou fundo, retirou o casaco do terno e se sentou ao lado dele.                                                                                                                                      

—Eu... Eu...

— Por que Vlad? Depois de tantos anos na guerra, depois de ver tantas mortes... Por que agora?

Vlad murmurou alguma coisa que Integra não conseguiu entender. A condessa acendeu um cigarro e depois de duas tragadas o ofereceu a seu marido. O conde o olhou pelo canto de um olho e depois de dois segundos de hesitação acabou o aceitando. Vlad fumou aquele cigarro inteiro enquanto Integra acendeu e fumou outro.

— Esse dia foi uma porcaria. – Integra murmurou, olhando para o toco de seu cigarro.

— E ele nem terminou ainda. – Vlad respondeu, atirando o que sobrou de seu próprio cigarro em uma lixeira do outro lado da sala.

Depois de alguns minutos em silêncio, Vlad respondeu:

— A culpa é minha. Eu falhei exatamente naquilo que estávamos cobrando dos soldados.

— Você fez a seleção. Eu aprovei. A culpa é tão minha quanto sua. Nunca devíamos ter colocado a única tropa que não respeita autoridade feminina sob o comando de Celas. É um erro que não cometeremos de novo. Até porque você dispensou a referida tropa.

Vlad simplesmente afundou a cabeça no espaço formado por seus braços e pernas de novo. Integra simplesmente acendeu outros dois cigarros e ofereceu um para o conde. Ele aceitou.

— Três anos atrás, dois vampiros e um exército de ghouls invadiram a mansão. Mataram mais de duzentos soldados e eu só conseguia pensar nas famílias deles. Depois, na guerra, perdemos todos os soldados contratados e eu só conseguia pensar na perda de Alucard.

— Agora? – Vlad perguntou.

— Perdemos seis soldados Vlad. Isso configura como uma porcaria de dia.

— E o dia nem acabou ainda. – Vlad repetiu.

— Você vai ficar bem? – Integra perguntou, apagando seu cigarro no chão.

Vlad pensou sobre aquilo. Na verdade ele não tinha certeza. E aquele era um dia que ele não podia se dar ao luxo de não ter certeza, já que Mihaella estava incomunicável desde o dia anterior, em que foi viajar com o coronel. E depois da forma como ele falou com Celas mais cedo... Ele corria o sério risco de ter um ataque e estar sozinho em casa.

— Eu posso precisar de companhia. – Ele acabou respondendo.

— Vamos assistir ao episódio I hoje. Podemos abrir uma garrafa de whisky e rir dos Ets.

— Eu gostaria. – Vlad respondeu, antes de apagar seu cigarro também no chão e se levantar.

.

.

.

Uma pizza e uma garrafa e meia de vinho depois, tanto Integra quanto Vlad acabaram adormecendo no sofá, antes mesmo de trinta minutos de filme.

Integra acordou às três da manhã, com a distinta sensação de que seu travesseiro estava se mexendo. Foi quando percebeu que estava dormindo no ombro de Vlad. E por mais que o movimento de levantar a cabeça tenha sido sutil, foi o suficiente para acordar o conde, que tinha adormecido com a bochecha encostada no topo da cabeça dela.

— Hey. – Integra murmurou.

O rosto de Vlad assumiu uma expressão entre um sorriso e um careta ao ouvir aquele cumprimento há tanto não utilizado. Era quase que nostálgico.

— Que horas são? – O conde perguntou, olhando em volta e percebendo que a TV agora estava mostrando o menu do DVD.

Integra pegou seu celular do bolso.

— Tarde. É melhor eu voltar para a mansão. – Ela respondeu.

E depois de alguns instantes de silêncio, perguntou:

— Você está bem?

Vlad assentiu com a cabeça, relutante em se lembrar do porquê de ele não estar bem em primeiro lugar.

— Você pode dormir aqui se quiser. – Ele disse, no lugar de responder.

—Eu... Eu prefiro ir para casa Vlad. – Integra disse, se levantando do sofá. Vlad respirou fundo e a seguiu até a porta.

A cena que se seguiu teria sido cômica, se não fosse trágica. Integra estava já no corredor, segurando o treno, a gravata e a bolsa. Vlad estava na porta, descalço e fechando um botão da camisa que tinha escapado em algum momento da noite e só agora ele tinha percebido. No exato momento em que Integra se virou para ele, para dizer que ele podia ficar no apartamento que ela podia chegar até o carro dela sozinha, a porta da frente se abriu. Dela saiu coronel Baron, vestido apenas com suas calças que estavam com o botão e o zíper abertos e o cinto ainda por afivelar. Em suas mãos, o coronel carregava o resto de suas roupas e os sapatos.

O coronel se espantou ao encontrar os dois no corredor, mas após notar os cabelos levemente desarrumados da Hellsing e confundir o olhar ainda sonolento de Vlad por um de profunda satisfação, o coronel esboçou um leve sorriso e abriu a boca para dizer “já vi que você também deu sorte hoje.”

Antes que ele chegasse ao meio da frase Vlad já estava em cima dele. A última palavra foi drasticamente cortada por um soco no maxilar do coronel.

Quase meio minuto depois que a briga começou, MIhaella, vestindo um robe de seda que cobria suas pernas até um pouco abaixo dos joelhos, apareceu na porta.

— O que está acontecendo aqui?

— Canalha... Fugindo no meio da noite como se ela fosse uma concubina... – Vlad disse antes de dar outro soco.

Integra, que estava olhando a briga em choque, ergueu a cabeça e olhou para Mihaella. E depois prontamente se virou em marchou em direção ao elevador.

Foi quando Mihaella tentou separar a briga, foi empurrada, começou a berrar e então Vlad largou Baron. A moça se aproximou do coronel caído no chão e disse:

— Da próxima vez, acenda a luz e termine de se vestir.

Depois daquilo foi Vlad quem olhou de Baron para Mihaella, prontamente se virou e marchou em direção a seu apartamento. Cinco minutos depois, Baron estava em um táxi indo para casa (ou o hospital, nem ele mesmo tinha certeza), enquanto Mihaella estava batendo na porta em frente a sua.

— Eu não vou me desculpar. – Vlad disse, assim que abriu a porta.

— Tudo bem.- Mihaella respondeu, empurrando o conde e invadindo o apartamento dele.

Já sentada no sofá, ela perguntou:

— Então... O que foi aquilo?

Vlad ergueu as mãos para o teto, baixou de novo as mãos, passou-as pelos cabelos, respirou fundo, fechou a porta e se voltou para Mihaella:

— Aquele desgraçado te seduziu e fugiu no meio da noite. Eu... Eu vou matá-lo. – Vlad concluiu.

O conde estava quase abrindo a porta para ir fazer justamente aquilo quando o riso suave de Mihaella o interrompeu.

— Vlad! Ele não me seduziu. E sim, ele estava fugindo no meio da noite e eu realmente iria preferir se ele tivesse se despedido, mas não é o que você está pensando.

— E o que... Exatamente eu estou pensando? – Vlad perguntou, por meio de dentes quase que serrados.

— Que ele fez milhares de juras de amor eterno e agora que conseguiu uma noite comigo todas as palavras que saíram da boca dele foram mentiras. Vlad... Eu sabia que ia ser só essa uma noite. Eu estava preparada para lidar com a possibilidade de outras se elas surgissem, mas a princípio era mesmo para ser só essa.

— Meu Deus. – Vlad disse, caindo sentado no sofá. – Mihaella! Você merece mais que isso! O que aconteceu...?

— Eu envelheci Vlad. Eu envelheci e os tempos mudaram. Eu já me casei, já tive filhos, já amei. E agora eu gosto da minha vida do jeito que ela é.

— Mihaella...

A moça se levantou do sofá, se aproximou de Vlad e deu um beijo em sua bochecha:

— Você foi o amor da minha vida Vlad. Apesar de todos os contratempos, você foi meu mais doce e perfeito amor.

Vlad ia responder, quando Mihaella o interrompeu:

— E eu não sei o que aconteceu aqui mais cedo, mas eu tenho quase certeza que a sua esposa acha que você teve um ataque de ciúmes. E eu acho que ela quase teve um também.

Vlad parou para pensar naquilo por alguns segundos e seu sangue gelou. Como estaria a cabeça de Integra? Afinal não foi por causa de Baron que o casamento deles se desfez? Não foi o próprio Baron que disse que não queria nada com o mundo de Integra justamente para se envolve com Mihaella que era nada senão o mais puro fruto do mundo de Alucard? E se ela realmente achou que tinha alguma coisa acontecendo entre Vlad e Mihaella...

— Merda. – Vlad murmurou, antes de sair correndo pelas escadas.

— Vlad! Onde você está indo? – Mihaella gritou para as escadas já desertas.

— Eu vou trazer minha esposa de volta! – Ela ouviu a voz dele, provavelmente já dois andares abaixo.

.

.

.

No final, Vlad encontrou o carro de Integra ainda no estacionamento, com a loira com a cabeça apoiada no volante. Ele quase matou a Hellsing de susto quando abriu a porta do carro e a puxou junto de si:

— Vlad? O que...

— Nós devíamos tentar de novo.

Integra chegou a abrir a boca para responder, mas foi interrompida pelos lábios de Vlad. Depois, muito depois, eles conversariam sobre como Integra ainda ansiava pelo perdão de Vlad. Como Vlad já a tinha perdoado há muito tempo. Eles passariam aquela noite conversando no sofá, para acordarem na manhã seguinte quase que na mesma posição em que acordaram antes da briga com Baron. No dia seguinte, eles iriam juntos para o QG e juntos assinariam os pedidos de transferência dos soldados que estavam sob o comando de Celas no dia anterior. Juntos eles notificariam Celas que ela deveria tirar dez dias de férias. E Integra iria rir histericamente quando Willians perguntasse o que aconteceu com o olho de Vlad, que estaria roxo na manhã seguinte, enquanto grossas bandagens cobriam um ferimento no rosto de Willians que em algumas semanas se tornaria uma longa cicatriz que atravessava quase que toda a porção esquerda do rosto do rapaz. Nas semanas seguintes eles terminariam de assistir aos episódios de Star Wars e começariam a ver Senhor dos Anéis, para depois passarem para Indiana Jones, Star Trek e finalmente começarem uma maratona de Doctor Who. Meses depois, Vlad pediria Integra em casamento, apenas para ouvir da Hellsing que eles já estavam casados. Vlad então perguntaria para Integra se ela queria ser sua esposa. Integra sorriria e pediria para Vlad que ele voltasse a morar na mansão. E Vlad nunca teria a resposta de seu pedido, mas aceitaria voltar a morar com ela. E juntos eles seriam também as testemunhas do casamento de Mihaella, que conheceu um piloto de caça muito cortes chamado Andrew. Vlad seria também convidado para ser padrinho de Merian, filha do casal. Integra, por ser de outra religião, não seria oficialmente madrinha da menina, mas agiria como se fosse e seria amada como tal. Com Vlad a seu lado, Integra comandaria as organizações Hellsing com maestria, por anos ainda que viriam. E depois de muitos e muitos anos, Integra ainda se encantaria com o presente que Vlad lhe deu: de ter-se feito inteiro por ela, ainda que ao custo de partir sua própria alma em milhões de pedaços antes de se reconstruir. E mesmo que Vlad ainda vesse no olhar de Integra a falta que o vampiro que era sua imagem lhe fazia, visse a saudade de a dor de um amor desfeito, por anos Vlad também viu uma alma solitária aos poucos encontrar consolo na companhia de outra pessoa. E Vlad, que apenas amaria sua esposa, estaria satisfeito em fazer isso: apenas amar, com tudo o que tinha.

Mas isso tudo aconteceria depois. Naquele momento, apenas a união de lábios, saliva, corpos e almas importava.

Os mortos sabem mais que os vivos

Sabem o gosto que a morte tem

Pra rir tem todos os motivos

Os seus segredos vão contar a quem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem

Quem saberá a cura do meu coração se não eu?

Não creio em santos e poetas

Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu

Melhor é dar razão a quem perdoa

Melhor é dar perdão a quem perdeu

Não creio em santos e poetas

Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu

Melhor é dar razão a quem perdoa

Melhor é dar perdão a quem perdeu


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Notas finais do capítulo

Boa noite meus caros. Eu não sei bem o que dizer nessa nota. Chegamos ao capítulo 70 dessa fanfiction, depois de cinco anos de espaçadas postagens. Algumas pessoas desistiram no meio da fic, algumas se juntaram a história no meio do caminho. Muitos, felizmente, ainda tem acompanhado. E assim, sem eu esperar, sem mais nem menos, algo catártico aconteceu durante a escrita deste capítulo e o Vlad simplesmente resolveu tomar as atitudes que ele tomou. Eu tentei argumentar com o menino. Tendei dizer a ele para ir com calma, que não é assim que as coisas são. Que ele é um soldado experiente. Mas foi tudo em vão. Tudo o que eu tentava escrever chegava a esse mesmo final, com quase o mesmo passo. Agora eu sei Vlad, que or anos você tem desenvolvido uma personalidade auto-suficiente a ponto de ditar a história no meu lugar, mas agora eu percebo que está chegando a hora em que o rumo da sua vida não mais depende de mim. E estou feliz por isso. A todos que me acompanharam, e a esses personagens auto-suficientes e complicados, até aqui, muito obrigada pelo apoio. R&R.