Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 68
Capítulo 68. Insistência


Notas iniciais do capítulo

Olá! Acreditem ou não, este capítulo tão bobo, tão simples, demorou quase seis meses para ficar pronto. A primeira metade dele estava escrita no dia seguinte da publicação do capítulo anterior. Mas então... nada! Eu não tinha a menor ideia de como continuar. Até que apareceu Star Wars. Como pode algo tão simples me ajudar tanto? Esperam que gostem do capítulo. Ele é simples. É de transição. Sinto muito mesmo pela demora. Ah, a música de hoje é "Jah vai providenciar" do Cidade Negra. E com essa música e a pontinha de esperança que tentei colocar nessa fanfiction, espero que todos tenham um feliz 2016, repleto de sonhos e realizações! Muito origada pelo ano maravilhoso que compartilhamos!



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Pessoa, ainda sinto as mesmas coisas fortes por você
Meu sentimento mais profundo ainda insiste em te querer
Mas sei que não tem sido nada fácil sobreviver
Tanto para mim, quanto pra você

E aquele nosso jeito apressado de querer vencer
Quase nos deixou mal
Mas nada há de abalar nossos planos
Você vai ver que com o passar dos anos
O que falta pra nossa felicidade
Jah vai providenciar, Jah vai providenciar

Duas batidas suaves em sua porta e Mihaella parou o árduo processo de caminhar até seu quarto enquanto secava os cabelos recém lavados com uma toalha. Ela já estava de pijamas, conformada em passar a noite em sua cama assistindo televisão. Mas, só uma pessoa podia estar batendo à sua porta àquela hora e ela definitivamente ia atender. E como previsto, do outro lado da porta estava um Vlad vestindo um terno que custava mais que dois meses de salário dela, com as mãos no bolso e a gravata desfeita, ligeiramente mais pálido que o normal. Antes que ele dissesse qualquer coisa, Mihaella jogou a toalha na cabeça dele, disse que ele precisava tomar banho e perguntou:

– Meus planos envolvem assistir a um filme, enrolada em todos os cobertores da casa e comendo todas as porcarias que meu cérebro e estômago sejam capazes de processar. Quer me acompanhar?

Vlad suspirou, aliviado:

– Por favor. Eu vou só... - E saiu pela porta.

Vlad tomou um banho rápido. Colocou também seu pijama voltou para a porta à frente de sua. Quando lá chegou, Mihaella lhe estendeu um prato cheio de batatas fritas. Vlad murmurou algo sobre aquilo ser quase uma declaração de amor. A moça riu. Depois, lado a lado na cama de Mihaella, ambos com os cabelos ainda úmidos, assistiram ao "Guia do mochileiro das galáxias", comendo pipoca e chocolate. Chegaram à conclusão de que 42 é o número de pedaços de chocolate que faz a vida tolerável e que uma toalha, quando significa que alguém quer que você fique mais confortável, é sim o objeto mais útil e necessário de todos.

Vlad adormeceu na cama de Mihaella. Acordou no dia seguinte com a moça se preparando para sair de casa para trabalhar.

– Bom dia, Vlad.

Ainda sentado na cama, Vlad passou a mão pelos cabelos bagunçados, tentando fazer sentido da situação. Dia... Se já era dia ele tinha coisas para fazer...

– Você pode ficar ai se quiser, a chave reserva está na mesinha perto da porta.

Vlad que ainda não estava muito acordado estava achando essa ideia muito boa. Recostou-se novamente nos travesseiros, deixando que a voz de Mihaella aos poucos fosse preenchendo sua mente.

– Eu vou trabalhar na escola hoje... Amanhã levar as crianças do orfanato ao haras... Mas acho que só depois das 10h porque vou ter um encontro hoje e não sei que horas vou chegar em casa... E não tem nada para comer aqui em casa, então pode levar a chave para o seu apartamento que eu pego com você depois...

Vlad já estava quase dormindo de novo quando percebeu o que a moça estava falando. Encontro? Encontro com quem?

– Encontro com quem? – Ele perguntou, sentando-se de sobressalto na cama.

Mihaella riu da reação dele. Mas logo em seguida hesitou.

– O Abderman me chamou para jantar e eu aceitei Vlad. Espero que não se importe.

Vlad precisou pensar por alguns segundos. O Abderman? Como assim o Abderman?

– Mihaella, minha doce, meiga e bela Mihaella. Você vai sair com o coronel Baron?

– Sim?

– Por que essa resposta parece uma pergunta?

– Porque se você se opor eu... Não vou?

– E por que essa resposta também parece uma pergunta?

– Porque eu não... quero te decepcionar?

Vlad respirou fundo. Era só o que faltava.

– Vlad... Eu... Desde aquele dia em que ele veio te visitar nós temos conversado por mensagens de texto e...

“E aquele palhaço quer tudo o que é meu!”

– Se você se importar eu posso desmarcar e...

“Se bem que até onde alguma das duas foi ‘minha’?”

– Vlad? Você está me ouvindo?

– Mihaella, eu vou falar isso só uma vez, então por favor, preste atenção. Eu te amo. E no fundo de minha alma eu sei que já te amei de tantas formas, que já não sei mais qualificar esse amor. E eu quero que você seja feliz. E eu confio no seu julgamento sobre o que você acha que vai te fazer feliz ou não. Então se é isso que você quer, é claro que eu não vou me opor. Mas eu já confiei a felicidade de alguém que amava nas mãos do Baron antes. E se ele te convidou para sair é óbvio que ele não está se esforçando nem um pouco para... É óbvio que ele não se importa. E ele não tem obrigação de se importar. Mas se ele te der a impressão que sim, e no final te magoar... Se ele te machucar da forma como for, eu vou dar a ele os próprios intestinos como última refeição, da qual ele se servirá já empalado.

Quando Vlad olhou novamente para Mihaella, a moça estava paralisada com a mão na maçaneta da porta do quarto.

– A gente só vai jantar Vlad. E talvez assistir ao novo Star Wars. Eu... Eu te ligo se... Se eu for voltar mais cedo para casa. A chave...

– Está na mesinha. Eu entendi. – Respondeu o conde, se acomodando novamente nos travesseiros.

Mihaella saiu do apartamento. Vlad ficou mais meia hora deitado na cama, perdido em seus pensamentos.

.

.

.

Star Wars? – Vlad ouviu a voz de Celas pelo celular.

– É, Star Wars. – Respondeu Vlad, que estava terminando de abotoar a camisa, no vestiário dos soldados da Hellsing, após supervisionar o treinamento dos soldados (aka: estar passando e ter ouvido uma explosão e ter mandado todos os soldados a refazer o treino do dia e ter aproveitado para fazer também os seus exercícios).

Bom, eu tenho os seis episódios em DVD, posso levar na sua casa se você quiser...

– Seis? E tem um novo no cinema? – Vlad perguntou, já estava ficando desanimado.

E mais algumas séries na TV, especial de Natal, jogos...

– Como é que alguma coisa pode render tanto?

– Olha, pelo menos do episódio IV ao VI vale a pena assistir... Por uma questão de cultura atual, eu acho... Mas não são tantos episódios assim. Imagina se você estivesse interessado em Star Trek?

– Vai me dizer que é mais um desses filmes que todo mundo conhece menos eu? - Respondeu Vlad, respirando fundo.

Bom, é interessante também. Mas acho que podemos começar com Star Wars. E depois você tem que assistir Senhor dos Anéis...

– Senhor dos Anéis?– Vlad perguntou, já desanimado dessa história.

Isso! Nove horas de uma incrível jornada para destruir uma anel e...

– Nove horas de filme? Celas!

– Bom, se você não quer ver o filme, que leia o livro!

– Star Wars Celas! Star Wars!

– Já entendi! Vou terminar de arrumar as minhas coisas e a gente já vai. Vamos começar pelo IV! Vou desligar! Beijos!

– Como assim começar pelo IV? Que tipo de coisa não começa pelo I? Celas?

Mas a vampira já tinha desligado.

– Vai me dizer que nunca assistiu Star Wars? De que planeta você veio? – Perguntou um dos soldados, que estava mexendo no celular, completamente nu.

– Nunca viu Star Wars? Como assim? Quando vai assistir TV você fecha os olhos, tapa os ouvidos e fica fazendo “La La La”? - Outro soldado, perguntou, enquanto penteava os cabelos, igualmente nu.

– E por que alguém iria assistir TV de olhos fechados? – Perguntou um outro soldado, que estava limpando as lentes do óculos. Esse pelo menos ainda estava com a toalha ao redor da cintura.

– Vocês podiam ao menos se vestir antes de se intrometerem na minha vida! – Vlad vociferou, quase enfiando a cabeça dentro de seu armário para não ter que olhar para a quantidade absurda de soldados seminus que estavam se concentrando ao redor dele, como se o fato de ele nunca ter assistido a um filme, ou no caso, seis filmes, fosse a coisa mais interessante que aconteceu naquele dia. E olha que eles tinham explodido a cantina hoje.

– Na verdade eu também ainda não vi o último Star Wars. Estive ocupado com o treinamento e estou estudando as estratégias que o conde nos passou. – Comentou Willians, que foi o único que teve a decência de começar a se vestir antes de olhar no telefone.

– Não seu mané! Ele não viu nenhum Star Wars! Tipo, meu mundo caiu! Eu achava que ele era o cara mais culto que eu conhecia. Agora acho que é capaz de eu conhecer mais coisas que ele!– Gritou outro soldado, que também estava fazendo qualquer coisa inútil no lugar de se vestir.

– E você por acaso já leu a Odisséia? Ética a Nicômaco? Hamlet? A divina comédia? – Vlad perguntou.

– Hamlet não é aquele do ser ou não ser? – Um outro soldado perguntou, enquanto enxugava o ouvido.

– Eu li Cinquenta tons de cinza, serve? – O primeiro soldado, que ainda estava mexendo no celular completamente nu perguntou. - Vai me dizer que você também não conhece Cinquenta tons de cinza?

– Isso é sorte dele se ele não conhecer. – Murmurou Willians, terminando de abotoar o botão da calça.

– E como ler Cinquenta tons de cinza pode compensar a não leitura de Ética a Nicômaco?- Perguntou Vlad.

Mas antes que qualquer um pudesse responder, estavam sendo interrompidos por uma Integra furiosa, que adentrou o vestiário:

– O QUE DIABOS VOCÊS FIZERAM COM A CANTINA?

Num primeiro momento, ninguém sabia como reagir. Os soldados ficaram simplesmente olhando para Integra, e depois para Vlad, esperando que o conde acalmasse sua esposa. Mas Vlad também estava em silêncio, sem saber como reagir, já que aquela era a primeira vez que via a mulher depois do casamento de Joseph. O soldado do telefone começou a falar:

– Sir Hellsing, foi um acidente...

– COMO ASSIM UM ACIDENTE?

O soldado ficou quieto.

– Conde... Salve-nos... – Outro soldado implorou.

Aquilo acordou Vlad o suficiente para ele se lembrar que sua esposa estava no vestiário masculino e que, com exceção de Willian que às pressas estava enfiando a cabeça na camiseta que usava por baixo da camisa, apenas ele estava completamente vestido.

– VOCÊS TRATEM DE SE VESTIR AGORA! – Ele berrou.

Nesse momento Integra pareceu perceber que todos os outros soldados estavam praticamente nus e corou. Para disfarçar, ela resolveu ficar brava com o único homem que conseguia encarar:

– E O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

Vlad simplesmente cruzou os braços sobre o peito e disse:

– Eu trabalho aqui.

Aquilo acalmou Integra, que percebeu que não era bem aquilo que queria dizer para seu marido.

– Não, eu digo... Você já não devia ter ido para casa?

De repente Vlad percebeu que todos os soldados pararam o que estavam fazendo para olhar para os dois, esperando a resposta do conde. De uma forma ou de outra, todos eles sabiam que Vlad e Integra não estavam mais morando juntos. Muitos deles até conheciam Mihaella pelo nome. Mas só isso. Ninguém sabia detalhes da vida deles, já que essa linha Vlad tinha traçado com veemência. Eles suspeitavam de coisas, conversavam entre eles sobre o que liam nos jornais, provocavam o conde com insinuações e brincadeiras, mas nunca tiveram coragem de cruzar a linha traçada.

– Eu não mandei vocês se vestirem?

– Conde, talvez fosse melhor explicarmos o acidente... Lá fora? – Sugeriu Willians, já vestido.

Vlad concordou com a cabeça e ergueu olhos cansados em direção á sua esposa, que entendeu o gesto. Saíram os três do vestiário, com Willians olhando para Vlad para saber se ele devia ficar ou não.

– Então... O que aconteceu com a cantina? – Integra perguntou para Vlad, mas foi Willians quem respondeu.

– Uma brincadeira, Sir Hellsing, que perdeu o controle rápido demais. Uma ação disciplinar já está em execução e os estragos serão pagos do salário dos envolvidos. Eu... Eu assumo total responsabilidade.

Integra ficou olhando para o jovem, perguntando-se porquê justo ele assumiria a responsabilidade daquilo, quando Vlad murmurou:

– E realmente deve. Pode ir para casa, conversamos sobre isso amanhã.

Willians bateu uma continência e se retirou.

– Foi ele quem fez a brincadeira? – Integra perguntou, tentando entender a cena.

– Não. Esse moleque é o melhor e mais disciplinado soldado que temos hoje na Hellsing. A primeira missão sob o comando dele aconteceu nessa madrugada. Os soldados sob o comando dele quiseram fazer uma piada, misturaram gás de cozinha com fogo e explodiram a cantina. Ele está chateado por não ter conseguido impedi-los.

– Mas Vlad... A culpa não...

– Não. A culpa é mais minha do que dele, já que fui eu quem designei os homens para a missão. Mas eles estavam sob o comando dele e como oficial responsável ele vai ter que assumir. Eu, vou conversar com ele amanhã.

Integra respirou fundo. Ela entendia o que era não ter o respeito das tropas, afinal. E Willians era ainda tão novo...

– Eu, confio que você vai fazer o certo, Vlad. Então... Por que ainda está aqui? Já está tarde...

E com aquilo Vlad se lembrou de o que tinha acontecido naquela manhã, que tinha começado toda a discussão sobre Star Wars. Mihaella tinha ido em um encontro com Baron e ele não queria pensar sobre o assunto. Então ele tinha vindo para a base treinar e encontrado com Celas. E ai a cantina explodiu. E entre o castigo dos soldados e a conversa com Celas, começaram a falar de Star Wars, que Vlad não sabia o que era, e tinham decidido assistir ao filme hoje a noite. A parte do encontro de Mihaella com Baron Vlad achou melhor não mencionar:

– Eu vou assistir Star Wars com a Celas hoje. Eu estava esperando para irmos embora juntos quando a cantina explodiu.

– Star Wars? – Integra perguntou.

– Sim. Pode ser uma boa distração e... Bom, pelo menos eu vou saber do que as pessoas estão falando.

– Não precisa se justificar Vlad. Na verdade, parece uma boa ideia.

Aquilo chamou a atenção de Vlad.

– Você quer... Quer... Você quer assistir ao filme com a gente? Por algum motivo estranho, vamos começar pelo IV hoje.

Integra sorriu.

– A história começa pelo IV, Vlad. – O sorriso se desfez dos lábios dela. – Eu não sei se...

Vlad respirou fundo.

– Integra. Nós moramos juntos por mais de um ano. Nós trabalhamos juntos. Nós ainda somos casados. Eu... Eu espero que saiba que é bem vinda na minha casa.

Integra assentiu com a cabeça.

– Vocês querem carona?

Vlad sorriu e assentiu com a cabeça.

Pessoa, não duvide que na vida tudo pode acontecer
E o sol pode estar quente, de repente, trovejar e até chover
Mas chuva lava a alma, tenha calma, vai acontecer
Saiba esperar, não se negue a crer
Que foi aquele jeito apressado de querer vencer
Quase nos deixou mal

Mas nada há de abalar nossos planos
Você vai ver que com o passar dos anos
O que falta pra nossa felicidade
Jah vai providenciar, Jah vai providenciar

Jah vai providenciar, Jah vai providenciar
Jah vai providenciar, Jah vai providenciar


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Notas finais do capítulo

R&R

Feliz ano novo!



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