Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 48
Capítulo 48. Covardia


Notas iniciais do capítulo

Música de hoje, "Feathery Wings" do Voltaire. Espero que gostem do último capítulo de 2012.



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You, there on the bridge

where have you been, what’s your name?

and you, there you on the wall

where will you go to once you fall?

you, lost at sea

do you need me, do you need directions?

hey, put down the gun

what are you thinking?

you were someone's son

the taste of tears

the sting of pain

the smell of fear

the sounds of crying

a long, long time ago I fell to this place

from another dimension1

and thrust amongst the beasts

and they way they behave borders on dementia

now through all these years

I can barely take it

I don't think I can make it

take me away from here

I want to go home

Ver o sangue escoar de seu próprio pulso era algo que deveria assustá-lo. Sabia que deveria ter algum tipo de instinto de sobrevivência, mas ver sua vida se esvaindo não era algo que o atormentava.

Tinha feito de propósito, afinal.

E agora, esperando a morte vir visitar-lhe com seu toque frio, não havia pressa, não havia desespero. Só havia mais e mais gotas de seu sangue vermelho escorrendo por seu braço pálido, há tanto tempo escondido do sol.

Uma palidez a qual estaria para sempre condenado.

E aquilo não lhe incomodava. O mais triste é que nada o incomodava mais. Não sentia o desespero do suicida que se apega à vida nos últimos momentos, não parecia que ia se arrepender tampouco.

Escolheu um método lento de morrer. Após tantos anos com a ideia, com o impulso, com as oportunidades, escolheu uma forma pela qual poderia sentir cada um de seus últimos minutos de vida.

Vida que ele queria viver. Não entendam mal, quando outros ameaçavam sua existência, até mesmo seu bem estar, ele tinha o instinto de sobreviver. Mas agora? Quando tudo o que ele conheceu já não o é? Quando sua família já estava há muito enterrada? Sua mãe que nunca o amou, seu pai carrasco que só sabia lhe cobrar, seu irmão...

E os amores passados e perdidos, inconsistentes como sua vontade de seguir em frente...

Quando a escolha era sua própria, todo seu instinto se esvaia, em um sussurro que sua mente frenética não lhe deixava esquecer:

“Não vale a pena. Não vale a pena.”

Por que de que valem os dias, se eles passam em branco, um após o outro?  Se a cada dia seus ombros ficam mais pesados e suas costas mais fracas?

Onde a motivação para seguir em frente? Onde o sentido de sua existência há muito desnecessária?

Por mais que tentasse se convencer, por mais que tentasse fazer algo de útil de seus dias, lhe era claro que não era realmente necessário. Não havia mais ninguém no mundo que realmente precisasse dele. Após sua consciência deixar este mundo, enquanto seus ossos passassem de duro cálcio para frágil pó, quem de fato notaria sua ausência? Quem olharia para uma poltrona vazia, uma janela que coleciona pó e diria: “Não é mais o mesmo sem você por aqui?”

Ninguém.

O mundo continuaria girando, a mansão Hellsing continuaria com sua rotina. Sua presença em momento algum realmente significativa na vida daquelas pessoas.

Nunca realmente notado. Nunca realmente apreciado. Nunca necessário.

Não foi a primeira vez que pensou nisso, mas foi a primeira vez que chegou tão longe.  Trancado nas sombras de seu quarto, via o fluxo de sangue aos poucos perder a força, já pouco em seu sistema mortal.

E não encontrava forças em si mesmo para lamentar a situação. Pelo menos, lembrar-se-ia desses últimos minutos de sua vida como algo real: o sangue escorrendo, gota a gota, manchando tudo em seu caminho. Não seria como os dias vazios em que a rotina de um mundo que mal conhecia, que não o aceitava, tentava aos poucos lhe engolir. Não era permitindo que sua frágil personalidade fosse moldada para satisfazer as vontades de outrem, encaixar-se num modelo para o qual ele era cômodo em suas vidas.

As gotas eram sinceras. Livres em sua saída e queda, mas vagarosas na despedida. Cada uma um beijo demorado e saudoso em sua pele.

Real. Pela primeira vez em muitos, muitos anos. E reconfortante, como a escuridão que aos poucos lhe abraçava como a amante que jamais teria. E por fim, paz.

Integra já estava olhando para a mesma maldita conta há mais de 30 minutos, tentando entender porque diabos todo o dinheiro destinado a comprar reposições dos uniformes dos soldados daquele mês tinha sido gasto em uma confraternização entre os tais soldados que resolveram que não precisavam de uniformes – e agora não queriam trabalhar porque alegavam não ter roupas - quando duas batidas tímidas na porta se fizeram presentes.

Celas, em uma voz tímida, baixa e muito apertada, comunicou alguma coisa que Integra não se deu ao trabalho de entender, apenas acenou com a cabeça e era uma vez uma vampira intrometida. Celas não sabia dar recados. Scott era chato, mas pelo menos tinha o bom senso de entregar os recados para ela em papel. Mas onde estava aquele inútil? Provavelmente era o dia de folga dele.

A policial, tendo cumprido seu dever de comunicar Integra do incidente, permitiu-se encostar e deslizar pela parede, finalmente começando a pensar no que aquilo tudo significava.

Ela viveria provavelmente para sempre. Se um dia viesse a morrer, bom, de verdade,  sua morte seria um evento impactante, de certa forma esperado. Ela não estaria ali um dia e não no outro, como um interruptor que alguém apagou, como uma vela que o vento soprou. Uma luz que ninguém sentiria falta.

- O enterro vai ser amanhã às 7h. O corpo estará disponível para o velório pós o reconhecimento..

Celas olhou para cima, observando Vlad sentar-se ao lado dela, ali, no chão, no meio do corredor.

- Não encontramos ninguém de sua família, seus vizinhos mal o conheciam. As empregadas mal sabem dar uma informação... – O conde respirou fundo, passando os dedos por entre os fios de cabelo longos, já formando cachos pesados sobre sua testa.

- Deve ser horrível, morrer assim sozinho. – Celas murmurou para os próprios joelhos.

- Ele não deixou nem sequer um bilhete, nada. Só o dinheiro para pagar o mês de aluguel.

- Quando...

- Pelo que me disseram, já faz dias. – Vlad murmurou, ainda não acreditando na situação. – E eu nem... Faz mais de uma semana que Scott não vem trabalhar na mansão, sabia Celas-san? E eu nem percebi... Se não fosse o registro de entrada e saída... Eu nem percebi. A culpa também é minha, então.

Celas pousou sua mão enluvada sobre o braço do conde, apoiado em suas pernas e depois de poucos segundos a cabeça sobre a própria mão. Se a ideia era confortar Vlad ou a si mesma, ela não tinha certeza.

Vlad chegou a bater na porta de sua esposa, mas foi prontamente ignorado. Integra estava ocupada demais, decidindo que seus soldados-agora –do-governo eram indisciplinados demais. Acontece que com a guerra, os mercenários foram assassinados e a solução para conseguir novas tropas foi ter uma parcela militar remanejada sob seus cuidados. Até ai tudo bem. O problema é que eles eram treinados para obedecer um tipo de ordem, um tipo de hierarquia que não existia dentro da Hellsing, mirar em alvos que não interessam na Hellsing. Fora que como eles eram originalmente militares, as tropas podiam ser chamadas a qualquer momento, por militares que não entendem o trabalho deles. Coronel Baron era um ótimo exemplo. O chefe-das-fadas era um exemplo que ela não podia repetir. Então Integra estava pensando seriamente em treinar suas tropas mais uma vez. Definitivamente, não eram as batidas tímidas de alguém que a tirariam da linha de raciocínio. Bom, se ela tivesse percebido que se tratava de Vlad, que há uma semana estava saindo do caminho dela de propósito, talvez ela tivesse atendido, por curiosidade, mas ela não percebeu, e as batidas passaram despercebidas.

E o conde... Bom, ele estava emocionalmente esgotado, há dias sem conseguir dormir (falta de ar, essa era nova), com a cabeça doendo de ficar quase duas horas no telefone entre policiais e hospitais para conseguir enterrar o corpo do mordomo,  e não conseguiu nem sequer insistir para avisar sua esposa (HÁ) que estavam saindo para o velório de John Robert Scott, nome que ele somente descobriu há algumas horas.

Cansado, o rapaz entrou no carro, com Celas esperando na direção.

- Para onde? – A vampira perguntou.

- Para o necrotério de Barts, reconhecer o corpo. Cemitério municipal em seguida.

- Vai ser um longo dia. – Ela murmurou, ajeitando os óculos escuros.

- Certamente.

Chegaram ao necrotério sem grandes problemas e o reconhecimento do corpo foi rápido, já que nem Vlad e nem Celas reagiram ao ver o corpo pálido e imóvel do mordomo sobre a mesa de metal. Após o lençol branco ser colocado novamente sobre o rosto de Scott para a retirada do corpo e transporte ao cemitério, um olhar trocado entre os dois contava toda uma história de dúvidas: “O que aconteceu com a gente? Quando deixamos de nos impressionar com a morte?”.

Vlad tentou contatar Integra mais uma, duas, dez vezes no próprio hospital e no caminho para o velório, quando resignado acabou por ligar para o maldito Coronel, na esperança de que fosse mais fácil ELE dar o recado. Essa era uma das situações mais humilhante das sua vida. E o pior é que ele nem se lembrava do porquê de ele ter o telefone do dito cujo.

- Abderman Baron. – Atendeu, realmente parecendo estar falando com a boca cheia. Plebeu.

- Boa tarde Coronel. Conde Dracul.

Vlad ouviu claramente quando o outro engasgou com o que quer que fosse que estava comendo. Depois de alguns segundos ouviu o coronel tentando falar em seu celular.

- O marido de Sir Hellsing?

- O marido da Condessa de Dracul, sim. Ela está com você?

- Pffff... Perdeu sua esposa? – O coronel não conseguiu segurar o riso do outro lado da linha. Impróprio.

- Ela está com você ou não? – Vlad engoliu em seco. Corno.

-Me desculpe. Não, ela não está comigo não.

- Vai encontra-la hoje?

- Olha conde, por que exatamente quer saber?

- Preciso dar um recado para ela, não atende o celular.

- Bom, eu estou de folga hoje, mas posso tentar ligar pra ela mais tarde. Qual o recado?

Vlad estava começando a perceber o falar enrolado do coronel. A falta de controle... Bêbado. Era tudo o que ele precisava, deixar o recado com um bêbado. Bom, melhor que nada. Se bem que a ideia de que Integra não o atendia, mas atenderia ao outro lhe era bastante perturbadora.

- Diga a ela que o corpo já está disponível para o velório, que será às 7h de amanhã, no cemitério municipal, sim?

- Beleza conde! Xá comigo!

E desligou na cara de Vlad. Sensacional, tudo o que ele precisava. Por via das dúvidas, enviou o mesmo recado via texto para o celular de Integra.

Naquele mesmo momento, o carro parou e Celas avisou que já haviam chegado. Vlad desceu do carro e ofereceu o braço para a policial, que o acompanhou até a pequena sala onde o corpo de Scott já estava no caixão simples, sobre uma mesa.

Os dois passaram a noite com o corpo, sozinhos. Conseguiram comunicar a poucos, mas ninguém veio ao velório. No fundo Vlad realmente esperava que Integra comparecesse, mas nada da Hellsing também. Celas acabou arrumando um jeito de se contorcer e deitar-se no banco que ocupava, apoiando a cabeça em uma das coxas de Vlad, enquanto ele só conseguia olhar para o caixão simples do mordomo e reviver algumas lembranças – bom, impressões- que possuía de seu próprio velório, do caixão esquecido sobre um móvel qualquer, da sala escura com o fogo há muito consumido, de sua mãe louca olhando os flocos de neve caindo pela janela, ignorante ao fato de que seu filho mais novo jazia decapitado a poucos metros, assassinado por seu outro filho. A semelhança entre a solidão das duas situações apenas servindo para apertar mais e mais seu peito.

- Vlad-san. – Celas murmurou de seu colo. Ela não estava dormindo? Claro que não, era um ser da noite, afinal. – Vlad-san. O que acha que acontece?

- Acontece quando? Celas-san? – Ele perguntou, alegremente se distraindo das pontadas em seu peito.

- Após a morte. Quando criança eu me perguntava se existia vida... Bom, acho que agora a pergunta é meio diferente...

Daquilo Vlad riu. Se ele não era prova o suficiente, Celas com certeza era. Mas a pergunta era legítima: e depois? Quando morressem, bom, quando morressem de verdade? O que seria de suas almas?

- Acreditávamos que as almas daqueles que morressem lutando por Deus seriam conduzidos ao paraíso sem serem julgados. Os turcos tinham uma crença muito parecida. Espero que seja verdade. Se suas almas estiverem salvas, meus pecados podem ser redimidos. – Vlad murmurou.

- Assim Vlad-san não será julgado.

- Não morri lutando por minha fé, Celas-san. Morri no confronto entre meus princípios e os de meu irmão.

- Que bom que teve uma segunda chance, então. Deve ser a reencarnação, que alguns falam.

- Não Celas-san. Aqueles que acreditam na reencarnação acreditam também que o homem passa por um véu do esquecimento, para que seus pecados não assombrem seus novos dias. A culpa os consumiriam.

Celas virou-se, olhando firmemente para Vlad com seus olhos vibrantes:

- Tudo que fizeram na vida anterior não conta, então?

- Claro que conta. Suas ações permanecem em sua alma, só saem de sua mente. É o que forma a sorte de cada homem, boa ou má, são os frutos que eles colhem.

- Como sabe tanto, Vlad-san?

- Sei muito pouco na verdade, e do pouco que sei nem tudo de fato compreendo. Mas durante as cruzadas, encontramos um senhor uma vez, vivendo em uma pequena aldeia. Ele não era dali. Nenhum deles era dali. O velho tinha a pele escura e os olhos rasgados, além de nenhum cabelo na cabeça ou no rosto.

- Nem as sobrancelhas? – Celas interrompeu, parecendo uma criança que ouvia uma história antes de dormir.

- Foram mortos sem ter chance de revidar. Quando chegou a vez desse senhor, quando eu ia deferir o golpe com minha espada, ele sorriu. Pensei que fosse louco, mas ele sorria por uma questão de fé. Para trazer alegria ao mundo, como sua última ação vivo. Ele acabou seguindo conosco após aquela atitude. Morreu doente, tremendo e com febre, mas sereno.

- Qual o nome dele?

- O mais irônico é que eu nunca soube. Ele não diria. Ele dizia que era um com o universo, então todos eram parte dele, todos os nomes se referiam a ele. Era uma ideia perturbadora, na verdade.

-Hein?

- Se somos todos um, quem na verdade eu estava matando com o fio de minha espada? Era claro que, no entanto, a cada vida ceifada era uma parte de minha alma que morria.

Celas respirou fundo. Ás vezes ela esquecida de respirar. Geralmente se esquecia de não respirar mais, já que não precisava. Mas era um ato que ainda acalmava seus nervos.

- Espero que a alma de Scott encontre dias mais felizes. – Ela murmurou, fitando o caixão escuro, tão simples.

- Eu também.

- Os seus também, Vlad-san. Vou tentar arranjar mais motivos para sorrir daqui pra frente. Você merece ser mais feliz.

- Obrigado Celas-san. Muito obrigado.

A vampira ficou em silêncio. Vlad se contentou em aceitar o afeto e a consideração da policial. Sua própria felicidade, ele sabia, dependia das sementes que ele mesmo plantasse, dos sorrisos que surgissem de sua própria alma. Sua vida era sua para conduzir como quisesse, algo que ele dava graças todas as vezes. A responsabilidade por absolutamente tudo que acontecesse era sua e era ridiculamente libertador saber disso. Por esse conhecimento, precisava agradecer ao homem sem nome.

O enterro se deu sem preces, sem flores e sem lágrimas. O céu estava limpo e o sol ainda agradável daquela época do ano tornava tudo mais brilhante, mais colorido, diferentemente de todos os outros das últimas duas semanas. Vlad e Celas rezaram em silêncio para que Scott também encontrasse dias mais coloridos, onde quer que estivesse.

Integra acordou devagar, mas irritou-se rápido ao perceber que dormira tanto. 8h38! Que droga. Tinha uma reunião às 9h30 com o coronel. Como pode ter dormido tanto? Saiu correndo da cama para tomar o banho mais rápido de sua vida, quando percebeu que era Sir Integra Wingates Fairbrook Hellsing e não tinha que correr para nada, o resto do mundo que a esperasse. Desacelerou por exatos 20 segundos, quando se lembrou que por ser Sir Integra Wingates Fairbook Helling ela tinha que ser pontual, era um sinal de classe e autoridade, então acabou acelerando as coisas de qualquer forma. Tudo bem, a reunião seria na mansão, dificilmente ele chegaria adiantado, estava tudo sob controle, bom, mais ou menos.

Quando saiu do banho para tomar seu chá, encontrou Vlad e Celas sentados no sofá, em um silencio confidente, de mãos dadas. O que diabos estava acontecendo?

- Que foi agora? – Ela perguntou, sentando-se à mesa, esperando seu café da manhã ser servido.

Observou em sua visão periférica os lábios da vampira formarem uma linha apertada em seu rosto, quando Vlad acenou com  cabeça que ela podia sair dali. O conde em seguida se levantou, aceitando de uma das empregadas, Sally? Kelly? Um bule de chá, que ele mesmo serviu em uma xícara para Integra, que o olhava achando a situação um tanto absurda.

- Vai me dizer o que aconteceu? E por que diabos está servindo o chá? Temos um mordomo para isso, sabia?

Após essa frase Vlad congelou sua ações, por pouco não derramando todo o chá na mesa.

- Milady?

- Onde está aquele imprestável do Scott afinal? Não veio ontem, não vejo sinal dele hoje…

- Milady, Scott está morto. Suicídio. O enterro foi essa manhã. Não recebeu nenhum recado?

- Scott está o que? – Integra perguntou, sem acreditar muito bem no que ouviu.

- Morto Milady. Celas a comunicou ontem, eu liguei quase 20 vezes. Não recebeu mesmo o recado?

- Saia daqui Vlad.

- Milady eu…

- Saia. Daqui. Agora.

E Vlad o fez. Saiu de perto de Integra, saiu porta a fora, apenas para dar de cara com Baron. O bêbado que não deu o recado.

- Conde. – Ele cumprimentou, por trás dos óculos escuros.

- Coronel.

Baron seguiu em frente. Vlad respirou fundo, dizendo a única coisa que lhe restava para as costas do outro, que apesar de não responder, entendeu perfeitamente cada palavra dita com um leve sotaque romeno:

- Jamais ficaria no caminho da felicidade de Sir Hellsing. Mas acredite em mim, não sobrará nem mesmo o pó dos ossos daquele que ousar feri-la de alguma forma.

Vlad passou a noite toda no jardim, longe da mansão, longe do caos, longe de qualquer som que pudesse ter ouvido. A sensação de que havia alguma coisa errada foi julgada como ciúme e dor. Não podia estar mais errado.

- Sir Hellsing? Temos uma reunião hoje acerca de...

- Tentaram me avisar e eu nem percebi. Todos a minha volta morrem e eu não percebo... Que parte da minha humanidade se perdeu com os monstros que caçamos todos os dias?

Baron não entendeu nada do discurso de Integra. Estava com dor de cabeça demais para raciocinar propriamente, e tinha alguma coisa sobre perder a esposa e um enterro e... Ele nunca mais ia beber tanto em sua vida.

Integra se levantou de sua cadeira, parando na frente de Baron, olhando-o fixamente com seu olho muito azul.

- Todos morrem, não é? Então é apenas ingenuidade de minha parte tentar racionalizar e preservar tudo isso. Todos morrem, todos morrem.

E a loira saiu da cozinha, pegando uma garrafa de vodca pelo caminho, que ela bebeu quase um terço em um único gole a caminho de seu quarto, puxando o coronel pela mão.

- Sir Hellsing, o que aconteceu afinal? – Baron perguntou, assustado com a atitude dela, mas estranhamente excitado com a situação.  Integra abriu a porta de seu quarto, empurrando o coronel com tanta força que o homem acabou sendo empurrado até tropeçar em um móvel e cair deitado no chão.

Integra bebeu mais um longo gole da garrafa, jogando-a no chão logo em seguida. Parou sobre o coronel, retirando o terno verde enquanto abaixava-se até se sentar no colo do homem.

- Eu sei que se sente atraído por mim, coronel. – Integra disse, enquanto retirava o óculos.

- Certamente é uma mulher muito atraente, Sir Hellsing, mas o que...

- Todos morrem, e eu vou passar a vida me escondendo dela? Tentando seguir um modelo para pessoas que não importam? Para ter o que eu não posso ter? Eu me recuso.

Integra puxou a camisa de Baron, estourando os botões, deixando o coronel com o peito exposto, mesmo ainda vestindo praticamente todo o uniforme.

- Nenhuma cicatriz... – Integra murmurou para si mesma, enquanto aproximava os lábios do coronel.

O beijo começou suave, mas se tornou mais selvagem com o passar do tempo. O coronel, excitado com a situação, em êxtase pela atitude dominadora, correspondia com entusiasmo, passando as mãos pelo corpo de Integra, ainda por cima da camisa e calças sociais.

Integra simplesmente se recusava a pensar. Toda aquela dúvida, todo o dilema de sua vida, ia acabar naquele dia.

Não importava como. Não importava com quem. Afinal, o que é o amanhã, quando se pode estar morto?

I'm so sick and tired of the

the taste of tears

the sting of pain

the smell of fear

the sounds of crying

as you standing at the edge of your life

what do you remember?

was it all you wanted?

I'm trying to earn a set of feathery wings

I wish I could protect you here

oh, please don't cry

now smile as you're standing

at the edge of your life

your troubles are over

mine are just beginning

I'm trying to earn a set of feathery wings

to take me away from here

its me you leave behind

if only I could have been there

I'd be a hand for the sinking

if only I could have been there

I'd be a prayer for the dying

see the pain etched in my face

I'm so sick and tired of

the taste of tears

the sting of pain

the smell of fear

the sounds of crying

as you're standing at the edge of your life

what do you remember was it all you wanted

I'm trying to earn a set of feathery wings

I wish I could protect you here

oh, please don't cry

now smile as you're standing

at the edge of your life

your troubles are over

mine are just beginning

I'm trying to earn a set of feathery wings

to take me away from here

its me you leave

you're gone from here

don't leave from here

don't leave me here

I hate it here

you're gone from here

don't leave me here

I need you here

I need to see you smile


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Notas finais do capítulo

Integra esqueceu-se do sobrenome de casada de propósito. Eu sei que devia ter trabalhado melhor as emoções dela, mas farei isso no próximo capítulo. Até 2013, e feliz ano novo para todos. Foi uma honra passar 2012 com vocês! ^^



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