Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 43
Capítulo 43. Incômodo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas.
Música de hoje "Sozinho" de Caetano,
Eu disse um capítulo por mês? Ledo engano.
Esse aqui vai pra vc não acharem que a fic entrou em hiatus, prometo atualizar assim que puder (provavelmente com capítulos cada vez mais curtos também), ou não.



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Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém

Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

É engraçado como coisas estranhas ainda podem acontecer com alguém com mais de seiscentos anos de vida, que luta contra vampiros, tem lembranças de coisas que aconteceram no seu futuro e que se casou forçadamente com a dama de aço da Inglaterra.

Bom, coisas estranhas no sentido de que Vlad não acreditava que ainda podia ser surpreendido. Mas o caso é que foi.

O conde sabia que não teria uma lua de mel convencional. Ele nem esperava uma lua de mel pra começo de conversa. Agora, o que ele não sabia é que ao acordar no dia seguinte com o telefone tocando. E então ele veria que Integra se espreguiçava ainda no sono, sem propriamente acordar. E ele se viu completamente apaixonado por aquele momento. O telefone parou de tocar. Integra não acordou, e Vlad se permitiu dormir mais um pouco. E então alguns minutos depois, ao acordar, encontraria sua esposa berrando no telefone às três da manhã, corrigindo, ao ser acordado na madrugada após seu casamento encontraria sua esposa berrando no telefone com algum – segundo dela, incompetente, descuidado, ração de cachorro e ... outras coisas que ele não achou digno de processar-  pobre coitado, sem dúvidas.

Onde estava a visão angelical de mais cedo? Substituída por uma Integra furiosa. E com motivo, como ele iria descobrir ao longo do dia. O caso era que no próximo mês aconteceria a comemoração do aniversário da rainha. E a comemoração do aniversário da rainha duraria uma semana. Só que a comemoração do aniversário da rainha aconteceria em todo o território inglês. E a comemoração do aniversário da rainha também aconteceria em todo o território do antigo império. Só que essa comemoração era paralela, então tudo bem. O problema era a verdadeira comemoração do aniversário da rainha, que aconteceria dentro do palácio de Buckingham. E a comemoração do aniversário da rainha reuniria chefes de estado do mundo inteiro.  E para a segurança da comemoração do aniversário da rainha, seria necessário a elite do exército inglês que calhou de ser a organização Hellsing – que nem exército era.

Até ai, tudo chique dez beleza (como diria a Celas – de onde ela tirou esse bordão ele não tinha ideia). A questão é que com os preparativos para o casamento de Integra (que ela mesma fez e em uma semana), “esqueceram” de comunicá-la desse fato. Resultado? Todas as tropas mobilizadas para a operação “celebra rainha” e sob o comando de... De quem mesmo? Porque não estavam sob o comando nem de Integra, nem de Vlad (o que já seria estranho, mas aceitável), muito menos de Victória. Estavam sob o comando de algum milico de patente alta (major? Tenente-coronel?) que ninguém nunca tinha ouvido falar antes. De uma divisão meio secreta  da união europeia (pffff) que usava um pégasus  como símbolo. Vlad ficou dias tentando entender porque diabos alguém colocaria asas em um cavalo e usaria isso como símbolo. O cavalo já era o símbolo da liberdade, pra que as asas? E Integra não ajudava, porque se referia à organização como “a do vale encantado” porque tinha um “unicórnio” no escudo, então deviam ser fadas.

Entre unicórnios e pégasus Vlad ainda estava cismado com o cavalo, enquanto Celas estava ficando maluquinha em tentar seguir as ordens do comandante das fadas, sendo ela o intermédio entre o fundo do vale e os exércitos que, bem ou mal, estavam sendo treinados para combater vampiros, lobisomens e outras criaturas da noite. Era uma cena até engraçada de se ver.

Mas não foi isso que surpreendeu Vlad, não mesmo. Nem se ver participando de uma comemoração ao ar livre do aniversário de vossa majestade, ao mesmo tempo posando de marido dedicado e nobre caridoso (com um monte de crianças em volta dele), achando graça da sobrancelha de Integra que não parava de tremer, enquanto ela tentava se controlar para não atirar em uma criança, no comandante das fadas ou no próprio Vlad.

Nem foi ver uma Celas vestida de palhaço tentando não bater nos soldados que riam dela, enquanto o fada-chefe dava broncas sobre um serviço mal feito: só faltou explicar para ele que os soldados foram treinados para matar, não para controlar a multidão.

O que de fato surpreendeu Vlad foi quando, já no fim das comemorações, uma criança remelenta filha de um nobre gordo, tentando aprender a fazer bola de chiclete, cuspiu o dito cujo no cabelo de Integra. Não, o que fez o queixo de Vlad cair não foi o fato de Integra não ter matado a criança, e nem o fato de ela ter calmamente se levantado e ido direto para o cabeleireiro  cortar o pedaço ofensivo de borracha rosa. O que realmente abalou as estruturas do conde, após seiscentos anos, lutar em guerras, ser atacado por vampiros e ter se casado forçadamente com a dama de aço da Inglaterra foi ver a referida dama com os cabelos curtos. A parte da frente um pouco mais comprida, fazendo uma franja que chegava um pouco abaixo do queixo em comprimento, a parte de traz mal chegando na nuca.

Vlad estava, com o perdão do trocadilho que vinha sendo brincadeira entre eles no último mês, encantado. Não que o cabelo de Integra não fosse bonito, mas toda aquela cabeleira , juntamente com as roupas pesadas, escondiam tanto as formas quanto o rosto de Integra. Mas agora? Nos momentos m que o calor a obrigavam a tirar o paletó, Vlad conseguia ver cada curva da cintura, dos ombros (até dos seios sob a camisa). Os traços delicados do queixo e do maxilar, o nariz empinado que se destacou, até o olho azul saltou em seus rosto, sendo que o tapa olho ficou misticamente escondido nas madeixas.

Até que Integra percebeu que os cabelos de Vlad estavam mais compridos que o dela (porque segundo ela, se ele alisasse ia chegar aos ombros) e decidiu que ele devia cortar o cabelo também. Vlad não cotou, dizendo que aquilo era ridículo. E essa história acabou com os dois discutindo o comprimento do cabelo do rapaz.

Mas isso tudo aconteceu no primeiro dia de comemorações, porque no segundo perceberam o erro em colocar o fada-chefe na coordenação e o substituíram. Alguém da inteligência inglesa dessa vez.  Coronel Abderman William Baron: alto, chegando aos trinta anos de idade, os cabelos de um castanho pálido já salpicados com alguns fios prata, posto assumido por estudos, títulos, honrarias e atos heroicos.

E isso parecia uma boa notícia. Até que os olhares começaram. E Vlad não era cego.

O conde percebia como o coronel olhava sua esposa. Um olhar que transmitia admiração, encanto. Desejo. Fome.

E não ajudou em nada quando com o passar dos dias, com o passar das comemorações, Integra percebeu que o homem era perfeitamente capaz de assumir o posto a ele designado: contenção, não extermínio, como eles estavam acostumados. Como Vlad estava acostumado.

E então, as poucas horas que os recém-casados ainda passavam juntos, se esvaiu no ar, porque enquanto Integra se esforçava para fechar os documentos necessários para reagrupar suas tropas, Vlad tentava em vão descansar poucas horas em um sono intranquilo e fútil. E quando já cansada dos papéis e da burocracia, Integra resolvia descansar algumas poucas horas, Vlad já estava acordado, trancado na biblioteca na maioria das vezes. Procurando, não, caçando nos escritos antigos o que pudesse encontrar que explicasse o que de fato aconteceu após sua morte. O que de fato o vampiro viveu além dos vinte e cinco (seis) anos que Vlad estava presente.

Porque agora os pesadelos de Vlad envolviam não mais guerras, lembranças e momentos de ódio, mas também momentos de angústia que ele não entendia. Já havia sido queimado, esfaqueado, esquartejado, perfurado, enterrado, afogado. Por outros e por ele mesmo. E a única vez em que o choque não lhe permitia sentir a dor do golpe era quando foi decapitado pela primeira vez. Quando foi de fato assassinado.

Todas as outras vezes ele estava condenado a sentir toda a dor de ser assassinado, mas também a dor de não morrer. E então, quando o alívio de ver seus ferimentos curados, mas o peso em seu coração frio tornava tudo insuportável, ele acordava, suando frio e com o peito apertado, perdido na escuridão do quarto, preso nas cobertas que deveria estar dividindo com sua esposa. Gastava alguns poucos minutos tentando se acalmar, tentando se livrar da dor dos ferimentos que apesar de imaginados ainda sentia o eco, respirar, diminuir a pressão em seu peito.

Então ele se levantava, passava pelo escritório de Integra apenas para vê-la bufando com a papelada. Algumas vezes batia à porta, outras nem se atrevia, tamanho o mau humor de sua esposa nos últimos dias.

Essa cena em nada ajudava a diminuir o vazio em seu peito. A situação continuou por duas semanas. Engraçado como arrumar os papéis de uma operação pode demorar muito mais que a operação em si.

E ele podia sentir no ar que as próximas semanas não melhorariam em nada o que se passava em seu peito. E tinha razão.

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?


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Notas finais do capítulo

Agora que percebi, mas esse capítulo não teve diálogo.
Espero que tenham força e perseverança para me acompanhar até o fim. Pode demorar, mas com certeza vamos chegar lá!



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