Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 4
Capítulo 4.Inquietação


Notas iniciais do capítulo

Agradeço imensamente ao reviews! Espero que este capítulo esteja à altura das palavras ditas acerca dos anteriores!

Tem uma inconsistência nesse capítulo, mas sabe quando dizem que se vc acha bom de primeira, é melhor não mexer muito porque é certeza que vai estragar? Bom, eu sei que existe um negócio chamado Ctrl Z...mas não vem ao caso. Quem descobrir o problema ganha uma noite com o Vlad! rsrsrsr!



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            Já estava na hora do jantar. Duas batidas na porta do escritório de Integra a fizeram parar de trabalhar, e a figura de Scott se fez presente no escritório.

            Scott era um homem já de sessenta anos, baixo e um pouco acima do peso. Muito discreto, só aparecia na hora do chá e para deixar recados para Integra. Falava o mínimo necessário e não queria se intrometer em absolutamente nada na vida de sua senhora ou na organização.

            A Hellsing o tinha contratado a cerca de um mês para substituir Walter. Claro que ainda estava em experiência. Por isso muitas vezes ela se via afirmando categoricamente que estava sem um mordomo. Bem, Scott era um bom profissional, e definitivamente cumpriu todas as expectativas de Integra. Até demais. Ela o escolheu justamente por não lembrar em nada o mordomo anterior: era discreto, não daria palpite na sua vida e não corria o risco de vê-lo lutando ao lado do inimigo. Bom, nesse ponto ela tinha acertado até demais para seu gosto. Sentia falta de Walter. Aquele velho chato e intrometido era o mais perto de um pai que ela tinha desde que o seu morreu. Apesar de não gostar, seus conselhos sempre foram úteis e, bem, ele era um guerreiro valoroso para a Hellsing, além de ser seu guardião pessoal quando Alucard estava ocupado demais. Agora não tinha nem um, e nem outro guardião. Não tinha nem as indiretas do vampiro, nem os conselhos irritantes do Shinigami. Estava novamente só no mundo, apenas com a organização como sua eterna e sombria companhia. Obrigação na verdade. Aliás, tinha certeza que o mordomo não queria se intrometer por morrer de medo de qualquer tipo de criatura da noite. Em um ataque, era bem capaz daquele velho se esconder atrás dela para usá-la como escudo. Que fosse, estava pagando para ver um vampiro escapar de sua mira, cada dia mais impecável.

            Devaneios a parte, Scott foi até lá exatamente para avisar a Hellsing que o jantar estava servido, e se ela gostaria de ser servida no escritório. Todas as noites ele ia até lá para fazer a mesma pergunta, e todas as noites ele ouvia que ela não tinha fome. E ainda sim, todas as noites o jantar era servido, e todas as noites Integra era convidada a descer. A Hellsing já estava se perguntando quando ele ia parar com aquilo. Afinal, todas as noites se lembrava que Walter a obrigava a comer alguma coisa, e foi só por isso que até aquela noite não tinha suspendido definitivamente o jantar.

            Mas aquela noite parecia diferente. Tinha visitas, e sabia que era errado deixar Vlad sem comer. Aliás, devido ao estado de saúde ainda frágil dele, tinha era que providenciar uma ótima alimentação, conforto e outros cuidados. Pensando nisso, talvez não tivesse sido apropriado deixá-lo sob a supervisão de Celas, mas até saber o que se passava na cabeça do rapaz era melhor assim. Contrataria um enfermeiro no dia seguinte, se tivesse pelo menos indícios de que Vlad não era agressivo.

            Pensando nisso. O rapaz não tinha dado nenhum trabalho desde que chegou mais cedo. Não do jeito que ela esperava quando ouviu dos médicos que ele “não fazia nada sozinho”. Aparentemente ele só era um pouco... deslocado. Mas muito interessante, mesmo assim.

            Naquela noite, ela desceu. Não que tivesse fome, mas tinha vontade de se sentar à mesa. De apreciar a companhia de um certo alguém durante o jantar: e pela primeira vez não estaria sozinha à mesa,em quase doze anos!

            A mesa estava posta, e os pratos servidos. Algum corte de frango com salada bem colorida que Integra não lembrava o nome, acompanhado de vinho tinto. Mesa pronta, mas nada de acompanhante.

            Integra se sentou, e ficou a encarar o prato posto. Não tinha fome, mas no fundo sabia que devia comer. Pegou os talheres. Olhou de seu prato para a taça de vinho servida. Sua lembrança foi imediatamente até as masmorras, à cadeira de patamar alto muito semelhante a um trono. Lembrou-se de seu ocupante costumeiro. Sentado, imponente. Os cabelos muito negros ondulando pela brisa que entrava por uma fresta na parede sem janelas. O sorriso por vê-la ali, enquanto aproximava uma taça cheia de vinho aos lábios. Doce ilusão. Integra sabia se tratar de sangue, mas às vezes gostava de imaginar ter uma companhia real. Gostaria de ter um homem sob aquele teto, se importando com ela, a par da organização e perfeitamente capaz e a fim de livrar o mundo dos vampiros, e claro, que respeitasse sua condição virginal. Alucard seria tudo isso, se respeitasse a primeira condição de ser um homem, e não um vampiro...

            – Boa noite, Miss Hellsing.

            A voz grave de Vlad a tirou de seus pensamentos. Ele se sentava à mesa, os cabelos mais escuros por ainda estarem úmidos. Vestia uma camisa branca, com um colete preto por cima.

            “Esqueceu do terno? Ou será que foi o calor?” – Integra pensou, após reparar que ela mesmo tinha abdicado da peça de roupa aquela noite por causa do calor. Outra vez.

            – Peço desculpas pelos meus trajes, Miss Hellsing. Mas não sei o que aconteceu com minhas roupas.

            Integra se perdeu um pouco com a visão de Vlad a apreciar o vinho. Primeiro requisito completo: um homem morando sob aquele teto. Será que ele seria capaz, ou ao menos teria interesse de cumprir os demais? Baixou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos ridículos. Onde já se viu? Se aquilo já era uma fraqueza e um absurdo antes, imagine agora?

            – Em Adam St. John, não lhe deram roupas novas? – Integra perguntou, tentando se concentrar na comida que seu garfo segurava.

            – Deram-me algumas, é verdade, mas nunca me disseram o que fizeram com as minhas. – Ele disse, agora cortando um pedaço do filé de frango.

            “Com as dele? Mas ele já não estava vagando há semanas pelas ruas?”

            – Se quiser, amanhã pode sair para comprar novas.

            – Agradeço, Miss Hellsing.

            – É Sir Hellsing. – Ela disse por fim, antes de colocar a comida na boca com certa agressividade.

            – Claro, Sir Hellsing. – Ele começou a comer, com tanta delicadeza e calma que fez Integra se irritar um pouco com a presença dele ali.

            O jantar se sucedeu em um silêncio constrangedor. Integra estava ao mesmo tempo decepcionada e envergonhada por ter alimentado qualquer esperança inconsciente sobre a ocasião. Talvez fosse esperar demais de um jovem desconhecido que encontrou num sanatório. Mas, o que é que ela estava esperando dele mesmo?

            –Sir Hellsing?

            Integra ergueu os olhos para o rapaz. Já tinha percebido, mas agora tinha certeza: ele só falava quando sabia que a atenção de seu interlocutor estava inteiramente voltada para si.

            – Há algo que a incomode? – A voz grave e calma aos poucos lhe irritando de verdade. Como ele podia estar ali, como se tudo fosse absolutamente normal, sem querer saber o que esperavam dele naquela casa? A propósito, já que ele estava assim tão falante, melhor tentar tirar alguma informação:

            – Onde você nasceu, Vlad?

            – Sighişoara.

            Integra não pode deixar de surpreender com a informação. Vai ver o rapaz era mesmo algum tipo de descendente de Alucard.

            – Sua família toda é da Romênia?

            – Não. Minha mãe nasceu na Moldávia.

            Tá.

            Agora já achava que o rapaz estava variando um pouco dos miolos.

            A atenção de Integra foi tomada ao perceber que o jovem tinha se levantado, e se esgueirava pela parede até o vão que dava acesso a outro cômodo.

            Não tinha percebido até então o silêncio arrebatador que dominava toda a mansão. Não que ela não fosse naturalmente silenciosa, mas estava um silêncio muito estranho...

            Procurou a arma em algum dos bolsos. Merda! A arma tinha ficado no bolso do terno! Por que diabos ela desceu sem o terno mesmo?

            Vlad já estava quase olhando pelo vão na parede, quando o ataque de uma espada o fez se abaixar. Alguns fios de cabelo que não escaparam do ataque voaram pela sala de jantar. Os movimentos que se sucederam foram tão rápidos que Integra só os compreenderia horas depois, quando pensasse no assunto. Vlad puxou quem o atacava pelo pulso, atirando-o no chão e tomando para si a espada no processo. Fez um corte fundo na barriga do atacante, não se incomodando com as gotas de sangue que espirraram em seu rosto.

            A criatura, do chão, fez menção de atacar novamente. Vlad fincou a espada na altura do estômago, prendendo-a no piso. Ainda se debatia.

            – Mas o que diabos é você? – Ele se perguntava, não deixando nenhuma expressão transparecer em seu rosto.

            A criatura ergueu o tronco, em um movimento rápido, tentando mordê-lo. Vlad não se moveu, observando atentamente a criatura roçar os dentes perigosamente perto de seu nariz. Não o alcançou estando pregada no chão.

            Foi quando Integra viu. Era um vampiro. Mas será que a mansão não estaria livre daqueles malditos ataques mesmo depois de terem derrotado a Millenium?

            Vlad começou a vasculhar nos bolsos do vampiro, para ver se encontrava alguma coisa de útil, quando achou uma faca. Mal teve tempo para olhá-la, e a atirou em outro homem que havia saltado sobre Integra, acertando-o no coração. Ele se desfez em pó antes que chegasse perto o suficiente da mulher para tocá-la. A faca atirada continuou a rodopiar pelo ar, até encravar no assento da cadeira onde ela estava sentada. Perigosamente perto de seu rosto.

            – É assim que vocês morrem? – Ele perguntou em voz alta, mas no fundo sem esperar resposta de ninguém. Forçou a espada mais para cima para fazê-la alcançar o coração da criatura. Aos poucos, esta também virou pó.

            Ele retirou a espada do chão, levantou-se e se aproximou de Integra, que o olhava estática, sob as cinzas que pairavam no ar. Não que ela tivesse medo de vampiros... desde os treze os combatia. O que a assustava era a expressão impassível do rapaz, que aparentemente estava achando aquilo absolutamente normal.

            Pegou em um dos pulsos dela, erguendo-a da cadeira e a posicionou atrás de si, usando o próprio corpo como escudo, e mantendo a espada em riste, esperando o próximo ataque.

Tudo parecia estar em silêncio novamente, a não ser pelo som compassado do coração de Vlad, que Integra podia ouvir claramente por estar  tão próxima a ele. Provando que ele estava vivo! Inconscientemente, ela apertou o braço do jovem. Havia um homem morando sob aquele teto, que se importava com ela e era perfeitamente capaz de combater vampiros. Três requisitos completos.


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Notas finais do capítulo

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