Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 3
Capítulo 3.Fragilidade


Notas iniciais do capítulo

E não é que aos poucos Vlad vai me deixando saber quem ele é? (Acho que a verdadeira esquizofrenica nessa hist sou eu...)

A propósito... se a história se passa em Londres, por que eles se refereriam a Deus como Kami-sama? Se bem que eles falam japonês... hum... meditarei a esse respeito!

Espero que gostem!



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            – Então, Vlad-san... – Celas puxou assunto, sem se levantar da cadeira onde estava sentada.

            Vlad virou o rosto, e olhou dentro dos olhos vermelhos dela.

            – Ehr... quantos anos têm?

            – Vinte e cinco.

            A resposta do rapaz foi seca. Celas abaixou a cabeça, mirando em um ponto qualquer perto de seus pés. Vlad caminhou até a janela, escorou-se no batente, e ficou a olhar a lua.

            Celas ergueu os olhos ao perceber a movimentação do rapaz. Era de fato muito peculiar. Ele falava sim, não mostrava os sintomas do tal autismo que os médicos de Adams St. John diagnosticaram, mas ele devia sim ter algum distúrbio que eles não perceberam. Vai ver ele era meio psicopata, sei lá.

            –Celas-san? – A vampira foi desperta de seus devaneios, ao ver que o jovem olhava para ela.

Ela ergueu as duas sobrancelhas em sinal de dúvida, ele continuou:

            – Por que seus olhos são vermelhos?

            Celas pensou um pouco em como responder, mas não seria tão simples simplesmente dizer “porque eu sou o mesmo tipo de monstro que você me viu caçando” ou algo do tipo “foi um acidente”, então acabou dizendo qualquer coisa que não chocasse o rapaz, ou que pelo menos encerrasse a conversa:

            – Simplesmente são desta cor.

            Que resposta inútil Celas! Ela se recriminava mentalmente, se achando a mais estúpida das criaturas.

            –Entendo. – Vlad disse, esgueirando-se um pouco mais para fora da janela.

            Sério. Celas estava com fome, cansada e irritada. Queria conhecer melhor o rapaz, mas aquele silêncio já a estava irritando! Se era pra ele ficar ali quieto olhando a lua, era realmente necessário que ela ficasse ali fazendo parte da decoração?

            – Celas-san? – A voz a chamou de novo.

            – O quê? – Ela perguntou, sendo tomada de seus pensamentos.

            – Por que não gosta da noite?

            – Eu gosto da noite. – Ela respondeu, sem pensar muito naquilo. De onde ele tinha tirado uma coisa daquelas?

            – Entendo. – Ele voltou a contemplar a lua pela janela.

            Celas começando a ficar irritada de verdade. Era um sujeitinho inconveniente aquele tal de Vlad! Mal respondia suas perguntas, e ainda falava umas coisas descabidas daquelas! E aceitava assim suas respostas? O que aquele ser humano magrelo pensava da vida? O que se passava naquela cabeça oca? Vento! No máximo era vento!

            – Celas-san?

            – QUE É? – Ela gritou, sendo interrompida de seus pensamentos. O dia não tinha sido fácil nos campos de treinamento, pra ela ter que ficar ali vigiando o rapaz.

            Vlad se assustou com o volume da voz de Celas. Virou-se de costas para a janela, ainda apoiado no batente, e encolheu os ombros.

            Com a cena Celas acabou se acalmando. O rapaz, poucos anos mais velho que ela, em idade real e aparência, e visivelmente mais alto, pareceu extremamente frágil aos olhos da vampira.

            Ela respirou fundo, levantou-se da cadeira e foi até ele. Pousou a mão enluvada sobre um ombro magricelo.

            – Está brava comigo?

            – Não. Está tudo bem.

            – Ele está sempre bravo comigo...

            – Quem?

            Vlad deitou a testa sobre a mão em seu ombro.

            – Aquele homem prometeu me proteger... e agora ele se foi...

            Celas percebeu que o rapaz tremia. Passou o braço livre pelo pescoço dele e o abraçou.

            Aos poucos ele se acalmou. Celas retirou uma das luvas, e passou a mão pelos cabelos dele. Macios, mas revoltos. Fechou os olhos, e lembrou-se daquela tarde em que ela e seu mestre foram atacados pelo padre Anderson, e ela se viu obrigada a sair correndo carregando a cabeça do vampiro.

            Apertou com força os olhos, tentando afastar a cena da mente. De qualquer forma, tudo ali era diferente. A situação, os sentimentos, a atitude, a pessoa...

            Mas os cabelos eram os mesmos. A única diferença estava no fato dos fios de Alucard estarem empapados de sangue na época.

            O rapaz aos poucos se desvencilhou dos braços da vampira, e se postou em pé, na frente dela, com os olhos baixos, virados para o chão.

            – Vlad-san?

            O rapaz se virou, ainda olhando o chão, e se aproximou novamente da janela.

            –Vlad-san? – Celas continuou a chamar, e obteve como resposta um resmungo do rapaz, indicando que ela podia perguntar.

            – Quem sempre está bravo com você?

            Vlad virou o rosto, e em um sorriso cínico, muito parecido com os que Alucard dava à Integra, respondeu:

            – Kami-sama.

            Celas ergueu um pouco os cantos dos lábios, numa tentativa de esboçar alguma reação que não vinha naturalmente. Quem era aquele homem tão peculiar a sua frente? Será que em Adam St. John esqueceram de diagnosticar esquizofrenia?

            – Vlad... Por que Kami-sama estaria bravo com você?

            O homem não desfez seu sorriso, e voltou a olhar para a lua.

            – Ele mora na luz. E me condenou a preferir a noite. Ele me mandou morar longe Dele.

            Celas sentiu seu coração morto dar um salto em seu peito. Segurou a blusa com força, numa tentativa de contornar o vazio que estava sentindo.

            – Como assim?

            – Celas-san. Você não acha que Ele mora no sol?

            Celas sentia o vazio em seu peito aumentar cada vez mais. Estava começando a ficar com medo da situação. Com medo de... Vlad.

            – Então, Celas-san. – Ele olhou novamente dentro dos olhos vermelhos da vampira, com um sorriso cruel nos lábios, deixando a mostra os dentes impecavelmente brancos e alinhados. Celas pôde sentir um arrepio tomar conta de sua coluna. Tinha certeza que agora era ela quem tremia. – É por isso que você não gosta da noite?

            Celas sentiu uma lágrima quente escorregar de seu olho e deslizar pela sua bochecha, manchando seu rosto de vermelho. Era verdade, não gostava da noite. Odiava a noite. E odiava ser quem era, porque estava condenada a ficar só, pela eternidade. Quando pequena, ao perder seus pais, sabia que Kami-sama estaria sempre com ela. Quando entrou para a polícia, tinha todos os seus colegas de esquadrão. Depois de morta, tinha seu mestre, a organização e Bernadotte.

            Seus colegas tinham virados Ghouls, e foram devidamente “recolhidos”. Bernadotte fazia parte de sua consciência e sangue mas... estava morto. Seu mestre se foi. Kami-sama não a amava mais. Só sobrou a organização.

            – Estamos ambos sós. Ele foi embora, e não vai nos proteger.

            Vlad ainda sorria, maniacamente, agora com os raios do luar iluminando seu rosto. Era definitivamente uma figura muito peculiar.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Faz bem pro autor, te dá dinheiro e garante sua boa ação do dia!
Só pra constar e bem por cima:Autismo: Disfunção que afeta a capacidade do indivíduo de se comunicar e manter relacionamentos

Esquizofrenia: Causa delírios e alucinações, que geralmente exercem algum tipo de controle sobre o indivíduo.

Psicopata: aquele que sofre de pscopatia,psicose ou neurose caracterizada por falta de sensibilidade e coerência com a realidade. Algo como falta de sentimentos.

Viu, MsWritter também é cultura!



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