Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 22
Capítulo 22. Libido


Notas iniciais do capítulo

Nuss, faz tempo né? Como foram as festas? Bem espero!

Libido significa desejo, e é referente a todos os desejos básicos da vida, às vezes aparece separado entre desejo sensual, de dominar e de conhecimento. Eu acho que o título se encaixa bem, eu sempre penso em "fome" quando leio esse cap. Espero que gostem e... bom, continuem lendo por favor!'. Boa leitura!

Ps: Para os pobres mortais que não sabem, a música é Yestarday, dos Beatles.



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Yesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe in yesterday

Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday came suddenly

Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday


            O encontro dos lábios foi sutil, mas intenso em todas as formas. Em poucos segundos não era mais o suficiente. Simultaneamente, aprofundaram o beijo, aceitando um ao outro, deliciando-se um com o sabor do outro.

            As dúvidas de Vlad, a forma como aprendeu que devia se comportar com uma dama, nada mais parecia fazer diferença naquele momento. Era tão natural estar com Integra que ele mal entendia como não tinha feito isso antes. Era um sentimento ao mesmo tempo tão novo, surpreendente, e tão antigo, tão certo... era uma necessidade, quase como respirar.

            Integra agarrou a nuca de Vlad, puxando-o mais para perto dela, enquanto a outra mão, hoje estranhamente sem as luvas, pousava possessivamente sobre o ombro do rapaz. Vlad abraçou a cintura dela com um dos braços, enquanto a outra mão se mantinha firme no corrimão da escada, impedindo-os de cair degraus abaixo.

            A Hellsing não tinha muita consciência do que estava fazendo. Agia por desejo, por instinto e libido. Tudo era simplesmente tão novo e tão prazeroso...

            Vlad não fazia muita coisa além de corresponder aos movimentos de Integra. Um pouco por respeito, um pouco por receio em ofendê-la de qualquer forma que fosse. Permitiu que Integra encaixasse um dos joelhos por entre as pernas dele, obrigando-o a apoiar o quadril no corrimão da escada, permitindo que ele soltasse a mão que os prendiam seguros no lugar. Ele passou os dedos por uma mecha lisa do cabelo de Integra, afastando um pouco o rosto, para em seguida pousar a testa no topo da cabeça dela, enquanto ela devorava seu pescoço com beijos.

            Tê-la tão perto, tão sensual, tão convidativa. Literalmente entre suas pernas foi demais para a sanidade ainda um pouco controlada do rapaz. Seus limites foram realmente para o espaço quando sentiu a mão fina e macia de Integra erguendo a ponta de sua camisa, antes presa pelo cinto, dentro da calça, e roçando os dedos frios pela lateral de sua cintura.

            Nenhum dos dois sabia exatamente o que fazer, embora Integra parecesse mais confiante e propensa a se entregar aos seus desejos. Mas aos poucos, e consideravelmente rápido, o comandante que residia na alma de Vlad se apoderou da situação, desencostando-se do corrimão e apoiando-se exclusivamente sobre as próprias pernas. Inclinou o corpo para frente, segurando uma das pernas dela com urgência, na altura de sua cintura.

            Um gemido fraco da mulher em seus braços e o rapaz sentiu o desejo arrebatador de erguê-la e carregá-la até o quarto dela (o mais próximo), e assim o fez. Ao sentir seus pés deixando o chão, Integra agarrou fortemente o pescoço dele, deixando que ambas as pernas se entrelaçassem nos quadris de Vlad. Os dedos continuaram perdidos nos cabelos do rapaz até chegarem ao quarto.

            Vlad a soltou delicadamente na cama, posicionando-se sobre ela, discretamente pedindo espaço entre suas pernas. Fitando sempre os olhos azuis buscando aprovação. Seus olhos brilhavam em desejo, quase verdes, e Integra decidiu que gostava muito mais deles quando atingiam esse tom por esse motivo e não pelas lágrimas. Aos poucos ela concedeu mais espaço, sentindo Vlad abandonar seus olhos e se concentrar na pela clara de suas bochechas. De repente, tomou ciência de como as coisas estavam sérias e corou por isso. Era indubitável que Vlad tinha assumido o controle da situação, o que tinha deixado claro nos pensamentos de Integra o quanto aquilo tudo era novo para ela, o quanto ela era inexperiente e o quanto estava ansiosa.

            Essas ideias se apagaram de sua mente quando sentiu Vlad sugando o lóbulo de sua orelha, passar os lábios calmamente por seu pescoço, atingir a base da garganta, desabotoar os primeiros botões da camisa enquanto permitia que sua língua brincasse com a pele tão próxima dos seios, quase expostos...

            Uma onda de pavor percorreu seu corpo. Era tudo tão novo, deixara-a tão vulnerável... era assustador. Muito! Ela estava com receio, com medo! A imagem de Alucard se desfazendo em meio à guerra subitamente invadindo sua mente...

            Vlad deixou o caminho que fazia, buscando novamente os lábios de Integra, procurando em seus olhos a permissão para continuar. O que encontrou foi pavor. Dúvida.

            Ele parou todo e qualquer movimento que fazia, concentrado-se na expressão dela, estático, como uma estátua. O gesto foi ao mesmo tempo apavorante e reconfortante para Integra, que tendo um leve momento para pensar, passou os dedos pelo rosto de Vlad, notando sua respiração ofegante. Cerca de um minuto depois, quando Integra já estava começando a ficar confusa, e Vlad ainda sustentando o olhar impassível. Ele disse, em um sussurro doído, cheio de dúvidas:

            – Você não quer isso... você não...

            Virou o rosto, tentando tomar fôlego pra terminar sua frase. Integra pousou os dedos sobre seu queixo liso, tentando fazê-lo virar o rosto novamente para ela, atitude que ele respeitou sem muito esforço.

            – Vlad, eu...

            – Você não me ama. – A constatação foi tão dolorosa que até mesmo o coração de Integra doeu. Desta vez a frase foi dita sem nenhuma incerteza, mas nem por isso conformada.

            Ela podia ver a dor, o ódio e a vergonha no olhar de Vlad, enquanto ele tentava sair da posição tão íntima em que tinha se encaixado momentos antes, tentando tocá-la e olhá-la o mínimo possível.

            Pôs-se em pé ao lado da cama, tentando se recompor o mínimo necessário para sair do quarto. Integra não se moveu por alguns instantes, tentando processar aquele amontoado de informações novas. Depois se sentou, tocando o ombro dele com a mão, finalmente percebendo o quão forte ele havia ficado com o tempo, sentindo os músculos tensos por baixo da camisa fina.

            – Vlad, eu...

            – Eu peço desculpas. Eu realmente sinto muito se...

            –Não Vlad, está tudo bem. Fui eu quem...

            Vlad se virou para encará-la, mas se descobriu incapaz de dizer alguma coisa construtiva, ou mesmo verbalizar o que estava se passando por sua cabeça. Permitiu pousar sua testa sobre a dela, deslizando as mãos suavemente sobre os cabelos lisos e platinados.

            – Parecia tudo tão certo que eu... me desculpe...

            Ponderou sobre deixar o quarto, deixar a mulher, deixar a mansão, deixar a si mesmo em algum lugar, mas a mão de Integra segurando sua cabeça junto à dela o fez mudar de ideia.

            – É ele? – Vlad perguntou em um tom de voz baixo e conformado. Integra assentiu baixinho, ambos sabendo exatamente de quem estavam falando. A mulher nem se importou em imaginar como Vlad havia percebido tudo aquilo com um simples olhar, simplesmente aceitando que talvez ele soubesse melhor que ela o que se passava em sua cabeça.

            Vlad por sua vez, perguntava-se como lutar contra um ele mesmo que já estava morto, um ele que não era ele. Era como lutar com um fantasma, com a diferença de que existir era a única razão para aquele fantasma continuar assombrando a vida dela.

            Obedecendo silenciosamente a condução dela, deitou-se na cama, com a cabeça apoiada em um dos muitos travesseiros, ainda permitindo que uma de suas pernas pendesse para fora do colchão.

            Mantiveram o contato visual por alguns segundos, instigando os próprios pensamentos sobre o que o outro estava pensando de fato.

            Integra quebrou o contato, passando as pontas dos dedos pelo pescoço de Vlad, que apenas fechou os olhos, tentando assimilar tudo o que estava acontecendo.

            – Eu não sei... – Integra começou a falar, sinceramente com medo de dizer alguma coisa que fosse piorar a situação. Tinha perdido a postura, a fala, a linha de raciocínio... estava despedaçada. – Não sei exatamente se estou pronta para isso. – Concluiu finalmente, após alguns segundos de um silêncio pesado. – Não para sua totalidade...

            – E certamente não comigo... – Vlad permitiu que um pensamento intruso escapasse por seus lábios, mordendo-os em seguida ao perceber que ele não tinha ficado apenas em sua cabeça.

            Integra mordeu o lábio inferior, chacoalhando suavemente a cabeça, quase que como se lutasse contra uma lágrima.

            – Não estou falando de sexo... é mais como... eu não sei...

            Vlad abriu os olhos, encarando a cortina que cobria a cama. Ele entendia o que ela queria dizer.

            – Peço perdão novamente.

            – Não...é que...

            Vlad sentiu os dedos tímidos de Integra passearem mais fundo por dentro de sua camisa, e numa dor masoquista, auto infringida, ele desabotoou a peça de roupa, retirando-a em seguida e se deitando novamente, deixando o peito exposto para a mulher. Um verdadeiro suicídio emocional, como ele constataria depois.

            A curiosidade de Integra, o desejo ainda existente apesar da culpa, o pavor que não mais existia agora que a perspectiva de perder a virgindade não mais a assolava, todos estes sentimentos misturados fizeram com que ela se erguesse sobre o corpo dele, traçando com os dedos as cicatrizes que marcavam sua pele clara, por cima dos músculos claramente bem definidos. Alimentar-se direito tinha feito milagres com o corpo dele, como ela pode constatar.

            Os músculos, a pele, o formato, tudo exatamente igual ao que ela se lembrava do sonho com Alucard. Perguntou-se se já havia visto o vampiro sem camisa para ter a imagem tão real em sua mente, chegando à conclusão que já devia ter visto, embora não se lembrasse. Apesar das diversas cicatrizes de batalhas (algumas muito profundas, na opinião dela), aquela grotesca que o vampiro tinha no peito não estava lá.

            Vlad deixou-se acariciar por longos minutos, permitindo que Integra explorasse o que quisesse do tronco dele. Deixaria ir mais longe se assim ela desejasse. Ele não se importava. Não mais. O toque era suave, gentil, mas não lhe trazia prazer algum. Não arrepiava a pele, não instigava. E em absoluto, não era reconfortante, não era agradável. Mas Vlad não tinha muito o que fazer. Ficou mirando o teto, imóvel, até Integra se aproximar e tocar sua bochecha com os lábios. Vlad fechou os olhos, tentando permanecer impassível ao toque frio, sem paixão, tentando não desmoronar. Os abriu para novamente encarar o teto, sentindo Integra acomodar-se em seus braços, sonolenta, buscando conforto, roubando seu calor. Não era a intenção dela, ele bem sabia que ela não tinha culpa. Talvez a culpa fosse dele. Talvez ele tivesse se iludido por vontade. Talvez ele tivesse imaginado tudo. Ou quem sabe ele não estaria se aproveitando dos sentimentos dela para com Alucard? Ou ainda, se aproveitando apenas da fragilidade dela? Porque apesar de tudo, ela era uma mulher triste, incompleta. Sabia que a culpa era dele, mas nada podia fazer além de se sentir traído, roubado, lesado, com aquela mulher que apenas dormia tão próximo a ele, aproveitando-se do calor de seu corpo. Ela também era quente, mas seu calor não aquecia: sugava a vida ao redor.

            Respirou fundo enquanto uma lágrima escorria do canto de seus olhos, sumindo por entre uma mecha do cabelo dela, espalhado pela cama. Ficou mais algumas horas encarando as cortinas, certo de que não adiantaria tentar dormir naquela noite.

            Horas depois, Integra acordaria sozinha na cama, com frio. Sairia do quarto a passos tímidos, apenas para ver do topo da escada Celas sentada no chão da sala, abraçando forte um Vlad deitado sobre suas pernas, com a cabeça escondida em sua cintura.

Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday

Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday

Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday


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Notas finais do capítulo

Reviews não dão mais dinheiro, nem experiência, mas ianda são a forma mais segura de vocês me deixarem saber o que pensam.'

Ah sim, estão acompanhando "Diários da Noite"?



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