Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 14
Capítulo 14.Decepção


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooooooooooooo! Tái, o capitulo que mais me deu dor de cabeça (inclusive, não revisei, perdoem pequenos erros de português, os corrigirei em breve).

Primeira parte do capítulo dedicada a Burning Phoenix, recomendação nº 4 da fic. Segunda parte do capítulo para a Jun, que faz aninhos! PARABÉNS FLOR!

No mais, boa leitura. Ah sim, trechos da música João e Maria, do maestro Sivuca e Chico Buarque de Holanda, sugiro que ouçam a versão que ele canta com a Nara Leão! Bjus!



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Capítulo 14. Decepção

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Já eram 19:15 da noite de sexta-feira e Integra ainda estava em frente ao espelho de seu quarto. Olhava para a figura vestida de cinza intrometida no objeto. Os cabelos puxados para o lado, presos por apenas uma presilha, lhe caiam sobre os ombros, numa tentativa de cobrir o tapa-olho. Não que ela se envergonhasse ou precisasse esconder o “adereço”. Nada a ver. Ela não era mulher disso. Só que a ocasião pedia um pouco mais de refinamento e vaidade. Céus, como ela odiava aquele tipo de situação.

Estava impecavelmente arrumada e maquiada, trajando um vestido de seda de um tom cinza claro, com sandálias de salto puxadas para o prateado. Os brincos e o colar de diamantes de sua mãe, luvas lhe cobrindo as mãos e os cotovelos.

Muito bom, e surpreendente levando-se em consideração as condições em que comprou a peça. Secretamente, ficou feliz com o resultado. Principalmente quando percebeu que seus cabelos pareciam ainda mais claros em contraste com o tecido, e como seu corpo era bonito marcado pelo vestido. Pura vaidade. Que coisa feia Integra!

Saiu do quarto e dirigiu-se às escadas, parando no último degrau ao perceber Vlad e Celas, já prontos e a esperando. Não que estivesse atrasada.

Lembrou-se então de que não tinha visto as roupas que eles usariam. Acabou pegando no sono ao sair do banho e não se lembrou mais do assunto até aquele momento.

Primeiro dirigiu o olhar para Celas, preocupada com os trajes da moça. Não, estava tudo bem. Ela estava muito elegante em um vestido de veludo negro. Simples, discreto, mas de muito bom gosto. Os saltos também não eram tão altos, então a vampira se sairia bem. Ponto pra você Vlad. Saiu-se muito bem em termos de moda feminina.

A propósito, Vlad, cadê você? O olho muito azul de Integra percorreu a sala de modo desesperado, mal conseguindo ajustar o foco da visão. Da esquerda para a direita: sofá, estante, pernas, vaso, porta. Da direita para a esquerda: vaso, pernas, estante. Volta: pernas! Olha para cima!

Vlad! O rapaz a olhava com curiosidade, sem esboçar nenhuma reação muito significativa. Os cabelos estavam contidos com um pouco de gel, mas ainda sim um tanto revoltos. Muito mais escuros que o normal, deixando o rosto dele livre dos fiapos que sempre insistiram em cair sobre seu nariz, e os olhos muito mais amarelados. Nossa. Ele sempre foi tão bonito assim?

Tinha até se esquecido da roupa. Olhou para ele. Terno negro, sapatos sociais também pretos, camisa negra, gravata de um tom cinza bem escuro. Um crucifixo de ouro preso no nó. Peculiar.

– Estais linda, Milady.

Pela primeira vez desde que foi chamada de Milady, Integra não tomou aquilo com irritação. O rapaz estava muito elegante. Sóbrio e discreto. Ponto mais que positivo pra você Vlad.

– Comprou o crucifixo hoje? – Ela perguntou, olhando dentro de seus olhos amarelados.

– Na verdade, o tenho há muitos anos. – Vlad respondeu em um sorriso, ajeitando o crucifixo na gravata. ­– Confesso que achei muito interessante a forma como utiliza o seu. Achei que fosse um costume já esquecido.

Integra franziu a sobrancelha. De fato, foi o vampiro que uma vez lhe ensinou a dar o nó antigo na gravata, da mesma forma como ele a amarrava, e selar com o crucifixo, ultimo presente de seu pai. O nó na gravata de Vlad era mais moderno, exatamente como de um executivo ou magnata. De certo foi Celas quem o deu, mas lá estava o crucifixo. Parece que essa mania do vampiro vinha desde muito tempo.

Integra terminou de descer as escadas, ignorando uma mão que Vlad lhe oferecia. Não que ela tivesse feito de propósito, mas ficou tão assustada ao perceber que QUERIA aceitá-la que acabou não esboçando reação nenhuma além de continuar seu caminho, o que por si só resultou em rejeitar o gesto elegante do rapaz.

Vlad respirou fundo, sem ruídos e sem pressa, recolhendo a mão e seguindo a Hellsing. Obviamente não soube interpretar a reação de Integra, já que não lia pensamentos (como a loira estava acostumada com o vampiro, e apostava e não perdia que era por isso que ele só se divertia com as brigas que tinham); mas também não deu muita importância. Era deselegante, mas sabia o quanto o baile a estava irritando, e depois, ela não tinha obrigação nenhuma de aceitar qualquer agrado que viesse dele. Aham, conta outra.

Seguiu a Hellsing que andava elegantemente sobre o salto até o carro. Hoje dirigido por Scott mesmo, já que ela não tinha pressa nenhuma de chegar ao baile. Sentou-se ao lado dela no banco de trás do Rolls Royce negro, enquanto Celas tentava por o cinto de segurança, sentada no banco do passageiro.

Agora, olhando-o ao seu lado, um pouco entediado com a visão sombria de Londres à noite, com toda aquela neblina suja que se alastrava pelo ar, reparou o quão discreta eram suas expressões, e como a feição sóbria passava um ar de superioridade. A cor voltava mais a cada dia à sua face, os olhos brilhavam em lucidez agora que já não estava nem mais drogado e nem delirante. Não era um simples rapaz, era um homem. Seria um verdadeiro lorde inglês, não fosse pelo fato de ser romeno. Espera, ela estava mesmo tendo esse tipo de pensamento sobre um moleque que tinha se agarrado com a enfermeira no jardim, que quando tinha febre mal conseguia se alimentar ou se cobrir sozinho, que comia chocolate deitado no sofá e que nem sabia usar um cartão de crédito? Se bem que ele estava se saindo maravilhosamente bem para homem de mais de seiscentos anos. Bom, vinte e cinco, como ele afirmava categoricamente.

Observou a mão do rapaz roçar suavemente o tecido da calça social, expressando um nervosismo contido. Foi quando reparou em uma tatuagem na lateral da mão direita, que provavelmente continuava pelo pulso. Era a cabeça de um lagarto. Não, um dinossauro. Ah sim, claro, era um dragão. Num movimento um pouco mais amplo dele, que permitiu que a manga da camisa subisse um pouco mais, ela pode reparar que o corpo do animal se enrolava em uma espada, muito semelhante à uma cruz. Como nunca tinha reparado naquilo antes? Tentou voltar a mente desde que conhecera Vlad. Bom, as roupas largas e compridas que usava não lhe permitiriam mesmo ver a tatuagem. Durante o ataque ela ficou atrás do lado esquerdo dele, então não viu a mão que empunhava a espada. Realmente, não tinha tido oportunidade mesmo.

Será que Alucard também tinha a tatuagem? Era bem provável que não, já que o vampiro podia modificar seu corpo e aparência a seu bel prazer, e aquele desenho não parecia fazer parte de seu gosto. Lembrou-se então das luvas, que eram o selo que aprisionava o monstro à sua família, e que agora jaziam destroçadas dentro de uma caixinha de madeira, escondida sob o forro do caixão negro de Alucard.

Balançou a cabeça suavemente, captando a atenção de Vlad com o movimento. Na tentativa de desviar o olhar dos olhos dele, que pareciam lhe atrair com um magnetismo absurdo, ela acabou focando no crucifixo, só agora percebendo que na lateral de cada ponta jazia um pequeno rubi. Afinal de contas, qual era a dos rubis?

– Algum problema, Milady?

Integra se recostou ao banco do carro, desviando de vez o olhar.

– Não gosto de noite nubladas. A incidência de ataques é maior. – Respondeu, dizendo a primeira coisa que passou pela cabeça.

Vlad sorriu.

– Não é comum que Londres seja nublada assim?

– Na verdade até é. Se bem que as batalhas mais sangrentas foram realizadas sob luas vermelhas, em noites de céu limpo.

– E ainda assim preferes noites de lua cheia. – Integra achou que Vlad fosse terminar a frase com um “como eu”, mas ele não disse mais nada, voltando sua atenção para a janela ao seu lado.

Era só o que faltava, estavam mesmo conversando sobre o clima?

O carro parou, e a porta de Vlad foi aberta. Integra se perguntou por que abriram primeiro a porta dele e não a dela, até reparar que o rapaz deu a volta no carro, abriu a maldita porta e ofereceu sua mão para ajudar Integra a sair do carro. Dessa vez ela aceitou.

Pousou os dedos timidamente sobre os dele, sentindo o corpo tremer ao perceber que ele os fechou e a conduziu para fora do automóvel.

Tão logo ela saiu do veículo, ele recolheu a mão que a segurava e afastou-se para que ela pudesse dirigir-se ao baile. Por um momento Integra perguntou-se porque ele não queria acompanhá-la, até que se deu conta de que não havia pedido isso a ele, provavelmente dando a entender que como Celas, ele fazia parte da escolta. Respirou fundo, e tomou a dianteira, percebendo que Vlad a seguia, ao lado de Celas.

Parou à entrada do salão, tentando tomar “coragem” para entrar. Acabou por erguer a cabeça, e passar altivamente pelas pessoas.

Percebeu os olhares das pessoas percorrerem seu corpo. Sabia que alguns homens a observavam com desejo, mas as curvas bem definidas sob o vestido era apenas um adicional. Os homens a desejavam pela organização, as mulheres invejavam e mal diziam. Um infinito amontoado de pessoas que conhecia e às vezes convivia, mas que em nada acrescentavam em sua vida. Muitos conhecidos, nenhum amigo. Ninguém com quem realmente gostasse de passar o tempo, tivesse uma conversa agradável ou pudesse pedir conselhos. Apenas pessoas para ficar alerta, caso contrário levaria um bote. Mas eles que tentassem, o bote dela seria o mais certeiro e venenoso de todos.

De longe, viu a maldita silhueta de Joseph. Aqueles cabelos castanho claros ridiculamente prensados com gel na cabeça, e o terno escuro modelando o corpo estruturado. O que tornava o rapaz insuportável não era o fato de ser bonito, e sim de saber disso. Era filho de um importante membro da Távola Redonda, seu bom nascimento aliado com muito dinheiro e charme provocaram nele um convencimento inquebrantável de que era irresistível. Irresistível é uma palavra que não existe no vocabulário de Integra.

Para ela, ele não era nada além de um play boyzinho mimado e convencido, que não sabia nada da vida além das doidas que o perseguiam para todos os lados. Ele era desprezível, isso sim. Amaldiçoava todos os dias o nascimento da mãe dele, que pôs na cabeça do rapaz que ela era o melhor partido da Inglaterra, e desde então o rapaz direcionava toda sua atenção e “charme” para a jovem.

Foi tomada de seus devaneios quando percebeu que Joseph a viu, e se dirigia para ela. Pensou em desviar o olhar e sair andando, mas reparou que seria apenas uma forma de adiar o problema. O rapaz já estava perigosamente perto, quando a Hellsing sentiu a mão de Vlad tocar seu ombro e virá-la para si, aproximando o rosto do dela, de forma a poder falar a seu ouvido. Bom, ele ficou em silêncio, observando com os olhos amarelados o rapaz perceber que teve seu movimento cortado e ter atenção tomada por uma jovem na festa. Ou talvez foram os olhos faiscantes de Vlad que o impediram de se aproximar mais.

– O que foi isso? – Integra perguntou, sem fazer qualquer movimento para se afastar dele.

– Percebi que estava tensa Milady. Ele vai procurá-la novamente, e então poderá conversar com ele se for sua vontade.

– Não se intrometa outra vez. – Ela disse, saindo dos braços dele e pegando uma taça de champagne.

– Claro que não, Milady. – Ele sorriu, e se manteve sorrindo ao perceber que metade da festa havia parado para olhá-los.

Felizmente, ou não, dependendo do ponto de vista, a atenção deles se voltou para Celas, que conseguiu esbarrar em um garçom e derrubar muitas taças de cristal pelo chão.

A noite passou tranqüila, com Integra dispensando todos que vinham falar com ela, Celas morrendo de vergonha ao perceber que os “cavalheiros” da festa estavam devorando-a com os olhos e Vlad apoiado na bancada do mezanino, observando o comportamento dos convidados e, ocasionalmente, o de Integra.

Apesar da tranqüilidade aparente, a Hellsing estava se corroendo por dentro. Em parte pelo próprio evento, que era naturalmente estressante, e em parte por ter percebido que a atenção de muitas filhas de nobres estarem voltadas para Vlad. Aquele maldito precisava estar tão bonito?

Vlad olhou para ela, e sorriu. Foi quase como se lesse seus pensamentos. Estava quase corando quando a chegada da rainha foi anunciada, e sua presença requisitada perante o trono. Levantou-se para dirigir-se à presença da rainha, profundamente incomodada com o fato de uma das atiradas da festa ir falar com o conde.

Claro que não reparou que o conde em questão apenas deu um olhar reprovador para a moça, que ao perceber que ficaria sem resposta se afastou dali, procurando novos “ares”. Tampouco viu que Joseph se aproximou de Vlad, e em um sorriso muito simpático (e falso) nos lábios, o mandou abrir caminho e se afastar, se quisesse continuar “inteiro”. Bom, não deixou claro se era da integridade física, social ou emocional de Vlad que ele estava falando, mas como Vlad apenas sustentou seu olhar impassível para o rapaz, este acabou dando-se por satisfeito e continuou a jogar charme para os convidados nobres da festa.

Bom, mas com o pensamento ainda fixo na tal moça que conversava com Vlad, Integra dirigiu-se até o trono real e ajoelhou-se perante ele. A rainha perguntou novamente pelo vampiro, e ao receber a mesma resposta vaga de sempre, ordenou que Integra trouxesse “seu acompanhante” à sua presença. Integra sentia ao mesmo tempo uma imensa satisfação em poder interromper a conversa que a moça tentava estabelecer com Vlad (outra moça, mas para Integra eram todas iguais), e muita preocupação em imaginar o que Vlad diria para a mulher mais importante da Inglaterra.

Ficou próxima o suficiente dos dois para ouvir sobre o que falavam.

– De onde vem, rapaz? – A rainha perguntou, oferecendo a mão para que um Vlad ajoelhado no chão a beijasse.

– De muito longe, Milady. – Ele respondeu, dando um beijo suave na mão enrugada da rainha. Agora parando para pensar um pouco, foi a primeira vez que Integra viu Vlad conversando com alguém que não ela ou a policial. O gesto de acolher a mão da rainha na sua permitiu que uma parte da tatuagem aparecesse.

– A ordem do dragão? Faz mais de meio século que não ouço falar sobre ela. – Ela disse, recolhendo as mãos e pousando-as sobre o colo. – É descendente dos Voivodas?

– De fato, sim.

– Seus traços são os mais puros que já vi. Não se parece com os descendentes diretos de Dracul que tive a oportunidade de conhecer.

– Agradeço Milady.

– Isso faz de você um duque, meu rapaz?

– Não majestade. Meu título perdeu a força com os anos. Conde na verdade.

– Claro, conde Dracul. – Ela disse, rindo-se da afirmação. – Cuide bem de Sir Integra, meu rapaz.

Integra visivelmente se engasgou com aquela frase, e deu graças a Deus quando reparou que a conversa dos dois tinha terminado. Saiu andando para longe dali, tentando se recuperar do engasgo.

Foi para uma parte deserta do jardim. Erro fatal, pois deu de cara com Joseph.

– Sir Hellsing. É uma imensa alegria finalmente poder falar a sós com a senhorita. – Ele se aproximava, jogando todo o charme que sabia que tinha. Só não sabia que Integra era imune.

– Gostaria de poder dizer o mesmo, Joseph. – Integra tentava manter a compostura, mas estava profundamente incomodada com a situação. Nessas horas o vampiro fazia falta. Um brilho vermelho nos olhos, uma presa mostrada e pronto. Sossego pelo resto da festa.

– É natural que as palavras falhem em momentos como este. – Burro, burro e perto demais.

Integra revirou os olhos. Que rapaz insuportável.

– Sir Hellsing. Estou esperando pela nossa dança. – Já estava tão próximo que praticamente colara seu corpo no dela. Integra deu um passo para trás.

– Então finalmente tomou coragem? – Achou melhor conduzir o jogo, já estava mais que treinada nisso.

– Sua presença nos inspira. – Ele também era bom.

– Então não tem medo de levar um tiro no meio da testa? – Ela já estava se preparando para uma resposta do tipo “então encontrou um lugar para esconder o coldre? Estou ansioso por saber...” mas essa resposta já era boa demais para Joseph.

– Uma mulher linda como você jamais faria isso. – Agarrou a mão enluvada e puxou a Hellsing para si.

Integra ficou desconcertada com a resposta sem argumentos do rapaz. Bom, sem argumentos para ela, acostumada a jogos mais profundos com o vampiro. Precisou se recuperar da bobagem que ouviu e acabou por perder dois segundos preciosos no jogo.

Joseph interpretou aquilo como surpresa pelo elogio, e atirou o corpo para frente, entendendo que finalmente tinha conseguido criar a oportunidade ideal.

– Não se atreva.

Bom, ele se atreveu. Aproximou os lábios dos dela, e forçou um beijo. Integra lutava para conter uma ânsia de vômito, e procurava uma forma de se livrar daquilo. Não tinha força física para afastá-lo (mas tentou), e suspeitava que se desse uma joelhada em um certo lugar muito sensível ia era cair do salto e acabar com o rapaz em cima de si, que era muito pior que o beijo. Estava se preparando para da próxima vez que aquela maldita língua passasse por seus dentes arrancá-la com uma mordida, quando um dragão apareceu diante seus olhos.

Foi então que o beijo foi drasticamente partido com a mão de Vlad puxando Joseph pela testa, e atirando-o no chão,

– A senhorita disse não. – Ele disse para o rapaz do chão.

Recuperada do susto, Integra levou a mão à própria testa. Sabia que Joseph era esquentado, e tinha o dobro do tamanho de Vlad. Aquilo ia dar merda.

Joseph se levantou, e já estava indo para cima de Vlad, exatamente como Integra previra. Mas ele só era grande, não tinha habilidade nenhuma. O conde o segurou pelo rosto, e prensou a cabeça dele contra o chão.

Integra se alarmou com a cena. Já estava indo longe demais.

– Largue-o Vlad.

O rapaz não respondeu, apenas afundando mais a cabeça do outro na grama, sentindo o sangue que escapava do nariz quebrado dele escorrer por entre seus dedos.

­– Solte- o agora Vlad!

A ordem de Integra não era acatada. Foi quando a loira reparou que Vlad sorria com o desespero e o sangue à sua frente. Um sorriso que se alargava conforme Joseph lutava para se livrar do ataque.

­– Pare. – O sorriso cada vez maior e mais insano. – Eu ordeno que pare. – Joseph já mal conseguia respirar. – ALUCARD! SOLTE-O AGORA!

Vlad não soltou Joseph, mas olhou para Integra, que tremia.

– Monstro. Ele é humano... Seu monstro.

Vlad parou de imprimir força no movimento, e acabou por soltar Joseph, que permaneceu no chão.

Uma lágrima muito sutil surgiu nos olhos dele, que pela primeira vez brilharam em um verde vivo. Ele se levantou, olhando fixamente para Integra, finalmente percebendo o medo que ela sentia com a cena. O medo que ele provocara.

Ergueu a mão, e observou a quantidade de sangue que manchava seus dedos e roupas.

– Você ia matá-lo. – A voz de Integra era falha, mas seus olhos secos.

Foi quando Vlad olhou em volta e reparou que metade da festa estava ali, olhando a cena.

– Eu só... pensei que...

Vlad encontrou os olhos vermelhos e assustados de Celas no meio da multidão. Secretamente pediu apoio, mas percebeu que até mesmo ela estava surpresa demais com a situação que certamente não havia entendido.

Procurou novamente o olho azul de Integra, o encontrando trêmulo de decepção e raiva. Triste talvez.

– Eu, eu sinto muito.

Vlad baixou os olhos, permitindo que uma lágrima muito discreta escorresse pelo seu rosto. Puxou o crucifixo da gravata, deixando-o cair na grama fofa, batendo em alguns poucos filetes de sangue que permaneceram por ali. Virou-se e começou a caminhar, enquanto os convidados abriram espaço para permitir que ele passasse.

Celas caminhou até onde Joseph permanecia sentado na grama, abaixou-se e pegou a jóia do chão, enquanto via o conde sumir por entre as pessoas, provavelmente se dirigindo para fora do castelo.

Joseph começou a gritar alguma coisa que nem Celas e nem Integra se deram ao trabalho de entender.

A Hellsing se virou e seguiu até seu carro, indo embora da festa, fugindo de uns primeiros pingos de chuva que começavam a cair. Celas ficou um tempo se perguntando se deveria seguir Integra, quando a voz de Alucard invadiu sua mente: “Cuide bem do rapaz, ele é importante para mim”. Levantou-se e saiu em disparada atrás de Vlad. Todo aquele sangue que havia respingado em sua roupa e a neblina que assolava Londres com certeza atrairiam problemas.

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?


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Notas finais do capítulo

Ah sim, eu nunca estive em Londres, não conheço ninguém que esteve e nunca vi o fog londrino. E eu sei que se chove não tem neblina, mas peço licença poética para que ANTES de chover a cidade possa ficar assolada de neblina e fumaça!
Da primeira vez em que eu escrevi, Vlad não derrubava o cricifixo, e sim um botão de rosa branco envolvido em uma fita preta, devidamente preparado e com os espinhos retirados, propostadamente branca pq percebeu que alguém estava farto do carnaval de flores da casa. Acabei tirando a cena, mas era bacana tbm, não era? Ou clichê demais?

No mais, obrigada a todos, por tudo! E até mais!



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