Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 13
Capítulo 13.Impaciência


Notas iniciais do capítulo

Paciência, aquilo que o Vlad tem de sobra e a Integra de menos...

Chegamos bem rápido aos 60 não? Ah sim, em defesa ao Vlad, o rapaz não sabe que Integra viu o beijo...ela não fez comentário nenhum pra ele, e sinceramente, depois de achar vampiros absolutamente normais, não era a falta da enfermeira que ele iria estranhar né? Bom, não que eu não ache que ele precisa ligar mais uns pontos... Bom, vamos ao capítulo, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/92874/chapter/13

Just wish that I didn't feel.
Like there was something I missed.
And I...
Take back all the things I said.
To make you feel like that.
And I...
Just wish that I didn't feel.
Like there was something I missed.
And I...
Take back all the things that I said to you.

Os dias passaram lentos e desanimados. Pelo menos a cada duas horas chegava um novo “agrado” para Integra e entre flores, chocolates e cartões, a entrada da mansão já estava totalmente abarrotada. Nos primeiros momentos Celas ficou preocupada ao ver Vlad carregando os vasos, mas ele lhe disse que estavam leves e que pararia caso se cansasse. Ela não entendeu bem a expressão com a qual ele disse aquilo, mas acabou aceitando, eventualmente se antecipando para pegar os mais pesados antes que ele os visse.

Como a Hellsing não queria saber de presente nenhum, e muito menos saber da origem dos cartões, Celas e Vlad resolveram por bem que juntar todos os pedacinhos de papel era mais que o suficiente e, enquanto Celas juntava as flores que mais lhe agradava, Vlad se divertia experimentando os chocolates. Gostava de doces, mas sempre foi uma coisa rara em sua vida. E de fato aqueles eram muito mais refinados e saborosos do que os que ele conhecia. Mas que fique claro, ele abriu apenas uma caixa de bombons, depois de Celas lhe garantir que Integra não sentiria a menor falta; e comeu poucos desde então. Pegava um pedaço muito pequeno do chocolate e o deixava derreter na boca, geralmente sentado em algum lugar e com a cabeça jogada para trás. Era uma cena muito reconfortante de se ver. Vlad ficava quase meia hora com o mesmo bombom nesse processo lento, e aquilo passava uma calma absurda para Celas, que bem ou mal não conseguia distinguir muito bem a figura de Vlad da de Alucard.

Na noite de quarta-feira, numa rara saída de seu escritório, Integra desceu as escadas e deu de cara com Celas sentada no tapete da sala, retirando os espinhos de duas rosas vermelhas e Vlad, esparramado no sofá, a saborear um bombom de chocolate com licor de cereja. Ao perceber a presença dela, Vlad levantou-se em um pulo do móvel, engolindo com pressa o que ainda estava em sua boca. Celas também ficou em pé, e assumiu posição de sentido.

– Sir Hellsing recebeu muitas rosas. Achei que seria de bom tom retirar alguns espinhos e colocá-las pela casa. – Celas informou, tentando justificar aquela bagunça no tapete, que acabou cheio de folhas, espinhos soltos e uma ou outra pétala caída.

– Esses imprestáveis nem ao menos tiveram o cuidado de preparar as rosas antes de enviá-las. – Integra cuspiu, olhando para o carnaval que sua sala tinha virado.

Olhou em volta, e percebeu uma caixa de bombons aberta sobre o sofá. Um chocolate lhe cairia muito bem.

– De onde vieram esses chocolates? – Ela perguntou, olhando para os dois. Vlad baixou tanto a cabeça que quase conseguiu se esconder nos cabelos. Celas deu um passo a frente e tentou cortar o silêncio:

– Sir Hellsing recebeu muitas caixas também. E a senhora disse que devíamos jogá-las fora, então pensamos que não havia problema...

– E mandei também que jogassem fora as flores, suponho? – Integra disse, franzindo o cenho. Estava tão irritada com aquele monte de coisas que estava recebendo que nem havia ouvido algo sobre ter recebido chocolates.

– Sentimos muito. Este erro será reparado imediatamente. – Pela primeira vez a voz de Vlad era ouvida. Ele pegou as flores da mão da vampira, e quando fez menção de pegar a caixa de bombons sobre o sofá foi impedido por Integra, que se aproximou, pegou um bombom e seguiu rumo às escadas.

– Façam como quiserem.

Só viram a Hellsing novamente na manhã seguinte, quando ela disse que tinha de sair para comprar um vestido novo, e que Celas e Vlad também deveriam ir para se prepararem devidamente para o baile. Eles se entreolharam, perguntando um ao outro silenciosamente se sabia que também iriam até a tal convocação da Rainha.

Integra, que apesar de ter o dinheiro não tinha o tempo para mandar fazer um vestido sob encomenda, ia ter que comprar um vestido já pronto. Conhecia a loja perfeita para que ela adquirisse sua roupa e a dos outros dois. Só Vlad precisava de roupas mais comuns e toda sorte de outros utensílios (embora não tivesse pedido) e Celas com certeza gostaria de passear, então Integra, ainda que contrariada, chamou os dois para irem até o shopping. Enquanto ela olhava a moda atual (e algumas lojas muito privadas, caras e com alguns itens de estilistas muito renomados) , Celas estava encarregada de comprar todas as porcarias que estivesse precisando, e auxiliar Vlad a fazer o mesmo. Depois o levaria até a maldita loja fora do shopping para ambos escolherem as roupas. Ou melhor, experimentar as roupas que Integra escolhesse para eles. Não que ela quisesse escolher o que quer que fosse, mas depois de ver Vlad com uma outra calça batida e apertada, camisa muito larga, lembrar-se do gosto sinistro e extravagante que Alucard tinha e Celas passar à sua frente de mini-saia jeans, all star azul, camiseta rosa e boné cor-de-rosa com a aba azul pulando pelo Shopping, chegou á conclusão de que se confiasse no gosto dos dois iria mesmo era passar vergonha durante o baile.

O fato é que Integra se dirigiu à maldita loja e Vlad e Celas estavam soltos no shopping com um cartão de crédito com um limite muito maior do que eles conseguiriam gastar em um mês, mesmo que se empenhassem arduamente na missão.

A primeira coisa que compraram foi um sorvete de creme, daqueles de máquina que se come na casquinha, para Vlad. O rapaz olhava curioso para a massa gelada, mas em pouco tempo descobriu que aquele negócio doce e congelado era muito, mas muito gostoso.

Muito entretido com o sorvete, Vlad se limitou a seguir Celas, enquanto ela procurava uma loja onde pudessem adquirir roupas para ele. Resolveu parar em uma grande loja de departamentos, que mesclava vários estilos e marcas, das mais famosas até algumas mais populares. Pegou um monte de peças diferentes e absolutamente aleatórias, apenas atentando para o número que acreditava servir para o rapaz, uma vez que não tinha a menor ideia do gosto dele. Vlad, que nunca tinha visto tantas roupas diferentes no mesmo lugar, acabou apenas olhando para a vampira cheia de peças nos braços. Resignado, entrou na cabine onde ela indicou, entendendo superficialmente o fato de ter que experimentar tudo o que Celas havia pegado, e mostrar para ela.

Meia hora depois e Vlad não tinha mostrado uma combinação de roupas sequer. Celas se levantou do banquinho onde estava sentada, e disse, alto o suficiente para que o rapaz a ouvisse do vestiário:

– Vlad-san. Como estão as coisas ai?

– Estas roupas... não são muito... usuais. – Ouviu Vlad dizendo lá de dentro.

– O problema é o tamanho? Ah sim, calças costumam ficar mais compridas do que devem mesmo, depois nos corrigimos isso. – Celas explicou, preparando-se mentalmente para sair caçando outras numerações.

Vlad saiu do vestiário, trajando uma calça laranja, uma camisa verde e um casaco amarelo. – Definitivamente, o problema é a cor!

A vampira olhou para a figura muito extravagante à sua frente, achando certa graça do conjunto formado por algumas peças que ela havia escolhido. Talvez fosse melhor irem a uma loja com um pouco menos de variedade, ou buscar algumas cores mais sóbrias no meio daquela bagunça.

– Celas-san, importa-se de me acompanhar enquanto eu mesmo escolho algo para experimentar?

Ela não conseguiu negar o pedido daquela criatura extremamente colorida a sua frente.

Integra já estava há algum tempo olhando para os vestidos e sapatos na porcaria da loja, e estava realmente irritada com aquilo tudo. Estava achando tudo demasiada e exageradamente (que embora sinônimos só fazem aumentar o desgosto que sentia) colorido, enfeitado, decotado, vulgar e outros adjetivos que de forma alguma incentivariam alguém de respeito a comprá-los.

O que diabos estava se passando na cabeça daqueles estilistas malucos? Não dava, não para uma pessoa importante e séria como ela. Afinal, ela era Sir Integral Fairbrook Wingates Hellsing, a líder da Hellsing, e devia passar uma imagem de força e poder, e não de futilidade e exibicionismo. Traduzindo, ela não poderia ir num baile real parecendo uma puta chique! Como é que se ajoelharia perante a Rainha?

Saiu da loja pisando duro, sentou-se em uma mesinha e pediu café, extra-forte. Não era nem comum e nem de seu gosto inglês, mas a situação pedia alguma coisa pesada, e dentro do lugar não podia nem fumar nem consumir álcool, então foi de café mesmo.

Ela queria sair dali, dar milhões de tiros no teto, em alvos no campo de treino, em vampiros, em ghouls, na rainha... ESPERA! Na rainha não! Integra chacoalhou a cabeça com força, quase se como aquilo fosse pecado, blasfêmia, heresia ou qualquer outra coisa do gênero. Não era cabível um cavaleiro da távola redonda arquitetar por si mesmo atirar na rainha.

Tentou por outra coisa na linha de raciocínio, e a substituiu por Rose, de quem há dias não ouvia falar, o que não necessariamente quisesse dizer que tinha ficado satisfeita com a demissão da moça.

Foi ai que ela se pegou desejando também atirar na tal Doamnei de quem ouvira Celas falar dias e dias atrás. Nossa, que pensamento estranho! A tal mulher já estava morta há mais de 500 anos. Que vontade era aquela?

Ergueu o rosto para ver a garçonete lhe servir o café. Pegou a xícara, aspirou o aroma fumegante do líquido, e tomou um gole. Estava quente, mas não a ponto de lhe machucar. Fechou os olhos ainda com a xícara entre as mãos, acostumando-se com o gosto amargo.

Abriu o olho muito azul ao ouvir a poucos metros a voz de Celas implicando com Vlad. Ela só conseguiu distinguir “que Sir Integra iria ficar uma fera, já que não foram essas as recomendações”. Pronto, nem precisava saber do que se tratava, já estava uma fera.

Focou os dois com um olhar tão frio e perfurante que chamou a atenção de ambos, que congelaram como estátuas e ficaram olhando para ela. Segundos depois, aproximaram-se da loira. O olhar de Vlad vagava pelo ambiente, olhando aquele monte de pessoas comendo as coisas mais esquisitas e variadas. Celas focava algum ponto centímetros a frente de seus pés. Quem a visse de longe poderia jurar que era uma menina envergonhada que tinha feito alguma travessura, e jamais imaginaria que ela podia ser uma vampira sanguinária quando queria. Ou quando precisava, dependendo do ponto de vista.

Aproximaram-se, e Integra pode ver a quantidade absurda de sacolas que Celas carregava. Resolveu falar, sem modificar o olhar:

– Do que eu não vou gostar, Celas?

– Ele comprou roupas formais. Eu o avisei que a senhora pessoalmente escolheria nossas roupas. – Disse a vampira, sem erguer os olhos ou a cabeça, apontando para Vlad ao seu lado, que apenas agora parecia ter sido chamado à realidade.

Integra arqueou uma sobrancelha. Era isso que ia assim tão contra suas especificações?

– Achei por bem que uma vez que deveria comprar roupas, deveria comprar de tipos variados, para poupar-lhe o trabalho de nos trazer aqui outra vez. Sinto muito se contrariei alguma recomendação, mas me sentiria plenamente honrado se ainda sim quisesse escolher nossas roupas para o tal evento. – Vlad respondeu, em um curvar sutil de sua cabeça.

– Nossas roupas? – Integra reforçou, não entendendo bem o plural da frase.

– Ele comprou pra mim também! – Celas esperneou, não acreditando na situação.

Integra suavizou a expressão. Bom, no final, já estava muito cansada daquilo tudo, e se os dois já tinham tudo o que precisavam, incluindo as roupas, que se danasse se eles a fariam passar vergonha ou não. Sairia daquele lugar maldito, pararia em uma outra loja de vestidos que já conhecia e sabia ser um gosto menos vulgar, compraria qualquer coisa e iria finalmente para casa! Parecia um sonho se realizando, tipo, ir para casa! Casa onde se toma banho, se fuma charuto, se toma whisky, se dá tiros em tetos, paredes, alvos e Roses. Não que Rose estivesse lá para receber um tiro, mas isso só tornava a ideia de voltar para casa melhor.

Levantou-se sem nada dizer, e os outros dois a seguiram. Sairam do shopping e entraram no carro. A própria Integra quem dirigia, pois chegara a conclusão que Scott era lerdo demais para assumir aquela função, e especificamente naquele dia não estava com a menor paciência para ficar “passeando” de carro por Londres.

Passou pela cancela do estacionamento, e tão logo atingiu uma rua menos movimentada, ganhou velocidade e dirigiu até uma loja em outro ponto da cidade.

Parou o carro de qualquer jeito em uma vaga próxima da loja – o brasão da Hellsing e a placa especial do carro lhe dava esse direito – e saiu batendo a porta, dizendo que seria muito rápido e que se quando voltasse um dos dois não estivesse lá, ficaria para trás, então era para não saírem do carro.

Em dez minutos voltou ao carro, encontrando Celas entretida observando janela afora, e Vlad com a cabeça encostada no banco, como se cansado da movimentação do dia.

Atirou uma sacola no banco de trás, que Celas pegou desajeitadamente e a posicionou segura ao lado das outras sacolasno banco. Antes de virar-se para olhar pelo vidro traseiro (o que fazia ao dar ré no carro) pegou-se admirando a expressão cansada de Vlad, ao seu lado, no banco do passageiro. A imagem de Alucard rindo sadicamente o tempo todo para ela invadiu sua mente, mas tão forte como veio, rápido foi retirada, enquanto a loira manobrava o carro e voltava para a mansão, muitas vezes passando por sinais vermelhos de ruas menos movimentadas e cortando a frente de outros carros.

Queria chegar logo na mansão, ficar horas mergulhada na banheira, fumando seu charuto e com sua dose de whisky. Depois veria as malditas roupas que Vlad escolheu, e se fosse o caso, descarregaria a arma na vampira, já que tetos e paredes lhe pareciam caro e trabalhoso, alvos deveras distante, Doamnei morta e Rose, bom, ela não estava mais lá. Sorriu para si mesma. Como seria bom chegar finalmente em casa!

And I'd give it all away.
Just to have somewhere to go to.
Give it all away.
To have someone to come home to.

Capítulo 13. (Im)Paciência


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música é My december, do Linkin park, pessoalmente eu prefiro a versão gravada pelo Josh Groban! Bjus pessoas, até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anjo da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.