Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 10
Capítulo 10.Angústia


Notas iniciais do capítulo

Eu gosto desse capítulo especialmente por ele mostrar pensamentos tão contraditórios. Acho que uma pessoa que não sabe bem o que sente por outra pensa tdo de bom e de ruim ao memso tempo acerca desta, tentando se convencer que é bom e afastar ao mesmo tempo. Por que com Integra seria diferente?

Bom, boa leitura.



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Integra estava enfurnada na biblioteca já fazia horas. Aquelas perguntas da vampira atiçaram sua curiosidade. De fato, nunca se preocupou muito com o passado de Alucard, e muito menos de como o conde o via.

Depois de encontrar muitos e muitos livros cheios de pó, de passar uma pequena eternidade tentando traduzir alguns escritos mais antigos e de vistoriar todos os livros de história que julgou pertinente, encontrou uma carta, velha e amarelada, endereçada para seu avô, e assinada por Bran Stoker.

Resolveu ler o conteúdo, afinal, sabia que seu avô se correspondeu com o autor ditando alguns dos relatos do vampiro, para que este julgasse se seriam ou não pertinentes ao romance que escrevia na época. Nela estava escrito:

Quase que me comove saber que a esposa o abandonou, mas é de fato o destino merecido de tal criatura monstruosa, que certamente a ludibriou para que se encantasse por ele. Nenhuma humana se sujeitaria a tão absurdo pecado em sã consciência.

Tais fatos, entretanto, são deveras confusos e creio que será melhor se forem omitidos de meus tão estimados leitores.”

Integra respirou fundo. Sabia que logo após a captura, Alucard entregou sua vida minuciosamente para seu avô, em relatos completamente despudorados e inconseqüentes, como se não se importasse mais com a “vida” que abandonara. Vida que na verdade havia sido tirada dele.

Nunca havia pensado muito no caso, simplesmente assumindo que Alucard sempre teve aquele humor cínico, então que aquilo não significava nada em relação ao vampiro.

Seu coração começou a bater pesado. Afinal de contas, quem era Doamnei? Ele nunca a mencionou, nunca tocou no nome ou na imagem dela. Ele a tinha amado? O vampiro foi capaz de amar alguém verdadeiramente um dia? E Ilona? O que sentiu ao ser abandonado por sua família? Família aliás que sabia não ser dele. Filhos que tinha aceitado como seus, dado seu nome tão nobre, mesmo sendo um dos homens mais poderosos da Europa, e definitivamente uma das mais poderosas criaturas da noite. Alguém que teria tudo a seus pés se assim desejasse.

Deu-se conta, de repente, que não sabia o quanto da personalidade de Alucard era apenas auto-defesa. Aqueles sorrisos sádicos, a excitação na batalha, os jogos irritantes e o quanto conseguia ser inconveniente. Porque de repente percebeu também que não sabia como o vampiro trataria outra pessoa que não ela, qualquer outra mulher que não ela. A rainha parecia gostar dele no final das contas...

Balançou a cabeça com força. Nenhum daqueles pensamentos fazia sentido. Não havia de quem sentir ciúmes afinal. Não adiantava pensar na Rainha, nas esposas mortas ou em Alucard. Mas em Vlad... quanto será que Vlad compartilhava dos sentimentos do vampiro que um dia foi seu servo? Quanto será de Alucard sobrevivera em Vlad?

Na verdade, quando o rapaz chegou na mansão, Integra via apenas uma casca vazia, sem o espírito insano de Alucard, sem alegria, sem tristeza. Oco. De uns tempos pra cá ela percebia que Vlad parecia meio deslocado, e deprimido ao mesmo tempo, como que digerindo o fato de que tudo o que conhecia não estar entre as paredes da mansão. Ter sido ferido tinha o fragilizado muito mais do que fisicamente.

A propósito, será que a febre dele já tinha cedido? Tomara que sim, pois havia ficado tão entretida em sua pesquisa na biblioteca que até se esquecera da bronca que ia dar em Rose, de voltar para checar o estado do rapaz, de comer, de dormir. Dali poucas horas iria amanhecer.

Caminhou a passos curtos em direção ao quarto de hóspedes, parando ao ver a silhueta magra de Vlad escorada em uma janela próxima à escada.

Integra se aproximou, e em segundos estava parada ao lado dele, observando-o admirar a lua. Não se parecia em nada com o homem que deixou dormindo, horas atrás.

– Tudo bem, Vlad? – Ela perguntou, apoiando-se na janela também.

– Sim. Pensei ter lhe dito não costumar dormir muito.

Integra girou os olhos. Não foi aquilo que quis dizer. Pousou a mão no rosto dele, sentindo que sua temperatura havia normalizado. Que bom.

– Peço desculpas novamente pelo transtorno que causei.

O olho azul de Integra buscou os âmbares de Vlad, mas os encontrou focados na lua crescente. Sentiu-se estranhamente solitária. Enquanto fragilizado, aquele rapaz lhe reconfortava, tirava algo de bom dentro dela. Quando estava bem, ele sugava suas energias, seu brilho. Ele definitivamente a fazia voltar toda sua atenção para ele, e não parecia disposto em dar algo em troca. Com Alucard era o contrário.

Pousou as próprias mãos sobre os ombros, buscando se confortar com o próprio calor. Ai lembrou-se de que era Sir Integral Fairbrook Wingates Hellsing, e que devia ser forte e aquela fraqueza não cabia na própria vida. Respirou fundo, reassumindo a postura.

Foi quando reparou que Vlad a observava. Ele ficou alguns segundos a encarando, quando virou o rosto e voltou a olhar para o céu.

Integra sentiu uma veia pulsar em sua testa. De repente se esquecendo de tudo o que tinha pensado a noite inteira a respeito dos sentimentos de Vlad, de Alucard, do passado e dos ciúmes bobo.

Virou-se irritada para ir cuidar da própria vida, quando sentiu a mão esquerda de Vlad segurar seu braço. Virou-se, permitindo que o rapaz olhasse bem dentro de seu olho azul. Sentiu-se intimidada a princípio, como se ele fosse devorá-la, e depois profundamente atraída. Ficou sem reação, esperando um próximo movimento dele.

A mão de Vlad desceu do braço, fechando os dedos sobre os dela. Com um movimento suave conduziu-a para mais perto de si, e aproximou o rosto do dela, roçando os cabelos platinados com a ponta do nariz. Integra fechou os olhos, e sentiu a respiração dele tão próxima de sua pele. Sua boca tão próxima da dele, tão próxima... Entreabriu os lábios, preparando-se para o toque. Toque que não veio.

– Tão bonita. Tão parecida. E ainda sim tão diferente...

Vlad sussurrava as palavras com certo pesar, sem se afastar do rosto dela. Decepção e raiva vieram simultaneamente aos pensamentos de Integra. Maldito comportamento tão característico dos jogos do vampiro. Mas tão rápido quanto esses sentimentos vieram, se dissiparam, porque Vlad continuava a segurar sua mão, continuava a aspirar sua essência. Foi quando se sentiu extremamente desconfortável, virou o rosto e aos poucos se afastou dele.

– Você pode me explicar o que foi isso? – Sua voz ainda carregava resquícios de irritação, mas tinha certeza que seu rosto devia estar vermelho.

Vlad se virou novamente, voltando a cabeça para a janela, mas sem fitar nada em especial dessa vez. Integra já cogitava a possibilidade de descarregar a arma no teto, quando ouviu a voz dele presente:

– Exatamente como um sol em meio à noite. O mesmo brilho, o mesmo azul...

Integra não entendeu o significado daquelas palavras. Do que ele estava falando? Dela?

– Eu não o entendo.

– Já está amanhecendo. Deveria descansar, Sir Hellsing. – Vlad disse, passando por Integra, e subindo as escadas que davam para o quarto de hóspedes.

A loira viu o rapaz sumir pelo caminho, incapaz de se mover da onde estava.

Vlad era uma pessoa, definitivamente, muito peculiar. Parecia frágil, mas ao mesmo alheio aos próprios sentimentos, como se os evitasse ou temesse. Não sabia ao certo se tudo não passava de um jogo irritante e desconexo, ou se aquela era simplesmente a personalidade dele.

Sabia que ele sentia alguma coisa, que às vezes deixava transparecer. A questão era se aquilo era por descuido ou proposital. Não parecia ser um jogo, parecia realmente feri-lo de alguma forma.

Definitivamente, era tão bonito, tão parecido, e ainda sim tão diferente do vampiro...


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Notas finais do capítulo

É gente, pensamentos contraditórios, misto de pana com raiva. Pra mim isso é amor. E pra vcs? Hauahuahahaua.Reviews garantem sua boa ação do dia, e que a história siga o rumo mais desejado por vcs. Agradeço a todos pelos comentários já recebidos e até a próxima!



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