Naruko 12 – O vento

Quando chegou em casa, não fez questão de cumprimentar seus parentes. Apenas correu para seu quarto, trancando a porta atrás de si. Respirando aliviada, deu uma geral no lugar com o olhar, até que encontrou o que procurava.

- IDIOTA!!! – Gritava uma loira histérica enquanto socava seu travesseiro. – COMO EU PUDE DEIXA ELE FAZER AQUILO COMIGO E NÃO MANDAR O MALDITO PRO INFERNO. - Frustada, começa a bater a cabeça no travesseiro. – Sou mesmo uma idiota.

Quando se deu por satisfeita, desabou na cama de seu quarto, exausta. Seus olhos agora focavam algum ponto interessante no teto enquanto relembrava os fatos ocorridos nas últimas horas: Logo após o episódio do provador, ela simplesmente perdeu toda a capacidade que tinha de encarar o Hyuuga. Estava tão envergonhada que parecia uma segunda Hinata. Além do fato de não desgrudar da garota, vez ou outra desviava seu olhar para o moreno, apenas para ver seu sorriso vitórioso. Normalmente seria o suficiente para inflamar sua raiva e esquecer qualquer traço de tímidez que ela supostamente tem, porém a nítida imagem da mão do garoto lhe trazia de volta à realidade, drenando toda sua fúria.

Suspirou cansada, pensar nunca foi seu forte. Logo se levantou, batendo com as mãos no rosto, e seu sorriso logo retornou.

- Quando eu encontrar o Neji eu vou espancar ele, e fim de assunto.

Se levantou mais animadamente, tirando a roupa para dormir. quando reparou nas marcas em seu corpo deixadas pelo amigo. Foi então que se deu conta; Como iria explicar isso para o Sasuke?

- Sasuke, o Neji me deu uns amassos em um provador de roupas, mas não foi nada sério, eu juro! – Encenou ela, com o maior sorriso que pôde dar. – ATÉ PARECE! – Gritou furiosa consigo mesma, desabando na cama. – Ah! Seja o que deus quiser.

Derrotada, a garota deita em sua cama, obtendo seu merecido descanso. Infelizmente às horas parecem minutos quando se tem uma boa noite de sono. Barulhos vindo de sua porta funcionava como um despertador; Era sua mãe, berrando para que ela saísse da cama, porém esta capacidade parecia ter deixado seu corpo que no momento jurava pesar uma tonelada. E a cama estava tão quentinha e fofinha, por quê levantar? A, sim, claro! Tinha a maldita aula.

Depois de muitos protestos conseguiu se arrastar para fora da cama e fazer sua higiene matinal com uma cara de poucos amigos. Definitivamente ela não acordou com o melhor dos humores, e ver sua imagem no espelho não ajudou em nada; As marcas dos chupões do Hyuuga continuavam em sua pele como se fosse um farol salva-vida. Teve que usar um cachecol para ocultar as marcas do pescoço. Após o café da manhã. se despediu de seus familiares e seguiu direto para o colégio.

Sentou-se em sua carteira com o rosto emburrado, deitando a cabeça sobre os braços. Seus olhos foram ficando pesados, estava difícil mantê-los abertos. E por que deveria mesmo? Estava prestes a se entregar ao sono quando uma voz masculina a deixou completamente ligada.

- Naruko.

- SASUKE! - Grita ela se levantado bruscamente e batendo com força as costas no apoio da carteira.

- Eu morri e virei um fantasma? – Pergunta o garoto em resposta a todo o espanto.

- Não foi nada! Definitivamente não aconteceu nada, sem sombra de dúvidas tá tudo normal. – Quanto mais ela tentava agir naturalmente perto dele, mais ela se atrapalhava.

- O que aconteceu? – Questiona, intrigado com o comportamento da namorada.

- Nada, nada mesmo. – Ela desvia o olhar, forçando um sorriso enquanto seu coração parece explodir.

- Naruko.

- AH! Olha, o professor chegou. Hora de estudar. – Salva pelo professor, a loira se enterra dentro de seu livro.

- Depois você vai me explica exatamente o que está acontecendo. – Diz o Uchiha com uma certa irritação na voz, voltando ao seu lugar.

Cada minuto parecia uma tortura onde a loira ficava imaginando como contaria para Sasuke sobre o que o Neji fez, e o pior de tudo, a reação que ele teria. Mas uma coisa ela tinha certeza; era sortuda por não ter problemas cardíacos, caso contrário já teria entrado em um enfarte há muito tempo. Antes mesmo de ter chegado a uma solução, o sinal toca anunciando sua crucíficação. Rapidamente desvia o olhar para Sasuke, só para encontrar seus ônix a encarado. Ele definitivamente não vai parar até arrancar algumas respostas dela.

A questão era; O que fazer? Rapidamente percorreu toda a sala com o olhar, procurando uma forma de escape. Shikamaru estava dormindo profundamente, talvez até mais que um defunto. Definitivamente ele era um inútil. Ino ja havia desaparecido da sala, outra inútil. Chouji abria um saco de batatinha, talvez ela poderia ir com o amigo desfrutar de uma deliciosa refeição, mas isso não a livraria do Sasuke. E por fim, seus olhos pararam na Haruno; Ótimas notas, inteligente. Essa sabe pensar.

Decidida a Uzumaki se levanta como um raio e sequestra a rosada para fora, deixando assim seu namorado com uma cara bem irritada na sala de aula. Chegando no banheiro feminino a loira tranca a porta atrás de si, assustando bastante a outra garota que não tinha certeza do motivo daquilo tudo, e já estava com idéias erradas fluindo em sua mente.

- Na..Na..Naruko.. O que você...- A Haruno da um passo para trás, mas logo encosta na parede; Não tinha para onde fugir.

- Sakurinha. – Ela pronuncia o nome da amiga da forma mais carinhosa possível, enquanto seu olhar é oculto pela franja.

- Naruko... Você... está...me..assustando . – Seu olhar percorre cada canto, procurando uma rota de fuga.

- VOÇÊ TEM QUE ME AJUDAR! – Se entregando ao desespero a loira agarra a outra pelos ombros, sacudindo-a.

- ME SOLTA. – Sakura acaba igualmente se exaltando e dando uns cascudos na amiga que fica mais calma.

- Sakura isso dói. – Diz ela com uma expressão chorona, massageando a cabeça dolorida.

- Então, o que você quer? Fala logo. – Ignorando qualquer sentimento de compaxão, encarava a loira como se fosse uma madastra do mal a ponto de espancar a enteada.

Pouco à pouco a Uzumaki conta toda a história e mostras as marcas deixadas em seu corpo para a rosada que ouve tudo calmamente. Ao termino da história ela precisou de alguns minutos respirando fundo para manter a calma e não distribuir socos.

- Sakurinha, o que eu devo fazer agora? – Seus olhos azuis brilhavam na expectativa de uma solução.

- O que você deve fazer, Naruko? – Com um sorriso gentil ela repete a pergunta.

- Sim, o quê, o quê? – A cada segundo mais e mais sua esperança aumentava.

- Se vira. – Diz ela por fim, com o sorriso mais meigo que conseguia fazer.

- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOO! – Grita desesperada com as mãos na cabeça.

- PARA DE BERRAR!. - Irritada com o barulho a Haruno da outros cascudos na cabeça da loira. – Apenas conte ao Sasuke.

- Mas... - Massageava sua cabeça enquanto duvidava da solução que acabara de receber.

- Confie no Sasuke e apenas conte a verdade, vai ser melhor do que ele ficar sabendo posteriormente. – Disse ela por fim, não demonstrando muito interesse.

- Sakura sempre tira 10, então vou ouvir a Sakura. – Decidi por fim, recuperando seu bom humor.

- Foi esse o critério que você usou para me procurar? – A Haruno ficou indignada.

Apesar de ter resolvido parte de seus problemas, outro apareceu; Seu estômago começou a roncar. Havia passado tanto tempo no banheiro com Sakura que não conseguiu comer nada e o intervalo chegou ao fim. Passou às próximas horas com a cabeça deitada na carteira, massageando seu estômago numa tentativa frustada de acalmar sua fome. Vez ou outra desviava o olhar para o namorado, só para encontrar um rapaz extramente furioso. Passou a usar o resto do tempo se preparando para soltar a bomba. Ele definitivamente vai explodir - é o que ela pensa.

Por fim, a hora finalmente chega e as aulas terminam. Sem perder tempo o Uchiha já estava em pé de frente para a loira; Seu olhar dizia que ela não iria fugir desta vez. Ela suspira e se levanta, carregando a mochila.

- Vamos conversar em outro lugar. – Pede ela, sendo acompanhada por ele em seguida.

- Dessa vez você não vai fugir, vai me contar tudinho. Por que você está agindo estranha? Aconteceu alguma coisa ontem, não foi? - Sagaz, como sempre.

- Vou contar, mas antes. – Ela faz uma pausa, atiçando assim a curiosidade dele. – Podemos comer um ramen? – Faz o pedido com sua expressão mais pidona possível.

- Não. – Ele responde de forma fria e grossa. – A culpa foi sua por ter fugido no intervalo.

- Aqullo não foi uma fuga. – Ela se exalta. – Aquilo foi um debate de estratégia. – Responde toda orgulhosa.

- A, sério? – Estava estampando em sua face que ele não dava a mínima para isso.

Apesar de toda a pose e do quanto estava irritado, acabou comprando um salgado para a namorada e andaram até o parquinho onde brincavam quando criança. Devido ao horário, estava praticamente deserto. A Uzumaki sentou em um balanço. Foi uma cena nostálgica para o rapaz, que logo teve seus pensamento cortados quando ela começou a falar, capturando assim toda a atenção dele; Palavra por palavra, cada movimentar de seus lábios prendia o Uchiha como se fosse um feitiço, e por fim, ela remove o lenço, mostrando a marca no pescoço e levanta a camisa mostrando o resto. Esse foi o ponto final, e logo minutos de silêncio se fez presente. O clima para a loira era equivalente ao de estar em uma sala trancada cheia de gás inflamavel, onde fios desencapados saíam da parede, provocando faíscas. A qualquer momento ela explodiria.

- Sasuke? – Apesar do medo da resposta, ela chama o rapaz.

- Terminou? – Pergunta ele sem nenhuma reação aparente.

- Sim. – Ela responde assustada com a falta de reação.

- Vamos. – Chama ele andando na frente

- Sasuke? – A loira estranha a falta de reação do moreno. – Está tudo bem? – Pergunta ela ainda não entendendo.

- Se continuar enrolando você vai ficar para trás. – Ele não se deu o trabalho de olhar, apenas continuou andando.

Sem muitas opções a Uzumaki seguiu o moreno, até que por fim ele a levou até em casa. Com apenas um “Até mais” como despedida, sem nenhum toque ou beijo. Com o bater da porta atrás de si a loira suspira, confirmando o que esperava.

- Ele está extremamente irritado.