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— Lembrem-se: peguem uma flor de lótus esse afastem da bandeja antes de colocá-la no bolso; finjam sempre que não ligam para nada a não ser se divertir. – Justin disse quando estacionou uma quadra antes do cassino.

— Que vamos fazer com Drake? – Perguntei.

— Vamos arrumar um quarto, alguma coisa pra ele comer e deixá-lo assistindo TV até dormir.

— Mas eu quero ajudar vocês! – Drake protestou.

— Você já ajudou bastante, acredite. – Jean disse.

Drake ficou emburrado, mas não discutiu.

 

E lá estávamos nós parados em frente às portas de vidro sob um letreiro tão luminoso que eu seria capaz de ficar cega se olhasse muito. O lugar era enorme em altura e largura, pessoas entravam, mas não saiam. Havia gente circulando pelo saguão, todos arrumados o bastante para uma festa. Mas com uma segunda olhada você percebia os cabelos despenteados, as roupas rotas e alguns saltos quebrados, mas mesmo assim as pessoas riam. Não eram nem cinco horas da tarde, então eu deduzi que elas estivessem voltando de uma festa, não indo para uma.

— Olá, bem-vindos ao Lótus Hotel & Cassino. – Disse um rapaz alto e sorridente vestido com calças pretas e um colete vermelho sob uma camisa branca. No seu crachá indicava que seu nome era Oliver. – Gostariam de um quarto?

— Com certeza. – Justin disse ainda olhando para o hotel. – Jean, Leon deixou algum dinheiro com você?

— Não se preocupe com isso. – Oliver disse. – Acertamos isso depois.

— Tudo bem então. – Justin disse com um sorrisinho.

Oliver sorriu de volta.

— Aqui, 827 para os meninos. – Ele disse entregando um cartão de magnésio para Justin – E 913 para as meninas. – Oliver terminou me entregando o outro cartão. – Sigam-me.

Assim que toquei no cartão ele estremeceu por um segundo e quando eu o virei em minha mão eu vi um nome aparecer na frente do cartão: Alethia Palas Edwards. Eu passei o cartão a Jean e vi quando ela olhou curiosa para o cartão e quando ela me olhou de volta, eu peguei o cartão de volta. Outro nome aparecera em baixo do meu: Rosalie Jeane Dewit.

 

Quando passamos pelas portas de vidro, o clima pareceu mudar completamente: o ambiente era morno e perfeitamente iluminado com luzes amareladas, havia portas de vidro por todo o lado e duas portas de elevador no fundo do longo saguão. Quando eu olhei para a caixa de som ao lado do balcão, “Last Friday Night” começou a tocar como música de fundo e pareceu se encaixar perfeitamente.

— O quarto de vocês é no 25º andar. – Oliver disse.

— Não vamos nos registrar? – Perguntei.

— Oh não precisa. Tudo o que vocês quiserem desfrutar do hotel é só apresentar o cartão em suas mãos e o débito vai direto para a conta do quarto.

— Tudo bem então. – Justin disse.

— Oh, eu recomendo a vocês que experimentem nossas deliciosas flores de lótus. Especialidade da casa.

— Vamos provar com certeza. – Justin disse sorrindo. – 25º?

— Sim. – Oliver disse indicando o elevador ao fundo.

 

Quando entramos no elevador, Jean tentou falar, mas Justin deu uma cotovelada em suas costelas e eu e Drake entendemos que não devíamos falar.

Quando nos separamos no corredor Justin murmurou um “encontro vocês daqui a pouco.” E já à porta do nosso quarto eu perguntei a Jean:

— Rosalie?

— Jean. – Ela respondeu mal humorada. – Cartão estúpido.

 

O quarto era simplesmente colossal. Mil vezes mais luxuoso do que o quarto do hotel do pai de Leon.

Duas camas de dossel feitas de madeira antiga e cortinas cor de pêssego, home theater com televisão de 42 polegadas, sofás de camurça marrom com almofadas vermelhas e laranjas, pufes, e ao lado do frigobar havia uma bandeja de flores que pareciam feitas de glacê e biscoito, que nós sequer olhamos muito e o chão era coberto por um tapete tão grosso e felpudo que era um insulto pisar nele de sapatos.

— Não vou sair daqui nunca mais. – Eu disse tirando meus tênis.

— Vou te fazer companhia no “nunca mais”. – Jean disse também tirando os tênis.

Jean correu até o sofá e pegou um dos celulares e o controle do home theater e o ligou no exato momento “Judas” começou a tocar tão alto que eu tinha certeza que o hotel inteiro ouviria.

Eu fui até o frigobar e peguei uma latinha de Sprite antes de ir explorar o banheiro.

Com toda certeza os detalhes do mármore branco eram de ouro. Havia uma banheira grande o bastante para pelo menos 10 pessoas, Box de chuveiro com três chuveiros e, como se não bastasse, havia uma pequena sauna.

— Esse banheiro é maior do que minha cabine inteira no Acampamento! Nós podíamos todos morar aqui que ainda sobrava espaço! – Jean disse aparecendo na porta e gritando por causa da música alta. Eu concordei dando um gole no meu guaraná.

— Não sei você Barbie, mas eu vou descer na loja de roupas. – Jean disse arrumando o cabelo na frente do espelho que tinha pelo menos dois metros de largura.

— Butique. – Eu disse.

— O quê?

— Não é “loja de roupas”, é butique.

— Tanto faz.

— Você tem dinheiro? – Perguntei.

— Você acha que nos vamos ficar aqui tempo o bastante pra pagar? – Jean sorriu. – Vamos antes que o Justin apareça.

 

A butique era linda, todas as paredes cobertas de araras cheias dos mais variados estilos de roupas e pra varias idades, sapatos e bijuterias.

Eu encontrei um Nike rosa e branco exatamente igual ao meu favorito, eu sorri para o tênis e logo o peguei, eram último par e eram meu número. Eu demorei uma hora e meia, o que eu considero bastante tempo, para escolher um short jeans, uma regata branca e uma camisa xadrez; Jean demorou o mesmo tempo para escolher 5 calças jeans, 2 shorts, várias blusas, alguns vestidos, jóias e sapatos, na grande maioria, tênis.

Eu não tive coragem de falar nada, ela parecia tão feliz que nem ao menos devia estar lembrando que havia 99% de chance de sairmos do hotel correndo e que não teríamos tempo para pegar todas aquelas roupas.

Então duas garotas entraram na loja e começaram a olhar a arara de vestidos de festa. Elas não pareciam ter mais que 22 anos. Elas pareciam normais apesar dos olhos parecerem um pouco oblíquos.

— Eu ouvi dizer que a festa de hoje vai ser melhor que a de ontem. – Disse a primeira

— Espero que o bonitão esteja lá de novo. – Disse a segunda.

— Por quê?

— Porque ele tem cara de quem pode te engolir com uma mordida só. – Disse a primeira sonhadora. – Ele é perigoso e bonito.

Jean e eu, que havíamos congelado nossas compras olhando para as meninas, trocamos um olhar de puro entendimento. Então voltamos a olhar as araras a esmo tentando ouvir o que as meninas diziam, mas elas começaram a falar de vestidos e jóias e então deixaram a loja com algumas sacolas.

— Melhor você pegar um vestido e um salto, Barbie, tem uma festa essa noite. – Jean disse sorrindo.

Escolhemos primeiro o vestido de Jean porque ela confessou não entender sobre nada disso. Era um vestido de alças que o busto era formado por pequenas pregas horizontais e descia pelo tronco com um corte que deixava as áreas laterais da cintura à mostra ainda em pequenas pregas horizontais, mas a saia descia quase lisa e transparente deixando o forro do vestido, que acabava 4 dedos antes do pano da saia que já era extremamente curta, sendo o destaque do topo das pernas, a cor inicial era verde-limão, mas eu fiz Jean trocar pelo azul-marinho. Eu escolhi uma bota de cano curto preta de salto não tão fino e Jean me olhou como se eu fosse louca.

— Isso não ficaria melhor com um jeans? – Ela perguntou.

— Eu sou a Barbie Fashionista entre nós duas ok? – Respondi.

Ela sorriu enviesada e deu os ombros. Eu peguei brincos de pedraria pretos, cujas tiras iam até as clavículas.

— Se Leon estivesse aqui, ele morreria ao te ver assim. – Eu disse quando ela saiu do provador.

Jean sorriu e olhou para baixo envergonhada.

— Isso é muito curto! – Ela exclamou. – E esse salto é muito alto!

— Você sabe andar de salto não sabe? – Perguntei.

— Claro que sei. – Ela resmungou mostrando a língua pra mim.

— Então você não precisa se preocupar com o vestido!

— Eu vou trocar de roupa, sua vez agora.

 

Eu não precisei de mais que alguns minutos para achar um vestido que me agradasse; ele era de cetim brilhoso, rosa queimado com um decote em “V” que ia até a linha abaixo dos seios e descia bem colado até a saia que era feita de babados, ele era extremamente curto, mas eu realmente adorei o vestido.

— Troca esse por um preto e eu vou ficar muito feliz. – Jean disse quando eu saí do provador.

— Não, eu quero esse rosa!

Jean deu os ombros.

Eu cheguei à conclusão de que Jean realmente não tinha a mínima noção de tendências quando ela tentou combinar meu vestido rosa com uma sandália dourada de fivela.

— O que foi? Vai ficar bonitinho! – Jean disse quando eu a olhei com uma sobrancelha erguida.

Eu rolei os olhos e peguei uma sandália preta de couro e tiras com detalhes metálicos.

— Isso sim vai ficar bonitinho! – Eu disse.

Eu escolhi brincos tão espalhafatosos quanto os de Jean, mas os desenhos eram circulares e eles eram de diamantes, segundo a vendedora.

Não preciso dizer que peguei tudo de maquiagem que havia na loja, preciso?

 

— Vamos subir? – Jean perguntou.

— Não, ainda preciso arrumar uma roupa para o Justin. – Eu disse me dirigindo à arara masculina.

— Eu nunca consigo comprar roupa para Leon.

— Eu acho fácil comprar roupas para o Justin. – Eu disse pegando uma jeans saruel escura na arara. E era realmente fácil, eu conseguia visualizar Justin com aquela calça e uma camisa pólo branca, um Nike branco e azul de cano alto, que eu vira na parte de sapatos e uma corrente de prata, a franja penteada pro lado e o resto do cabelo penteado pra trás o deixando levemente arrepiado.

Jean disse que eu suspirei quando contei a ela o que eu estava pensando, mas eu não sei de nada sobre esse suspiro.

— Mas de qualquer jeito, eu não vou aparecer com esse vestido minúsculo se o Justin for de calça jeans. – Jean resmungou.

— Apesar de o Justin ter pernas maravilhosas, eu duvido que ele aceite depilá-las para colocar um vestido. – Eu disse sarcástica – Então ele vai de calça, goste você ou não.

— E se essa festa for mais light?

— Nós subimos e colocamos um jeans.

— Promete?

— Prometo. – Eu disse.

— Ok então, acabe logo com isso.

 

Eu peguei a calça, a camisa pólo, o tênis e a corrente para Justin e peguei também um jeans escuro de corte reto, uma camisa quadriculada branca com os quadriculados pretos, um blazer preto, algumas camisetas estampadas de várias cores, uma jaqueta preta cheia de fivelas e zíperes prateados, um colete cinza, e uma blusa de manga comprida de flanela.

— Aonde você vai com tudo isso? – Jean perguntou quando eu larguei as roupas em cima do balcão e parti para os sapatos.

— É sempre bom ter opções. – Eu disse pegando um all star branco para Justin, outro Nike todo branco e um preto. - E meias. – Eu finalizei as colocando em cima do balcão.

— Isso é insano sabia? – Jean perguntou.

— Já me disseram isso. – Eu respondi pegando as sacolas que a vendedora já tinha empacotado.

Jean mostrou nosso cartão e a vendedora disse que estava tudo na conta do quarto já.

 

— Onde é que vocês estavam? – Justin perguntou quando abriu a porta depois que batemos na porta. – Pelos deuses, o que é esse monte de sacolas?

Eu tive que rir da expressão de pavor de Justin.

— Podemos entrar? – Jean perguntou empurrando Justin para o lado e entrando. Eu a segui.

— Ok, de novo: o que é esse monte de sacolas? – Justin perguntou fechando a porta atrás de si.

— Nós vamos à festa no cassino hoje. – Jean anunciou.

— Vamos é? – Justin perguntou erguendo as sobrancelhas.

Então Jean a contou a conversa das meninas na loja.

— Certo. Como vamos pagar tudo isso? – Ele perguntou.

— Isso você pergunta para a Srta aí. – Eu disse. – Eu só peguei.

— Leon deixou dinheiro com você? – Justin perguntou.

— Eu só tenho dinheiro o bastante para pagar um dos grampos que a Barbie pegou pra por no cabelo. – Jean disse rindo.

Justin fechou os olhos e respirou fundo para não surtar.

— Que vamos fazer com o Drake? – Justin perguntou finalmente.

— Deixá-lo trancado aqui. – Eu disse.

— Num hotel cheio de monstros? – Jean perguntou.

— Levá-lo a uma festa em um cassino é igualmente insano. – Eu disse.

— Falando nisso, onde está o Drake? – Jean perguntou olhando ao redor.

— Tomando banho. – Justin disse.

— E as flores de lótus? – Perguntei olhando a bandeja vazia na mesinha ao lado do frigobar.

— Queimei. – Justin disse. – Mas e aí, o que vocês trouxeram pra mim?

— Eu só carreguei sacola, a Barbie que escolheu tudo. – Jean disse.

Justin hesitou em pegar as sacolas no chão, e eu tentei não me importar com isso, devia ser só mais um de seus recentes e constantes rompantes de humor. Justin sequer tirou as roupas da sacola antes de dizer:

— Acho que consigo tirar alguma coisa daqui.

 

Nós conversamos um pouco sobre como seria a aparência do tal e depois descemos até o restaurante do hotel.

Sabe o que era a entrada? Salada de pétalas de flor de lótus. E com uma olhada no cardápio, eu percebi que todos os pratos envolviam flor de lótus.

Justin, Jean e eu não jantamos. Eu separava tudo o que eu consegui reconhecer como pétalas de lótus dos pratos que serviram a Drake, mas seus olhos ficaram um pouco oblíquos mais pro final quando ele comeu o pudim de chocolate.

Nós voltamos aos quartos e fomos nos arrumar para a festa.

— Não estou com o menor pique para festa. – Jean disse enquanto eu secava seu cabelo.

— Pra ser sincera, eu estou. – Eu disse.

 

Jean e eu demoramos em torno de 3 horas para nos arrumarmos, mais por culpa minha do que de Jean. Mas eu posso dizer que o tempo que eu gastei com Jean não foi um tempo perdido. Ela estava linda. Eu marquei seus olhos com delineador preto, as bochechas levemente rosadas e a boca com um batom nude. Deixei seus cabelos caindo levemente ondulados pelas suas costas porque eu achava lindo o jeito que eles balançavam pra lá e pra cá quando ela andava. Como Jean tinha a pele levemente queimada de sol, eu achei que ela estava perfeita.

Eu prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto, marquei bem meus olhos com lápis de olho preto e passei sombra perolada e usei o mesmo batom que Jean.

— Se o Justin não te pedir em namoro de novo hoje, - Jean disse me ajudando a fechar a gargantilha – eu realmente vou achar que ele perdeu totalmente a noção.

Eu sorri agradecida.

 

— Já tava na hora! – Justin disse abrindo a porta quando batemos.

— Uau. – Eu e ele fizemos ao mesmo tempo.

Justin usava o tênis branco, a jeans de corte reto, as pontas e a gola da camisa quadriculada apareciam por baixo da blusa de flanela e ele usava o blazer por cima e a corrente. Terrivelmente lindo.

Com o salto, eu consegui ficar da mesma altura que Justin; eu senti meu rosto queimar violentamente quando os olhos dele se fixaram em mim. Então ele desviou o olhar.

— Vocês estão lindas. – Ele disse sorrindo.

— Obrigada. – Jean disse piscando um olho.

— E Drake? – Perguntei.

— Dormindo. – Justin disse.

— Vamos então? – Jean perguntou.

Justin trancou a porta, guardou nossos cartões no bolso da calça e ofereceu um braço pra mim e o outro para Jean.

 

Por um engano meio ridículo, nós três fomos confundidos com alguns convidados VIP’s assim que pisamos no cassino, um promoter nos arrastou até o outro lado do cassino, em um nível subterrâneo ao que me pareceu os bastidores de um show sem nos deixar sequer dizer que não éramos VIP’s. Então nos posicionaram em cima de uma plataforma levadiça, onde deixaram Justin no meio com as mãos no bolso da jeans, a cabeça levemente inclinada para a esquerda, Jean e eu ficamos uma de cada lado do Justin com o antebraço apoiado em seu ombro e com a outra mão na cintura.

Nós nos olhamos por um momento então alguém gritou “5 segundos!” e Justin olhou para a mulher que dava alguns retoques em meu cabelo e perguntou o que iríamos fazer e ela apenas sorriu e disse:

— Vocês vão ser as estrelas da festa.

Por alguma razão, eu não gostei daquilo.

— Subindo! – Gritaram de algum lugar a nossas costas.

— Não se mexam e segurem-se. – Disse a mulher dando uns passos para trás.

Então a plataforma começou a subir e “Sweat” começou a tocar em uma altura ensurdecedora.

— Não sei vocês, mas estou achando que isso vai dar merda. – Jean disse.

— Eu estou pronto pra ser a estrela da festa. – Justin disse sorrindo.

Então uma luz forte me obrigou a fechar os olhos por um momento, fumaça começou a subir e luzes coloridas piscavam através da cortina de fumaça, e quando tudo passou, eu não tinha reação.

Nós estávamos em um palco sobre uma pista de dança cuja única iluminação era as luzes coloridas e as luzes do palco, mas dava pra ver que estava lotada, pessoas começaram a gritar quando nos viram sob o holofote. De onde a plataforma estancara até a pista de dança havia um piso de quadrados iluminados e uma escada de luzes fluorescentes. Eu olhei para trás rapidamente e vi um telão atrás de nós, onde eu vi nossa própria imagem ampliada. Jean parecia no mínimo extremamente surpresa e Justin, se não fosse tão exibido quanto era talvez também estivesse surpreso, mas não, ele começou a começou a mexer a boca como se cantasse a música enquanto dava alguns pequenos passos para frente balançava o corpo no ritmo da música. Jean e eu continuamos no mesmo lugar apenas olhando o que Justin fazia. Ele parecia extremamente deliciado com a situação. Quando a música chegou na introdução do refrão, ele apontou para um grupo de meninas próximas à escada e cantou:

— I just wanna make you sweat.

Foi o bastante para elas gritarem enlouquecidas e uma delas até tentou agarrar Justin pela blusa, mas apareceu um segurança eu não sei de onde e a puxou para trás. Eu ri com aquilo. Durante toda a performance de Justin, eu e Jean permanecemos no mesmo lugar, quando a música acabou e Justin nos puxou para fora do palco, eu sentia que podia rir eternamente.

— Exibido! – Jean exclamou.

E chegar a pista de dança foi um caos, uma vez que saiam meninas de tudo o que era canto para tentar agarrar Justin. Eu tentei não me importar e até me afastar, mas quando uma delas tentou beijá-lo, eu confesso que estava muito perto de puxá-la para longe pelos cabelos quando Jean segurou meu pulso.

— Ele não é seu namorado. Deixa ele.

Eu assenti e tentei me concentrar em outra coisa, mas estava muito escuro e tinha muita gente em volta dançando de jeitos que me pareciam insanos com a música ensurdecedora que tocava.

— Ei superstar, vamos embora! – Jean gritou puxando Justin pela gola da blusa.

— Eu disse que isso ser o máximo! – Ele exclamou sorrindo.

Eu podia ver marca de batom por seu rosto e pescoço e me perguntei como isso acontecera em apenas segundos.

Várias garçonetes andavam pela pista de dança com bandejas de flor de lótus e eu as vi se esvaziar rapidamente. Nós pegamos pelo menos cinco flores em questão de poucos minutos enquanto andávamos pela pista, eu me livrei da minha a colocando na mão de um rapaz que passou ao meu lado, Jean apenas jogou as dela pelo ombro e Justin as esfarelou na mão, então as jogou no chão.

— Como é que nós vamos encontrar o cara nessa multidão? – Jean perguntou quase gritando.

— Só Deus sabe. – Justin respondeu.

— Vamos nos separar. – Eu disse. – Nos encontramos no final de cinco músicas lá no bar.

Os dois assentiram e então nos separamos.

Enquanto eu me infiltrava mais na pista de dança, me agarraram, tentaram me beijar, tentaram levantar meu vestido e meu cabelo quase foi parar em um copo de bebida.

Então eu esbarrei em uma menina, que mesmo apesar do lugar estar escuro, era impossível não ver seus olhos tão azuis brilhando de um jeito vazio, mas o resto de seu rosto era apenas uma sombra. Ela se desculpou e se afastou. Alguns segundos depois um rapaz passou correndo por mim e quase me derrubou. E olhei para trás a tempo de ouvi-lo gritar:

— Thalia!

— Lucas. – Eu disse a mim mesma e corri atrás dele, mas ele sumira na multidão e Thalia também. Eu comecei a correr pela pista os procurando desesperadamente, perdi a noção de quantas músicas haviam se passados e perdi totalmente o rastro deles.

Decidi ir ao bar, mas nenhum dos dois havia chegado ainda. O bar ficava em um deck alto, o que te dava uma visão um pouco acima das cabeças das pessoas na pista de dança, então eu continuei procurando por Thalia e Lucas e também Justin e Jean. Não sei quanto tempo havia se passado, mas nada de Justin ou Jean. Então eu a vi, era Thalia, eu tinha toda certeza, eu corri em sua direção, mas alguém me puxou pelo cotovelo; era Justin.

— Não achei nada. – Ele disse.

— Thalia! – Eu exclamei apontando para o lugar em que eu a vira, mas ela não estava mais lá.

— O quê?

Eu contei a Justin o que vira, mas ele disse que poderia ser alguma outra Thalia. Mas aquilo não me convenceu, mas eu também não consegui convencê-lo do contrário.

— Cadê a Jean? – Perguntei.

— Não faço idéia. Eu acho que... Deuses! – Ele exclamou.

Eu não consegui perguntar o que havia acontecido, Justin começou a me puxar até nos infiltrarmos novamente na pista de dança. Então ele soltou meu pulso e agarrou o braço de um rapaz a sua frente e eu o vi.

— Leon! – Exclamei surpresa. – Que você está fazendo aqui?

Mas Leon não respondeu, ele parecia aéreo e mal conseguia manter os olhos abertos.

— Leon! – Justin chamou repetidas vezes, mas Leon apenas murmurava coisas inaudíveis.

— Ele comeu flor de lótus – Justin disse – e está bêbado.

Justin arrastou Leon de volta ao bar e jogou vários copos de água em seu rosto, mas nada parecia diferente.

— Acorda Leon! – Justin gritou.

Leon piscou e quando abriu os olhos parecia confuso.

— Que você ta fazendo aqui? – Ele e Justin perguntaram juntos.

— A Danni! – Leon exclamou passando as mãos pelos cabelos em desespero.

— Que aconteceu com ela? – Justin e eu perguntamos juntos.

— Tem um cara no cassino, ele me pediu ela... – Leon começou atordoado.

— Como assim “pediu ela”? – Justin perguntou nervoso.

— Ele disse que se eu a desse pra ele, ele me daria minha namorada de volta... Caramba, cadê a Jean?

— Cadê a Danniele? – Justin insistiu.

— Eu dei pra ele. – Leon disse culpado.

Justin xingou em voz alta soltando Leon então saiu correndo.

— Jean está na pista de dança. – Eu disse antes de sair correndo atrás de Justin, mas Leon correu atrás de mim e segurou meu ombro.

— Cuidado com o cara, ele sabe ler seu desejo, seu maior desejo. Vocês estão acordados, eles vão saber. – Leon disse com urgência.

— Come outra flor e volta pra pista. – Eu disse e corri atrás de Justin.

Eu consegui alcançar Justin quando entramos no cassino, que era bem típico de Las Vegas e estava com todas as mesas e máquinas cheias. Eu contei a Justin tudo o que Leon me dissera e Justin passou as mãos pelos cabelos meio desesperado olhando ao redor. Nós começamos a andar lado a lado pelo cassino até que ouvimos uma conversa de um grupo de garotos.

— Ele tem um alicerce de garotas gostosas! – Disse o primeiro.

— Mas como isso funciona?

— Você precisa levar uma garota pra ele, que ele te dá o que você quer. – Disse o primeiro.

Justin, me puxou pela mão até um canto do cassino e me encostou na parede e então encostou sua testa na minha e suas mãos entraram pelo meu cabelo, ele ofegava, meu coração acelerava.

— Me beija. – Ele disse de um fôlego.

— O quê? – Perguntei surpresa.

— Me beija como da primeira vez. Me beija como se fosse a última.

— Por quê?

— Só faz.

E Justin parecia à beira das lágrimas. E eu me senti a beira das lágrimas. E eu nem sei porque. Então uma lágrima rolou por sua bochecha ao mesmo tempo que uma rolou pela minha e eu o beijei.