Lie - The Story Of The 8th Sin escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 15
True


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Desculpem mesmooo a demora mesmo. Mas eu precisava terminar de ler tudo e falar com a Koneko-chan antesw de postar, pq ela queria saber se mudava o final da fic ou não.
Bom, todos os capítulos lidos, betados e comigo conseguindo falar com ela hj, o cap tá aqui.
Aproveitem! Reta final!

Bjos da Yukari o/



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Chapter 15 (Ep 53 (final), 54 – Brotherhood): True.

Ouvi uma explosão e um grito estrangulado e saí correndo. Geralmente eu correria na direção oposta, já que não gosto de brigar (nem sou muito boa nisso, em minha opinião), mas hoje, no Dia Prometido, eu ia atrás da confusão. Eu ia atrás para proteger a única criatura que significava alguma coisa para mim, mesmo que fosse a criatura mais idiota da face da Terra.

Eu me escondi na dobra de uma parede, vendo o Alquimista das Chamas.

– Onde você está, Envy? – gritou. Ele começou a caminhar. – Se não aparecer, vou continuar causando explosões cada vez maiores.

Eu não conseguia encontrá-los. Aquele lugar era emaranhado demais. A voz do Coronel poderia parecer próxima, mas na verdade estava distante em algum ponto e o que eu ouvia era apenas um eco. Olhei para trás. Hawkeye vinha com cautela. Eu revirei os olhos para sua lerdeza e virei uma dobra para procurar por Envy novamente. Eu o vi agachado atrás de um monte de tubos. Dei a volta para que a Tenente não percebesse e me agachei próxima a ele. Ele estava sorrindo como se tivesse bolado um plano.


– Ei – murmurei.

Ele se sobressaltou e olhou para mim, mal humorado.

– Que você quer?!

– Ajudar você! – sussurrei de volta.

– Não preciso da droga da sua ajuda!

– Ah, não, é? Então você prefere morrer sozinho pelas mãos do Mustang-san?! Porque se for para deixar você morrer, quero ser torrada junto!

O olhar dele hesitou, mas ele então franziu o cenho e passou a me fitar com desconfiança.

– Isso é problema seu. – retrucou. – Agora se me der licença... – Envy se transformou no Coronel das Chamas. – Tenho que ganhar uma briga.

Ele se levantou e passou por mim. Eu fiquei agachada por um tempo, séria. Merda, quando eu visse o Pride de novo eu ia matá-lo. Matá-lo! Matá-lo! Eu me levantei e fui atrás. Olhei para os lados. Droga, não posso desviar o olhar um minuto e eles somem.

– O que significa isso, Primeiro Tenente? Para quem acha que está apontando sua arma? – ouvi a voz do Coronel. Eu dobrei o corredor.

Hawkeye apontava a arma para Mustang. Mas não era Mustang, era o Envy, eu sabia. Eles estavam de costas para mim. Estreitei os olhos.

– Para quem? Não me faça rir. – Hawkeye falou. – Quando estamos sozinhos, o Coronel me chama de Riza.
Ele se afastou e se transformou em Envy de novo, virando-se. Eu me escondi na dobra da parede.

– Droga, o quão próximos vocês são?! – rosnou indignado.

– É mentira. – ela atirou e Envy voou para trás, estatelando-se no chão. – Obrigada por cair nessa, Envy.

Eu trinquei os dentes. Maldita. Traidora. Como fui confiar naquela humana vil e detestável?! Eu me recordei do momento que passamos próximas à porta antes de irmos atrás deles.

– Posso confiar em você para abaixar a arma? – ela perguntara. – Quero ir atrás do Coronel.

Lembro-me de ter hesitado um momento.

– Quero ir atrás do Envy. Primeiro Tenente Riza Hawkeye – eu dissera. – Gostaria de fazer um acordo com a mentira?

Ela pensou por alguns segundos.

– Depende do tipo de acordo que quer fazer. – Hawkeye baixou a arma.

Eu me levantei.

– Um tipo simples. – comecei. – Vamos procurar nossos amigos. Você vai evitar que o Envy se machuque e eu evito que o Mustang se machuque. Assim conseguimos mantê-los seguros e eu arrasto o Envy para qualquer lugar longe de vocês. Pode ser?

Ela estreitou os olhos.

– Posso confiar em você?

– Do seu ponto de vista não. Do meu, sim. Mas temos outra escolha?

Ela pensou por um momento.

– Certo.

Eu sorri.

– Obrigada.

E saí correndo para procurar a minha amada criaturinha de cabelo verde. E agora, eu me via com um instinto assassino tomando conta de mim porque a maldita vaca da Riza Hawkeye foi mais mentirosa que eu. Eu matarei o Mustang se tiver chance ainda hoje, só como vingança. Trinquei os dentes, mas quando fui dar um passo em sua direção, ela continuou a atirar.

– Você pode morrer aqui. – ouvi-a dizer.

– Isso machuca! – Envy rosnou.

Ele jogou seu braço contra ela e esticou-o, cortando seu ombro. Ela atirou na perna dele e ele vacilou um passo. Ela continuou atirando até que Envy se ajoelhou.

– Droga... – murmurou. – Isso é irritante!

Envy enfiou sua mão na pedra e a fez sair mais próxima à Tenente, capturando-a e jogando-a contra o chão. Eu franzi o cenho com raiva e nossos olhares se encontraram.

– Eu vou te levar para o Coronel em pedaços! – Envy falou, mas foi interrompido por uma explosão.

 Eu arregalei os olhos. Merda. Maldito Coronel das Chamas. O braço de Envy se dissolveu, liberando a Tenente. Senti uma pressão no estômago, alertando-me que o poder regenerativo de Envy devia estar acabando.

– Coronel... – Hawkeye sussurrou.

Eu o vi chegando e ouvi mais um estalar de dedos. Envy gritou.

– O que acha que está fazendo com minha querida subordinada? – Mustang perguntou.

Eles ficaram se encarando por alguns momentos. Envy apavorado. Mustang enraivecido. O olhar do Coronel se desviou para a loira.

– Não se arrisque Primeiro Tenente. Eu disse que eu iria matá-lo.

Envy trincou os dentes e olhou com fúria para o homem.

– Seu humano maldito, não fique...

Mustang estalou os dedos e Envy gritou. Estalou-os dedos repetidas vezes. Eu comecei a tremer, apavorada. Faça algo, Lie, faça algo! Ele continuou. As explosões eram cada vez maiores e os gritos de Envy ecoavam por todo o lugar. O olhar de Hawkeye se desviou para mim e eu olhei para ela também. Pude ver meu rosto refletido em seu olhar. Eu estava desesperada, amedrontada, apavorada como nunca estivera em minha vida.

Uma última grande explosão deixou fumaça e me mostrou o corpo de Envy todo carbonizado. Ele começou a se dissolver e do cérebro, uma pequena criatura começou a surgir, pulando para o chão enquanto o corpo se dissolvia. Eu entendi. Aquela era a verdadeira forma do Envy, e não a que ele mostrava a todos.

– Droga... – gemeu com lágrimas saindo de seus grandes olhinhos. – Voltei a ficar assim!


O Coronel deu um passo e pisou em cima de Envy. Arregalei os olhos, começando a ofegar. Eu o mataria. E não ia perder de novo... Não ia perder a pessoa mais importante para mim nesse mundo!

– Essa é sua verdadeira forma? – ele perguntou. – Que feia. Então é por isso que tem o nome de “Envy”.  Agora eu entendo.

Seu pé pressionou mais e Envy gemeu.

– Pare... Pare com isso! – choramingou.

– A inveja... – murmurou o Coronel. – É um sentimento muito feio!

– Não! Eu não quero morrer! Não!

– Suma da minha frente. – rosnou o homem.

Ele começou a estalar o dedo. Os berrinhos de Envy ecoavam histéricos. Então eu vi Hawkeye levantar-se com a arma na mão e apontá-la para seu superior.

– O que significa isso, Primeiro Tenente?

– Já chega, Coronel. Deixe que eu cuido do resto.

Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Droga, aquela humana, aquela vil humana, era tão mais corajosa que eu. Como? Ela queria proteger Envy no final das contas? Não queria matá-lo afinal? Ou apenas não queria ver o Coronel fazer isso só por vingança? Eu não entendia... Só entendia que ela tivera coragem de intervir de uma maneira que eu estava hesitando muito para fazer. Lie, sua idiota... Então eu agi, tentando encobrir meu erro anterior.

Movi-me com rapidez e coloquei minha adaga no pescoço da Segundo Tenente.

– Solte o Envy. – rosnei com hostilidade. – Ou eu a mato.

Ela pareceu surpresa, mas não desviou o olhar do Coronel.

– Solte a minha subordinada, homúnculo!

– Solte o Envy. – repeti com mais veemência. – Ou eu. A. Mato.

– Lie, isso não faz parte do acordo. – Riza comentou.

– Ah não? – eu ri. – Atirar no Envy também não fazia. Eu pelo menos estou cumprindo minha parte, eu disse que não machucaria o Coronel, não prometi nada quanto a você.

– Desgraçada – rosnou.

– Você perguntou se podia confiar em mim, eu disse que do seu ponto de vista não. E estava certa. – olhei para Mustang. – Solte o Envy agora!

Ouvi o barulho de pedra se mexendo e o Coronel se desequilibrou, erguendo o pé. Eu senti uma perfuração em minha perna direita e caí no chão, largando a adaga e erguendo os olhos a tempo de ver que Envy saiu voando para outra direção e quando o acompanhei com os olhos, ele estava nas mãos de Edward Elric. Olhei para o chão. Uma estaca de pedra perfurava minha perna.

– Droga. – rosnei. Minha regeneração estava acabando. Eu já via que estava demorando cada vez mais para meu corpo se recuperar.

– Do Aço. – Mustang murmurou, estendendo a mão para Edward. – Me dê ele.

Edward olhou para mim e para Hawkeye, franzindo o cenho. Mas não obedeceu.

– Vou repetir. Me dê ele!

– Eu me recuso.

Um silêncio tenso se propagou enquanto nos encarávamos. Scar estava ao lado de Edward, mas não dei atenção a ele. Fiquei olhando para Envy fixamente, pensando numa maneira de tirá-lo de lá.

– Eu preciso dar a ele – Mustang disse. – a pior de todas as mortes.

– Não. – Edward disse, surpreendentemente.

– Me dê ele! Caso contrário, vou queimar sua mão direita!

– Ótimo! Eu te enfrento a qualquer hora! Mas, antes disso, dê uma boa olhada na sua cara! Pretende governar o país com uma cara dessas? O que você... O que o Coronel estava almejando não era isso, não é?

– Vai deixar que sua raiva o controle? – Scar perguntou. – Se quiser cair no caminho da desgraça, esta seria uma ótima opção. Se disser que quer viver pela vingança, não vou impedi-lo.

Edward se virou para ele.

– Ei!

– Eu não tenho o direito de impedir a vingança dos outros. – explicou-se. Edward assentiu. – No entanto, apenas me pergunto como seria um mundo conduzido por um líder tomado pelo ódio.

– Coronel. – Hawkeye falou. – Não posso deixá-lo matar o Envy.

Eu soltei uma exclamação e olhei para ela. Ela me lançou um pequeno olhar e continuou.

– Mas também não pretendo deixar que ele viva. Eu o matarei.
Arregalei os olhos.


– Desgraçada mentirosa – rosnei.

– Finalmente. – disse o Coronel, cerrando os punhos. – Finalmente eu o encurralei!

– Eu sei! – disse ela. Sua arma tremulava em suas mãos. – Mas... Mas... O que está fazendo agora não é pelo bem do país e nem para salvar seus companheiros. É apenas para satisfazer seu ódio, apenas para isso. Você não pode perder para esse sentimento...

Um pouco de silêncio enquanto o Coronel Mustang trincava os dentes e apertava ainda mais os punhos, com raiva. Ele relaxou um pouco depois de uns segundos.

– Se quiser atirar, atire. – disse. – No entanto, o que espera fazer depois de me matar?

Ela baixou o olhar.

– Eu não tenho a intenção de viver uma vida feliz e sem preocupações sozinha. Quando essa guerra acabar... Meu corpo desaparecerá desse mundo junto com o Alquimista das Chamas.

Ele rosnou e estalou os dedos, mas as chamas foram para outro corredor onde não havia ninguém. Eu suspirei um pouco aliviada. Ele soltou a mão ao lado do corpo.

– Isso seria um problema. Eu não posso perder você... Que situação é essa? Deixar uma criança me irritar, ouvir lições de um homem que queria se vingar de mim... Eu fiz – disse virando-se para a Tenente. – Você passar por momentos dolorosos novamente. Eu sou um grande idiota.

Ele deu alguns passos em direção a ela e tocou a arma, abaixando-a.

– Desculpe-me.

Mustang agachou-se, sentando-se no chão. Hawkeye abaixou a arma e fez o mesmo, como se ela fosse de um peso extraordinário.

– Isso não é idiota? – ouvi Envy perguntar. Virei-me para ele, amaldiçoando-o por atrever-se a falar na hora errada de novo. – Ficam falando bonito desse jeito. Estamos numa novela, por acaso? Acho que vou vomitar...! Humanos são sempre tão sentimentais? Sigam seus instintos! Coronel Mustang, você se esqueceu? O Scar tentou te matar! Se me lembro bem – disse virando-se para Edward. – quem matou os pais da sua amiga de infância foi o Scar, não foi, Baixinho-san? Isso mesmo! E a garota da Cidade do Leste, que foi transformada em Quimera. Não foi o Scar que matou ela também? E Scar! Para onde foi seu ódio contra aqueles que mataram tantos em Ishval?! Essa mulher aí, também... Ela se orgulha de ser chamada de Olhos de Falcão e matou vários dos seus companheiros! Você não terá outra chance assim! Vamos lá, acabe com eles, é a chance perfeita! Se odeiem, se matem e morram! Acabem com tudo! Briguem! Lixos, como vocês, não conseguem ignorar suas diferenças e se darem bem, não é?! Não é, Baixinho-san?! Não é, Hawkeye? Mustang?! Scar!

Todos ficaram em silêncio. Todos apenas olharam para Envy. Os olhinhos dele vagaram por todos os humanos presentes, sem pousarem-se em mim. Ele não entendia.

– Por quê? – gritou. – Ei, por quê? Ei! Ei! Ei! Por quê?! Por quê?! Por quê? POR QUÊ?!

– Envy – Edward falou. Eu olhei para ele, que fitava o homúnculo com um tanto de pena e compreensão. – Você está com inveja dos humanos?

Eu arregalei os olhos e esperei uma resposta. Envy ficou quieto.

– Nós, humanos, somos bem mais fracos que vocês, homúnculos... Mas mesmo que estejamos arrebentados e acabados... Mesmo quando erramos nosso caminho ou caímos, nós sempre nos levantamos. As pessoas ao nosso redor nos ajudam a nos levantar. Você tem inveja desses humanos...

Eu parei, lembrando-me de todas as vezes que ouvi Envy desprezar os humanos. Em todas essas vezes... todas... ele estava apenas com inveja? Como não pensei nisso? Ele queria ter amigos e família... Alguém que se importasse realmente com ele...? Eu quis dar isso a ele, eu me importava... Mas Pride estragou tudo com uma maldita mentira. Envy acreditou facilmente graças a essa inveja – ele duvidou que os homúnculos pudessem dar o que ele queria, e se eu estava dando, provavelmente estava mentindo.
Meu Deus, que horror. Eu precisava concertar tudo.

Envy cerrou seus olhos e começou a tentar livrar-se da mão de Edward.

– Ei! Não fuja! – Edward disse. – Espere um pouco! Idiota, se continuar tentando... – ele tentou pegar Envy com a outra mão, mas o homúnculo mordeu seu dedo e ele acabou por soltá-lo.

Envy caiu no chão e quicou, tentando endireitar-se. Hawkeye ergueu a arma, mas Scar a impediu.

– Espere. Ele não vai durar muito tempo.

O homúnculo rastejou um pouco.

– Que humilhação... – murmurou. – Acabei nessa forma patética. E vocês, humanos, um bando de merdas... Me derrotaram! E, além disso... No meio de toda essa merda... esse moleque, que é uma merda maior ainda... – ele parou, procurando palavras e ofegando um pouco. Eu notei lágrimas começarem a cair de seus olhinhos e ele soltou um berro. Eu quase tapei os ouvidos, mas me mantive no lugar, com vontade de chorar também. – Droga! Droga! Que humilhação! Que humilhaçãão! Eu, Envy... Tenho inveja dos humanos, eu?! Eu, Envy... Como eu posso me sentir entendido por esse moleque?! Essa é a pior de todas as humilhações.

Ele se endireitou e sentou-se na própria cauda, começando a rir um pouquinho, olhando para Edward.

– Eu quero saber até onde esses seus ideais vão te levar de agora em diante. Espero que se esforce bastante!

Ele colocou as mãozinhas para dentro da boca e eu arregalei os olhos, percebendo o que ele ia fazer. Ofeguei, assustada. Não!

– NÃO! ENVY! – gritei. Tentei avançar, sentindo as lágrimas começarem a escorrer do meu rosto. Puxei minha perna uma vez, mas não funcionou. Puxei outra vez, com mais força, e senti a terrível dor de minha carne sendo rasgada. Quase gritei, mas a dor não era nada comparada ao medo que eu sentia naquele momento. Envy parou e olhou para mim. Seus olhos se encheram de raiva.

– O que você quer?! Você, Lie, a maior mentirosa de todas. Já não lhe disse que sua farsa terminou?! Pedi para ficar longe de mim e mesmo assim você insistiu! Por quê?!

Eu engoli em seco com dificuldade, tocando minha perna instintivamente para tentar fazer a dor diminuir inutilmente.

– Envy – ofeguei. – Não faça isso. Por favor! Escute... Eu venho tentando te falar até agora... Pride mentiu!

Ele arregalou os olhos por um momento, quase acreditando. Eu o vi estreitar a visão novamente.

– Pride mentiu? Pride mentiu? Pride mentiu? Não brinque comigo! A única mentirosa aqui é você! Ele apenas me alertou... Me alertou. Disse que conversou com você e perguntou se você queria roubar minhas habilidades. Disse que você respondeu...

– Eu disse que sim – interrompi, enxergando tudo meio borrado graças às lágrimas. – Mas ele não te contou o que eu disse em seguida. Sim, eu ainda cobiço as habilidades dele, mas eu não seria capaz de pegá-las para mim. Ele me perguntou o porquê e eu respondi... Eu respondi... Porque eu gosto do Envy!

Ele arregalou os olhinhos, choroso.

– G-Gosta? De mim?

Eu assenti.

– Envy – murmurei, engolindo em seco novamente. – Por favor, não faça isso. Eu... Eu te procurei por todo o mês quando você saiu para buscar o Marcoh. O Pai chegou a brigar comigo por ficar tanto tempo fora! Por favor, acredite em mim, eu... Eu te amo, idiota! Você não tem motivo para ter inveja dos humanos!

Toquei minha perna novamente. Não estava regenerando. Droga!

Observei os olhos de Envy lacrimejarem mais por alguns segundos. Sua expressão então ficou decidida.

– Me prove – disse ele. – Que posso confiar em você.
Eu o olhei. Provar. Provar meu amor? Provar que eu gostava dele de verdade? Como fazer isso? De repente meu bolso começou a pesar como se tivesse uma tonelada e eu entendi. Levei a mão até ele com os olhos um pouco fora de foco. Tirei de lá as três coisas que eu sempre carregava comigo: um pedaço de giz, a foto de Luke e a Pedra Filosofal. Notei que Edward arregalou os olhos ao ver aquela pedra. Eu deixei o giz cair e segurei a foto com a outra mão. Olhei fixamente para a Pedra Filosofal.

– Eu não posso mais me machucar. – falei. – Minha regeneração acabou. Eu morri demais ao longo dos meus anos... E a maioria das vezes em que morri foi depois que fui adotada pelo Pai.

Ignorei a expressão dos outros e deixei minha franja cair sobre o rosto.

– Mas acho que minha vida não importa tanto se a sua não estiver do lado. – murmurei. Eu comecei a baixar a pedra.

– Espere – Hawkeye falou. Eu olhei para ela. – Como podemos confiar que depois de fazê-lo voltar ao normal, não vão tentar nos matar ou sair matando as pessoas depois que essa guerra acabar?

– Podemos confiar em você? – Scar perguntou. Eu me virei para ele.

Pensei um pouco e sorri levemente.

– Sim. – respondi. – Afinal, em quem melhor para confiar do que na mentira, já que ela é a única que tem posse da verdade?

Edward soltou uma exclamação e eu olhei para ele.

– A mentira é a primeira a saber a verdade. – murmurou, concordando.

Eu sorri, ainda olhando para ele.

– Sabe, na verdade meu nome não é Lie. Esse foi o nome que eu adotei depois da morte do meu criador. – eu baixei o olhar para a foto. – Ele me chamava de True. O que era quase uma ironia porque eu adorava enganá-lo...

– Você não me contou isso. – Envy murmurou.

Eu olhei para ele.

– Não vi motivos para que precisasse saber. Eu odeio revelar meu nome a qualquer um, portanto criei um novo falso. Além do que... Pensei que True era um nome muito bonzinho. Achei que Lie combinava mais comigo. E isso me ajudaria a me esquecer de um período ruim da minha vida.

Eu olhei para Edward novamente.

– Confiam em mim? – perguntei. – Eu vou colocá-lo na linha, juro que não vamos machucar ninguém. Só quero que ele fique longe de confusão.
Ele pensou por um minuto e então assentiu.

– Eu confio em você.

Olhei para Scar. Ele assentiu também. Virei-me para Riza Hawkeye. Ela mordeu o lábio, hesitante, mas aceitou. Finalmente, virei para Mustang. Ele não disse nem que sim nem que não.

– Eu lamento muito pela morte do seu amigo. – murmurei. – Eu entrei no grupo depois que ele morreu. Se me mostrasse uma foto dele eu não saberia quem é. Ainda sim, se possível, gostaria que se você for aplicar a culpa dessa morte a alguém... Que seja a mim.

Ele franziu o cenho e me olhou furiosamente. Eu, então, aguardei uma resposta.


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