Capítulo 25 - Punição

POV Samantha

Dois dias depois....

Apolo estava em seu trabalho diário e eu estava no Acampamento. Essa noite teríamos a conversa que estava pendente entre nós já há cinco dias.

Estava treinando Roberta, a filha dele. Ela é uma ótima arqueira e uma ótima cantora, mas é uma péssima esgrimista por isso eu tinha me encarregado há dois anos atrás de treiná-la então sempre no verão eu a treinava. Ela tinha se tornado uma campista de tempo integral, ou seja, ficava no acampamento durante o ano inteiro. No verão, quando eu voltava para as férias da escola, eu a treinava. E agora iria treiná-la em tempo integral.

– Lady Samantha. - Roberta me chamou.

– Sim, querida.

– Você está distraída hoje. Já é a segunda vez que eu consigo te desarmar e eu sou muito ruim. - ela falou me observando. - Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu umas coisas nos últimos dias da escola que eu não gostei muito. Mas realmente, minha cabeça está em outro lugar. Vou me concentrar aqui. - falei sorrindo.

– Foi meu pai, não é? Ele fez alguma coisa que você não gostou. - essa segunda frase não era uma pergunta e sim uma afirmação.

– Sim. Foi Apolo. Ele me traiu, mas acho que não é assunto para você Roberta.

– Lady Samantha, eu posso não saber muita coisa sobre traição e essas coisas, mas eu conheço bem a história dos deuses gregos e conheço bem a fama de meu pai. Posso só ter 13 anos, mas se quiser conversar comigo, não vou me importar. - ela falou sorrindo solidária.

– Obrigada Roberta. Quem sabe um outro dia? Hoje eu já tenho que voltar para o Olimpo. Tenho uma conversa pendente com um certo deus. - eu falei piscando para ela.

– Só não mata ele. Ele ainda é o meu pai. - ela falou rindo quando eu me virava para sair da arena.

– Posso pensar no caso. - gritei rindo. - Até amanhã.

Fui até a praia que naquele momento estava vazia para me teletransportar para o Olimpo, cheguei lá no mesmo momento em que o sol se pôs. Apolo estaria no Olimpo em, no máximo, três minutos. Fui para o palácio dele, o esperaria lá. Alguns minutos depois de chegar ao palácio, ele apareceu.

– Precisamos conversar, Apolo. - eu falei assim que ele passou pela porta.

– Estava esperando por isso. - ele falou. - Qual será a minha sentença? - ele perguntou.

– Este verão no Acampamento, junto com o Dionísio. - eu falei. - E não venha querer dormir na minha cama. Ainda estou magoada com você.

– Tudo bem, Samantha. Eu lhe entendo. Passar um verão aguentando o Dionísio, eu acho que consigo suportar. - ele falou rindo a última parte.

– Será tempo integral. Por um mês você não voltará para o Olimpo depois poderá voltar apenas para dormir, esse seu serviço começará no próximo domingo, dia 2. Enquanto você estiver no Acampamento, Lyra voltará a conduzir o carro do sol. Eu serei a sua supervisora no Acampamento, tome cuidado. - eu falei já indo para as escadas.

– Samantha, espera. - ele falou segurando meu braço. - Eu também quero conversar com você. Se estiver com raiva de mim, eu entendo. Mas pelo menos me escute. - ele pediu.

– Estou escutando. - falei soltando meu braço e indo para o sofá, me sentando ali.

– Samantha, eu lhe juro que não fui eu que agarrei a Stacy, foi ela que me agarrou. - ele começou.

– Eu sei. Afrodite me falou antes que eu saísse atrás de você. - eu falei já me levantando. - Se era só isso que você tinha para me falar, eu já vou subir.

– Não, Samantha. Eu ainda não terminei. Eu te amo. Me desculpa, por favor. - ele falou se aproximando de mim e me beijando delicadamente.

– Eu já te perdoei, Apolo. Só cumpra com a sua parte do acordo, ok? - eu falei. - Me deixe pensar. Até domingo. Ficarei no seu pé o dia inteiro. - falei rindo e indo para a escada.

Sim, eu tinha perdoado Apolo e dado uma punição fácil para ele. Às vezes eu tenho coração mole e acabo sendo legal com meus sobrinhos, no caso, meu sobrinho e namorado...

POV Apolo

Acordei mais uma vez no Acampamento Meio Sangue. Eu estava aqui para pagar uma punição. Meus filhos, me olharam de uma forma tão fria que eu até fiquei assustado. Mas o que mais me assustou, foi como a Roberta me tratou.

Explicando uma coisa, Roberta tinha se tornado a conselheira do meu chalé há 6 meses, depois que o antigo líder, Hendrick, morreu em uma missão.

Quando eu cheguei no acampamento fui até meu chalé e quando eu abri a porta, todos pararam de fazer o que estavam fazendo para olhar o recém chegado. Quando perceberam quem era, eles me olharam de uma forma fria e não falaram nada. Só voltaram a fazer o que faziam antes da minha chegada. Fui falar com a Roberta para saber o que eu tinha feito. Ela olhou para mim como se eu fosse um louco.

Flashback On

– Você ainda tem a cara de pau de vir perguntar o que você fez? - ela berrou chamando a atenção de todos do chalé. - Você conhece uma certa deusa chamada Samantha? - assim que eu assenti com a cabeça ela continuou: - Você sabe o que ela sentiu? O que ela passou quando viu você com a vaca da Stacy? Ela te ama! Por isso ela te deu uma punição fácil. Você só vai ter que cuidar dos campistas e ensinar algumas coisas para nós. Ela deveria ter mandado você passar umas férias no Tártaro.

– Roberta! Já chega. - alguém falou da porta.

Me virei para ver quem era, para minha surpresa, vi quem eu não esperava ali. Samantha.

– Apolo, vá para a Casa Grande e me espere lá. - ela falou me olhando da mesma forma de sempre, friamente como se ela fosse superior.

– Samantha... - eu comecei parando na frente dela.

– Conversamos depois. - ela falou olhando para um ponto atrás de mim. Saí do meu chalé e fiz o que ela mandou, fui para a Casa Grande mas antes pude escutar ela falar para meus filhos. - Vocês já estão atrasados. Se apressem.

Me apressei para chegar na Casa Grande antes dela. Encontrei Dionísio e Quíron na varanda jogando pinochle.

– Quer jogar, Apolo? - Dionísio perguntou entediado.

– Não. Samantha pediu para falar comigo aqui. Eu estou esperando por ela. - falei para Dionísio.

– Não será mais necessário esperar. Já estou aqui. - Samantha falou atrás de mim. - Me acompanhe. - ela falou entrando na casa. Fui atrás dela.

– Samantha, Roberta está me odiando não é? - perguntei quando ela se sentou.

– Sim, está. Espere mais um tempo e volte a falar com ela.

– Qual será o meu serviço aqui? - perguntei.

– Você vai ajudar o Dionísio, treinar alguns campistas e fará algumas outras coisas quando for necessário. - ela respondeu. - Os campistas estão sabendo que você está aqui cumprindo uma punição, e um conselho. Fique longe dos seus filhos, eles não estão muito felizes com você.

Nesse momento, o som de uma concha sendo assoprada soou pelo Acampamento.

– Vem. Vamos para o refeitório. - ela falou se levantando e segurando minha mão.

Minha vontade era de puxá-la para mim e beijá-la como eu já não fazia a quase uma semana.

Quando entramos no refeitório, todos olharam para mim.

Flashback Off

Hoje, já faz três semanas que estou aqui no Acampamento. Todos os dias, Samantha vem até aqui depois do café e fica até a hora da janta. Sempre observo ela treinar Roberta. Quanto esta, ela ainda não olha para mim e quando eu estou por perto, ela me evita como se eu fosse uma pessoa com uma doença contagiosa. Meus outros filhos já voltaram a falar normalmente comigo, mas Roberta...

Todos os dias, nessas últimas três semanas, Samantha só fala comigo para falar as coisas que eu preciso fazer no dia e depois me observa de longe.

Quíron me disse que eu preciso ter paciência com elas, tanto com a Samantha, quanto com a Roberta. Mas não é tão fácil.

POV Samantha

Já se passaram três semanas. Três semanas ignorando Apolo. Três semanas que estou apenas o observando de longe. Roberta ainda está ignorando ele. Eu vejo que ele está sofrendo com essa distância, mas simplesmente não posso obrigar a menina a voltar a falar com ele.

Tinha acabado de voltar para o Olimpo e tive uma surpresa ao entrar em meu palácio.

Afrodite, Athena, Aghata, Willian, Lyra, Ariana, Milena, Sarah, Lina, Kira, Ashley, Jacob, Angeline, Diogo, Sophia, Taylor, Lucas, Seiji, Selena, Poseidon, Zeus, Hera, Ártemis, Zoe e para minha total surpresa, Hades. Estavam parados no meio da sala do meu palácio.

– O que vocês fazem aqui? - eu perguntei fechando a porta.

– Aghata sentiu uma coisa que parece ser impossível. - Zeus falou.

– Aghata? - eu perguntei.

– Você tem uma filha. - ela murmurou.

– Como? - eu perguntei.

– Você tem uma filha com um humano. - ela falou mais alto.

– Como você sabe disso? - eu perguntei espantada.

– Eu senti ela. - ela respondeu. - Mãe, ela é poderosa. Ela é quase tão poderosa quanto os filhos dos Três Grandes.

– Eu sei. - eu falei.

– Quando iria nos falar da existência dessa criança? - Poseidon perguntou.

– Esperava que nunca fosse necessário. - eu falei.

– Ela deve ser levada para o Acampamento. - Hades falou.

– Mandarei uma missão atrás dela. - eu falei.

– Samantha, qual é o nome dela e a idade? - Afrodite perguntou.

– Alexia Branson. 12 anos. - eu respondi. - Eu não trai o Apolo, Afrodite. Eu jamais o trairia. - falei quando vi o alívio passar pelo rosto dela.

– Você vai falar com ele? - Athena perguntou.

– Sim. Pretendo mandar a Roberta na missão, vou falar com ele. - eu falei já saindo do meu palácio e deixando os deuses para trás.

Voltei para o Acampamento. Todos ainda estavam no refeitório. Fui para a Casa Grande e deixei um bilhete na porta e como hoje teria o Caça a bandeira fui para a praia. Precisava pensar.

Meia hora depois escutei a concha soar. O jogo tinha começado.

Resolvi voltar para a Casa Grande e no meio do caminho eu trombei com a pessoa que eu precisava conversar.

– Samantha. Eu estava indo para a praia agora. - ele falou me segurando para que eu não caísse no chão.

– Então vamos. - eu falei indo na frente.

– Samantha, o que aconteceu? Por que você voltou para o Acampamento? - ele perguntou andando ao meu lado.

– Já vou falar. - eu respondi sem encará-lo.

Chegamos na praia e eu me sentei no mesmo lugar onde estava sentada há alguns minutos atrás.

– Samantha... - ele me chamou.– Sente-se. - eu esperei ele se sentar antes de voltar a falar. - Eu tenho uma filha. - eu falei de uma vez.

– Como? - ele perguntou sendo pego de surpresa.

– Eu tenho uma filha semideusa de 12 anos. - eu falei.

– Por que você nunca me contou? - ele perguntou me olhando abismado.

– Por que eu pensei que ela estivesse morta à cinco anos. - eu falei.

– Mas ela não estava. - ele falou sem me encarar.

– O pai dela morreu em um acidente de carro à seis anos. Ela foi para um orfanato, já que ninguém da família dele queria ela. No ano seguinte, o orfanato onde ela estava pegou fogo, algumas crianças foram salvas mas eu não conseguia mais encontrá-la. Por isso pensei que ela estivesse morta. - eu contei para Apolo.

– Aonde ela está? - ele perguntou.

– Ela foi uma das crianças salvas. Foi transferida para um orfanato em Washington.

– Por que está me falando isso agora?

– Porque eu achei que seria melhor você ficar sabendo disso agora, do que só saber quando ela chegasse ao Acampamento. - eu falei.

– Como ela virá para cá?

– Roberta e Liv. - eu respondi.

– Vai mandar minha filha e uma dríade? - ele perguntou se levantando.

– Era essa a idéia. - eu respondi também me levantando.

– Você me traiu! Você me traiu e quer usar a minha filha para trazer a sua para cá? - ele perguntou gritando.

PLAFT!

Fiz a única coisa que não esperava ter que fazer hoje. Dei um belo de um tapa na cara em Apolo.

– Eu não te trai, idiota. Ela tem 12 anos. Eu fiz a aposta com você a cinco anos, quase seis. Ela é como a Roberta, não é fruto de uma traição. Na época, eu não tinha nem uma aposta e nem estava com você ou com outro deus. Então, não venha dizer que eu te trai ou que eu estou usando a Roberta, eu nunca vou obrigá-la ir em uma missão atrás da minha filha. Ela irá, se ela quiser. - eu gritei. - Pensei que você pudesse entender, Apolo. Mas vejo que eu estava errada. - eu falei entrando no mar e deixando que a correnteza me levasse.

Quando já estava bem longe da praia do Acampamento, me teletransportei para o Olimpo. Para o meu quarto e me joguei em minha cama e dormi.

POV Apolo

Vi ela sumir no meio do mar.

Continuei ali, na praia até escutar o som da concha. A Caça à Bandeira tinha acabado.

Antes que eu pensasse em voltar para a Casa Grande, alguém se sentou ao meu lado.

– Você deveria ter sido mais carinhoso com ela. - Aghata falou.

– O que você queria que eu fizesse, Aghata? - eu perguntei me deitando na areia e olhando para o céu estrelado.

– Apolo, como minha mãe reagiu quando ela descobriu sobre a Roberta? Ela também não gostou nem um pouco. Mas ela não ficou gritando com você. Ela não te traiu, assim como você não tinha traído ela no caso da Roberta. - ela falou.

– O que eu faço agora, Aghata? - eu perguntei me sentindo uma criança de cinco anos.

– Espere até amanhã. Espere e fale com ela. - ela falou sorrindo. - Estarei obervando. Não quero virar a malvada nessa época. - ela falou rindo e se teletransportando.

Levei alguns minutos para entender do que ela falava. Ela era a deusa dos tempos ruins não era?