POV Danilo:

  Bruna me olhou séria, parecia ter algo para falar.

  _Dan... Dan! Eu estou apaixonada pelo Leonardo.

  Meu sorriso foi desaparecendo, meus olhos perdendo o brilho. Como assim ela amava o almofadinha namorado da Jéssica? E eu que tinha planos para nós, pretendia viajar o mundo com ela, só com um violão, uma máquina fotográfica, a Leila e o nosso amor. Achei que o nosso casamento entraria para a história e a nossa história, para um livro de contos de fadas infantil. Eu amava a Bruna, com todas as forças que eu tinha. Imaginava ela, segurando nosso filho no colo, sorrindo. Como ela pôde?

  _O quê?

  Bruna abaixou a cabeça, esperando que eu falasse algo. Ela se afastou, recolheu-se. Eu estava com ela deitada em meu ombro, feliz há segundos atrás. Como uma frase pode arruinar uma vida assim?

_Co-co-co-co-como ass-ass-ass-assim, bru-bru-bru-bruna? – eu gaguejava.

  Eu já fui gago, fiz fonoaudiólogo e me "curei". Mas em certos momentos, em que realmente me deixava muito nervoso, a gagueira voltava.

  _Calma! Se eu te explicar você nunca vai entender! – ela gesticulava com as mãos, com os olhos cheios de lágrimas

  _Ca-ca-ca-calma nada! Que-que-que-quero que-que-que-que vo-você me ex-ex-explique tu-tu-tudo!

  _Ok. Há seis semanas eu vinha sonhando com um menino aparentemente irreal. Depois de um tempo, eu fui me apaixonando pelo seu jeito, mas como ele não existia, não era algo com que eu deveria me preocupar. Ai você encontrou Jéssica na praia que, por muita intervenção do comediante destino, é namorada do tal menino inexistente. Ontem eu fui saber que ele existia.

  _Você pretende me trocar por ele? – disse preocupado.

  Meus olhos pareciam uma cachoeira, minha cabeça parecia que iria explodir. Eu estava perdendo o meu chão, o meu mundo. Ainda me lembrava do seu beijo, de seus lábios quentes, das borboletas em que sentia em minha barriga toda a vez que eu a tinha perto de mim.

  _Eu... Eu não sei. – ela deu uma pausa

  Abaixei a minha cabeça, tentando esconder as lágrimas.

  _Danilo! – ela pegou minha cabeça e delicadamente levantou-a – Dan! Eu te amo! Você é o meu melhor amigo!

  Virei meu rosto, olhando para baixo. Ela, obviamente, soltou assim que viu que eu estava incomodado.

*pausa*

  _Você não vai falar comigo?

  Ela parecia inquieta, não parava de olhar para os lados. Bruna realmente estava incomodada com a situação.  A pegava, por diversas vezes, me fitando, procurando ser correspondida com meu olhar.

  _Ok Dan, pode pelo menos me deixar em casa antes que meu dia piore?

  Levantei, sem dizer uma só palavra. Abri a porta do carro para ela entrar e a fitei rapidamente, voltando a olhar para baixo.

  Ela levantou do capô de Leila, entrou na porta e agradeceu a gentileza. Mas eu não a respondi.

  Durante a “viagem” toda até a casa dela, não disse uma só palavra. Na verdade, eu estava explodindo por dentro, sem querer demonstrar esse sentimento á ela. Eu sentia ciúmes quando alguém a abraçava, porque por um segundo essa pessoa estava segurando meu mundo inteiro, sentia medo de perdê-la... Eu realmente a amava.

(...)

  Assim que chegamos a sua casa, sai do carro, abri sua porta e a esperei sair.

  _Obrigada. – ela disse.

  Quando estava fechando a porta do carro para voltar para o mesmo e seguir adiante, ela me chama:

  _Dan!

  Virei-me para ela, lentamente. A fitando, desanimado e frustrado.

  _ Eu te amo, tá!

  Esperei uns segundos e entrei no carro. Esperei ela entrar em casa, como sempre fazia por questão de segurança.

(...)

POV Bruna:

  Assim que entrei em casa, fui direto para a janela ao lado da porta, com uma cortina de renda, para observar Danilo. Como eu pude dizer tudo àquilo para ele? Tadinho! A carinha dele!

  Danilo arrancou com a Leila.

  Fiquei de costas para a janela, dando um leve suspiro. Eu estava aliviada? Sim, eu estava! Eu precisava fazer isso. Mas acho que as coisas de agora em diante não serão tão fáceis.

  _Bruna? – a voz era da... MÃE? – É VOCÊ?

  Arregalei os olhos, eu precisava de uma desculpa por ter saído de casa sem avisar! Logo sai correndo e, perto de casa, tinha um garotinho andando de skate com um suquinho em caixa na mão. Olhei para o garotinho e não pensei duas vezes! Acelerei o passo e, quando cheguei perto o suficiente para que ele não jogasse o skate em cima de mim, arranquei o suquinho de laranja das mãos do menininho. Hoje eu estava tão... Cruel. [/na*= Pensei seriamente em fazer com que ela jogasse-o no chão, mas ai mesmo que ela seria cruel]

  Entrei em casa correndo.

  _Ahh, oi mãe! Fui comprar... Comprar esse suquinho! – sequei o canudo, o coloquei na boca e comecei a beber.

  Ela desceu um pouco as escadas, o suficiente para olhar para mim e mandar sua mensagem:

  _Estou de olho em você.

  Ok, isso me deu um pouco de medo.

  Logo subi as escadas, mas... Ahh, o menininho! Voltei para entregar o suquinho e agradecer. [/na*= Viiiu, pelo menos ela agradeceu! AHSUAHSUAH]

  Bom, finalmente subi as escadas e descansei. Estava tensa com tudo o que estava acontecendo. Fui direto para o banheiro, para tomar um banho para relaxar. Peguei minha toalha dependurada atrás da porta do banheiro e, quando passei em frente ao espelho, não conseguia parar de me olhar. Falar com o Danilo foi dificil, mas era necessário. Eu amava o Leonardo. Danilo sempre foi o meu amigo, nada mais.

  _O que eu fiz? – me perguntei, apoiando na pia. Eu nunca quis perder a amizade dele.

  Entrei no Box, liguei o chuveiro e ali fiquei um bom tempo para “abstrair”.