Meu Anjo Vampiro escrita por Lice Lutz


Capítulo 24
Capítulo 22 - Encontro


Notas iniciais do capítulo

- Tenham uma ótima leitura!



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Por Edward Cullen

Com a ponta dos dedos, passeei por toda a extensão do rosto de Bella, que descansava numa tranqüilidade não vista há exatamente duas semanas. Não havia gritos dessa vez e seu corpo não tremia convulsivamente. Era apenas Bella, dormindo angelicalmente. Havia até uma ponta de sorriso em seus lábios. Apressei-me em pega-lo e transpassá-lo para os meus lábios, que ardiam de desejo pelos dela. Ela estremeceu ao meu toque e sussurrou o meu nome. Eu estava nos sonhos dela. Mas não acho que isso possa ser melhor do que a nossa realidade agora. Estávamos juntos. Completos e inteiros. Nada poderia ser melhor do que aquilo.


Também desconfio que Bella pense a mesma coisa. Afinal, ela estava tão relutante em dormir. Insistira para que viéssemos até o jardim da casa.


- Por favor, Edward. – ela implorara, com um biquinho adorável nos lábios. Ela sabia que eu cederia de qualquer jeito. - Quero ver as estrelas. Eu tenho um anjo ao meu lado, mas quero estar mais perto do céu. Por favor...  


Eu não disse nada, dei as costas para ela e, um mili-segundo depois, voltei com duas mantas. Bella deu um sorriso que me paralisou por alguns instantes. Eu ainda não conseguia acreditar realmente que estávamos juntos. A parte do [i]vivos[/i], eu já tinha desistido, porque aquele era definitivamente o Paraíso eterno que eu tinha pedido a Deus. E, se eu estivesse mesmo vivo, estava correndo o risco de qualquer momento acordar daquele sonho perfeito. E eu tinha certeza que não suportaria isso. 



Sorri de volta para Bella, que olhava divertida para as mantas. Seus olhos brilhavam como se ela dissesse um animado “Eba!” Ela estava tão linda, tão feliz. A felicidade que nos envolvia se multiplicava por dois, quando eu olhava para ela assim. E parecia crescer mais ainda, quando Bella olhava nos meus olhos e sorria ainda mais. Era como um ciclo multiplicativo infinito, exatamente como acontecia antes com a nossa dor. Mas hoje, naquele momento, o que era dor, fora convertido em algo muito melhor. Amor. Felicidade. Alegria. Incredulidade. Paz. Numa definição impossível de ser compactada, era tudo isso e mais um pouco o que sentíamos.


Caminhei lentamente até Bella. Ela esperou, ansiosa e divertida. Eu podia ver no reflexo dos seus olhos, o meu sorriso torto crescendo. Imediatamente, ouvi o coração dela acelerar e sua respiração ficar mais lenta, quase que suspensa.

- Respire Bella. – eu pedi, enquanto a pegava no colo e a girava em torno da minha cintura.

Bella ria como uma criança. – Como você quer que eu respire, com você fazendo isso?


Diminui a velocidade de rotação – que nem era muito rápida; eu não queria que ela passasse mal – até parar completamente e coloca-la no chão. Passei meus braços em volta da sua cintura.


- Comigo fazendo o quê exatamente? – aproximei minha boca do seu ouvido – Sorrindo ou te girando no ar? – senti os olhos de Bella se fechando e seus pelos se eriçaram. Era divertido provoca-la.




- Na verdade, - era a vez dela. Bella mordeu o canto inferior da minha orelha – nada disso. Só você respirando já me faz perder o ar.


Ela riu e eu a acompanhei. Beijei seu pescoço lentamente. A ardência na minha garganta nunca fora tão forte, mas eu não me importava. Estava até feliz em senti-la. Era uma prova de que tudo aquilo era real; que ainda éramos o vampiro e a humana impossivelmente juntos. Senti Bella estremecer de leve nos meus braços e subi com meus beijos até sua boca.


Para a maioria dos vampiros, nada pode ser mais prazeroso do que o sangue humano escorrendo pela garganta. Eu com certeza não me incluo nessa categoria. Para mim, nada é mais prazeroso do que Bella. Tudo nela é inacreditavelmente bom. Como o gosto da sua boca, por exemplo. Eu poderia desfrutá-lo por séculos interruptos. Mas Bella como humana, precisava respirar. Desgrudei meus lábios dos dela, ambos relutantes. Então cai em outro exemplo de sua invencível bondade. Os seus olhos, que me prendiam e tragavam-me como a mais forte e apaixonante ressaca do mar.


Bella entrelaçou sua mão na minha. Eu me abaixei um pouco para pegar as mantas que haviam caído no chão e fomos para o jardim. Agora eu entendia o porquê da insistência dela para que fossemos até lá. O céu estava incrível. Limpo e as estrelas brilhavam na mesma intensidade dos olhos de Bella. Esbanjavam calor e um brilho apaixonado. Essa parte foi o que mais me encantou. Estava uma noite perfeita.


Estiquei uma das mantas no chão, deitando-me sobre ela em seguida. Peguei a outra e coloquei sobre o meu corpo. Sorri e abri os braços para Bella, que prontamente se aninhou a mim. Ficamos ali, conversando, nos beijando, sentindo a presença indispensável um do outro, até que os olhos de Bella começaram a cair. Eu não queria ter de deixar de olhar para eles, mas ela precisava dormir – foi um dia exaustivo.  Comecei a entoar a canção que compus para ela.


Bella fechou os olhos por um momento, depois os abriu com certo esforço. – Pare.


Fiquei confuso com seu pedido. Ela pareceu ter lido minha mente e continuou: - Não quero dormir. Tenho medo de acordar e perceber que isso não passou de mais uma das minhas ilusões.


Eu sorri. Ela sentia o mesmo medo que eu. Peguei o seu rosto com minhas mãos – Não precisa se preocupar com isso, amor. Quando você acordar, eu estarei aqui. Não se esqueça, suas ilusões são muito sólidas!


Nós rimos. Havíamos desistido de tentar entender tudo aquilo. Estávamos juntos e bastava.


- Nosso sonho nunca vai terminar Bella. – lhe prometi. Eu sabia que ela já havia dormido há muito, mas essa era o tipo de promessa que precisa ser dita em voz alta, para que se concretize. As palavras que ficam no pensamento, nem de longe têm o mesmo poder das que são faladas.


- Edward.


Senti uma breve necessidade de estar dentro dos pensamentos de Bella, para saber exatamente qual era o seu sonho. Deveria bastar eu estar nos sonhos dela, deveria ser o suficiente o coração dela, pertencer a mim. Mas eu era um monstro insaciável. Queria muito mais do que estar ou possuir. Eu queria saber o porquê dela amar uma criatura como eu. Queria conhecer como sua mente funciona. Esse era o grande mistério de Bella, os seus pensamentos. Era a única coisa nela a qual eu não tinha acesso e parecia errado. Se nossa alma era uma só, porque os pensamentos também não podiam ser? Únicos, pertencer a ambos.


Era frustrante. Mas ao mesmo tempo, uma das coisas que mais me fascinavam nela. É o que me fazia sentir mais humano. Tudo bem, as vozes na minha cabeça não sumiam nunca – nem sempre que eu podia levá-la a um lugar deserto. Eu me refiro a minha interação com ela. A expectativa sobre o que ela vai dizer a seguir, a surpresa quando ela toma um rumo completamente diferente do esperado. Bella não funciona como os demais. É única. E minha.


Eu ri sozinho. Pensar no enigma Bella, sempre me fazia sorrir – ainda mais se ela estivesse dormindo tranqüilamente nos braços, até que o céu, tom por tom, começasse a clarear. Eu tenho certeza que nenhum nascer do sol foi tão lindo, luminoso e puro quanto aquele.


Até porque, não é sempre que Deus desce a Terra.


Por alguns instantes, eu fiquei completamente paralisado. Nenhum pensamento passava pela minha cabeça. Nada dos de Bella, como de costume. Nada dos Dele. E sem nenhum vestígio dos meus próprios. Eu estava virando uma estatua legitima. Não pelo choque de um encontro com o Senhor – aquele seria o nosso terceiro – mas sim pelo medo do que esse encontro especifico, traria como conseqüência. Eu estava pronto para assumir qualquer responsabilidade, tanto minha, quanto pela parte de Bella.


Pensar em Bella sofrendo qualquer tipo de punição fez-me despertar para o presente. Encontrei a alguns metros de distancia, sob uma arvore com galhos secos, Deus. Ele tinha uma expressão tranqüila, que transmitia paz. Esperou mais alguns segundos, e então a Sua voz misturou-se perfeitamente com a calmaria tão incerta de um novo amanhecer.


- Edward. – chamou. Eu respondi com um breve aceno de cabeça. Bella começou a se mexer nesse mesmo instante. Apressei-me em tentar faze-la dormir novamente. Em vão.


Bella abriu os olhos lentamente, sorrindo. Confusão passou por seu rosto, quando não retribui o sorriso – a tensão era tão grande, que não havia espaço nem mesmo para o meu deslumbramento por estar ao lado dela. Imediatamente, Bella percebeu que havia algo de errado. Seguindo o meu olhar, ela O viu e entendeu. Eu tenho certeza que a minha expressão de choque, fora exatamente a mesma que a dela.


- Respire Bella. – sussurrei em seu ouvido – Nada de mal vai lhe acontecer. Eu não vou deixar.


Abracei-a. Abracei-a com toda a força que me era permitida. Eu precisava assegurá-la que tudo ficaria bem. Eu assumiria tudo sozinho. Afinal, o monstro egoísta dali sempre fora eu. Bella aninhou-se a mim e beijou-me rapidamente nos lábios. Depois, ela se levantou rapidamente, cambaleando. Pus-me de pé para ampará-la e ela fugiu dos meus braços antes mesmo que eu pudesse protegê-la neles.


Bella caminhava em direção ao Senhor, que só esperava. Eu nunca quis tanto saber o que se passava na cabeça dela.


- Senhor, se me permite, gostaria de dizer-lhe algo antes de qualquer coisa.


Deus assentiu, sorrindo – Fique a vontade, pequena Bella.


Ela parou por alguns instantes e me olhou nos olhos. Seu coração dera um sobressalto, quase que despertando o meu também. Sua expressão enchera-se de desespero e medo. Éramos o reflexo puro um do outro, e seus olhos, sendo as portas da nossa alma, choravam. Bella respirou fundo, engolindo o choro e buscando coragem – eu fazia o mesmo.


- Quero que saiba que tem que punir apenas a mim. Eu o invoquei, obriguei Edward a voltar para mim. Fui egoísta, e ele apenas... Cumpriu seu dever de anjo da guarda: proteger-me. Estou viva, graças a ele. E ele está aqui, graças ao meu egoísmo. Então, puna-me.


Encarei Bella, que não ousava tirar os olhos de Deus, boquiaberto. Eu não conseguia pensar direito; as palavras dela apenas ecoavam na minha mente. Absurda. Completamente absurda. Como Bella podia pensar que eu a deixaria justo agora, como um covarde? Pior ainda. Como ela podia achar que eu seria capaz de viver sem ela? Tudo o que passamos não fora o suficiente para provar que não era possível existirmos um sem o outro?



Se ela escolheu ser punida, eu seria também. – Bella está errada. Ambos quebramos as regras. Ambos devemos arcar com as conseqüências.


- Edward... – Bella disse baixinho, ainda sem olhar para mim. Eu entendia sua postura, ela não queria que eu visse a dor e o medo voltarem aos seus olhos. E quem disse que eu me importava em vê-los ali, naquele pedacinho do paraíso, cor de chocolate? Era Bella, então tudo o que ela possuía, me pertencia também.


Movi-me até Bella e acariciei seu rosto. Ela fechou os olhos e uma lagrima quente tocou minha pele. Meus lábios imploravam pelos dela, mas naquele momento, eu precisava de muito mais do que um beijo. Eu precisava gravá-la permanentemente em mim. De repente, tudo em mim, era Bella. Em meus olhos, lá estava ela: era tudo o que eu via e enxergaria para sempre. Em cada toque meu, estava a quentura da sua pele – o gelo derretia-se. E em meu coração, a minha cantante impulsionava os seus batimentos mudos.


- Dissemos que dessa vez seria para sempre, não dissemos? – sussurrei em seu ouvido – Não importa o que aconteça.


Bella aninhou-se mais a mim. Eu fechei os olhos, e tive a certeza que a tatuagem estava completa e imutável. O tempo passaria, a dor nos atingiria novamente e ela continuaria ali, comigo. Para sempre.


- Para sempre costuma ser muito tempo. – Havia esquecido que Deus estava ali. Em reflexo, talvez por puro medo de uma eminente separação, abracei Bella mais forte. – Mas para vocês, parece não ser o suficiente. – Eu fiquei confuso com sua observação e Deus sorriu. Em seus olhos havia um brilho estranho. Lágrimas talvez? Achava improvável deuses chorarem. Ele nos olhava num misto de compaixão e felicidade. Havia esperança também.


Vi um sorriso tímido emergir nos lábios de Bella. A inexplicável esperança de Deus, começava a atingi-la também. Existiria uma chance para nós?


- Eu não vim aqui para puni-los e passar horas discursando sobre o quão errado e proibido é vocês estarem juntos. - Deus continuou - Ambos já têm consciência disso. E além do mais, existem forças maiores envolvidas no caso de vocês. O culpado por uni-los e causar tanta desordem, não é nenhum de vocês, então não há um porque escancarado para puni-los. O que é preciso agora é apenas uma solução, para que seja concertado e apagado todo esse caos. Não posso ser mais contrariado e mais ninguém pode saber o que está acontecendo. Apenas seguiremos em frente e apagaremos tudo isso.



Eu estava demasiadamente confuso. As palavras de Deus soavam como ditas em outras línguas, completamente misturadas e sem concordância alguma. E o silêncio das duas mentes ao meu redor, estava me deixando louco. Era difícil para mim apenas escutar o que fora escolhido para ser dito e não saber de tudo, como estava acostumado desde que havia virado vampiro. Mas esse, era o menor dos detalhes naquele momento, definitivamente. Ainda corríamos o risco de sermos separados novamente. Separação esta que de fato já estava sendo encaminhada por Bella, que se afastava de mim indo à direção do senhor. Ambos sorriam. E deixavam-me ainda mais perdido.


- O que o Senhor quer dizer realmente? O que será feito? - Bella perguntou. Eu queria que todo aquele otimismo dela, passasse para mim também. Mas o medo e o sofrimento antecipado eram grandes demais para permiti-lo.


Deus olhou-me e sorriu, como se quisesse tentar satisfazer o meu desejo. Surtiu efeito. Sim, havia esperança. Eu podia senti-la e quase vê-la, apalpá-la.


- Não posso deixar tudo como está. A morte é um fim definitivo no plano terrestre, ou seja, não pode haver voltas. A única solução, é nunca ter ocorrido uma morte. Vou voltar o tempo, na parte crucial que define o destino de vocês. Cabe a vocês, salvarem-se. Hoje, à meia noite em ponto, todos dormirão e o tempo voltará. Ninguém se lembrará de nada. Nem vocês mesmos.


O plano, dito assim parecia absurdo e impossível. Mas eu já havia riscado há algum tempo a palavra impossível e seus sinônimos do livro da minha vida. Já havia ultrapassado os limites da morte e voltado. Nada mais poderia ser tão absurdo.

Bella sorria incansavelmente e agradecia ao Senhor. Ela estava tão feliz... Eu fiz o mesmo - Obrigado.

Deus olhou-nos e lembrou - O futuro está em suas mãos. Se algo der errado dessa vez, não haverá uma terceira chance. Boa sorte.


O céu iluminara-se mais um pouco, adquirindo um tom lilás brilhante. Uma névoa translúcida chegara e levara Deus, que desaparecera como fumaça. O Sol surgia preguiçosamente depois.


Ficamos sós, Bella e eu. Ela mantinha o sorriso em seus lábios e eu logo o peguei, beijando-a.


- E se algo der errado? E se eu te perder novamente? Edward, não posso passar por isso novamente... Nunca.


Eu sorri delicadamente e peguei seu rosto nas mãos. Onde estava todo o otimismo dela? - Vai dar tudo certo. Ficaremos juntos e essa é a única certeza que eu te dou. Iria te buscar no Inferno se fosse preciso, atravessaria mil vidas, ressuscitaria milhões e milhões de vezes, quebraria todas as regras de novo, só para te ter comigo e não te ver chorar jamais. Ambos sabemos que podemos fazer isso, não é?


Bella voltou a sorrir, mais confiante. Deu-me um beijo rápido e sussurrou entre meus lábios aquelas três palavras, com sete letras, que quebraram o impossível e deram-nos a vida novamente: - Eu te amo.


- Com toda a minha vida e além da morte.


Era clichê, ultrapassado, óbvio, mas eu tenho certeza de que nunca voltará a ser tão verdadeiro e mágico como era para nós.


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Notas finais do capítulo

Heeey vampirinhos e lobos!
Espero que tenham gostado da solução atribuida por Deus para resolver o destino de nosso desafortunado casal. Ah, e qualque semelhança do meu Deus com o do filme "Todo Poderoso" não é mera coincidência 'HAHAHA
Geente, a fic está chegando ao final. Faltam apenas mais três capitulos ://
Não se esqueçam de deixar um reeview, por favor.
Beijinhos ;*