Meu Anjo Vampiro escrita por Lice Lutz


Capítulo 17
Capítulo 15 - Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma ótima leitura!



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Por Isabella Swan

Os raios de sol infiltravam-se pela janela, sem pedir permissão alguma para entrar. Obriguei-me a abrir os olhos. Minha visão continuava turva. As imagens do meu sonho, desligavam-me da realidade.

- Edward... - seu nome fluiu inconsientemente por minha boca.
Lutando contra a claridade que me atingira, fechei os olhos outra vez.

Novamente, a unica cena do meu sonho, se repetira. O mais impressionante nele, era a sua veracidade; a intensidade da dor tangente presente ali, naquele rosto perfeito. A chuva caia num ritmo frenetico, estável e avassalador. Era como se o céu chorasse por seu desespero, emprestando-lhe lágrimas para expressar a sua dor. Edward estava deitado na sua clareira. As mãos, cobriam-he toda a face. De tempos em tempos - a cada doze segundos e meio, para ser um pouco mais precisa -  suas delicadas mãos de gelo escorregavam para seu cabelo de bronze. Mas não era a sua expressão de dor, suas mãos esvaindo-se por seus cabelos ou o lugar aonde ele estava, que tornava o sonho maravilhosamente incrivel. Era a chuva e o seu corpo, que tornavam a cena irreal, mesmo se tratando de um sonho. As gotas de chuva, atravessavam todo o seu corpo - desde os pés, até sua face angelical. Como se o seu corpo não possuisse materia o suficiente para suportar a chuva que trazia consigo todo o peso da dor que uma alma poderia carregar. Como se a imagem de seu corpo, fosse produzida holograficamente, o que permitira que a chuva o atravessasse.

Conforme o tempo passava, uma agonia absurdamente devastadora, ia apoderando-se do meu peito. Eu queria correr para ajudar-lhe. Para lhe dizer que toda aquela dor, iria passar. Mas eu não podia me mover, sequer gritar. Havia algo que me impedia. Havia alguém que me impedia com todas as suas forças. Percebi então, que era ele que não queria que eu me aproximasse. Que ele queria ficar longe de mim. Ele lutava por isso, segurando, agora, a grama ao seu redor. 

Edward não me queria mais.
Ao intepretar realmente o significado daquelas palavras ditas naquela ordem, uma dor aguda atingira o centro do meu peito, como um milhão de facadas seguidas no mesmo lugar certeiro. O meu coração sangrava, jorrando perguntas de sangue. Por que ele desistira de mim? Ele deixara de me amar? Por que ele se fora? Ele não voltaria nunca mais? Onde estava o meu anjo? A sua vontade de me preteger? Seria ali, naquele sonho tão real, que tudo acabaria? 

Era como se eu estivesse perdendo uma parte invisivel, mas vital para minha sobrevivencia; como se uma segunda pele protetora, estivesse sendo sugada, começando pelas extremidades do meu corpo. A cada milimetro desprotegido, tornava-se mais dificil ainda respirar. E o abismo entre mim e Edward, deixava a situação ainda pior. 
Eu não podia fazer nada para Edward voltar para mim. Apenas observava a sua luta para afastarmo-nos e o desespero rasgar seu rosto. Era um daqueles sonhos que a gente apenas observa, e não pode fazer absolutamente nada, a não ser sentir cada uma das suas consequencias.
Num ato para afastar aquele pesadelo, abri os olhos de uma vez, permitindo que a luz me cegasse por alguns instantes. 
- Edward - chamei-lhe outra vez.
Fora apenas um sonho. Esta tudo bem agora. Tentei confortar a mim mesma. Edward jamais me abandonaria. Afinal, ele voltara apenas para me proteger; para ser o meu anjo. Não é? Ele não faria isso outra vez. Eu não suportaria. 
Lembrei-me de seu reflexo na madrugada anterior. Seu cabelo cor de bronze penteado despreocupadamente. Seus olhos cor de topazio, arregalando-se ao fitar seu proprio reflexo. Seu peito perfeitamente esculpido subindo e descendo, assustado com sua propria imagem. Tudo irrevogavelmente igual. Intacto. Exatamente como na minha fraca memoria humana recordara. Sim, ele estivera ali. Sua aparição fora real. Eu não tinha duvidas daquilo. Um sorriso escapou de meus lábios. 
Ele não podia me abandonar outra vez. Então por que a sensação de perda presente no sonho, não se fora quando acordei?
Manei a cabeça levemente. Dissipando todas as perguntas e aquele sonho para longe. Deparei então, com uma outra face angelical que me abservava. Seu expressão, não era amigavel.
        Alice estava sentada na poltrona próxima a minha cama. Ela me encarava em silêncio - seu olhar já dizia muito mais do que as palavras que viriam a seguir. Com uma elegância adquirida em decadas de existência, ela descruzou as pernas delicadamente. Levantara-se, sem nunca desgrudar seus olhos dos meus, e caminhara em minha direção. Meu coração batia num ritmo frenetico em meu peito, a medida em que ela se aproximava. Eu sabia a enxurrada de palavras que viriam a seguir. Alice estava sangada. E muito.

- Você poderia me explicar o porquê disso Isabella? - perguntara-me; seu tom de voz antes severo, tonara-se magoado - Você havia me prometido. Lembra-se?

Abaxei a cabeça, soltando a pequena quantia de ar que preenchia meus pulmões antes de cogitar lhe responder. Eu havia lhe prometido que não tentaria nada na madrugada anterior. E me arrependia de ter quebrado nosso juramento. Entretanto, não havia motivos para ela se preocupar. Ele estivera ali, me protegendo. Sorri novamente ao recordar a face do meu anjinho.
- Me desculpe... - sussurrei - Eu tentei de todas as maneiras fazer com que a dor parasse...mas era impossivel.
Alice ainda me encarava, analisando-me.
- É só isso que você tem a dizer? Um simples me desculpe? - abri a boca para interrompe-lhe, mas ela me impedira - E o que vamos dizer a Charlie e a Renné? Como você acha que eles vão suportar saber que a sua filha se convertera numa suicida compulsiva? - pausara, um suspiro pesadouro saira por seus lábios - Eu iria voltar em menos de uma hora, Bella. E você tinha me prometido... - seu tom fora abaixando-se aos poucos, convertendo-se num sussuro - Eu que pensava que podia confiar em você...
As palavras de Alice me deixaram em choque. Em nenhum momento, eu havia pensado em Charlie e Renné. O peso do egoismo, caira de uma forma opressora sobre meus ombros, pressionando-os para baixo de tal maneira, que carregar-lhe tornara-se uma tortura. As lágrimas, tentado afastar aquele novo sentimento opressivo, encobriam minha visão.
- Me desculpe... - murmurei. - Eu não tinha pensado nisso tudo...Eu só queria fazer a dor parar. Só queria que sobreviver sem ele fosse mais fácil...
- O tempo cura todas as dores. - Alice também murmurava, era dificil acompanhar o fluxo das palavras - E também causa outras, como as que ficariam em mim e em todas as pessoas que te amam, se a sua tentativa tivesse sido concluida, Bella. Ninguém disse que perder um grande amor fosse fácil. Mas Edward se fora, e você tem que continuar.
- Ele não...
Alice me encarava, artudida.
- O que você disse, Bella?
Fechei os olhos novamente, deixando todos os meus sentidos mais vividos do que jamais foram. Nunca o som da brisa fora tão reconfortante; assim como o cheiro de umidade trazida da chuva. O dia, de repente, enchera-se de calor. Meu corpo ainda imóvel, podia sentir o corpo de Edward em minhas mémorias. Recordando-me de sua ultima aparição, seu cheiro impregnara cada uma das moleculas de ar. Seus olhos, tornaram-se meu mar particular de ouro liquido. Pouco a pouco, senti minhas dolorosas feridas, aquietando-se em meu peito sangrento. E tudo isso, com apenas uma lembrança dele. E a certeza de que ele estivera - e ainda estava - comigo, nunca fora tão absoluta. 
- Não... - recomecei outra vez - Edward não se fora. Ele ainda está aqui, comigo... 
Os pequenos e delicados olhos cor de topazio de Alice, se arregalaram ainda mais ante minha afirmação. Talvez o choque da minha declaração, fora tão grande quanto a tranquilidade em que a proferi - uma calmaria assustadora para alguém que acabara de tentar suicidio a algumas horas, e até segundos atrás, estava com olhos cheios de lágrimas. 
Alice ainda tentava entender o quão absurdas foram as minhas palavras. 
- Bella...Edward não...Ele, ele, morreu. - ela me explicava, como se eu fosse uma criança de cinco anos com problemas mentais - Não tem mais volta, Bella. Ele morreu. Não está mais aqui.
Flashes da noite anterior apoderaram-se de minha memoria, tirando-me momentaneamente do presente. Um outro singelo sorriso, espalhava-se pouco a pouco em minha face. A expressão de Alice, tornava-se ainda mais assustada - e medrosa - a cada milimetro em que o meu sorriso aumentava,
- Não, Alice. - minha voz era o reflexo da tranquilidade - Ele está aqui. Eu o vi.
Alice me encarava, perplexa. 
- Bella... - sussurara.
- Sim?
- Isso é impossivel - ela falava pausadamente, pontuando as palavras - Infelismente...
- Não é. Nós nos amamos. E ele voltou apenas para me proteger, Alice. - respondi, ainda sorrindo - Não se preocupe. Ele vai cuidar de mim. É por isso que eu estou aqui agora. Ele segurou a minha mão, para impedir que eu cortasse o meu pescoço com o caco de espelho. E ai, ele apareceu...Eu o vi, Alice, pelo reflexo do espelho. Era ele. Edward também se assustara, quando se viu. Mas era real. Eu o vi.
Expliquei brevemente o que acontecera. Meu coração acelerara bruscamente, como sempre acontecia, quando qualquer memoria de Edward, apoderava-se de mim.
Alice ponderava cada uma das minhas palavras. Segundos depois, ela voltara seu olhar para meu rosto, como se me estudasse. Quando seus olhos se encontrram com os meus, era fácil decifrar que ela não acreditara em nada do que havia lhe falado. Eu deveria estar parecendo maluca. Mas eu o vi. Eu daria minha vida por essa afirmação.
- Você não acredita em mim, não é? - perguntei-lhe.
Ela soltou um risinho,em forma de silvo.
- Bella... isso é impossivel. - Alice baixara o olhar, triste.
- E você não é impossivel, Alice?! Olhe para você, uma vampira. Então por que Edward não poderia ter voltado para mim? Por que seria tão impossivel assim eu o ter visto?Você, a sua familia e Jake, são a prova viva do inacreditavel. Por que haveria uma razão para anjos não existirem? - minha voz continuava tranquila, eu estava convicta dos meus argumentos. Vampiros, lobisomens existem. Por que não existiriam anjos?
- Edward, como um anjo? Bella, por favor, ele era um vampiro. Nós vivemos nas trevas. Matamos inocentes. O nosso destino após a morte é o inferno.

- Não para os vampiros que amam. - interrompi-lhe - Edward me ama. E ele voltou para me proteger. - a minha convicção era tanta, que eu seria capaz de repetir a mesma estória um milhão de vezes.

Alice nada dissera. Percebera afinal, que seria inutil continuar com aquela discussão. Ela sabia que eu tinha argumentos suficientes para que aquela discussão, permanecesse por toda a tarde. Ela voltou-se para sua poltrona, sentando-se logo em seguida. Seu olhar permanecera distante. De tempos em tempos, ela maneava a cabeça negativamente, como se proibisse de acreditar em algo. Seu semblante era aparentemente tranquilo, mas haviam frestas de preocupação.

[...]


O dia passara como um dejavu do anterior. Fiz mais alguns exames. Charlie viera me visitar, preocupadissimo. Renné me ligara, repetindo as mesmas frases da ultima ligação. E claro, pedindo para que não tentasse suicidio novamente, Eu lhe prometi que não o faria, e por pouco não lhe contei que havia visto Edward - ela seria apenas mais uma que me chamaria de louca.

Charlie cancelara todos os seus compromissos com o trabalho - ele durmiria no hospital naquela noite. Alice e Calisle, contaram-lhe sobre o incidente no banheiro. E sobre a minha inacreditavel visão. Meu pai ficara perplexo. E quando perguntara a mim se eu realmente havia visto Edward, eu confirmei, numa tranquilidade aliada a uma convicção inabalavél. O resultado de toda essa calma e certeza, fora uma - a primeira - consulta com o psiquiatra do hospital e mais uma noite em observação - caso eu tivesse mais uma 'alucinação'. As estrelas já haviam tomado conta do céu, iluminando a escuridão envolvente da noite. O vento soprava numa intensidade agradavél. E por incirvel que pareça, não chovia em Forks. O tempo estava bom. Como se levasse para bem longe dali um peso enorme que havia carrego torturosamente.
O mesmo parecia estar acontecendo comigo. Uma parte enorme de mim, afastava-se doloramente, como se arrancasse a minha pele a sangue frio. Era uma parte vital para minha sobrevivencia. Indispensavel para minha proteção. E no entanto, eu não fazia ideia de como faze-la voltar para mim. Como fazer para que ela desistisse daquela ideia absurda de nos afastar. O ar entrava com dificuldade em meus pulmões, escasso. Meu coração palpitava intensamente - eu pudia senti-lo sobre meu peito. Uma agonia desnorteadora, preenchia as minhas feridas.

Eu estava perdendo algo naquele momento. E eu não sabia se poderia sobreviver quando sua partida estivesse concretizada.

- Por favor. Não me deixe - sussurei involuntariamente. 

Charlie nem se dera ao trabalho de virar o pescoço em minha direção - o cansaço apoderava-se de seu corpo.

Eu precisava encontrar uma maneira de fazer, o que quer que fosse, desistir de me abandonar. Eu não suportaria. Derrepente, a imagem de Edward tomara conta de minha visão. E então, o mesmo pensamento que tivera de manhã, invadira minha mente. Será que Edward desistira de mim?

- Não. - um silvo baixissimo escapara por minha boca.
Edward não poderia me abandonar, outra vez. Ele não faria isso comigo. Não poderia fazer. As lágrimas - como que se já estivessem abrindo espaço para mais uma perda - escorriam por minha face num fluxo intenso. Sem tregua. Meu peito doia. E as bordas de cada uma das minhas infinitas feridas queimavam, impiedosas. Uma nova sessão de tortura começara. E isso apenas com a possibilidade de Edward me deixar outra vez.

Sucumbindo aquela nova dor, fechei meus olhos. E esperei meu corpo acostumar-se a ela. Antes de entregar-me de vez ao sono, uma inesquecivel - e perfeita - voz, sussurara docemente em meu ouvido:
- Me perdoe.
Eu não queria saber dos motivos, para que [i]ele[/i] estivesse pedindo perdão. Eu sabia que aquilo só aumentaria as minhas feridas incuraveis.
- Boa noite, meu amor. - sussurei-lhe, entregando-me em seguida, a escuridão de uma noite sem sonhos.



















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Notas finais do capítulo

Hey vampirinhos e lobos!
Aqui está, mais um capitulo - meio monótono, na minha opinião. Prometo que o próximo vai ter mais emoção 'HAHAHAA
xoxo ;*