Meu Anjo Vampiro escrita por Lice Lutz


Capítulo 16
Capítulo 14 - Longa madrugada de amor


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO: Este capitulo é narrado na 3ª pessoa; ou seja o narrador é onisciente. Vocês vão entende o porque, logo mais.
Tenham um ótima leitura!



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Aquela fora a mais longa madrugada existente. Os minutos se arrastavam, numa lentidão agonizante. Passou três fatídicas horas desde o incidente - antes considerado impossível - no banheiro do único hospital nas redondezas de Forks. Como aquilo acontecera? Era a pergunta que preenchia os pensamentos de todas as criaturas celestiais ali presentes. 

Um anjo jamais aparecera em sua forma física para um humano. Isso nunca acontecera. Nunca, até algumas horas atrás. Deus sempre cuidara para que isto não acontecesse, para que um caos não fosse instaurado. Mas parecia que sua tentativa de fugir do caos, fora em vão. O caos estava ali, na morada dos seres divinos. 

Todos queriam saber o por que. Todos queriam entender o motivo. Quem fora o responsável - ou se ao menos houvera um. E no que resultaria a conversa do Senhor com o anjo-vampiro. Estavam à espera de Deus, para que Ele lhes desse um motivo; as respostas para suas perguntas.  O que eles não sabiam - sequer imaginavam - é que estavam sendo observados por olhos perspicazes, lábios que reproduziam um sorriso perfeito - orgulhoso - e ouvidos que buscavam escutar qualquer comentário que lhe fosse útil, dando a comprovação de uma vez por todas que seu plano dera certo, e que valeria a pena continua-lo.  

Por um breve momento - mais rápido do que a passagem de uma estrela cadente - hesitara. Mirara pensativa para a esplendorosa divisão do dia e da noite que circundava a Terra naquele momento. Ah, os humanos - ou neste caso, todas as criaturas terrestres - sempre gostando do impossível, do incerto. Sempre contrariando seu destino - era por isso que Deus deixara de traçar cada um de seus passos; eles sempre dificultavam o caminho, sempre o contrariavam. 

Voltara seu olhar então, para a clareira escura e solitária, habitada apenas por uma criatura. Um vampiro, que hoje, exercia a condição de anjo. Contraditório, não? Edward era seu nome. Seu rosto de traços de uma beleza perfeita - e ela sabia o que podia ser considerado belo - estava rasgado por traços tangíveis de dor. E uma saudade desesperadora. Seus olhos cor de ouro sólido eram preenchidos com estes mesmos sentimentos, com acréscimo do mais valioso - e raro - amor verdadeiro. Movendo seu olhar apenas alguns milímetros, a bela espiã, encontrara uma outra alma sofredora, a única que poderia completar a alma do anjo-vampiro. A humana, dormia tranquilamente, embora algumas contrações de dor - antes consideradas insuportáveis - a atingissem. Mas a humana, Bella, sabia em seu inconsciente, que conseguiria suporta-las. Ela sabia que ele estaria ali para cuidar-lhe. 

Um sorriso dissipou-se pela face da espiã. Sim, valeria a pena seguir com seu plano. Mesmo que para concretizá-lo, tivesse de desafiar todas as leis impostas por Deus. Mesmo que tivesse que apagar as linhas de uma história prestes a ser finalizada. Ela o faria, sem sombra de duvidas. Ela não poderia deixar que duas almas gêmeas, que dois seres que se amavam acima de tudo e de todos, ficassem separadas por uma linha tênue - mas inegável; incapaz de ser ignorada-; a linha que separava a vida e a morte.

Afinal, ela era Vênus, a Deusa do amor e da beleza, que a tanto fora esquecida pelos humanos e pelos próprios Seres Celestiais.

Nunca sua presença fora mais do que indispensável para dois amantes. Edward era o reflexo puro da beleza. Bella era a personificação de todo o amor de Edward. Um não poderia existir num mundo no qual o outro não exista. E isso era um fato. Ambos sabiam disso, e buscavam uma maneira de migrar para o mundo do outro. Vênus apenas facilitara o processo, dando a forma física para Edward, o que impedira que Bella concluísse seu ato suicida - e consequentemente, fosse para o Inferno. Esses seriam os argumentos utilizados por ela, a Deusa do amor, para justificar - e convencer Deus - de suas ultimas interferências.

Uma suave brisa anunciara o retorno do Senhor para sua morada. Anjos, santos e deuses. Todos trataram de guardar seus pensamentos para si, deixando de contestar o aparecimento inédito do anjo. Suas mentes, antes curiosas e confusas, agora, eram preenchidas pelo mais puro dos silêncios. Ninguém ali, teria audácia o suficiente para pronunciar em voz alta, a pergunta uníssona. Esperariam, então, que Deus se pronunciasse. Teriam de ter um pouco - ou muita - paciência, acostumando-se com as coseguinhas da curiosidade.

Deus sabia que todos estavam à espera de uma resposta. Um esclarecimento. Mas ele não o tinha. Andando cautelosamente, desviando das criaturas que abriam passagem para seu andar, Ele parara subitamente. Girara seu corpo, buscando fitar, o resultado se sua criação suprema: a Terra. O planeta estava divido pelas cores do dia e da noite. Seus olhos, imediatamente, trataram de mover-se para o ponto exato onde cominavam as duas criaturas - uma humana e um anjo - causadoras (ou apenas vitimas?) de seus maiores problemas. Não conseguira refrear um suspiro pesadouro, carregado de perguntas e mistérios. Passou a observar a cena solitária, sôfrega.

Edward ainda estava na clareira, deixando-se consumir pela incansável chuva de Forks. As gotas de água atravessavam seu corpo invisível, de uma maneira surreal - ou assustadora; depende do ponto de vista. O desespero era presente em cada um de seus movimentos. A dúvida, era o ponto de partida de seus pensamentos. O amor, a chave para sua confusão. Derrotado, numa atitude totalmente altruísta - rara de ser encontrada hoje em dia - ele tomara sua decisão: a deixaria.  A humana, já parecia sentir que seu protetor não estaria ali quando despertasse. 

Ele não poderia dizer se aquilo seria bom ou ruim para as duas almas. Afinal, o futuro é incerto. Sua única certeza, é que aquilo seria insuportável para ambos. Que um deles, acabaria por ceder, buscando incansavelmente o outro. E ai, um novo acontecimento - nem tão inédito assim - estaria por suceder. Havia duas possibilidades que Deus considerava. 

Primeira: Bella buscaria a morte, numa terceira tentativa de suicídio, que finalmente seria totalmente concretizada. Segunda: Edward renunciaria a sua condição de anjo.

Qual das duas era a mais absurda e altruísta? Não se sabe. O amor faz isso com as pessoas. As deixam cegas, imprudentes, beirando a loucura. E ainda assim todos querem vivê-lo. E sua força, é incalculável.

Mas havia ainda, uma terceira opção, cuja Deus não especulara. Mas Vênus sim. E ela seria forçada a torná-la real, em questão de dias.
Deus ainda observava as duas formas completamente distintas de existir, sendo destruídas ao mesmo tempo, tornando-se ainda mais vulneráveis e desesperadas a cada segundo passado daquela tortura. É um acabaria por ceder. O que ninguém ali poderia imaginar saber, é que ambos desistiram ao mesmo tempo. No mesmo exato segundo. Por um mesmo motivo.

Um perfume doce, que exalava toda a beleza junto à sensualidade feminina aproximava-se do pensativo Senhor. Era Vênus.

- O Senhor sabe que ele não vai aguentar por muito tempo. - a Deusa possuidora de uma voz apaixonante pronunciara.

- Ela também não vai. - Deus afirmara.

- Um não pode existir no mundo, no qual o outro não exista. Almas gêmeas não podem ser separadas. - Vênus iniciara a primeira das tantas frases de seu discurso.

- Não podem, mas foram. E não há como mudar isso. - Deus retrucara.

Vênus nada dissera, apenas deixou que um enorme sorriso vanglorioso tomasse conta de sua face reluzente. Foi ai que todas as peças se encaixaram, automaticamente. Como Deus pudera não ter percebido antes? Como pudera ter sido tão cego? É claro, aquilo só poderia ter sido obra de uma Deusa, que por ironia do destino, sempre fora a mais rebelde de todas. Teimosia - aliada a uma indestrutível persistência - era a sua maior característica. 

- Como você pôde fazer isso? - Deus perguntara, ainda sob o choque inicial da descoberta.

- Eu sou a Deusa do Amor, esquecera-se? - respondera com uma pergunta, ainda sorrindo. - Veja Senhor, eles não podem viver um sem o outro. Não irão aguentar. 

Deus observara por mais alguns instantes as duas almas. Sim, Vênus estava coberta de razão. Mas o que ele poderia fazer?

- Terão de encontrar alguma solução. Todos os passos dessas duas almas gêmeas já foram escritos. E não há uma borracha, ou um corretivo que seja capaz de apagar essa história. Não existe uma volta. Quem dirá uma segunda chance. Só haverá uma continuação, um futuro. O que passou, passou, e não volta mais. - Deus disse categórico.

Mas Vênus não escutou verdadeiramente nenhuma das palavras ditas por Ele. Enquanto Deus as pronunciava, ela trabalhava para que de alguma maneira, pudesse encontrar uma solução. Vênus abrira outro luminoso sorriso, aquele típico, que se usa quando se quer convencer alguém. 

Ela queria convencer Deus. 

Ela usaria esse sorriso. 

Ela queria Bella e Edward juntos. 

Ela conseguiria, pode apostar nisso.

- Não há como apagar uma história, ou corrigi-la. Mas há como reescrevê-la, a partir de um ponto crucial. - Vênus dissera confiante, usando seu melhor tom pejorativo.

- Isto está fora de cogitação, Vênus. - Deus respondeu irrelevante.

- Mas... E se for uma situação de vida ou morte? - ela perguntara, encenando inocência. 

- Edward já esta morto. Mais uma vida perdida, não será muito. 
Deus encarava a cena do anjo e da humana, separados apenas por alguns quilômetros de distância. A parte sensível de seu ser - aquela que os humanos representam com o coração-  dizia-lhe para ajuda-los, para considerar a ideia de Vênus. A sua parte racional, dizia que não desses ouvidos a nada do que Vênus estava dizendo, que aquele era apenas mais um de seus caprichos. Bella e Edward, possuíam almas generosas, puras, qualidades quase em extinção. E acima de tudo, eram almas gêmeas. Mas seriam apenas mais algumas vidas, que tiveram seu caminho interrompido.

E era assim que deveria ser: um começo e um fim. 

Ele estava num dilema incerto, mergulhado nas profundezas da confusão. Nunca se sentira tão humano neste aspecto: a duvida entre o certo e o errado; entre mudanças ou repetições. Ele não estava pronto para tomar uma decisão. E tinha que toma-la. Agora.

Vênus, que aguardava silenciosamente a reflexão de Deus, interrompera:

- O Senhor sabe o quão raro é encontrar almas gêmeas atualmente? O quão raro, é Você poder [i]ver[/i] o amor nos olhos de uma criatura? O quanto vale um amor verdadeiro? 

- Eu sei o valor deste caso, Vênus. E a sua particularidade. Mas não podemos interferir. Não nesta dimensão. 

Exasperado, Deus deixara o local. Vênus ficara somente com a companhia da Terra partida ao meio e seus pensamentos. Deus não permitiria que eles ficassem juntos novamente.

E quem disse que ela se importava?  Ela tinha poder o suficiente para cumprir o seu objetivo. Ela fora criada por isso, para garantir o amor entre duas pessoas. Pudera sentir a determinação percorrer suas veias inexistentes. Era assim que os humanos se sentiam quando queriam algo totalmente proibido? Um sorriso escapou de seus lábios pela quarta vez naquela madrugada. Então era por isso que eles insistiam em lutar contra seu destino. Trazia-lhes uma sensação indescritível. Prazerosa. Embora tudo isso fosse sentido inconscientemente. 

A mais bela das Deusas, sentou-se, observando a cor mudar de lado na Terra. Aonde era escuro, acontecia o amanhecer. Onde estava claro, o crepúsculo anunciava a chegada da escuridão. Observando o maravilhoso fenômeno do crepúsculo e do amanhecer acontecer ao mesmo tempo, Vênus nunca tivera tamanha certeza sobre o destino de dois amantes.

Bella e Edward ficariam juntos. 

Ela não tinha duvidas daquilo.


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Notas finais do capítulo

Saudações, vampiros, lobinhos e humanos!
Espero que tenham gostado do capitulo. Comentem o que vcs acharam da minha deusa Vênus 'HAHAA
Beijos e abraços, Lice s2



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